https://wikifavelas.com.br/api.php?action=feedcontributions&user=Luisa&feedformat=atomDicionário de Favelas Marielle Franco - Contribuições do usuário [pt-br]2024-03-28T10:43:06ZContribuições do usuárioMediaWiki 1.39.5https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Rene_Silva,_cria_do_Alem%C3%A3o&diff=7624Rene Silva, cria do Alemão2020-06-10T19:51:21Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><br />
'''Por Tatiana Lima/Núcleo Piratininga de Comunicação'''<br />
<br />
[[File:ReneSilva.jpg|right]]Cria do Morro do Alemão, Rene Silva dos Santos, 27 anos, negro, favelado e líder comunitário, é considerado uma das vozes mais representativas do Complexo do Alemão. Mas, não só! Ele também foi listado pela revista Forbes de 2015 como um dos 30 mais influentes jovens brasileiros de até 30 anos. Em 2018, ainda foi considerado um dos 100 negros com menos de 40 anos mais influentes do mundo pela organização Mipad (Most Influential People of African Descent, ou Afro descendentes mais influentes, em português), de Nova York. Mas, como um jovem do Complexo do Alemão se tornou um dos jovens mais influentes do mundo?<br />
<br />
'''Início da Jornada'''<br />
<br />
Tudo começou quando Rene tinha 11 anos e estudava na escola municipal Alcide Gasperi. Lá existia um Grêmio Estudantil onde estudantes produziam um programa de rádio e editavam um jornal para falar de cultura, de eventos mas também dos problemas da própria escola. Rene pediu para colaborar, porém a diretora da escola explicou que apenas jovens a partir dos 13 anos podiam participar do Grêmio e, consequentemente, do projeto do jornal. Ele não desistiu. Após muita insistência, a diretora permitiu que Rene integrasse a equipe.<br />
<br />
Nesta experiência, ele percebeu que o jornal, além de comunicar e informar, também servia como instrumento de pressão sobre autoridades públicas. Com a publicação das reivindicações no jornal, os problemas da escola eram resolvidos muito mais rápido se comparados aos de outros estabelecimentos. Foi quando ele teve a ideia de criar um jornal que falasse dos problemas que sua comunidade enfrentava, com os meios de que dispunha: impressões na copiadora da escola e uma resma de papel A4. Ele conseguiu imprimir 100 exemplares do Voz da Comunidade, de quatro páginas, distribuído no Morro do Adeus de porta em porta. A pauta do jornal era elaborada conversando com moradores e seu objetivo era dar voz à comunidade, de acordo com Rene. A primeira edição saiu em 15 de agosto de 2005.<br />
<br />
Rene foi atrás de anunciantes para manter e expandir o jornal — isso, ainda quando tinha apenas 12 anos. O objetivo era agora imprimir uma tiragem ainda maior. A relação com os comerciantes era difícil, conta Rene, pois muitos duvidavam de sua iniciativa e se perguntavam se o jornal iria mesmo ser publicado. Afinal, quem comandava o jornal era apenas um garoto. Foi então que ele desenvolveu um método de “negócios”. Acertava a venda do anúncio, mas o comerciante só pagava após ter o anúncio publicado no jornal.<br />
<br />
No livro Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro, organizado pela jornalista Claudia Santiago Giannotti, ele conta um episódio que mostra as dificuldades de se fazer comunicação comunitária em favelas. Certa feita, na seção de telefones úteis, ele publicou o número da polícia. Recebeu um aviso do presidente da associação de moradores para apagar a informação. Na época, o jornal já tinha uma tiragem de mil cópias.<br />
<br />
Paralelamente ao jornal, Rene também promovia ações sociais no Morro do Adeus, como a campanha das cestas básicas, por exemplo. Ele cadastrou moradores que passavam necessidade, e promoveu a distribuição de cestas básicas compradas através de doações e parcerias com supermercados. A campanha fez tanto sucesso, distribuindo 120 cestas básicas, que lhe rendeu uma matéria no RJTV da Rede Globo. Assim, o jornal comunitário criado por uma criança de apenas 11 anos e suas ações sociais de solidariedade chamaram atenção não apenas da comunidade, mas também da mídia. Em 2009, Rene Silva já com 16 anos, ficou nacionalmente conhecido pela reportagem produzida pelo jornal O Globo com a manchete “Tuiteiro do Alemão”. Com o sucesso da campanha, ele passou também a arrecadar alimentos para distribuições de cestas na Páscoa e no Dia das Mães.<br />
<br />
'''Pacificação do Complexo do Alemão e Twitter'''<br />
<br />
Rene Silva ganhou visibilidade nacional e passou a ser “A Voz do Alemão” durante a “pacificação” do Complexo do Alemão, quando a favela foi ocupada por forças do Exército Brasileiro, Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Federal. Com a megaoperação, ele se pôs a usar sua conta no Twitter para divulgar em tempo real detalhes da operação de dentro do Morro do Adeus, servindo de fonte para os principais jornais do país. A conta de Rene e do seu jornal no Twitter tinham sido criadas em 10 de maio de 2009.<br />
<br />
De acordo com Rene, ele estava publicando as informações para conversar com amigos e informar os moradores, mas o número de seguidores de sua conta passou de 300 para mais de 10 mil pessoas em menos uma hora. O mesmo aconteceu com o perfil no Twitter do jornal Voz da Comunidade. Na época, sua família — que soube pela TV que Rene estava tuitando a invasão do Complexo do Alemão —, além dos amigos, preocuparam-se com sua exposição na mídia. Durante a cobertura, jornalistas o aconselharam a postar somente pelo perfil do jornal.<br />
<br />
“Eu liguei a tevê e vi a Globonews falando do twitter @vozdacomunidade e me assustei: “Gente, como assim? Acabei de falar aqui no twitter e já está na tv? Foi muito rápido essa parada”, lembra. “Fiquei preocupado por conta da segurança, mas correu tudo bem”, conta Rene nas duas palestras que fez no TED Talks disponíveis no Youtube, em 2015 e em 2018.<br />
<br />
Surge assim a história do jovem que, além de criar um jornal na comunidade, passou a informar toda imprensa nacional e internacional — e até mesmo corrigi-la quando preciso. Pela manhã, às 8h, Rene acordou com diversos jornalistas a sua porta perguntando qual tinha sido o planejamento para cobertura da “Guerra do Alemão”. O adolescente de 17 anos, à época, respondeu que não havia nenhum. Os jornalistas descobriram onde ele morava pelo blog [http://renesilvasantos.blogspot.com/ http://renesilvasantos.blogspot.com/] que Rene tinha criado também em 2005. Lá tinha todos os dados pessoais dele!<br />
<br />
Aos 19 anos, Rene publicou seu primeiro livro junto com a jornalista Sabrina Abreu chamado “A Voz do Alemão” pela editora NVersos. Ele também foi convidado a ministrar palestras em congressos e universidades, como a Universidade de Harvard. Com toda a visibilidade que conquistou, o jornal Voz da Comunidade se tornou uma fonte fidedigna de notícias, muitas vezes até retificando as notícias sensacionalistas que publicadas sobre o local pela mídia.<br />
<br />
Rene recebeu o prêmio Shorty Awards, considerado o Oscar do Twitter. Carregou a tocha olímpica na cidade de Liverpool na véspera dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Foi citado pelo The Guardian como um dos seis jovens que devem mudar o mundo. Participou de uma campanha publicitária “Novos Líderes” do Projeto Sunlight da Unilever, gravado na Índia em 2014, onde outros sete adolescentes influentes de diferentes lugares do mundo também estavam. Enfim, firmou-se como uma das vozes mais relevantes da sua geração nas comunidades do Rio de Janeiro.<br />
<br />
Diariamente, Rene se comunica com mais de 300 mil pessoas por meio de suas redes sociais e do portal do jornal, que agora se chama a Voz das Comunidades (e não mais da Comunidade). Rene também foi apadrinhado por celebridades como Preta Gil, Luciano Huck — que forneceu computador e montou a primeira redação do jornal — e serviu de inspiração para autora Gloria Perez, da TV Globo, ao escrever a novela Salve Jorge. Enquanto as gravações não começavam, ele deu palestras no Projac e passou a ciceronear os atores no Morro do Alemão.<br />
<br />
Em 2017, a Voz das Comunidades passou a ter uma tiragem de 10 mil exemplares, com 24 páginas coloridas publicando reportagens de colaboradores das favelas da Kelson, do Boréu, Formiga, Cantagalo, Pavão/Pavãozinho, Cidade de Deus, Fumacê, Vila Kennedy, da Penha, além das do Complexo do Alemão.<br />
<br />
'''Família'''<br />
<br />
Rene Silva é filho de um gari comunitário e da faxineira carioca Cristina Silva. Seu pai morreu de cirrose aos 33 anos em consequência alcoolismo — quando Rene tinha apenas 6 anos. O jovem tem dois irmãos, Raquel e Renato Moura. Seu irmão também atua no jornal e hoje é o chefe de redação da Voz das Comunidades, além de ser um talentoso fotógrafo. Em entrevista a Revista Gol, ele lembra que sua mãe era costureira no Adeus e, quando estava grávida do irmão de Rene, ficou sem trabalho por conta de um acidente que a deixou sem o movimento de um braço. “Nessa época, meus pais tinham se separado e, ele, alcoólatra, não ajudava. Só não passamos fome porque meus avós sempre colaboraram”. Com o novo casamento da mãe, Rene passou a sofrer violência doméstica por parte do padrasto e decidiu morar com sua avó, Dona Nancy, no Morro do Adeus.<br />
<br />
'''A Voz das Comunidades'''<br />
<br />
Atualmente, Rene Silva dos Santos é presidente da ONG Voz das Comunidades e editor-chefe do jornal Voz das Comunidades, veículo que circula mensalmente em 10 favelas do Rio de Janeiro, com tiragem de 15 mil exemplares. O jornal conta com uma equipe de 18 jornalistas, 12 colunistas, 15 produtores de eventos, 25 correspondentes de diferentes comunidades do Rio e mais de 100 outros voluntários, que atuam nas ações sociais realizadas pela organização, tais como Páscoa, Dia das Crianças e Natal. A página do jornal no Twitter tem mais de 378 mil seguidores e a de Rene, cerca de 167 mil Hoje, o portal Voz das Comunidades expandiu. A linha editorial é a de promover uma visão humanizada, diferente do estigma das balas perdidas, carros de polícia e tanques do exército propagado por jornais brasileiros diariamente. Para Rene, o importante é mostrar os talentos da comunidade, além de reivindicar a solução de problemas sociais e de infraestrutura.</div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Rene_Silva,_cria_do_Alem%C3%A3o&diff=7623Rene Silva, cria do Alemão2020-06-10T19:43:42Z<p>Luisa: Criou página com '<p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roma...'</p>
<hr />
<div><p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Por Tatiana Lima/Núcleo Piratininga de Comunicação</span></span></span></span></span>'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">[[File:ReneSilva.jpg|right|Reprodução Facebook]]Cria do Morro do Alemão, Rene Silva dos Santos, 27 anos, negro, favelado e líder comunitário, é considerado uma das vozes mais representativas do Complexo do Alemão. Mas, não só! Ele também Foi listado pela revista'''''Forbes''''' de 2015 como um dos 30 mais influentes jovens brasileiros de até 30 anos. Em 2018, ainda foi considerado um dos 100 negros com menos de 40 anos mais influentes do mundo pela organização Mipad (Most Influential People of African Descent, ou Afro descendentes mais influentes, em português), de Nova York. Mas, como um jovem do Complexo do Alemão se tornou um dos jovens mais influentes do mundo?</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Início da Jornada</span></span></span></span></span>'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Tudo começou quando Rene tinha 11 anos e estudava na escola municipal Alcide Gasperi. Lá existia um Grêmio Estudantil onde estudantes produziam um programa de rádio e editavam um jornal para falar de cultura, de eventos mas também dos problemas da própria escola. Rene pediu para colaborar, porém a diretora da escola explicou que apenas jovens a partir dos 13 anos podiam participar do Grêmio e, consequentemente, do projeto do jornal. Ele não desistiu. Após muita insistência, a diretora permitiu que Rene integrasse a equipe.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Nesta experiência, ele percebeu que o jornal, além de comunicar e informar, também servia como instrumento de pressão sobre autoridades públicas. Com a publicação das reivindicações no jornal, os problemas da escola eram resolvidos muito mais rápido se comparados aos de outros estabelecimentos. Foi quando ele teve a ideia de criar um jornal que falasse dos problemas que sua comunidade enfrentava, com os meios de que dispunha: &nbsp;impressões na copiadora da escola e uma resma de papel A4. Ele conseguiu imprimir 100 exemplares da '''''Voz da Comunidade,''''' de quatro páginas, distribuído no Morro do Adeus de porta em porta. A pauta do jornal era elaborada conversando com moradores e seu objetivo era dar voz à comunidade, de acordo com Rene. A primeira edição saiu em 15 de agosto de 2005.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Rene foi atrás de anunciantes para manter e expandir o jornal — isso, ainda quando tinha apenas 12 anos. O objetivo era agora imprimir uma tiragem ainda maior. A relação com os comerciantes era difícil, conta Rene, pois muitos duvidavam de sua iniciativa e se perguntavam se o jornal iria mesmo ser publicado. Afinal, quem comandava o jornal era apenas um garoto. Foi então que ele desenvolveu um método de “negócios”. Acertava a venda do anúncio, mas o comerciante só pagava após ter o anúncio publicado no jornal.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">No livro Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro, organizado pela jornalista Claudia Santiago Giannotti, ele conta um episódio que mostra as dificuldades de se fazer comunicação comunitária em favelas. Certa feita, na seção de telefones úteis, ele publicou o número da polícia. Recebeu um aviso do presidente da associação de moradores para apagar a informação. Na época, o jornal já tinha uma tiragem de mil cópias.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Paralelamente ao jornal, Rene também promovia ações sociais no Morro do Adeus, como a campanha das cestas básicas, por exemplo. Ele cadastrou moradores que passavam necessidade, e promoveu a distribuição de cestas básicas compradas através de doações e parcerias com supermercados. A campanha fez tanto sucesso, distribuindo 120 cestas básicas, que lhe rendeu uma matéria no '''RJTV''' da Rede Globo. Assim, o jornal comunitário criado por uma criança de apenas 11 anos e suas ações sociais de solidariedade chamaram atenção não apenas da comunidade, mas também da mídia. Em 2009, Rene Silva já com 16 anos, ficou nacionalmente conhecido pela reportagem produzida pelo jornal '''''O Globo''''' com a manchete “Tuiteiro do Alemão”. Com o sucesso da campanha, ele passou também a arrecadar alimentos para distribuições de cestas na Páscoa e no Dia das Mães.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Pacificação do Complexo do Alemão e Twitter</span></span></span></span></span>'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:black">Rene Silva ganhou visibilidade nacional e passou a ser “A Voz do Alemão” durante a “pacificação” do Complexo do Alemão, quando a favela foi ocupada por forças do Exército Brasileiro, Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Federal. Com a megaoperação, ele se pôs a usar sua conta no '''Twitter''' para divulgar em tempo real detalhes da operação de dentro do Morro do Adeus, servindo de fonte para os principais jornais do país. A conta de Rene e do seu jornal no '''Twitter '''tinham sido criadas em 10 de Maio de 2009.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">De acordo com Rene, ele estava publicando as informações para conversar com amigos e informar os moradores, mas o número de seguidores de sua conta passou de 300 para mais de 10 mil pessoas em menos uma hora. O mesmo aconteceu com o perfil no Twitter do jornal Voz da Comunidade. Na época, sua família — que soube pela TV que Rene estava tuitando a invasão do Complexo do Alemão —, além dos amigos, preocuparam-se com sua exposição na mídia. Durante a cobertura, jornalistas o aconselharam a postar somente pelo perfil do jornal.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">“Eu liguei a tevê e vi a '''Globonews''' falando do twitter '''@vozdacomunidade''' e me assustei: “Gente, como assim? Acabei de falar aqui no twitter e já está na tv? Foi muito rápido essa parada”, lembra. “Fiquei preocupado por conta da segurança, mas correu tudo bem”, conta Rene nas duas palestras que fez no</span></span></span></span></span>[https://www.youtube.com/watch?v=A56feDb1UF4 <span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"="">TED Talks</span></span></span></span>]<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">&nbsp; disponíveis no Youtube, em 2015 e em</span></span></span></span></span>[https://www.youtube.com/watch?v=0RY7ZxGqchA <span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"="">2018</span></span></span></span>]<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">.&nbsp;&nbsp;</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Surge assim a história do jovem que, além de criar um jornal na comunidade, passou a informar toda imprensa nacional e internacional — e até mesmo corrigi-la quando preciso. Pela manhã, às 8h, Rene acordou com diversos jornalistas a sua porta perguntando qual tinha sido o planejamento para cobertura da “Guerra do Alemão”. &nbsp;O adolescente de 17 anos, à época, respondeu que não havia nenhum. Os jornalistas descobriram onde ele morava pelo blog</span></span></span></span></span>[http://renesilvasantos.blogspot.com/ http://renesilvasantos.blogspot.com/] <span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">que Rene tinha criado também em 2005. Lá tinha todos os dados pessoais dele!</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Aos 19 anos, Rene publicou seu primeiro livro junto com a jornalista Sabrina Abreu chamado “A Voz do Alemão” pela editora NVersos. Ele também foi convidado a ministrar palestras em congressos e universidades, como a Universidade de Harvard. Com toda a visibilidade que conquistou, o jornal '''''Voz da Comunidade''''' se tornou uma fonte fidedigna de notícias, muitas vezes até retificando as notícias sensacionalistas que publicadas sobre o local pela mídia.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Rene recebeu o prêmio Shorty Awards, considerado o Oscar do '''Twitter.''' Carregou a tocha olímpica na cidade de Liverpool na véspera dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Foi citado pelo '''''The Guardian''''' como um dos seis jovens que devem mudar o mundo. Participou de uma campanha publicitária “Novos Líderes” do</span></span></span></span></span>[http://www.projectsunlight.com.br/ <span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303"><span style="text-decoration:none"><span style="text-underline:none">Projeto Sunlight</span></span></span></span></span></span></span>] <span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">da Unilever, gravado na Índia em 2014, onde outros sete adolescentes influentes de diferentes lugares do mundo também estavam. Enfim, firmou-se como uma das vozes mais relevantes da sua geração nas comunidades do Rio de Janeiro</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Diariamente, Rene se comunica com mais de 300 mil pessoas por meio de suas redes sociais e do portal do jornal, que agora se chama a</span></span></span></span></span>[http://www.vozdascomunidades.com.br/ '''''<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303"><span style="text-decoration:none"><span style="text-underline:none">Voz das Comunidades</span></span></span></span></span></span></span>''''']''''''''<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">(e não mais da Comunidade). Rene também foi apadrinhado por celebridades como Preta Gil, Luciano Huck — que forneceu computador e montou a primeira redação do jornal — e serviu de inspiração para autora Gloria Perez, da TV Globo, ao escrever a novela Salve Jorge. Enquanto as gravações não começavam, ele deu palestras no Projac e passou a ciceronear os atores no Morro do Alemão.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="background:white"><span style="background:#f9f9f9"><span style="color:#030303">Em 2017,</span></span><span style="background:#f9f9f9"><span style="color:#030303">a '''''Voz das Comunidades'''''</span></span><span style="background:#f9f9f9"><span style="color:#030303">passou a ter uma tiragem de 10 mil exemplares, com 24 páginas coloridas publicando reportagens de colaboradores das favelas da Kelson, do Boréu, Formiga, Cantagalo, Pavão/Pavãozinho, Cidade de Deus, Fumacê, Vila Kennedy, da Penha, além das do Complexo do Alemão.</span></span></span></p> <p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Família</span></span></span></span></span>'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Rene Silva é filho de um gari comunitário e da faxineira carioca Cristina Silva. Seu pai morreu de cirrose aos 33 anos em consequência alcoolismo — quando Rene tinha apenas 6 anos. O jovem tem dois irmãos, Raquel e Renato Moura. Seu irmão também atua no jornal e hoje é o chefe de redação da '''''Voz das Comunidades,'''''além de ser um talentoso fotógrafo. Em entrevista a '''''Revista Gol,''''' ele lembra que sua mãe era costureira no Adeus e, quando estava grávida do irmão de Rene, ficou sem trabalho por conta de um acidente que a deixou sem o movimento de um braço. “Nessa época, meus pais tinham se separado e, ele, alcoólatra, não ajudava. Só não passamos fome porque meus avós sempre colaboraram”. Com o novo casamento da mãe, Rene passou a sofrer violência doméstica por parte do padrasto e decidiu morar com sua avó, Dona Nancy, no Morro do Adeus.&nbsp;</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">A ''Voz das Comunidades''</span></span></span></span></span>'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Atualmente, Rene Silva dos Santos é presidente da ONG Voz das Comunidades e editor-chefe do jornal '''''Voz das Comunidades,''''' veículo que circula mensalmente em 10 favelas do Rio de Janeiro, com tiragem de 15 mil exemplares. O jornal conta com uma equipe de 18 jornalistas, 12 colunistas, 15 produtores de eventos, 25 correspondentes de diferentes comunidades do Rio e mais de 100 outros voluntários, que atuam nas ações sociais realizadas pela organização, tais como Páscoa, Dia das Crianças e Natal. A página do jornal no '''Twitter '''tem mais de 378 mil seguidores e a de Rene, cerca de 167 mil</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">Hoje, o portal '''Voz das Comunidades''' expandiu. A linha editorial é a de promover uma visão humanizada, diferente do</span></span></span></span></span>[https://www.hypeness.com.br/2018/08/autor-de-livro-sobre-pcc-diz-que-faccao-funciona-como-maconaria-do-crime-nao-ha-um-dono/ <span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303"><span style="text-decoration:none"><span style="text-underline:none">estigma das balas perdidas</span></span></span></span></span></span></span>]<span style="font-size:12.0pt"><span style="background:#f9f9f9"><span style="line-height:115%"><span style="font-family:" times="" new="" roman",serif"=""><span style="color:#030303">, carros de polícia e tanques do exército propagado por jornais brasileiros diariamente. Para Rene, o importante é mostrar os talentos da comunidade, além de reivindicar a solução de problemas sociais e de infraestrutura.</span></span></span></span></span></p></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Arquivo:ReneSilva.jpg&diff=7622Arquivo:ReneSilva.jpg2020-06-10T19:38:37Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Jornal_Abaixo-assinado_de_Jacarepagu%C3%A1&diff=2244Jornal Abaixo-assinado de Jacarepaguá2019-10-25T22:07:01Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><br />
<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Fonte:&nbsp;Santiago, Claudia. Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro Ontem de Hoje. Rio de Janeiro. Ed. NPC, 2016.&nbsp;'''</span></span><br />
<br />
<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas: Eric Fenelon e Daniel Climaco&nbsp;'''</span></span><br />
<p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Almir Paulo tem 55 anos. É um veterano nas lutas populares no Rio de Janeiro.&nbsp;Foi presidente da Federação das Associações de Moradores do Rio de Janeiro (Famerj) de 1987 a 1989.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A vida da Almir transcorreu na favela Ilha das Dragas, no Leblon, na década de 1960, e depois na Cidade de Deus. Uma vida marcada por problemas e dificuldades recorrentes nas comunidades mais pobres. Foram esses problemas, aliás, que aguçaram a sua sensibilidade e o levaram a uma participação crescente na luta popular. “Uma luta pela melhoria das condições de vida, pela democracia e pelo socialismo”, faz questão de frisar.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Almir sabe que essa luta não pode ser feita sem que haja meios de comunicação que a fortaleçam. Seu sonho sempre foi a existência de um jornal popular. “No movimento comunitário a gente sente a necessidade de ter meios de comunicação nossos, ligados às nossas lutas. Eu sentia muito essa falta quando presidia a Famerj”, diz.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Com o término de sua gestão na Famerj decidiu colocar a sua experiência a serviço da Comunicação Popular. Daí surgiu a ideia de editar um jornal de bairro em Jacarepaguá. Nascia o ''Jornal'' ''Abaixo-Assinado de Jacarepaguá''. O nome escolhido era um reflexo da história de militância do grupo que compõe o jornal. “O que a gente mais fez na vida foi abaixo-assinado, desde 13, 14 anos que eu faço abaixo-assinado. Então, o nome do jornal ficou ''Abaixo-Assinado''”.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O objetivo do ''Abaixo-Assinado de Jacarepaguá'' é ser porta-voz das lutas sociais da Baixada de Jacarepaguá. “Nossa região é extremamente conservadora”, conta Almir. “Através do jornal queremos dar nossa contribuição à luta popular e ajudar na mobilização das pessoas”, conta Almir.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O jornal assim se define:</span></span></span></span></p> <p style="margin-left:4.0cm; text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">O jornal ''Abaixo-Assinado de Jacarepaguá'' tem como missão a defesa da qualidade de vida da população da Baixada de Jacarepaguá, principalmente daqueles renegados pelo poder público. Mais do que simples denúncias, buscamos um debate democrático, sem rótulos e preconceitos, que possa envolver todos os agentes sociais da região, fomentando iniciativas para transformar Jacarepaguá em um recorte espacial menos desigual[[#_ftn1|<span style="line-height:115%">[1]</span>]].</span></span></span></p> <p align="right" style="text-align:right">'''&nbsp;'''</p> <p style="text-align:justify">'''<span style="line-height:150%">A equipe</span>'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A equipe é composta por gente de boa vontade. Não tem nenhum jornalista envolvido. Ninguém é formado. O sonho de Almir é estudar Comunicação. Acredita que até os 60 anos entrará na faculdade de Jornalismo. Compõem a equipe donas de casa, professores, pessoas que fazem a luta social e que às vezes não tem nenhuma formação. É um grupo de militantes sociais. “Nós somos independentes, nós não temos rabo preso com ninguém. Nosso compromisso é com a luta social, é contribuir com a organização popular, divulgar as lutas sociais, mas acima de tudo pensar a região de uma maneira completamente fora daqueles que controlam a política brasileira”.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify">'''<span style="line-height:150%">O objetivo</span>'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O objetivo do grupo é ir além do papel de um jornal. Eles gostariam de criar uma organização como o NPC na região para construir gradativamente mídias alternativas em Jacarepaguá, com a participação de jovens de lá. O grupo criou uma rede popular de comunicação, que já tem até nome e Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), o RPC. É uma pequena empresa com o objetivo de arrecadar recursos para o jornal, para a formação e para o surgimento de outras mídias.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">No momento, além do jornal, o grupo está investindo na criação de uma editora popular. “Tem muita gente que tem seu livro guardado e que não tem meios de publicá-lo, então, nós queremos ser essa porta para as pessoas publicarem seus livros a um preço justo”, diz Almir. “Esses são os delírios que nós temos aqui. E o nosso delírio maior é consolidar o jornal ''Abaixo-Assinado de Jacarepaguá''”, completa.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O jornal</span></span></span></span>debate as questões de Jacarepaguá com uma visão própria. Se contrapõe aos jornais que circulam na Baixada de Jacarepaguá e são ligados ao poder público, reproduzem as políticas do governo, não abrem espaço para questionamentos, para pensar o futuro da região, debater soluções. São jornais dependentes financeiramente desses governos e acabam não tendo uma visão crítica da região.</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Além do jornal impresso, o grupo mantém uma página no Facebook, atualizada regularmente, com notícias e artigos de opinião. Para encontrar, basta digitar “Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá” no campo de busca do Facebook ou acessar </span>[http://on.fb.me/20Vpew7 <span style="line-height:150%">http://on.fb.me/20Vpew7</span>]<span style="line-height:150%">. O blog do jornal, com conteúdo riquíssimo sobre a região, anda um pouco desatualizado. Nele estão os colunistas, as edições do jornal impresso e informação diversas. Ele está no endereço </span>[http://www.jaajrj.com.br/blogs www.jaajrj.com.br/blogs]<span style="line-height:150%">.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">Sustentação financeira</span>'''</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Para financiar o jornal já foram feitas rifas, festas para arrecadar fundos, captação de recursos no comércio local, porém, a linha editorial de sempre questionar o poder público, municipal, estadual, de estar colocando o outro lado da moeda, outra visão da sociedade brasileira, deixa o comerciante com medo de associar sua marca ao jornal e sofrer represálias. “O poder municipal e estadual são vingativos e os políticos que representam esse poder aqui na região são muito mais vingativos. Então, o comerciante fala que gosta do jornal, mas que não publica sua marca porque vai sofrer retaliação, represálias da fiscalização”, desabafa Almir.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Um dos slogans do jornal é “Quem recebe e gosta do jornal ''Abaixo-Assinado'', financia o jornal”. E há os que contribuem individualmente. Quem escreve para o jornal contribui financeiramente com R$ 50, R$ 100. Todos os meses as pessoas depositam e repassam recursos para pagar a gráfica e a diagramação. Gasolina, celular, distribuição fica por conta da equipe que faz tudo com recursos próprios.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">Participação da comunidade</span>'''</span></span></span></p> <p style="margin-top:14.0pt; text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">“O movimento social não tem canal de expressão em Jacarepaguá. As pessoas estão descobrindo e estão tendo noção do que acontece na região através do jornal ''Abaixo-Assinado''”, fala Val Costa. Ele diz que o jornal conta com a participação de líderes das comunidades da região da Baixada de Jacarepaguá que participam diretamente do conselho editorial.</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Como podemos ver, o modelo de funcionamento do jornal ''Abaixo-Assinado'' se aproxima muito do modelo de jornal popular praticado pelas comunidades na época da transição da Ditadura para a democracia, no Brasil. A idade de Almir, 55 anos, talvez explique essa continuidade. Em 1980 ele tinha 21 anos e já estava na luta por um mundo melhor.</span></span></span></span></p> <div>&nbsp; <br />
----<br />
<div id="ftn1"><br />
<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">[[#_ftnref1|<span style="line-height:115%">[1]</span>]]&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; A definição pode ser acessada em [http://bit.ly/20T4pl3 http://bit.ly/20T4pl3]</span></span><br />
</div> </div></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Jornal_Abaixo-assinado_de_Jacarepagu%C3%A1&diff=2243Jornal Abaixo-assinado de Jacarepaguá2019-10-25T22:05:20Z<p>Luisa: Criou página com ' <span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Fonte:&nbsp;Santiago, Claudia. Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeir...'</p>
<hr />
<div><br />
<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Fonte:&nbsp;Santiago, Claudia. Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro Ontem de Hoje. Rio de Janeiro. Ed. NPC, 2016.&nbsp;'''</span></span><br />
<br />
<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas: Eric Fenelon e Daniel Climaco&nbsp;'''</span></span><br />
<p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Almir Paulo tem 55 anos. É um veterano nas lutas populares no Rio de Janeiro.'''Foi presidente da Federação das Associações de Moradores do Rio de Janeiro (Famerj) de 1987 a 1989.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A vida da Almir transcorreu na favela Ilha das Dragas, no Leblon, na década de 1960, e depois na Cidade de Deus. Uma vida marcada por problemas e dificuldades recorrentes nas comunidades mais pobres. Foram esses problemas, aliás, que aguçaram a sua sensibilidade e o levaram a uma participação crescente na luta popular. “Uma luta pela melhoria das condições de vida, pela democracia e pelo socialismo”, faz questão de frisar.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Almir sabe que essa luta não pode ser feita sem que haja meios de comunicação que a fortaleçam. Seu sonho sempre foi a existência de um jornal popular. “No movimento comunitário a gente sente a necessidade de ter meios de comunicação nossos, ligados às nossas lutas. Eu sentia muito essa falta quando presidia a Famerj”, diz.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Com o término de sua gestão na Famerj decidiu colocar a sua experiência a serviço da Comunicação Popular. Daí surgiu a ideia de editar um jornal de bairro em Jacarepaguá. Nascia o ''Jornal'' ''Abaixo-Assinado de Jacarepaguá''. O nome escolhido era um reflexo da história de militância do grupo que compõe o jornal. “O que a gente mais fez na vida foi abaixo-assinado, desde 13, 14 anos que eu faço abaixo-assinado. Então, o nome do jornal ficou ''Abaixo-Assinado''”.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O objetivo do ''Abaixo-Assinado de Jacarepaguá'' é ser porta-voz das lutas sociais da Baixada de Jacarepaguá. “Nossa região é extremamente conservadora”, conta Almir. “Através do jornal queremos dar nossa contribuição à luta popular e ajudar na mobilização das pessoas”, conta Almir.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O jornal assim se define:</span></span></span></span></p> <p style="margin-left:4.0cm; text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">O jornal ''Abaixo-Assinado de Jacarepaguá'' tem como missão a defesa da qualidade de vida da população da Baixada de Jacarepaguá, principalmente daqueles renegados pelo poder público. Mais do que simples denúncias, buscamos um debate democrático, sem rótulos e preconceitos, que possa envolver todos os agentes sociais da região, fomentando iniciativas para transformar Jacarepaguá em um recorte espacial menos desigual[[#_ftn1|<span style="line-height:115%">[1]</span>]].</span></span></span></p> <p align="right" style="text-align:right">&nbsp;</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">A equipe</span>'''</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A equipe é composta por gente de boa vontade. Não tem nenhum jornalista envolvido. Ninguém é formado. O sonho de Almir é estudar Comunicação. Acredita que até os 60 anos entrará na faculdade de Jornalismo. Compõem a equipe donas de casa, professores, pessoas que fazem a luta social e que às vezes não tem nenhuma formação. É um grupo de militantes sociais. “Nós somos independentes, nós não temos rabo preso com ninguém. Nosso compromisso é com a luta social, é contribuir com a organização popular, divulgar as lutas sociais, mas acima de tudo pensar a região de uma maneira completamente fora daqueles que controlam a política brasileira”.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">O objetivo</span>'''</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O objetivo do grupo é ir além do papel de um jornal. Eles gostariam de criar uma organização como o NPC na região para construir gradativamente mídias alternativas em Jacarepaguá, com a participação de jovens de lá. O grupo criou uma rede popular de comunicação, que já tem até nome e Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), o RPC. É uma pequena empresa com o objetivo de arrecadar recursos para o jornal, para a formação e para o surgimento de outras mídias.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">No momento, além do jornal, o grupo está investindo na criação de uma editora popular. “Tem muita gente que tem seu livro guardado e que não tem meios de publicá-lo, então, nós queremos ser essa porta para as pessoas publicarem seus livros a um preço justo”, diz Almir. “Esses são os delírios que nós temos aqui. E o nosso delírio maior é consolidar o jornal ''Abaixo-Assinado de Jacarepaguá''”, completa.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O jornal'''debate as questões de Jacarepaguá com uma visão própria. Se contrapõe aos jornais que circulam na Baixada de Jacarepaguá e são ligados ao poder público, reproduzem as políticas do governo, não abrem espaço para questionamentos, para pensar o futuro da região, debater soluções. São jornais dependentes financeiramente desses governos e acabam não tendo uma visão crítica da região.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Além do jornal impresso, o grupo mantém uma página no Facebook, atualizada regularmente, com notícias e artigos de opinião. Para encontrar, basta digitar “Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá” no campo de busca do Facebook ou acessar </span>[http://on.fb.me/20Vpew7 <span style="line-height:150%">http://on.fb.me/20Vpew7</span>]<span style="line-height:150%">. O blog do jornal, com conteúdo riquíssimo sobre a região, anda um pouco desatualizado. Nele estão os colunistas, as edições do jornal impresso e informação diversas. Ele está no endereço </span>[http://www.jaajrj.com.br/blogs www.jaajrj.com.br/blogs]<span style="line-height:150%">.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">Sustentação financeira</span>'''</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Para financiar o jornal já foram feitas rifas, festas para arrecadar fundos, captação de recursos no comércio local, porém, a linha editorial de sempre questionar o poder público, municipal, estadual, de estar colocando o outro lado da moeda, outra visão da sociedade brasileira, deixa o comerciante com medo de associar sua marca ao jornal e sofrer represálias. “O poder municipal e estadual são vingativos e os políticos que representam esse poder aqui na região são muito mais vingativos. Então, o comerciante fala que gosta do jornal, mas que não publica sua marca porque vai sofrer retaliação, represálias da fiscalização”, desabafa Almir.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Um dos slogans do jornal é “Quem recebe e gosta do jornal ''Abaixo-Assinado'', financia o jornal”. E há os que contribuem individualmente. Quem escreve para o jornal contribui financeiramente com R$ 50, R$ 100. Todos os meses as pessoas depositam e repassam recursos para pagar a gráfica e a diagramação. Gasolina, celular, distribuição fica por conta da equipe que faz tudo com recursos próprios.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">Participação da comunidade</span>'''</span></span></span></p> <p style="margin-top:14.0pt; text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">“O movimento social não tem canal de expressão em Jacarepaguá. As pessoas estão descobrindo e estão tendo noção do que acontece na região através do jornal ''Abaixo-Assinado''”, fala Val Costa. Ele diz que o jornal conta com a participação de líderes das comunidades da região da Baixada de Jacarepaguá que participam diretamente do conselho editorial.</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Como podemos ver, o modelo de funcionamento do jornal ''Abaixo-Assinado'' se aproxima muito do modelo de jornal popular praticado pelas comunidades na época da transição da Ditadura para a democracia, no Brasil. A idade de Almir, 55 anos, talvez explique essa continuidade. Em 1980 ele tinha 21 anos e já estava na luta por um mundo melhor.</span></span></span></span></p> <div>&nbsp; <br />
----<br />
<div id="ftn1"><br />
<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">[[#_ftnref1|<span style="line-height:115%">[1]</span>]]&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; A definição pode ser acessada em [http://bit.ly/20T4pl3 http://bit.ly/20T4pl3]</span></span><br />
</div> </div></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=R%C3%A1dio_Grande_Tijuca&diff=2242Rádio Grande Tijuca2019-10-25T21:59:37Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><br />
'''Fonte:&nbsp;Santiago, Claudia. Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro Ontem de Hoje. Rio de Janeiro. Ed. NPC, 2016.&nbsp;'''<br />
<br />
'''Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas: Tatiana Lima'''<br />
<p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Miramar Pereira Castilho tem 60 anos. Mora no Borel há 50. É animador, organizador e locutor da Rádio Grande Tijuca. Ele conta que a rádio começou em dezembro de 2001, a partir de uma iniciativa do colégio Oga Mitá, cuja diretora Márcia Leite pretendia por no ar uma rádio comunitária feita pelos alunos. Uma rádio dentro da escola. Como Márcia participava da Agenda Social Rio, a ideia se ampliou. Com muitos contatos, que vão desde Associação de Moradores da Tijuca até políticos e professores, ela propôs levar a rádio para além dos muros da escola. E assim nasceu a Rádio Grande Tijuca.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">No começo, a rádio funcionava na própria escola Oga Mitá, mas como o objetivo era atingir os moradores de 24 favelas e oito bairros que compõem a grande Tijuca, o sinal precisava atingir toda a área. Então, ficou decidido que a antena e o transmissor seriam colocados na parte mais alta do Borel.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Até que, um dia, a Escola Oga Mitá mudou de endereço. Quando isso aconteceu, os equipamentos ficaram sob a responsabilidade de Miramar, morador do Borel e locutor mais antigo da rádio. “Levei a caixa com os equipamentos para o Borel. Não era para funcionar porque é muito perigoso uma rádio comunitária funcionar. Mas eu botei para funcionar. A Rádio Grande Tijuca está no ar até hoje. Tem gente que me chama de Dom Quixote de La Mancha. Me deram até o livro porque falaram que eu sou igual a ele. É a persistência e a loucura. Eu respiro a rádio dia e noite”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A aceitação pela população do Borel e a incorporação da comunidade ao projeto da rádio aconteceram gradativamente. Aos poucos, moradores começaram a participar das reuniões mensais da rádio, da organização dos programas, da articulação das ações. “Rádio comunitária não é só uma rádio em que fica se passando música dentro de um estúdio. É uma articulação”, diz Miramar.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Para o Dom Quixote do Borel, é a articulação entre pessoas, interesses e demandas sociais que forma e define uma rádio comunitária. “A rádio comunitária é uma rádio que tem identidade com a comunidade. Tem que respeitar as preferências das comunidades em relação à música, cultura e atividades sociais. Ela é interativa com a comunidade”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Miramar explica que e o envolvimento acontece a partir da participação nos eventos realizados pela comunidade. “A rádio tem que estar presente sempre que há um evento, por exemplo. A rádio tem que estar na pista, andando, o microfone da rádio tem que ser móvel, e não preso no estúdio. Estendo o microfone, coloco uma extensão e falo: segura aí senhora, segura aí, senhor”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A Rádio Grande Tijuca tem o apoio do comércio local para suprir os pequenos gastos como telefone, Internet, o básico para funcionar. Eles não têm recursos para contratar um DJ, para receber telefonemas e falar com os ouvintes. Até hoje, a rádio não está regulamentada. Há 14 anos luta para ter sua situação regularizada no Ministério das Comunicações. Já enviaram todos os papéis, todas as assinaturas, mas o governo alegou problema com transmissor, antena, localização e mandou a documentação de volta.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">Pressão ou repressão?</span>'''</span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">De acordo com Miramar, a rádio nunca teve problemas com a repressão. “Quando chegou a pacificação eu levei um susto danado. Agora minha rádio dança, pensei. Ainda mais quando o comandante do 1º Batalhão do Borel me chamou e perguntou “você tem uma rádio comunitária?”. Respondi que sim e ele disse que queria conversar comigo. Minhas pernas tremeram. Mas ele disse que queria ajudar a regulamentar. Mas também não resolveu. Eles não atrapalham em nada”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Miramar explica, porém, que há necessidade de ter cuidado com o que se fala na rádio ecautela para emitir certas notícias. “Temos que ir devagar no que a gente fala, porque pode mexer com alguém e esse alguém nos prejudicar”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Mônica Francisco, cientista social que foi da Rádio Comunitária do Borel (RCB) também dedicou um tempo da sua vida à Rádio Grande Tijuca.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">“A proposta da rádio era agregar o maior número possível de tijucanos da favela e do asfalto. Naquele momento a Tijuca sofria com uma guerra entre facções rivais. Eram tiroteios incessantes praticamente todas as noites. Essa guerra impedia que uma rádio de uma determinada favela divulgasse ações de outra favela. E esse se torna um assunto proibido”, recorda Mônica.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A Rádio Grande Tijuca se tornou um espaço de encontro entre moradores, artistas tijucanos e músicos. A variada programação começava às 8 horas da manhã. Havia na grade vários programas. Mônica Francisco fazia o “Fala Comunidade”, às 17 horas, entre outros.&nbsp; Tinha entrevistados e uma vez por mês era entrevistado o comandante do Batalhão da Polícia Militar da área e o subprefeito.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Depois a Rádio comprou uma chave híbrida que possibilitava receber e fazer telefonemas para fazer entrevistas por telefone. Daí foi um passo para a rede de rádios do Viva Rio. Precisava-se tratar da formalização das rádios comunitárias.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Durante cinco anos Mônica foi militante da Comunicação Popular na Tijuca. Chegou a ser diretora da Federação das Associações de Rádios Comunitárias do Rio de Janeiro (Farc-RJ), de 2003 a 2005.</span></span></p> <br />
<span style="line-height:115%">Para Mônica, a Comunicação Popular é a saída para as lutas populares desde que não seja mero reprodutor da mídia oficial, dos jornais ou programas de outras rádios jornalísticas de emissoras oficiais. “Quando damos uma notícia, fazemos comentários, produzimos reflexão. A Comunicação Popular dá a possibilidade de você ver o outro lado. Porque quando você tem uma voz única fica muito difícil formar uma opinião que seja no mínimo coerente. A Comunicação Popular tem esse papel de saída: no jeito, na linguagem, na forma de comunicação. Não é à toa que você tem na Europa uma estrutura de rede de rádios comunitárias que são imprescindíveis para a vida de uma cidade. No interior do país, a rádio comunitária e Comunicação Popular é que fazem acontecer porque se não as notícias não chegariam. A comunicação de cunho popular, as rádios comunitárias, as mídias comunitárias possibilitam outro olhar sobre tudo. Possibilitam que o popular tenha acesso e produza informação. Isso é fantástico”.</span></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Folha_da_Formiga_(1973)&diff=2241Folha da Formiga (1973)2019-10-25T21:59:00Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte:&nbsp; Santiago Claudia. Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro Ontem de Hoje. Rio de Janeiro. Ed. NPC, 2016.&nbsp;</span></span>'''</p> <p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas: Tatiana Lima</span></span>'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Vamos dar um pulo no morro da Formiga, bem perto do Borel e da Indiana, mas do outro lado da Conde de Bonfim, a via principal que atravessa todo o bairro da Tijuca. Nosso entrevistado é Gilberto Palmares, telefônico, e ex-deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT).</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Assim como já vimos em outros lugares, desde a década de 1960 havia movimento político e comunitário no Morro da Formiga. Um dos primeiros temas que mobilizou os moradores foi a construção de uma capela, que acabou sendo inaugurada em 1968 e está lá até hoje. Em torno da igreja, criou-se um grupo de jovens: o grupo de jovens da Formiga.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Eles tinham contato com outros grupos de jovens da região, como do Morro da Chacrinha e do Morro do Turano. Uma vez, os três grupos se uniram e montaram uma peça de teatro chamada “Natal na Favela”. Essa peça foi apresentada no Natal na Chacrinha e na Formiga. A experiência teve desdobramentos. Na Chacrinha, uma Rádio Poste, que funcionava através de um sistema de alto-falante. Na Formiga surgiu a ideia de fazer um jornal comunitário. Nasce, então, no ano de 1973, a ''Folha da Formiga''. O jornal teve dois momentos. O primeiro com um intervalo de um ano e meio; e o outro em 1977 e 1978, durando dois anos.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">O início do jornal</span>'''</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O começo do jornal ''Folha da Formiga'' não foi diferente do começo de centenas de jornais em toda a América Latina, naquele período. Um grupo de jovens, um espaço na igreja, um mimeógrafo a álcool, uma pessoa do morro que tinha muito talento para desenhar e fez uma formiga toda estilizada. Pronto. Saiu o primeiro número. Gilberto, na época, tinha 19 anos.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A ''Folha'' agregava jovens que, ainda sem grande consciência política, queriam atuar na vida da cidade. A vida na Igreja Católica não era mais suficiente para suprir sua vontade de participação. Do grupo inicial participavam umas cinco, seis pessoas. Gilberto, Alcides, Zeca, Tuninho.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Alguns depois vieram a fazer parte da Associação de Moradores.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O jornal circulava no morro e não tinha uma tiragem muito precisa, era pequena. Durou um ano e meio e parou de circular. Voltou em 1977 e durou mais dois anos. A segunda fase do jornal foi estimulada por um grupo de militantes do PCB que passou a atuar na Formiga. “Eles frequentavam o morro, se encontravam com a gente e estimularam que se recuperasse a ideia do jornal”, recorda Gilberto.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">No decorrer da experiência do jornal, Gilberto Palmares ingressou na Juventude Operária Católica, a JOC. Na segunda fase já atuou como militante do PCB.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A construção do jornal acontecia da seguinte maneira. O grupo se reunia, conversava sobre o morro e fazia a pauta. A matéria intitulada “Água de Deus, preço do diabo” fez surgir uma grande polêmica no morro. Nessa época a água vinha da própria floresta da Tijuca e tinha uma sociedade de água numa área. Um menino que participava do jornal fez uma matéria reclamando do preço da água e o dono da sociedade da água não gostou.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Com o tempo o jornal ficou conhecido por boa parte da comunidade e atraía jovens que não militavam diretamente, mas se sentiam atraídos pela comunicação. As pessoas viam meio intuitivamente que, mesmo com precariedade, eles poderiam canalizar alguma reclamação ou denúncia no jornal, que não era absorvida pela Associação de Moradores. Enfim, um espaço para reclamar.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O papel do jornal foi pensado e muito bem pensado pelo grupo de jovens, conta Gilberto Palmares. “Queríamos sair do debate restrito à comunidade católica para refletir o morro como um todo. Muito timidamente buscávamos fazer uma reflexão mais para fora, pensar um pouquinho o país que vivíamos, afinal era um momento ditatorial”.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A&nbsp;segunda fase do jornal tinha outra pegada. Estava no horizonte a reorganização do movimento de favela. Como veremos no capítulo dois, que fala da Rocinha, nos anos de 1977 e 1978 se dá o ressurgimento da Faferj. O jornal procurava refletir sobre essa questão de fora da Formiga. Foi o momento de tratar também dos problemas e inciativas que estivessem rolando em outras comunidades e que se apresentavam em outras regiões.</span></span></span></span></p></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Folha_da_Formiga_(1973)&diff=2240Folha da Formiga (1973)2019-10-25T21:58:15Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte:&nbsp; Santiago Claudia. Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro Ontem de Hoje. Rio de Janeiro. Ed. NPC, 2016.&nbsp;</span></span>'''</p> <p style="text-align:justify">'''<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas: Tatiana Lima</span></span>'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Vamos, agora, dar um pulo no morro da Formiga, bem perto do Borel e da Indiana, mas do outro lado da Conde de Bonfim, a via principal que atravessa todo o bairro da Tijuca. Nosso entrevistado é Gilberto Palmares, telefônico, e ex-deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT).</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Assim como já vimos em outros lugares, desde a década de 1960 havia movimento político e comunitário no Morro da Formiga. Um dos primeiros temas que mobilizou os moradores foi a construção de uma capela, que acabou sendo inaugurada em 1968 e está lá até hoje. Em torno da igreja, criou-se um grupo de jovens: o grupo de jovens da Formiga.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Eles tinham contato com outros grupos de jovens da região, como do Morro da Chacrinha e do Morro do Turano. Uma vez, os três grupos se uniram e montaram uma peça de teatro chamada “Natal na Favela”. Essa peça foi apresentada no Natal na Chacrinha e na Formiga. A experiência teve desdobramentos. Na Chacrinha, uma Rádio Poste, que funcionava através de um sistema de alto-falante. Na Formiga surgiu a ideia de fazer um jornal comunitário. Nasce, então, no ano de 1973, a ''Folha da Formiga''. O jornal teve dois momentos. O primeiro com um intervalo de um ano e meio; e o outro em 1977 e 1978, durando dois anos.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">O início do jornal</span>'''</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O começo do jornal ''Folha da Formiga'' não foi diferente do começo de centenas de jornais em toda a América Latina, naquele período. Um grupo de jovens, um espaço na igreja, um mimeógrafo a álcool, uma pessoa do morro que tinha muito talento para desenhar e fez uma formiga toda estilizada. Pronto. Saiu o primeiro número. Gilberto, na época, tinha 19 anos.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A ''Folha'' agregava jovens que, ainda sem grande consciência política, queriam atuar na vida da cidade. A vida na Igreja Católica não era mais suficiente para suprir sua vontade de participação. Do grupo inicial participavam umas cinco, seis pessoas. Gilberto, Alcides, Zeca, Tuninho.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Alguns depois vieram a fazer parte da Associação de Moradores.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O jornal circulava no morro e não tinha uma tiragem muito precisa, era pequena. Durou um ano e meio e parou de circular. Voltou em 1977 e durou mais dois anos. A segunda fase do jornal foi estimulada por um grupo de militantes do PCB que passou a atuar na Formiga. “Eles frequentavam o morro, se encontravam com a gente e estimularam que se recuperasse a ideia do jornal”, recorda Gilberto.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">No decorrer da experiência do jornal, Gilberto Palmares ingressou na Juventude Operária Católica, a JOC. Na segunda fase já atuou como militante do PCB.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A construção do jornal acontecia da seguinte maneira. O grupo se reunia, conversava sobre o morro e fazia a pauta. A matéria intitulada “Água de Deus, preço do diabo” fez surgir uma grande polêmica no morro. Nessa época a água vinha da própria floresta da Tijuca e tinha uma sociedade de água numa área. Um menino que participava do jornal fez uma matéria reclamando do preço da água e o dono da sociedade da água não gostou.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Com o tempo o jornal ficou conhecido por boa parte da comunidade e atraía jovens que não militavam diretamente, mas se sentiam atraídos pela comunicação. As pessoas viam meio intuitivamente que, mesmo com precariedade, eles poderiam canalizar alguma reclamação ou denúncia no jornal, que não era absorvida pela Associação de Moradores. Enfim, um espaço para reclamar.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O papel do jornal foi pensado e muito bem pensado pelo grupo de jovens, conta Gilberto Palmares. “Queríamos sair do debate restrito à comunidade católica para refletir o morro como um todo. Muito timidamente buscávamos fazer uma reflexão mais para fora, pensar um pouquinho o país que vivíamos, afinal era um momento ditatorial”.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A&nbsp;segunda fase do jornal tinha outra pegada. Estava no horizonte a reorganização do movimento de favela. Como veremos no capítulo dois, que fala da Rocinha, nos anos de 1977 e 1978 se dá o ressurgimento da Faferj. O jornal procurava refletir sobre essa questão de fora da Formiga. Foi o momento de tratar também dos problemas e inciativas que estivessem rolando em outras comunidades e que se apresentavam em outras regiões.</span></span></span></span></p></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Folha_da_Formiga_(1973)&diff=2239Folha da Formiga (1973)2019-10-25T21:57:53Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte:&nbsp; Santiago Claudia. Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro Ontem de Hoje. Rio de Janeiro. Ed. NPC, 2016.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas: Tatiana Lima</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Vamos, agora, dar um pulo no morro da Formiga, bem perto do Borel e da Indiana, mas do outro lado da Conde de Bonfim, a via principal que atravessa todo o bairro da Tijuca. Nosso entrevistado é Gilberto Palmares, telefônico, e ex-deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT).</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Assim como já vimos em outros lugares, desde a década de 1960 havia movimento político e comunitário no Morro da Formiga. Um dos primeiros temas que mobilizou os moradores foi a construção de uma capela, que acabou sendo inaugurada em 1968 e está lá até hoje. Em torno da igreja, criou-se um grupo de jovens: o grupo de jovens da Formiga.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Eles tinham contato com outros grupos de jovens da região, como do Morro da Chacrinha e do Morro do Turano. Uma vez, os três grupos se uniram e montaram uma peça de teatro chamada “Natal na Favela”. Essa peça foi apresentada no Natal na Chacrinha e na Formiga. A experiência teve desdobramentos. Na Chacrinha, uma Rádio Poste, que funcionava através de um sistema de alto-falante. Na Formiga surgiu a ideia de fazer um jornal comunitário. Nasce, então, no ano de 1973, a ''Folha da Formiga''. O jornal teve dois momentos. O primeiro com um intervalo de um ano e meio; e o outro em 1977 e 1978, durando dois anos.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">O início do jornal</span>'''</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O começo do jornal ''Folha da Formiga'' não foi diferente do começo de centenas de jornais em toda a América Latina, naquele período. Um grupo de jovens, um espaço na igreja, um mimeógrafo a álcool, uma pessoa do morro que tinha muito talento para desenhar e fez uma formiga toda estilizada. Pronto. Saiu o primeiro número. Gilberto, na época, tinha 19 anos.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A ''Folha'' agregava jovens que, ainda sem grande consciência política, queriam atuar na vida da cidade. A vida na Igreja Católica não era mais suficiente para suprir sua vontade de participação. Do grupo inicial participavam umas cinco, seis pessoas. Gilberto, Alcides, Zeca, Tuninho.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Alguns depois vieram a fazer parte da Associação de Moradores.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O jornal circulava no morro e não tinha uma tiragem muito precisa, era pequena. Durou um ano e meio e parou de circular. Voltou em 1977 e durou mais dois anos. A segunda fase do jornal foi estimulada por um grupo de militantes do PCB que passou a atuar na Formiga. “Eles frequentavam o morro, se encontravam com a gente e estimularam que se recuperasse a ideia do jornal”, recorda Gilberto.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">No decorrer da experiência do jornal, Gilberto Palmares ingressou na Juventude Operária Católica, a JOC. Na segunda fase já atuou como militante do PCB.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A construção do jornal acontecia da seguinte maneira. O grupo se reunia, conversava sobre o morro e fazia a pauta. A matéria intitulada “Água de Deus, preço do diabo” fez surgir uma grande polêmica no morro. Nessa época a água vinha da própria floresta da Tijuca e tinha uma sociedade de água numa área. Um menino que participava do jornal fez uma matéria reclamando do preço da água e o dono da sociedade da água não gostou.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Com o tempo o jornal ficou conhecido por boa parte da comunidade e atraía jovens que não militavam diretamente, mas se sentiam atraídos pela comunicação. As pessoas viam meio intuitivamente que, mesmo com precariedade, eles poderiam canalizar alguma reclamação ou denúncia no jornal, que não era absorvida pela Associação de Moradores. Enfim, um espaço para reclamar.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O papel do jornal foi pensado e muito bem pensado pelo grupo de jovens, conta Gilberto Palmares. “Queríamos sair do debate restrito à comunidade católica para refletir o morro como um todo. Muito timidamente buscávamos fazer uma reflexão mais para fora, pensar um pouquinho o país que vivíamos, afinal era um momento ditatorial”.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A&nbsp;segunda fase do jornal tinha outra pegada. Estava no horizonte a reorganização do movimento de favela. Como veremos no capítulo dois, que fala da Rocinha, nos anos de 1977 e 1978 se dá o ressurgimento da Faferj. O jornal procurava refletir sobre essa questão de fora da Formiga. Foi o momento de tratar também dos problemas e inciativas que estivessem rolando em outras comunidades e que se apresentavam em outras regiões.</span></span></span></span></p></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Folha_da_Formiga_(1973)&diff=2238Folha da Formiga (1973)2019-10-25T21:56:18Z<p>Luisa: Criou página com '<p style="text-align:justify">Fonte:&nbsp; Santiago Claudia. Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro Ontem de Hoje. Rio de Janeiro. Ed. NPC, 2016.&nbsp;</p> <...'</p>
<hr />
<div><p style="text-align:justify">Fonte:&nbsp; Santiago Claudia. Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro Ontem de Hoje. Rio de Janeiro. Ed. NPC, 2016.&nbsp;</p> <p style="text-align:justify">Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas: Tatiana Lima</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Vamos, agora, dar um pulo no morro da Formiga, bem perto do Borel e da Indiana, mas do outro lado da Conde de Bonfim, a via principal que atravessa todo o bairro da Tijuca. Nosso entrevistado é Gilberto Palmares, telefônico, e ex-deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT).</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Assim como já vimos em outros lugares, desde a década de 1960 havia movimento político e comunitário no Morro da Formiga. Um dos primeiros temas que mobilizou os moradores foi a construção de uma capela, que acabou sendo inaugurada em 1968 e está lá até hoje. Em torno da igreja, criou-se um grupo de jovens: o grupo de jovens da Formiga.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Eles tinham contato com outros grupos de jovens da região, como do Morro da Chacrinha e do Morro do Turano. Uma vez, os três grupos se uniram e montaram uma peça de teatro chamada “Natal na Favela”. Essa peça foi apresentada no Natal na Chacrinha e na Formiga. A experiência teve desdobramentos. Na Chacrinha, uma Rádio Poste, que funcionava através de um sistema de alto-falante. Na Formiga surgiu a ideia de fazer um jornal comunitário. Nasce, então, no ano de 1973, a ''Folha da Formiga''. O jornal teve dois momentos. O primeiro com um intervalo de um ano e meio; e o outro em 1977 e 1978, durando dois anos.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">O início do jornal</span>'''</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O começo do jornal ''Folha da Formiga'' não foi diferente do começo de centenas de jornais em toda a América Latina, naquele período. Um grupo de jovens, um espaço na igreja, um mimeógrafo a álcool, uma pessoa do morro que tinha muito talento para desenhar e fez uma formiga toda estilizada. Pronto. Saiu o primeiro número. Gilberto, na época, tinha 19 anos.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A ''Folha'' agregava jovens que, ainda sem grande consciência política, queriam atuar na vida da cidade. A vida na Igreja Católica não era mais suficiente para suprir sua vontade de participação. Do grupo inicial participavam umas cinco, seis pessoas. Gilberto, Alcides, Zeca, Tuninho.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Alguns depois vieram a fazer parte da Associação de Moradores.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O jornal circulava no morro e não tinha uma tiragem muito precisa, era pequena. Durou um ano e meio e parou de circular. Voltou em 1977 e durou mais dois anos. A segunda fase do jornal foi estimulada por um grupo de militantes do PCB que passou a atuar na Formiga. “Eles frequentavam o morro, se encontravam com a gente e estimularam que se recuperasse a ideia do jornal”, recorda Gilberto.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">No decorrer da experiência do jornal, Gilberto Palmares ingressou na Juventude Operária Católica, a JOC. Na segunda fase já atuou como militante do PCB.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A construção do jornal acontecia da seguinte maneira. O grupo se reunia, conversava sobre o morro e fazia a pauta. A matéria intitulada “Água de Deus, preço do diabo” fez surgir uma grande polêmica no morro. Nessa época a água vinha da própria floresta da Tijuca e tinha uma sociedade de água numa área. Um menino que participava do jornal fez uma matéria reclamando do preço da água e o dono da sociedade da água não gostou.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Com o tempo o jornal ficou conhecido por boa parte da comunidade e atraía jovens que não militavam diretamente, mas se sentiam atraídos pela comunicação. As pessoas viam meio intuitivamente que, mesmo com precariedade, eles poderiam canalizar alguma reclamação ou denúncia no jornal, que não era absorvida pela Associação de Moradores. Enfim, um espaço para reclamar.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O papel do jornal foi pensado e muito bem pensado pelo grupo de jovens, conta Gilberto Palmares. “Queríamos sair do debate restrito à comunidade católica para refletir o morro como um todo. Muito timidamente buscávamos fazer uma reflexão mais para fora, pensar um pouquinho o país que vivíamos, afinal era um momento ditatorial”.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A'''segunda fase do jornal tinha outra pegada. Estava no horizonte a reorganização do movimento de favela. Como veremos no capítulo dois, que fala da Rocinha, nos anos de 1977 e 1978 se dá o ressurgimento da Faferj. O jornal procurava refletir sobre essa questão de fora da Formiga. Foi o momento de tratar também dos problemas e inciativas que estivessem rolando em outras comunidades e que se apresentavam em outras regiões.</span></span></span></span></p></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=R%C3%A1dio_Grande_Tijuca&diff=2237Rádio Grande Tijuca2019-10-25T21:52:59Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><p style="text-align:justify">'''Fonte: Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro ontem e hoje, 2016. Ed. NPC.&nbsp;'''</p> <p style="text-align:justify">'''Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas:&nbsp;Tatiana Lima&nbsp;'''</p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Miramar Pereira Castilho tem 60 anos. Mora no Borel há 50. É animador, organizador e locutor da Rádio Grande Tijuca. Ele conta que a rádio começou em dezembro de 2001, a partir de uma iniciativa do colégio Oga Mitá, cuja diretora Márcia Leite pretendia por no ar uma rádio comunitária feita pelos alunos. Uma rádio dentro da escola. Como Márcia participava da Agenda Social Rio, a ideia se ampliou. Com muitos contatos, que vão desde Associação de Moradores da Tijuca até políticos e professores, ela propôs levar a rádio para além dos muros da escola. E assim nasceu a Rádio Grande Tijuca.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">No começo, a rádio funcionava na própria escola Oga Mitá, mas como o objetivo era atingir os moradores de 24 favelas e oito bairros que compõem a grande Tijuca, o sinal precisava atingir toda a área. Então, ficou decidido que a antena e o transmissor seriam colocados na parte mais alta do Borel.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Até que, um dia, a Escola Oga Mitá mudou de endereço. Quando isso aconteceu, os equipamentos ficaram sob a responsabilidade de Miramar, morador do Borel e locutor mais antigo da rádio. “Levei a caixa com os equipamentos para o Borel. Não era para funcionar porque é muito perigoso uma rádio comunitária funcionar. Mas eu botei para funcionar. A Rádio Grande Tijuca está no ar até hoje. Tem gente que me chama de Dom Quixote de La Mancha. Me deram até o livro porque falaram que eu sou igual a ele. É a persistência e a loucura. Eu respiro a rádio dia e noite”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A aceitação pela população do Borel e a incorporação da comunidade ao projeto da rádio aconteceram gradativamente. Aos poucos, moradores começaram a participar das reuniões mensais da rádio, da organização dos programas, da articulação das ações. “Rádio comunitária não é só uma rádio em que fica se passando música dentro de um estúdio. É uma articulação”, diz Miramar.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Para o Dom Quixote do Borel, é a articulação entre pessoas, interesses e demandas sociais que forma e define uma rádio comunitária. “A rádio comunitária é uma rádio que tem identidade com a comunidade. Tem que respeitar as preferências das comunidades em relação à música, cultura e atividades sociais. Ela é interativa com a comunidade”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Miramar explica que e o envolvimento acontece a partir da participação nos eventos realizados pela comunidade. “A rádio tem que estar presente sempre que há um evento, por exemplo. A rádio tem que estar na pista, andando, o microfone da rádio tem que ser móvel, e não preso no estúdio. Estendo o microfone, coloco uma extensão e falo: segura aí senhora, segura aí, senhor”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A Rádio Grande Tijuca tem o apoio do comércio local para suprir os pequenos gastos como telefone, Internet, o básico para funcionar. Eles não têm recursos para contratar um DJ, para receber telefonemas e falar com os ouvintes. Até hoje, a rádio não está regulamentada. Há 14 anos luta para ter sua situação regularizada no Ministério das Comunicações. Já enviaram todos os papéis, todas as assinaturas, mas o governo alegou problema com transmissor, antena, localização e mandou a documentação de volta.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">Pressão ou repressão?</span>'''</span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">De acordo com Miramar, a rádio nunca teve problemas com a repressão. “Quando chegou a pacificação eu levei um susto danado. Agora minha rádio dança, pensei. Ainda mais quando o comandante do 1º Batalhão do Borel me chamou e perguntou “você tem uma rádio comunitária?”. Respondi que sim e ele disse que queria conversar comigo. Minhas pernas tremeram. Mas ele disse que queria ajudar a regulamentar. Mas também não resolveu. Eles não atrapalham em nada”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Miramar explica, porém, que há necessidade de ter cuidado com o que se fala na rádio ecautela para emitir certas notícias. “Temos que ir devagar no que a gente fala, porque pode mexer com alguém e esse alguém nos prejudicar”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Mônica Francisco, cientista social que foi da Rádio Comunitária do Borel (RCB) também dedicou um tempo da sua vida à Rádio Grande Tijuca.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">“A proposta da rádio era agregar o maior número possível de tijucanos da favela e do asfalto. Naquele momento a Tijuca sofria com uma guerra entre facções rivais. Eram tiroteios incessantes praticamente todas as noites. Essa guerra impedia que uma rádio de uma determinada favela divulgasse ações de outra favela. E esse se torna um assunto proibido”, recorda Mônica.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A Rádio Grande Tijuca se tornou um espaço de encontro entre moradores, artistas tijucanos e músicos. A variada programação começava às 8 horas da manhã. Havia na grade vários programas. Mônica Francisco fazia o “Fala Comunidade”, às 17 horas, entre outros.&nbsp; Tinha entrevistados e uma vez por mês era entrevistado o comandante do Batalhão da Polícia Militar da área e o subprefeito.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Depois a Rádio comprou uma chave híbrida que possibilitava receber e fazer telefonemas para fazer entrevistas por telefone. Daí foi um passo para a rede de rádios do Viva Rio. Precisava-se tratar da formalização das rádios comunitárias.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Durante cinco anos Mônica foi militante da Comunicação Popular na Tijuca. Chegou a ser diretora da Federação das Associações de Rádios Comunitárias do Rio de Janeiro (Farc-RJ), de 2003 a 2005.</span></span></p> <br />
<span style="line-height:115%">Para Mônica, a Comunicação Popular é a saída para as lutas populares desde que não seja mero reprodutor da mídia oficial, dos jornais ou programas de outras rádios jornalísticas de emissoras oficiais. “Quando damos uma notícia, fazemos comentários, produzimos reflexão. A Comunicação Popular dá a possibilidade de você ver o outro lado. Porque quando você tem uma voz única fica muito difícil formar uma opinião que seja no mínimo coerente. A Comunicação Popular tem esse papel de saída: no jeito, na linguagem, na forma de comunicação. Não é à toa que você tem na Europa uma estrutura de rede de rádios comunitárias que são imprescindíveis para a vida de uma cidade. No interior do país, a rádio comunitária e Comunicação Popular é que fazem acontecer porque se não as notícias não chegariam. A comunicação de cunho popular, as rádios comunitárias, as mídias comunitárias possibilitam outro olhar sobre tudo. Possibilitam que o popular tenha acesso e produza informação. Isso é fantástico”.</span></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=R%C3%A1dio_Grande_Tijuca&diff=2236Rádio Grande Tijuca2019-10-25T21:52:34Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><p style="text-align:justify">Fonte: Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro ontem e hoje, 2016. Ed. NPC.&nbsp;</p> <p style="text-align:justify">Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas:&nbsp;Tatiana Lima&nbsp;</p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Miramar Pereira Castilho tem 60 anos. Mora no Borel há 50. É animador, organizador e locutor da Rádio Grande Tijuca. Ele conta que a rádio começou em dezembro de 2001, a partir de uma iniciativa do colégio Oga Mitá, cuja diretora Márcia Leite pretendia por no ar uma rádio comunitária feita pelos alunos. Uma rádio dentro da escola. Como Márcia participava da Agenda Social Rio, a ideia se ampliou. Com muitos contatos, que vão desde Associação de Moradores da Tijuca até políticos e professores, ela propôs levar a rádio para além dos muros da escola. E assim nasceu a Rádio Grande Tijuca.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">No começo, a rádio funcionava na própria escola Oga Mitá, mas como o objetivo era atingir os moradores de 24 favelas e oito bairros que compõem a grande Tijuca, o sinal precisava atingir toda a área. Então, ficou decidido que a antena e o transmissor seriam colocados na parte mais alta do Borel.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Até que, um dia, a Escola Oga Mitá mudou de endereço. Quando isso aconteceu, os equipamentos ficaram sob a responsabilidade de Miramar, morador do Borel e locutor mais antigo da rádio. “Levei a caixa com os equipamentos para o Borel. Não era para funcionar porque é muito perigoso uma rádio comunitária funcionar. Mas eu botei para funcionar. A Rádio Grande Tijuca está no ar até hoje. Tem gente que me chama de Dom Quixote de La Mancha. Me deram até o livro porque falaram que eu sou igual a ele. É a persistência e a loucura. Eu respiro a rádio dia e noite”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A aceitação pela população do Borel e a incorporação da comunidade ao projeto da rádio aconteceram gradativamente. Aos poucos, moradores começaram a participar das reuniões mensais da rádio, da organização dos programas, da articulação das ações. “Rádio comunitária não é só uma rádio em que fica se passando música dentro de um estúdio. É uma articulação”, diz Miramar.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Para o Dom Quixote do Borel, é a articulação entre pessoas, interesses e demandas sociais que forma e define uma rádio comunitária. “A rádio comunitária é uma rádio que tem identidade com a comunidade. Tem que respeitar as preferências das comunidades em relação à música, cultura e atividades sociais. Ela é interativa com a comunidade”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Miramar explica que e o envolvimento acontece a partir da participação nos eventos realizados pela comunidade. “A rádio tem que estar presente sempre que há um evento, por exemplo. A rádio tem que estar na pista, andando, o microfone da rádio tem que ser móvel, e não preso no estúdio. Estendo o microfone, coloco uma extensão e falo: segura aí senhora, segura aí, senhor”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A Rádio Grande Tijuca tem o apoio do comércio local para suprir os pequenos gastos como telefone, Internet, o básico para funcionar. Eles não têm recursos para contratar um DJ, para receber telefonemas e falar com os ouvintes. Até hoje, a rádio não está regulamentada. Há 14 anos luta para ter sua situação regularizada no Ministério das Comunicações. Já enviaram todos os papéis, todas as assinaturas, mas o governo alegou problema com transmissor, antena, localização e mandou a documentação de volta.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%">Pressão ou repressão?</span>'''</span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">De acordo com Miramar, a rádio nunca teve problemas com a repressão. “Quando chegou a pacificação eu levei um susto danado. Agora minha rádio dança, pensei. Ainda mais quando o comandante do 1º Batalhão do Borel me chamou e perguntou “você tem uma rádio comunitária?”. Respondi que sim e ele disse que queria conversar comigo. Minhas pernas tremeram. Mas ele disse que queria ajudar a regulamentar. Mas também não resolveu. Eles não atrapalham em nada”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Miramar explica, porém, que há necessidade de ter cuidado com o que se fala na rádio ecautela para emitir certas notícias. “Temos que ir devagar no que a gente fala, porque pode mexer com alguém e esse alguém nos prejudicar”.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Mônica Francisco, cientista social que foi da Rádio Comunitária do Borel (RCB) também dedicou um tempo da sua vida à Rádio Grande Tijuca.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">“A proposta da rádio era agregar o maior número possível de tijucanos da favela e do asfalto. Naquele momento a Tijuca sofria com uma guerra entre facções rivais. Eram tiroteios incessantes praticamente todas as noites. Essa guerra impedia que uma rádio de uma determinada favela divulgasse ações de outra favela. E esse se torna um assunto proibido”, recorda Mônica.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A Rádio Grande Tijuca se tornou um espaço de encontro entre moradores, artistas tijucanos e músicos. A variada programação começava às 8 horas da manhã. Havia na grade vários programas. Mônica Francisco fazia o “Fala Comunidade”, às 17 horas, entre outros.&nbsp; Tinha entrevistados e uma vez por mês era entrevistado o comandante do Batalhão da Polícia Militar da área e o subprefeito.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Depois a Rádio comprou uma chave híbrida que possibilitava receber e fazer telefonemas para fazer entrevistas por telefone. Daí foi um passo para a rede de rádios do Viva Rio. Precisava-se tratar da formalização das rádios comunitárias.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Durante cinco anos Mônica foi militante da Comunicação Popular na Tijuca. Chegou a ser diretora da Federação das Associações de Rádios Comunitárias do Rio de Janeiro (Farc-RJ), de 2003 a 2005.</span></span></p> <br />
<span style="line-height:115%">Para Mônica, a Comunicação Popular é a saída para as lutas populares desde que não seja mero reprodutor da mídia oficial, dos jornais ou programas de outras rádios jornalísticas de emissoras oficiais. “Quando damos uma notícia, fazemos comentários, produzimos reflexão. A Comunicação Popular dá a possibilidade de você ver o outro lado. Porque quando você tem uma voz única fica muito difícil formar uma opinião que seja no mínimo coerente. A Comunicação Popular tem esse papel de saída: no jeito, na linguagem, na forma de comunicação. Não é à toa que você tem na Europa uma estrutura de rede de rádios comunitárias que são imprescindíveis para a vida de uma cidade. No interior do país, a rádio comunitária e Comunicação Popular é que fazem acontecer porque se não as notícias não chegariam. A comunicação de cunho popular, as rádios comunitárias, as mídias comunitárias possibilitam outro olhar sobre tudo. Possibilitam que o popular tenha acesso e produza informação. Isso é fantástico”.</span></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=R%C3%A1dio_Grande_Tijuca&diff=2235Rádio Grande Tijuca2019-10-25T21:51:40Z<p>Luisa: Criou página com '<p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte: Experiências em Comunicação Popular no Rio de Jane...'</p>
<hr />
<div><p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte: Experiências em Comunicação Popular no Rio de Janeiro ontem e hoje, 2016. Ed. NPC.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align:justify">Escrito por: Claudia Santiago / Entrevistas:&nbsp;Tatiana Lima&nbsp;</p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">Miramar Pereira Castilho tem 60 anos. Mora no Borel há 50. É animador, organizador e locutor da Rádio Grande Tijuca. Ele conta que a rádio começou em dezembro de 2001, a partir de uma iniciativa do colégio Oga Mitá, cuja diretora Márcia Leite pretendia por no ar uma rádio comunitária feita pelos alunos. Uma rádio dentro da escola. Como Márcia participava da Agenda Social Rio, a ideia se ampliou. Com muitos contatos, que vão desde Associação de Moradores da Tijuca até políticos e professores, ela propôs levar a rádio para além dos muros da escola. E assim nasceu a Rádio Grande Tijuca.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">No começo, a rádio funcionava na própria escola Oga Mitá, mas como o objetivo era atingir os moradores de 24 favelas e oito bairros que compõem a grande Tijuca, o sinal precisava atingir toda a área. Então, ficou decidido que a antena e o transmissor seriam colocados na parte mais alta do Borel.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">Até que, um dia, a Escola Oga Mitá mudou de endereço. Quando isso aconteceu, os equipamentos ficaram sob a responsabilidade de Miramar, morador do Borel e locutor mais antigo da rádio. “Levei a caixa com os equipamentos para o Borel. Não era para funcionar porque é muito perigoso uma rádio comunitária funcionar. Mas eu botei para funcionar. A Rádio Grande Tijuca está no ar até hoje. Tem gente que me chama de Dom Quixote de La Mancha. Me deram até o livro porque falaram que eu sou igual a ele. É a persistência e a loucura. Eu respiro a rádio dia e noite”.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">A aceitação pela população do Borel e a incorporação da comunidade ao projeto da rádio aconteceram gradativamente. Aos poucos, moradores começaram a participar das reuniões mensais da rádio, da organização dos programas, da articulação das ações. “Rádio comunitária não é só uma rádio em que fica se passando música dentro de um estúdio. É uma articulação”, diz Miramar.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">Para o Dom Quixote do Borel, é a articulação entre pessoas, interesses e demandas sociais que forma e define uma rádio comunitária. “A rádio comunitária é uma rádio que tem identidade com a comunidade. Tem que respeitar as preferências das comunidades em relação à música, cultura e atividades sociais. Ela é interativa com a comunidade”.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">Miramar explica que e o envolvimento acontece a partir da participação nos eventos realizados pela comunidade. “A rádio tem que estar presente sempre que há um evento, por exemplo. A rádio tem que estar na pista, andando, o microfone da rádio tem que ser móvel, e não preso no estúdio. Estendo o microfone, coloco uma extensão e falo: segura aí senhora, segura aí, senhor”.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">A Rádio Grande Tijuca tem o apoio do comércio local para suprir os pequenos gastos como telefone, Internet, o básico para funcionar. Eles não têm recursos para contratar um DJ, para receber telefonemas e falar com os ouvintes. Até hoje, a rádio não está regulamentada. Há 14 anos luta para ter sua situação regularizada no Ministério das Comunicações. Já enviaram todos os papéis, todas as assinaturas, mas o governo alegou problema com transmissor, antena, localização e mandou a documentação de volta.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%">'''<span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">Pressão ou repressão?</span></span>'''</span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">De acordo com Miramar, a rádio nunca teve problemas com a repressão. “Quando chegou a pacificação eu levei um susto danado. Agora minha rádio dança, pensei. Ainda mais quando o comandante do 1º Batalhão do Borel me chamou e perguntou “você tem uma rádio comunitária?”. Respondi que sim e ele disse que queria conversar comigo. Minhas pernas tremeram. Mas ele disse que queria ajudar a regulamentar. Mas também não resolveu. Eles não atrapalham em nada”.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">Miramar explica, porém, que há necessidade de ter cuidado com o que se fala na rádio e'''cautela para emitir certas notícias. “Temos que ir devagar no que a gente fala, porque pode mexer com alguém e esse alguém nos prejudicar”.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">Mônica Francisco, cientista social que foi da Rádio Comunitária do Borel (RCB) também dedicou um tempo da sua vida à Rádio Grande Tijuca.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">“A proposta da rádio era agregar o maior número possível de tijucanos da favela e do asfalto. Naquele momento a Tijuca sofria com uma guerra entre facções rivais. Eram tiroteios incessantes praticamente todas as noites. Essa guerra impedia que uma rádio de uma determinada favela divulgasse ações de outra favela. E esse se torna um assunto proibido”, recorda Mônica.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">A Rádio Grande Tijuca se tornou um espaço de encontro entre moradores, artistas tijucanos e músicos. A variada programação começava às 8 horas da manhã. Havia na grade vários programas. Mônica Francisco fazia o “Fala Comunidade”, às 17 horas, entre outros.&nbsp; Tinha entrevistados e uma vez por mês era entrevistado o comandante do Batalhão da Polícia Militar da área e o subprefeito.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">Depois a Rádio comprou uma chave híbrida que possibilitava receber e fazer telefonemas para fazer entrevistas por telefone. Daí foi um passo para a rede de rádios do Viva Rio. Precisava-se tratar da formalização das rádios comunitárias.</span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%"><span style="color:#1f497d">Durante cinco anos Mônica foi militante da Comunicação Popular na Tijuca. Chegou a ser diretora da Federação das Associações de Rádios Comunitárias do Rio de Janeiro (Farc-RJ), de 2003 a 2005.</span></span></span></span></span></p> <br />
<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:115%"><span style="color:#1f497d">Para Mônica, a Comunicação Popular é a saída para as lutas populares desde que não seja mero reprodutor da mídia oficial, dos jornais ou programas de outras rádios jornalísticas de emissoras oficiais. “Quando damos uma notícia, fazemos comentários, produzimos reflexão. A Comunicação Popular dá a possibilidade de você ver o outro lado. Porque quando você tem uma voz única fica muito difícil formar uma opinião que seja no mínimo coerente. A Comunicação Popular tem esse papel de saída: no jeito, na linguagem, na forma de comunicação. Não é à toa que você tem na Europa uma estrutura de rede de rádios comunitárias que são imprescindíveis para a vida de uma cidade. No interior do país, a rádio comunitária e Comunicação Popular é que fazem acontecer porque se não as notícias não chegariam. A comunicação de cunho popular, as rádios comunitárias, as mídias comunitárias possibilitam outro olhar sobre tudo. Possibilitam que o popular tenha acesso e produza informação. Isso é fantástico”.</span></span></span></span></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Wikifavelas:N%C3%BAcleo_Piratininga_de_Comunica%C3%A7%C3%A3o&diff=2234Wikifavelas:Núcleo Piratininga de Comunicação2019-10-25T21:38:00Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><br />
'''Autoria: Núcleo Piratininga de Comunicação'''<br />
<br />
&nbsp;<br />
<br />
'''[[File:Logonpc2.png]]'''<br />
<br />
&nbsp;<br />
<br />
O Núcleo Piratininga de Comunicação, NPC, é uma escola de formação política com ênfase na comunicação e na história das lutas dos trabalhadores e das lutas sociais. É um centro independente e plural voltado para sindicatos, movimentos sociais e coletivos autônomos.<br />
<br />
O NPC é constituído por um grupo de comunicadores, jornalistas, professores universitários, artistas gráficos, ilustradores e fotógrafos que trabalham com o objetivo de melhorar a comunicação, tanto de movimentos comunitários ou populares, quanto de sindicatos e outros coletivos. Temos realizado esta tarefa de forma ininterrupta há mais de 20 anos, principalmente através de cursos, palestras e seminários e produção de materiais de formação e informação.<br />
<br />
Acreditamos que os trabalhadores e os setores populares precisam aperfeiçoar-se constantemente em sua comunicação para alcançar seu objetivo de construção de uma nova sociedade. Apresentamos a esses grupos sociais nossos conhecimentos adquiridos por meio da nossa formação específica e da nossa prática social.<br />
<br />
As atividades do NPC remontam a 1992 e o acúmulo destas culminou na sua formalização jurídica em 1997, tornando-se uma organização civil sem fins lucrativos, legalmente constituída, com sede no Rio de Janeiro e atuação nacional. Temos uma estrutura jurídica formada por uma Diretoria e um Conselho de Membros do NPC em vários estados do País (Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Ceará).<br />
<br />
Capacitamos e promovemos a comunicação popular, em todo o território nacional, para grupos interessados em melhorar sua comunicação: do jornal impresso à Internet, da oratória ao uso do rádio e do vídeo.<br />
<br />
Nosso objetivo central é melhorar a comunicação dos trabalhadores para construir um mundo com justiça e sem exclusão. O ponto de partida é a certeza de que sem comunicação não há possibilidade de os trabalhadores lutarem para alcançar a hegemonia política na sociedade.<br />
<br />
Entre as atividades que desenvolvemos estão a edição de livros, cartilhas, jornais e revistas com temas de interesse da classe trabalhadora; a pesquisa, a edição e a produção, anual, de um livro-agenda temático; a realização do Curso de Comunicação Popular; a produção e realização do Festival da Comunicação Sindical e Popular; e o Curso Anual do NPC.<br />
<br />
Temos forte ligação com os Sindicatos dos Professores das escolas públicas, professores das universidades públicas, servidores públicos em geral, engenheiros, metalúrgicos, eletricitários, trabalhadores da ciência e tecnologia, petroleiros, entre outros.<br />
<br />
Assim como com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST); Movimento de Comunidades Populares (MCP), Rede de Comunidades Contra a Violência; Pastoral de Favelas do Rio de Janeiro, Cursinho Vito Giannotti (SP), Ocupação Vito Giannotti, com a comunicação popular em geral que se desenvolve em diversas favelas do Rio de Janeiro e com a imprensa alternativa produzida no Brasil, como o Jornal Popular, de Brasília; o Brasil de Fato, do Rio e de Curitiba; o jornal Vias de Fato, do Maranhão, o jornal Terra Sem Males, de Curitiba e o jornal nacional, produzido em Feira de Santana (BA), Vozes das Comunidades. E, obviamente, os produzidos no Rio de Janeiro. Recentemente nos aproximamos e estamos estabelecendo parceria com a Abraço (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias).<br />
<br />
Muitos são os que nos procuram para atuação em conjunto. Desde coletivos locais de comunicação popular, passando por núcleos de comunicação das universidades, a Comissões de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção-RJ.<br />
<br />
Outro forte grupo de apoio que temos é formado por intelectuais, como professores universitários da área de comunicação, sociologia e História que nos ajudam na formulação de políticas e ministrando aulas. Somo referência para eles pelo respeito que adquirimos no moimento sindical e popular.<br />
<br />
Nossa participação nesses movimentos se dá sempre a partir da comunicação como ferramenta na luta dos mais desfavorecidos por seus direitos. Ou seja, os incentivamos a se organizar e ajudamos a divulgar suas questões, seja ecoando para a imprensa, seja através de publicações produzidas pelos próprios movimentos. O protagonismo é dos movimentos sociais.&nbsp;<br />
<br />
&nbsp;</div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Arquivo:Logonpc2.png&diff=2233Arquivo:Logonpc2.png2019-10-25T21:31:30Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Arquivo:LogoNPC.png&diff=2232Arquivo:LogoNPC.png2019-10-25T21:29:52Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Curso_de_Comunica%C3%A7%C3%A3o_Popular_do_NPC&diff=2231Curso de Comunicação Popular do NPC2019-10-25T21:28:08Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><br />
'''Autora: Luisa Santiago'''<br />
<br />
O Curso de Comunicação Popular do Núcleo Piratininga de Comunicação promove, anualmente, a integração de cerca de 40 jovens, entre 17 e 30 anos. São moradores de bairros da periferia e das favelas da região do Grande Rio e de municípios vizinhos, estudantes de comunicação, jornalistas recém-formados, participantes de movimentos sociais e de coletivos de comunicação popular.<br />
<br />
Ele foi criado em 2015, depois da aproximação do NPC com as mães dos jovens assassinados na Chacina do Borel em 2003.&nbsp;<br />
<br />
[[File:Cursoavançado.jpg]]<br />
<br />
Em 2019, o curso chegou à sua 14ª edição.&nbsp;Nesse ano recebemos mais de 200 fichas de inscrição. Numa conjuntura difícil como a que todos nós estamos inseridos, optamos por misturar no cotidiano das aulas lições práticas sobre o uso da comunicação com a formação política. Consideramos essa junção fundamental para avançar na formação de cada um, qualificar suas atividades junto aos seus coletivos e estimular uma maior articulação entre esses militantes. Abrimos as atividades com aulas sobre História da Imprensa no Brasil, com Claudia Santiago, e Comunicação Popular por Quem Faz, com comunicadores populares do Complexo do Alemão, Cidade de Deus e da Rocinha.<br />
<br />
Trabalhamos valores como a solidariedade, a conquista de direitos sociais, o respeito ao meio ambiente, a ideia de igualdade entre mulheres e homens, o combate ao racismo, o respeito às culturas tradicionais e a denúncia da violência do Estado nas favelas.<br />
<br />
O fortalecimento da Comunicação Popular se mostra cada vez mais importante. É através dela que é possível o amadurecimento dos laços comunitários e o desenvolvimento de uma consciência coletiva a partir da emergência de temas comuns, da representatividade e da construção de um projeto coletivo para gestão do espaço público e dos bens comuns.<br />
<br />
Além de produtores de conteúdo, os comunicadores populares são multiplicadores tanto daquilo que produzem – para dentro e para fora do local onde atuam –, quanto dos saberes adquiridos ao longo do processo de formação.<br />
<br />
Sua dinâmica é composta por aulas, atividades de campo, reuniões, pesquisas, publicações impressas e virtuais. Para as turmas novas, o conteúdo programático apresentado ao longo dos meses é definido pela equipe do NPC em conjunto com a rede de professores/monitores que trabalham de forma conjunta. São mais de 120 horas de aula ao longo dos meses.&nbsp;<br />
<br />
No caso de turmas avançadas, compostas por ex-alunos, o conteúdo é definido junto aos participantes, em reuniões que acontecem nos meses que antecedem o início das aulas. No total, são 50 horas-aulas realizadas em espaços articulados pelos alunos ou pela equipe do NPC.<br />
<br />
[[File:Cursovozes.jpg|upright|Cursovozes.jpg]]<br />
<br />
Ao final das aulas, os alunos produzem o jornal impresso Vozes das Comunidades. Eles decidem a pauta, escrevem, revisam as matérias e fazem a diagramação. Tudo a partir do que acumularam ao longo do curso. A distribuição do jornal é feita no ato “Grito dos Excluídos”, que acontece anualmente em 7 de setembro, como uma manifestação dos movimentos sociais paralela ao desfile militar oficial.&nbsp;<br />
<br />
Uma das principais marcas da relação entre aulas e turma é a curiosidade. Em praticamente todos os encontros, depois do fim da aula os professores são abordados por alunos em busca de mais informações ou ajuda para suas próprias atividades.<br />
<br />
Cada aluno chega&nbsp;ao curso com uma trajetória e uma experiência, mas é a sistematização e a ampliação dos saberes num ambiente compartilhado que propicia uma troca enriquecedora.<br />
<br />
Ao longo dos anos os alunos mantém ativo&nbsp;o '''Blog Vozes das Comunidades '''(atualmente em manutenção), onde podem publicar seus textos e também textos que considerem relevante para o coletivo.&nbsp;<br />
<br />
Há também um grupo de Whatsapp&nbsp;através do qual acompanhamos nossas atividades, planejamos ações conjuntas e debetemos&nbsp;os acontecimentos no Rio e no Brasil.<br />
<br />
[[Category:Movimentos sociais]] [[Category:Comunicação Popular]] [[Category:Favelas]]</div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Arquivo:Cursovozes.jpg&diff=2230Arquivo:Cursovozes.jpg2019-10-25T21:26:07Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Curso_de_Comunica%C3%A7%C3%A3o_Popular_do_NPC&diff=2229Curso de Comunicação Popular do NPC2019-10-25T21:17:03Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><br />
'''Autora: Luisa Santiago'''<br />
<br />
O Curso de Comunicação Popular do Núcleo Piratininga de Comunicação promove, anualmente, a integração de cerca de 40 jovens, entre 17 e 30 anos. São moradores de bairros da periferia e das favelas da região do Grande Rio e de municípios vizinhos, estudantes de comunicação, jornalistas recém-formados, participantes de movimentos sociais e de coletivos de comunicação popular.<br />
<br />
Ele foi criado em 2015, depois da aproximação do NPC com as mães dos jovens assassinados na Chacina do Borel em 2003.&nbsp;<br />
<br />
Em 2019, o curso chegou à sua 14ª edição.&nbsp;Nesse ano recebemos mais de 200 fichas de inscrição. Numa conjuntura difícil como a que todos nós estamos inseridos, optamos por misturar no cotidiano das aulas lições práticas sobre o uso da comunicação com a formação política. Consideramos essa junção fundamental para avançar na formação de cada um, qualificar suas atividades junto aos seus coletivos e estimular uma maior articulação entre esses militantes. Abrimos as atividades com aulas sobre História da Imprensa no Brasil, com Claudia Santiago, e Comunicação Popular por Quem Faz, com comunicadores populares do Complexo do Alemão, Cidade de Deus e da Rocinha.<br />
<br />
Trabalhamos valores como a solidariedade, a conquista de direitos sociais, o respeito ao meio ambiente, a ideia de igualdade entre mulheres e homens, o combate ao racismo, o respeito às culturas tradicionais e a denúncia da violência do Estado nas favelas.<br />
<br />
O fortalecimento da Comunicação Popular se mostra cada vez mais importante. É através dela que é possível o amadurecimento dos laços comunitários e o desenvolvimento de uma consciência coletiva a partir da emergência de temas comuns, da representatividade e da construção de um projeto coletivo para gestão do espaço público e dos bens comuns.<br />
<br />
Além de produtores de conteúdo, os comunicadores populares são multiplicadores tanto daquilo que produzem – para dentro e para fora do local onde atuam –, quanto dos saberes adquiridos ao longo do processo de formação.<br />
<br />
Sua dinâmica é composta por aulas, atividades de campo, reuniões, pesquisas, publicações impressas e virtuais. Para as turmas novas, o conteúdo programático apresentado ao longo dos meses é definido pela equipe do NPC em conjunto com a rede de professores/monitores que trabalham de forma conjunta. São mais de 120 horas de aula ao longo dos meses.&nbsp;<br />
<br />
No caso de turmas avançadas, compostas por ex-alunos, o conteúdo é definido junto aos participantes, em reuniões que acontecem nos meses que antecedem o início das aulas. No total, são 50 horas-aulas realizadas em espaços articulados pelos alunos ou pela equipe do NPC.<br />
<br />
Ao final das aulas, os alunos produzem o jornal impresso Vozes das Comunidades. Eles decidem a pauta, escrevem, revisam as matérias e fazem a diagramação. Tudo a partir do que acumularam ao longo do curso. A distribuição do jornal é feita no ato “Grito dos Excluídos”, que acontece anualmente em 7 de setembro, como uma manifestação dos movimentos sociais paralela ao desfile militar oficial.&nbsp;<br />
<br />
Uma das principais marcas da relação entre aulas e turma é a curiosidade. Em praticamente todos os encontros, depois do fim da aula os professores são abordados por alunos em busca de mais informações ou ajuda para suas próprias atividades.<br />
<br />
Cada aluno chega&nbsp;ao curso com uma trajetória e uma experiência, mas é a sistematização e a ampliação dos saberes num ambiente compartilhado que propicia uma troca enriquecedora.<br />
<br />
Ao longo dos anos os alunos mantém ativo&nbsp;o '''Blog Vozes das Comunidades '''(atualmente em manutenção), onde podem publicar seus textos e também textos que considerem relevante para o coletivo.&nbsp;<br />
<br />
Há também um grupo de Whatsapp&nbsp;através do qual acompanhamos nossas atividades, planejamos ações conjuntas e debetemos&nbsp;os acontecimentos no Rio e no Brasil.<br />
<br />
[[Category:Movimentos sociais]] [[Category:Comunicação Popular]] [[Category:Favelas]]</div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Curso_de_Comunica%C3%A7%C3%A3o_Popular_do_NPC&diff=2228Curso de Comunicação Popular do NPC2019-10-25T21:14:01Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><br />
'''Autora: Luisa Santiago'''<br />
<br />
O Curso de Comunicação Popular do Núcleo Piratininga de Comunicação promove, anualmente, a integração de cerca de 40 jovens, entre 17 e 30 anos. São moradores de bairros da periferia e das favelas da região do Grande Rio e de municípios vizinhos, estudantes de comunicação, jornalistas recém-formados, participantes de movimentos sociais e de coletivos de comunicação popular.<br />
<br />
[[File:Cursoavançado.jpg|upright]]<br />
<br />
Ele foi criado em 2015, depois da aproximação do NPC com as mães dos jovens assassinados na Chacina do Borel em 2003.&nbsp;<br />
<br />
Em 2019, o curso chegou à sua 14ª edição.&nbsp;Nesse ano recebemos mais de 200 fichas de inscrição. Numa conjuntura difícil como a que todos nós estamos inseridos, optamos por misturar no cotidiano das aulas lições práticas sobre o uso da comunicação com a formação política. Consideramos essa junção fundamental para avançar na formação de cada um, qualificar suas atividades junto aos seus coletivos e estimular uma maior articulação entre esses militantes. Abrimos as atividades com aulas sobre História da Imprensa no Brasil, com Claudia Santiago, e Comunicação Popular por Quem Faz, com comunicadores populares do Complexo do Alemão, Cidade de Deus e da Rocinha.<br />
<br />
Trabalhamos valores como a solidariedade, a conquista de direitos sociais, o respeito ao meio ambiente, a ideia de igualdade entre mulheres e homens, o combate ao racismo, o respeito às culturas tradicionais e a denúncia da violência do Estado nas favelas.<br />
<br />
O fortalecimento da Comunicação Popular se mostra cada vez mais importante. É através dela que é possível o amadurecimento dos laços comunitários e o desenvolvimento de uma consciência coletiva a partir da emergência de temas comuns, da representatividade e da construção de um projeto coletivo para gestão do espaço público e dos bens comuns.<br />
<br />
Além de produtores de conteúdo, os comunicadores populares são multiplicadores tanto daquilo que produzem – para dentro e para fora do local onde atuam –, quanto dos saberes adquiridos ao longo do processo de formação.<br />
<br />
Sua dinâmica é composta por aulas, atividades de campo, reuniões, pesquisas, publicações impressas e virtuais. Para as turmas novas, o conteúdo programático apresentado ao longo dos meses é definido pela equipe do NPC em conjunto com a rede de professores/monitores que trabalham de forma conjunta. São mais de 120 horas de aula ao longo dos meses.&nbsp;<br />
<br />
No caso de turmas avançadas, compostas por ex-alunos, o conteúdo é definido junto aos participantes, em reuniões que acontecem nos meses que antecedem o início das aulas. No total, são 50 horas-aulas realizadas em espaços articulados pelos alunos ou pela equipe do NPC.<br />
<br />
Ao final das aulas, os alunos produzem o jornal impresso Vozes das Comunidades. Eles decidem a pauta, escrevem, revisam as matérias e fazem a diagramação. Tudo a partir do que acumularam ao longo do curso. A distribuição do jornal é feita no ato “Grito dos Excluídos”, que acontece anualmente em 7 de setembro, como uma manifestação dos movimentos sociais paralela ao desfile militar oficial.&nbsp;<br />
<br />
Uma das principais marcas da relação entre aulas e turma é a curiosidade. Em praticamente todos os encontros, depois do fim da aula os professores são abordados por alunos em busca de mais informações ou ajuda para suas próprias atividades.<br />
<br />
Cada aluno chega&nbsp;ao curso com uma trajetória e uma experiência, mas é a sistematização e a ampliação dos saberes num ambiente compartilhado que propicia uma troca enriquecedora.<br />
<br />
Ao longo dos anos os alunos mantém ativo&nbsp;o '''Blog Vozes das Comunidades '''(atualmente em manutenção), onde podem publicar seus textos e também textos que considerem relevante para o coletivo.&nbsp;<br />
<br />
Há também um grupo de Whatsapp&nbsp;através do qual acompanhamos nossas atividades, planejamos ações conjuntas e debetemos&nbsp;os acontecimentos no Rio e no Brasil.<br />
<br />
[[Category:Movimentos sociais]] [[Category:Comunicação Popular]] [[Category:Favelas]]</div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Arquivo:Cursoavan%C3%A7ado.jpg&diff=2227Arquivo:Cursoavançado.jpg2019-10-25T21:12:16Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Arquivo:Curso_5.jpg&diff=2226Arquivo:Curso 5.jpg2019-10-25T21:09:29Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Arquivo:Curso_2.png&diff=2225Arquivo:Curso 2.png2019-10-25T21:07:48Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div></div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Curso_de_Comunica%C3%A7%C3%A3o_Popular_do_NPC&diff=2224Curso de Comunicação Popular do NPC2019-10-25T20:50:44Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><br />
'''Autora: Luisa Santiago'''<br />
<br />
O Curso de Comunicação Popular do Núcleo Piratininga de Comunicação promove, anualmente, a integração de cerca de 40 jovens, entre 17 e 30 anos. São moradores de bairros da periferia e das favelas da região do Grande Rio e de municípios vizinhos, estudantes de comunicação, jornalistas recém-formados, participantes de movimentos sociais e de coletivos de comunicação popular.<br />
<br />
Ele foi criado em 2015, depois da aproximação do NPC com as mães dos jovens assassinados na Chacina do Borel em 2003.&nbsp;<br />
<br />
Em 2019, o curso chegou à sua 14ª edição.&nbsp;Nesse ano recebemos mais de 200 fichas de inscrição. Numa conjuntura difícil como a que todos nós estamos inseridos, optamos por misturar no cotidiano das aulas lições práticas sobre o uso da comunicação com a formação política. Consideramos essa junção fundamental para avançar na formação de cada um, qualificar suas atividades junto aos seus coletivos e estimular uma maior articulação entre esses militantes. Abrimos as atividades com aulas sobre História da Imprensa no Brasil, com Claudia Santiago, e Comunicação Popular por Quem Faz, com comunicadores populares do Complexo do Alemão, Cidade de Deus e da Rocinha.<br />
<br />
Trabalhamos valores como a solidariedade, a conquista de direitos sociais, o respeito ao meio ambiente, a ideia de igualdade entre mulheres e homens, o combate ao racismo, o respeito às culturas tradicionais e a denúncia da violência do Estado nas favelas.<br />
<br />
O fortalecimento da Comunicação Popular se mostra cada vez mais importante. É através dela que é possível o amadurecimento dos laços comunitários e o desenvolvimento de uma consciência coletiva a partir da emergência de temas comuns, da representatividade e da construção de um projeto coletivo para gestão do espaço público e dos bens comuns.<br />
<br />
Além de produtores de conteúdo, os comunicadores populares são multiplicadores tanto daquilo que produzem – para dentro e para fora do local onde atuam –, quanto dos saberes adquiridos ao longo do processo de formação.<br />
<br />
Sua dinâmica é composta por aulas, atividades de campo, reuniões, pesquisas, publicações impressas e virtuais. Para as turmas novas, o conteúdo programático apresentado ao longo dos meses é definido pela equipe do NPC em conjunto com a rede de professores/monitores que trabalham de forma conjunta. São mais de 120 horas de aula ao longo dos meses.&nbsp;<br />
<br />
No caso de turmas avançadas, compostas por ex-alunos, o conteúdo é definido junto aos participantes, em reuniões que acontecem nos meses que antecedem o início das aulas. No total, são 50 horas-aulas realizadas em espaços articulados pelos alunos ou pela equipe do NPC.<br />
<br />
Ao final das aulas, os alunos produzem o jornal impresso Vozes das Comunidades. Eles decidem a pauta, escrevem, revisam as matérias e fazem a diagramação. Tudo a partir do que acumularam ao longo do curso. A distribuição do jornal é feita no ato “Grito dos Excluídos”, que acontece anualmente em 7 de setembro, como uma manifestação dos movimentos sociais paralela ao desfile militar oficial.&nbsp;<br />
<br />
Uma das principais marcas da relação entre aulas e turma é a curiosidade. Em praticamente todos os encontros, depois do fim da aula os professores são abordados por alunos em busca de mais informações ou ajuda para suas próprias atividades.<br />
<br />
Cada aluno chega&nbsp;ao curso com uma trajetória e uma experiência, mas é a sistematização e a ampliação dos saberes num ambiente compartilhado que propicia uma troca enriquecedora.<br />
<br />
Ao longo dos anos os alunos mantém ativo&nbsp;o '''Blog Vozes das Comunidades '''(atualmente em manutenção), onde podem publicar seus textos e também textos que considerem relevante para o coletivo.&nbsp;<br />
<br />
Há também um grupo de Whatsapp&nbsp;através do qual acompanhamos nossas atividades, planejamos ações conjuntas e debetemos&nbsp;os acontecimentos no Rio e no Brasil.<br />
<br />
[[Category:Movimentos sociais]] [[Category:Comunicação Popular]] [[Category:Favelas]]</div>Luisahttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Curso_de_Comunica%C3%A7%C3%A3o_Popular_do_NPC&diff=2223Curso de Comunicação Popular do NPC2019-10-25T20:46:51Z<p>Luisa: </p>
<hr />
<div><br />
'''Autora: Luisa Santiago'''<br />
<br />
O Curso de Comunicação Popular do Núcleo Piratininga de Comunicação promove, anualmente, a integração de cerca de 40 jovens, entre 17 e 30 anos. São moradores de bairros da periferia e das favelas da região do Grande Rio e de municípios vizinhos, estudantes de comunicação, jornalistas recém-formados, participantes de movimentos sociais e de coletivos de comunicação popular.<br />
<br />
Em 2019, o curso chegou à sua 14ª edição.&nbsp;Nesse ano recebemos mais de 200 fichas de inscrição. Numa conjuntura difícil como a que todos nós estamos inseridos, optamos por misturar no cotidiano das aulas lições práticas sobre o uso da comunicação com a formação política. Consideramos essa junção fundamental para avançar na formação de cada um, qualificar suas atividades junto aos seus coletivos e estimular uma maior articulação entre esses militantes. Abrimos as atividades com aulas sobre História da Imprensa no Brasil, com Claudia Santiago, e Comunicação Popular por Quem Faz, com comunicadores populares do Complexo do Alemão, Cidade de Deus e da Rocinha.<br />
<br />
Trabalhamos valores como a solidariedade, a conquista de direitos sociais, o respeito ao meio ambiente, a ideia de igualdade entre mulheres e homens, o combate ao racismo, o respeito às culturas tradicionais e a denúncia da violência do Estado nas favelas.<br />
<br />
O fortalecimento da Comunicação Popular se mostra cada vez mais importante. É através dela que é possível o amadurecimento dos laços comunitários e o desenvolvimento de uma consciência coletiva a partir da emergência de temas comuns, da representatividade e da construção de um projeto coletivo para gestão do espaço público e dos bens comuns.<br />
<br />
Além de produtores de conteúdo, os comunicadores populares são multiplicadores tanto daquilo que produzem – para dentro e para fora do local onde atuam –, quanto dos saberes adquiridos ao longo do processo de formação.<br />
<br />
Sua dinâmica é composta por aulas, atividades de campo, reuniões, pesquisas, publicações impressas e virtuais. Para as turmas novas, o conteúdo programático apresentado ao longo dos meses é definido pela equipe do NPC em conjunto com a rede de professores/monitores que trabalham de forma conjunta. São mais de 120 horas de aula ao longo dos meses.&nbsp;<br />
<br />
No caso de turmas avançadas, compostas por ex-alunos, o conteúdo é definido junto aos participantes, em reuniões que acontecem nos meses que antecedem o início das aulas. No total, são 50 horas-aulas realizadas em espaços articulados pelos alunos ou pela equipe do NPC.<br />
<br />
Ao final das aulas, os alunos produzem o jornal impresso Vozes das Comunidades. Eles decidem a pauta, escrevem, revisam as matérias e fazem a diagramação. Tudo a partir do que acumularam ao longo do curso. A distribuição do jornal é feita no ato “Grito dos Excluídos”, que acontece anualmente em 7 de setembro, como uma manifestação dos movimentos sociais paralela ao desfile militar oficial.&nbsp;<br />
<br />
Uma das principais marcas da relação entre aulas e turma é a curiosidade. Em praticamente todos os encontros, depois do fim da aula os professores são abordados por alunos em busca de mais informações ou ajuda para suas próprias atividades.<br />
<br />
Cada aluno chega&nbsp;ao curso com uma trajetória e uma experiência, mas é a sistematização e a ampliação dos saberes num ambiente compartilhado que propicia uma troca enriquecedora.<br />
<br />
Ao longo dos anos os alunos mantém ativo&nbsp;o '''Blog Vozes das Comunidades '''(atualmente em manutenção), onde podem publicar seus textos e também textos que considerem relevante para o coletivo.&nbsp;<br />
<br />
Há também um grupo de Whatsapp&nbsp;através do qual acompanhamos nossas atividades, planejamos ações conjuntas e debetemos&nbsp;os acontecimentos no Rio e no Brasil.<br />
<br />
[[Category:Movimentos sociais]] [[Category:Comunicação Popular]] [[Category:Favelas]]</div>Luisa