Viver sem guerra? Poderes locais e relações de gênero no cotidiano popular (Resenha)

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco


Resenha produzida por Marcelo Reis a partir do artigo de Birman e Pierobon intitulado "Viver sem guerra? Poderes locais e relações de gênero no cotidiano popular", no qual os autores se debruçam sobre os efeitos do combate ao tráfico de drogas no cotidiano das periferias do Rio de Janeiro.

Autoria: Marcelo Reis.

Sobre[editar | editar código-fonte]

Patrícia Birman é professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Camila Pierobon é integrante do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). A produção do artigo se insere no contexto dos projetos "A gestão da pobreza e seus gêneros: políticas públicas, emaranhados e apropriações no Rio de Janeiro" (CNPQ/FAPERJ) e "Interstícios: entre a violência masculina do estado, do tráfico de drogas e da família, um corpo de mulher" (FAPESP).

Principais argumentos[editar | editar código-fonte]

Em "Viver sem guerra? Poderes locais e relações de gênero no cotidiano popular", Patricia Birman e Camila Pierobon[1] se debruçam sobre os efeitos do combate ao tráfico de drogas no cotidiano das periferias do Rio de Janeiro. Ao focar nos papéis de mulheres nesse cenário, as autoras buscam compreender a formação de relações de gênero em cenários de guerra. Assim, entendem-se os múltiplos aspectos que afetam papéis de gênero, tais como assassinatos, violência física e violência moral.

Na pesquisa, Birman e Pierobon estudam o caso da Vila Carolina Maria de Jesus. A comunidade, originalmente pensada em um modelo de autogestão, teve uma de suas casas ocupada por traficantes. A partir desse momento, a sociabilidade local passou por uma série de mudanças, agora mediadas pelas ameaças do tráfico e também das ações policiais. Ao mesmo tempo, os moradores preocupavam-se em manter a legitimidade de sua moradias, que já tinha sido alvo de tentativas de remoção.

Nesse sentido, o artigo destaca a heterogeneidade de atores sociais e de suas ações, em um emaranhado influenciado pela guerra. Tráfico e Estado produzem referências, memórias, cotidianos e temporalidades próprias para os moradores da Vila. Dessa forma, compreende-se a formação de uma subjetividade a partir dos conflitos urbanos no Rio de Janeiro.

Outras referências[editar | editar código-fonte]

FARIAS, Juliana. 2015. Governo de Mortes: Uma etnografia da gestão de populações de favelas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

FELTRAN, Gabriel. 2011. “‘Trabalhadores’ e ‘bandidos’ na mesma família”. In: CABANES, Roger; GEORGES, Isabel; RIZEK, Cibele; TELLES, Vera. (org.). Saídas de Emergência: ganhar/perder a vida na periferia de São Paulo. São Paulo: Boitempo Editorial, pp. 397-417.

LEITE, Márcia Pereira. 2008. “Violência, risco e sociabilidade nas margens da cidade: percepções e formas de ação de moradores de favelas cariocas”. In: MACHADO DA SILVA, Luiz Antônio. (org.). Vida sob cerco: violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, pp. 115-143.

  1. BIRMAN, Patrícia & PIEROBON, Camila. Viver sem guerra? Poderes locais e relações de gênero no cotidiano popular. Rev. antropol. (São Paulo, Online) | v. 64 n. 2: e 186647 | USP, 2021.