Ações de combate ao covid-19 em Paraisópolis

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

A equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco está comprometida com o enfrentamento ao Coronavírus nas favelas e periferias. A proposta é visibilizar as demandas específicas que as favelas tem diante da pandemia, bem como as ações de ação e organização protagonizadas pelos moradores e coletivos locais. Para saber mais sobre o tema, clique aqui

Página produzida pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Paraisópolis[editar | editar código-fonte]

Paraisópolis é uma favela em São Paulo, no distrito de Vila Andrade, na Zona Sul paulistana. Sua população, aferida no Censo de 2010, era de 42 826 habitantes. Atualmente, estima-se que mais de 100 mil pessoas morem na localidade. Diante da pandemia do novo coronavírus, os moradores organizaram-se para garantir o mínimo de dignidade diante do problema que se apresentava, em ações que disputam, orientam e tensionam constantemente o poder público a se responsabilizar pelos moradores da região. Atualmente, a favela é um dos maiores exemplos de mobilização contra a pandemia. Ainda em abril, quando os casos começam a explodir na favela, as dificuldades surgiam em cada detalhe: a demora no socorro, as ruas estreitas da favela que limitavam o acesso de ambulâncias, o descaso do poder público... Assim, observamos as ações locais tentarem dar conta: seja treinando socorristas da comunidade, criando presidentes de cada rua, contratando ambulâncias para o local, enfim... Confira algumas das ações: 

Favela de São Paulo vira exemplo em ações contra o coronavírus[editar | editar código-fonte]

Apresentada no Jornal Nacional, na Rede Globo (11 de abril de 2020)

Tanta gente dividindo pouco espaço forma uma condição que facilita a disseminação do vírus. É difícil fazer isolamento social assim. Mas a comunidade se organizou para tentar saber com rapidez quem tem sintomas da doença, quem precisa de ajuda, qual a situação na casa de cada família que mora no local.

A comunidade transformou 420 moradores em presidentes de rua. Cada um é responsável por monitorar umas 50 casas.

“Assim que a gente identifica um caso suspeito, a gente passa a monitorar essa família, dar orientação. Então o presidente de rua ele é responsável por garantir que essa pessoa fique em casa, conscientizá-lo. Passando mal, a ambulância vai ser acionada”, diz Gilson Rodrigues, líder comunitário de Paraisópolis.

Paraisópolis mantém três ambulâncias e profissionais de prontidão.A comunidade já registrou 15 casos confirmados de Covid-19 e oito mortes suspeitas. Alexandra Pereira da Silva é uma das presidentes de rua e já chamou os socorristas para ajudar um vizinho.

“A gente foi até a casa da pessoa, eles examinaram ela lá, depois trouxeram para cá porque ela estava com muita falta de ar, e graças a Deus está até em casa, tomando medicação, está em casa, a gente está de olho, claro”, conta.

A rede dos presidentes de rua também identificou quais são os moradores que perderam a renda por causa da pandemia e estão mais necessitados. Para essas pessoas, voluntários preparam marmitas todos os dias. Neste sábado, foram duas mil refeições.

“A nossa população, além de ela ser de serviço, ela não tem como fazer o home office porque são diaristas, cozinheiras, pessoas que trabalham no serviço de manutenção, a grande maioria. E a gente juntou todo mundo, a mulherada, para poder se acolher e superar esse desafio aqui na comunidade”, diz Elizandra Cerqueira, presidente da Associação das mulheres de Paraisópolis.

Neste sábado, também teve distribuição de ovos de chocolate.

E um projeto da comunidade que capacita mulheres para serem costureiras está dedicado, agora, a confeccionar máscaras de pano. A oficina está quase vazia porque as mulheres levaram máquinas para costurar em casa.

“Trabalhando em casa e com renda. Isso é muito importante, porque você pedir para fazer isolamento sem pensar como as pessoas vão sobreviver é um desafio muito grande”, diz Suéli Feio, idealizadora do projeto Costurando Sonhos.

A renda delas vem de uma empresa que está pagando pelas máscaras, que serão distribuídas na comunidade. Tudo o que Paraisópolis está fazendo é mantido com parcerias como essa, doações, uma vaquinha pela internet e voluntários.

A solidariedade também é contagiosa. Neste sábado, apareceram quatro pessoas de outro lado da cidade levando cem marmitas prontinhas para servir. E olha que uma dessas pessoas é o Leandro, que já perdeu o emprego por causa dessa crise.

“A gente falou que a gente precisa fazer algo para o próximo, como ajudar o próximo, através do que a gente tem na mão. É fazer uma comida, é trazer um conforto para quem tem mais dificuldade do que a gente”, diz o publicitário Leandro Pestana.

Contra Covid-19, Paraisópolis transforma escola em casa de acolhimento[editar | editar código-fonte]

Reportagem de Gloria Maria, no UOL. Publicada em 02 de maio de 2020

Pensando nas dificuldades do isolamento social na comunidade, Gilson Rodrigues, 35, presidente da União dos Moradores e Comerciantes de Paraisópolis, acionou parceiros para materializar uma das ideias para conter o vírus: transformar duas escolas locais em casas de acolhimento para doentes. Para saber mais sobre a ação, clique aqui

Moradores de Paraisópolis fazem curso de primeiros socorros para realização de atendimentos emergenciais em casa[editar | editar código-fonte]

Governo e comunidade divergem sobre ações em Paraisópolis contra o coronavírus[editar | editar código-fonte]

Publicado no G1 em 19 de maio de 2020

Moradores cobram mais ações, mas tanto a Prefeitura de São Paulo quanto o governo estadual afirmam que têm investido na região. Há divergências sobre cestas básicas e marmitas entregues, entre outros. O enfrentamento do coronavírus em Paraisópolis, uma das maiores comunidades de São Paulo, evidenciou um embate entre o poder público e líderes comunitários. Moradores cobram mais ações, mas tanto a Prefeitura de São Paulo quanto o governo estadual afirmam que têm investido na região.

Paraisópolis contrata médicos e ambulâncias, distribui mais de mil marmitas por dia e se une contra o coronavírus[editar | editar código-fonte]

Publicado no G1 em 07 de abril de 2020 

Mobilização surgiu diante da falta de políticas específicas para favelas em São Paulo. Dois médicos, dois enfermeiros e três socorristas se mudaram para Paraisópolis há 15 dias e estão em casa cedida pelos moradores. Para ler mais sobre o tema,clique aqui

Paraisópolis treina moradores e cria 60 bases de emergência contra coronavírus[editar | editar código-fonte]

Publicado no Hypeness em maio de 2020. 

A fim de criar uma frente eficaz no combate ao novo coronavírus em uma das maiores favelas de São Paulo, um projeto de formação de brigadas de socorristas capacitou mais de 240 moradores para estabelecerem novas equipes de saúde e socorro em Paraisópolis, na zona sul da cidade. São 60 bases divididas em 10 para cada microrregião da comunidade, no Centro, Grotão, Grotinho, Brejo, Prédios e Antonico.

A iniciativa, uma parceria da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis com o G10 das Favelas, o Grupo Bombeiro Caetano (GBC) e a Associação Bombeiro Mirim Juvenil Voluntário (BMJV), busca contornar um pouco a carência de atendimentos da região, já que o SAMU e outros serviços de saúde pouco atendem no local. O serviço dos novos socorristas, equipados com pranchas longas, kits de primeiros socorros, e equipamentos de proteção indívudual, não são exclusivos para os pacientes com Covid-19, mas para qualquer necessidade de saúde. Para saber mais, clique aqui