Assassinato de Marielle Franco - 14 de Março: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Sem resumo de edição
Sem resumo de edição
Linha 1: Linha 1:
<p style="text-align: right;"><span style="font-size:smaller;">''"No coração de quem faz a guerra<br/> Nascerá uma flor amarela"''</span><br/> <span style="font-size:smaller;">''Girassol - Cidade Negra''</span></p>  
<p style="text-align: right;"><span style="font-size:smaller;">''"No coração de quem faz a guerra<br/> Nascerá uma flor amarela"''</span><br/> <span style="font-size:smaller;">''Girassol - Cidade Negra''</span></p>  
<span style="font-size:larger;">Há uma intenção de gesto que logrou êxito no coração de uma cidade. Qual semente que&nbsp;caindo de seu fruto&nbsp;encontrou boa terra para germinar, de igual maneira o discurso&nbsp;e as ações da vereadora Marielle Franco, de querida e forte memória, enraizaram-se nos mais diversos corações após o terrível acontecimento que a objetivava em um não-lugar. Por consequencia direta, não houve extremos de um grito de dor ou do calar típico de um&nbsp;choque.&nbsp;E ainda assim&nbsp;pessoas sentiram-se convocadas e responderam ao chamado. Seus corpos, na firme recusa de aceitar a tragédia social, decidiram o comum de um estandarte e nele costuraram suas palavras, pela&nbsp;necessidade de que&nbsp;precisavam delas escritas<sup>1</sup>, que servissem de inspiração e fomentassem a boa luta: Marielle presente! Marielle vive!</span>
<span style="font-size:larger;">Há uma intenção de gesto que logrou êxito no coração de uma cidade. Qual semente que&nbsp;caindo de seu fruto&nbsp;encontrou boa terra para germinar, de igual maneira o discurso&nbsp;e as ações da vereadora Marielle Franco, de querida e forte memória, enraizaram-se nos mais diversos corações após o terrível acontecimento que a objetivava em um não-lugar. A dor se fez sentir de imediato, sem que houvesse extremos de um grito ou do calar próprio de um choque.&nbsp;E mesmo nessa dor as&nbsp;pessoas que a apoiavam, ou que identificavam-se de alguma maneira com sua lida política,&nbsp;sentiram-se convocadas e responderam ao chamado. Seus corpos, na firme recusa de aceitar a tragédia social, decidiram o comum de um estandarte e nele costuraram palavras, pela&nbsp;necessidade de que&nbsp;precisavam delas escritas<sup>1</sup>, servindo de inspiração e fomentando a boa luta: Marielle presente! Marielle vive!</span>


<span style="font-size:larger;">O ato de lembrar varia em grau e intensidade de acordo com a aproximação que se tem de uma&nbsp;ausência e seus tipos. Dado o caráter abrupto e o contexto político,&nbsp;não apenas os familiares próximos na figura direta de sua mãe e pai, irmã e&nbsp;filha, esposa e vereadora, sentiram a lancinente dor, mas também uma parcela significativa de mulheres, engajadas politicamente ou não. E cada qual sabe de si a dor que carrega e como a sente. O dia 14 pode enredar um caráter cíclico que, para além das homenagens e boas memórias a serem recuperadas, com elas vem também a dor da não presença</span>
<span style="font-size:larger;">O ato de lembrar varia em grau e intensidade de acordo com a aproximação que se tem pelo ausente, pela ausência. Dado o caráter abrupto e o contexto político,&nbsp;os familiares e amigos próximos na figura direta de sua mãe e pai, irmã e&nbsp;filha, esposa e amigos, foram - e seguem sendo - os que mais sentem no peito essa falta. Nesse sentido, não há palavra que baste, palavra que supra e encerre a ferida exposta pela perda de uma filha, irmã, mãe e companheira. O contexto político e violento com que ocorreu só amplia o sofrimento, não permitindo outra situação que não aquela de estar atento e forte<sup>2</sup>. E essa força veio e continuará vindo.</span>
 
<span style="font-size:larger;">Se palavras não remediam o suficiente, outros gestos de afeto e memória passam para o fato do acontecimento: são imagens, intervenções, performances e demais objetos que insistem na manutenção das ações pelas quais a vereadora acreditava. Os sensibilizados&nbsp;externam seu NÃO pela criação artística, imputando a elas a necessária carga da certeza, do 'não esqueceremos', pela afirmativa de sempre lembrar. Há aí como que um apelo por algo mais, apelo por Justiça.</span>
 
<span style="font-size:larger;">Cada qual sabe de si a dor que carrega e como a compreende. Além dos atos populares e seus elementos que tanto agregam e espalham as sementes de boa flor, o impacto foi tão grande que movimentou as correias das instâncias políticas, principalmente na figura do poder executivo, que deliberou por bem&nbsp;sancionar a lei nº 8054/20, unindo a importância da luta com a homenagem a&nbsp;</span>
 
<span style="font-size:larger;">consolida a legislação das datas comemorativas do Calendário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o Dia Marielle Franco – Dia de Luta contra o genocídio da Mulher Negra, a ser comemorado no dia 14 de março, anualmente.</span>
 
<span style="font-size:larger;">O dia 14 pode enredar um caráter cíclico que, para além das homenagens e boas memórias a serem recuperadas, com elas vem também a dor da não presença</span>


<span style="font-size:larger;">"As passagens, as coragens / São sementes espalhadas nesse chão"<sup>2</sup>, de Marielles e de tantas outras mulheres&nbsp;que vieram antes, pavimentando a estrada para que seu trânsito seja mais justo, democrático e inclusivo, na participação em prol do bem comum. Para sua memória, instituiu-se o Dia Marielle Franco - dia de luta contra o genocídio da mulher negra&nbsp;no estado, sob a égide da&nbsp;Lei 8.054/18<sup>3</sup>, sancionada à época pelo governador Luiz Fernando de Souza, de autoria da enfermeira Rejane.</span>
<span style="font-size:larger;">"As passagens, as coragens / São sementes espalhadas nesse chão"<sup>2</sup>, de Marielles e de tantas outras mulheres&nbsp;que vieram antes, pavimentando a estrada para que seu trânsito seja mais justo, democrático e inclusivo, na participação em prol do bem comum. Para sua memória, instituiu-se o Dia Marielle Franco - dia de luta contra o genocídio da mulher negra&nbsp;no estado, sob a égide da&nbsp;Lei 8.054/18<sup>3</sup>, sancionada à época pelo governador Luiz Fernando de Souza, de autoria da enfermeira Rejane.</span>

Edição das 16h12min de 14 de março de 2020

"No coração de quem faz a guerra
Nascerá uma flor amarela"

Girassol - Cidade Negra

Há uma intenção de gesto que logrou êxito no coração de uma cidade. Qual semente que caindo de seu fruto encontrou boa terra para germinar, de igual maneira o discurso e as ações da vereadora Marielle Franco, de querida e forte memória, enraizaram-se nos mais diversos corações após o terrível acontecimento que a objetivava em um não-lugar. A dor se fez sentir de imediato, sem que houvesse extremos de um grito ou do calar próprio de um choque. E mesmo nessa dor as pessoas que a apoiavam, ou que identificavam-se de alguma maneira com sua lida política, sentiram-se convocadas e responderam ao chamado. Seus corpos, na firme recusa de aceitar a tragédia social, decidiram o comum de um estandarte e nele costuraram palavras, pela necessidade de que precisavam delas escritas1, servindo de inspiração e fomentando a boa luta: Marielle presente! Marielle vive!

O ato de lembrar varia em grau e intensidade de acordo com a aproximação que se tem pelo ausente, pela ausência. Dado o caráter abrupto e o contexto político, os familiares e amigos próximos na figura direta de sua mãe e pai, irmã e filha, esposa e amigos, foram - e seguem sendo - os que mais sentem no peito essa falta. Nesse sentido, não há palavra que baste, palavra que supra e encerre a ferida exposta pela perda de uma filha, irmã, mãe e companheira. O contexto político e violento com que ocorreu só amplia o sofrimento, não permitindo outra situação que não aquela de estar atento e forte2. E essa força veio e continuará vindo.

Se palavras não remediam o suficiente, outros gestos de afeto e memória passam para o fato do acontecimento: são imagens, intervenções, performances e demais objetos que insistem na manutenção das ações pelas quais a vereadora acreditava. Os sensibilizados externam seu NÃO pela criação artística, imputando a elas a necessária carga da certeza, do 'não esqueceremos', pela afirmativa de sempre lembrar. Há aí como que um apelo por algo mais, apelo por Justiça.

Cada qual sabe de si a dor que carrega e como a compreende. Além dos atos populares e seus elementos que tanto agregam e espalham as sementes de boa flor, o impacto foi tão grande que movimentou as correias das instâncias políticas, principalmente na figura do poder executivo, que deliberou por bem sancionar a lei nº 8054/20, unindo a importância da luta com a homenagem a 

consolida a legislação das datas comemorativas do Calendário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o Dia Marielle Franco – Dia de Luta contra o genocídio da Mulher Negra, a ser comemorado no dia 14 de março, anualmente.

O dia 14 pode enredar um caráter cíclico que, para além das homenagens e boas memórias a serem recuperadas, com elas vem também a dor da não presença

"As passagens, as coragens / São sementes espalhadas nesse chão"2, de Marielles e de tantas outras mulheres que vieram antes, pavimentando a estrada para que seu trânsito seja mais justo, democrático e inclusivo, na participação em prol do bem comum. Para sua memória, instituiu-se o Dia Marielle Franco - dia de luta contra o genocídio da mulher negra no estado, sob a égide da Lei 8.054/183, sancionada à época pelo governador Luiz Fernando de Souza, de autoria da enfermeira Rejane.

{texto ainda em rascunho}

REFERÊNCIAS:

[1] Conforme o estandarte de Arthur Bispo do Rosário
[2] Música "pequena memória para um tempo sem memória", de Gonzaguinha
[3]: Lei 8054/18 - RJ. Disponível em: https://gov-rj.jusbrasil.com.br/legislacao/607160905/lei-8054-18-rio-de-janeiro-rj