Associação de moradores e Movimentos Sociais

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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As primeiras associações de moradores de favelas no Rio de Janeiro surgem nos anos 1940, a partir da reação dos favelados às propostas de remoção dessas localidades. Entre 1954 e 1959 são criadas as primeiras organizações de associações de moradores (União dos Trabalhadores Favelados e Coligação dos Trabalhadores Favelados), que foram o gérmen da Faferj (Federação das Associações de Moradores de Favelas do Rio de Janeiro), criada em 1963. Desde então as associações de moradores de favelas têm atuado na defesa dos interesses dos moradores desses locais, mas dependendo do contexto político com maior ou menor poder de barganha e autonomia política. A este movimento pendular Machado da Silva (2002) denominou "controle negociado". Se nos anos 1960 a relação entre favelas e poder público é marcada pela repressão e tutela (com muitas associações atuando como agências governamentais), e nos anos 1970 a tônica era o clientelismo representado na política da “política da bica d’água”, os anos 1980 marcam uma mudança, a partir do governo de Leonel Brizola (1983-1987). A partir desse momento as associações passam a ter uma interlocução mais direta com o poder público, que continua durante os anos 1990 - especialmente durante a implementação do projeto de urbanização Favela-Bairro (Gestão César Maia). Contudo, as mudanças na dinâmica territorial do tráfico de drogas e nas políticas de segurança pública também afetaram as associações de moradores, como ao conjunto dos moradores de favelas, levando à criminalização dessas organizações - vistas como cúmplices dos traficantes que na verdade os subjugam. Desde então, favelados e suas organizações e movimentos sociais têm realizado um enorme esforço de "limpeza moral" (Machado da Silva, 2008) para serem ouvidos em suas demandas, dificuldade que permanece inclusive nas favelas com a presença de Unidades de Polícia Pacificadora.

Referências Bibliográficas:

BURGOS, M. B. Dos parques proletários ao Favela-Bairro: as políticas públicas nas favelas do Rio de Janeiro. In: ZALUAR, A. & ALVITO, M. (org.). Um Século de Favela. Rio de Janeiro, Ed. Fundação Getúlio Vargas, 2003.

MACHADO DA SILVA, L. A. A Continuidade do “Problema da Favela”. In: OLIVEIRA, L. L. Cidade: Histórias e Desafios. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2002.

______ (org.). Vida sob cerco: violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira/FAPERJ, 2008.

PANDOLFI, D. e GRYNSZPAN, M. Poder Público e Favelas: uma relação delicada. In: OLIVEIRA, L. L. Cidade: Histórias e Desafios. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2002.

Autora: Lia Rocha