Boreart: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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[[Morro_do_Borel|Morro do Borel]]   No Borel, a Rua Nossa Senhora de Fátima, ou simplesmente Rua do Barranco, se transformou em uma charmosa galeria de arte: a Boreart. Desde 2013, os jovens moradores da comunidade, Fred Castilho, Kauã Gonçalves, Marcio Correia, Leandro Araújo e Leonardo Ferreira, tocam o projeto inovador, que realiza curadorias de exposições de artistas renomados em casas do complexo, pacificado em 2010, além de intervenções de grafite em paredes externas da passagem.
<span style="background:white"><span style="color:#222222">Uma ideia na cabeça, pessoas que a defendem e a chance de ter dez mil reais para coloca-lo em prática. Foi pensando em fazer algo diferente na favela em que vivia que em 2012 Fred Castilho entrou na Agência de Redes para a Juventude. Na bagagem, uma grande trajetória como dançarino de ''street dance'' e, mais tarde, como B-boy, no Hip-Hop.</span></span>
 
<p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify"><span style="background:white"><span style="color:#222222">Participante de muitos projetos no Borel, Fred decidiu investir seu tempo em mais uma empreitada: passar pela formação de seis meses da Agência e submeter um projeto, que ao se inscrever ainda não sabia como seria, a uma banca e disputar a mentoria e os dez mil reais que seriam o pontapé incial.</span></span></p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify"><span style="background:white"><span style="color:#222222">Durante as oficinas, que na metodologia da Agência de Redes são chamadas de estúdios de criação, foi se aproximando do grupo que colocaria de pé o Boreart, a galeria de arte a céu aberto do Borel. À época, Marcio Correia e Leandro Araújo, com 17 anos, Kauã Gonçalves e Leonardo Ferreira, com 15 se uniram para criar o projeto.</span></span></p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify"><span style="background:white"><span style="color:#222222">Durante o processo, muitas ideias foram unidas para que ao final a ideia de uma galeria a céu aberto fosse a escolhida para ir à banca de seleção. Como inspiração, a famosa Escadaria Selarón, na Lapa, região central do Rio de Janeiro. A proposta, proporcionar acesso à arte para os mais de vinte mil moradores do Borel. “Muitas pessoas que eu conhecia nunca tinham ido a um museu ou visitado uma exposição e eu imaginava que seria incrível que as pessoas pudessem abrir a porta de casa e estar diante de uma ou que suas casas fossem parte dela”, contou Fred.</span></span></p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify"><span style="background:white"><span style="color:#222222">Para apresentar melhor a proposta, realizaram uma busca no território para definir o local mais apropriado. A meta seria escolher uma escadaria que fosse acessível e que pudesse ser estilizada, que fosse tranquilo convencer os moradores e que permitisse que pessoas de fora da favela também visitassem. “Não foi de primeira que escolhemos o local. Teve um trabalho bem grande pra reunir todos os itens que queríamos”, disse. Ao final da saga pela busca, chegaram à Rua Nossa Senhora de Fátima, conhecida também como a “Rua do Barranco” para se transformar na galeria.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="color:#222222">Depois de passar pela banca, o projeto foi um dos selecionados daquele ano e a correria só estava começando. Entre as atividades para o lançamento duas marcaram muito os integrantes. </span><span style="background:#fcfcfc"><span style="color:#1b1b1b">Os jovens do Boreart fizeram um percurso de visitas em galerias ao visitarem o MAM (Museu de Arte Moderna) , onde conversaram com o curador Luiz Vergara, ex-diretor do MAC (Museu de Arte Contemporânea). Os jovens também <span style="border:none windowtext 1.0pt; padding:0cm">visitaram a casa do curador</span></span></span>[https://www.facebook.com/marcus.lontracosta?group_id=0 <span style="border:none windowtext 1.0pt; background:#fcfcfc; padding:0cm"><span style="color:black"><span style="text-decoration:none"><span style="text-underline:none">Marcus Lontra Costa</span></span></span></span>]<span style="border:none windowtext 1.0pt; background:#fcfcfc; padding:0cm"><span style="color:#1b1b1b"><span style="font-variant-ligatures:normal; -webkit-text-stroke-width:0px"><span style="font-variant-caps:normal"><span style="font-variant-numeric:inherit"><span style="font-variant-east-asian:inherit"><span style="font-stretch:inherit"><span style="line-height:inherit"><span style="orphans:2"><span style="widows:2"><span style="text-decoration-style:initial"><span style="text-decoration-color:initial"><span style="word-spacing:0px">, para discutir conceitos de Galeria e Curadoria.</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="border:none windowtext 1.0pt; background:#fcfcfc; padding:0cm"><span style="color:#1b1b1b">Fred conta como foi esse período: “as primeiras impressões foram impactantes eu vi que somos capazes quando recebemos a direção certa a parti desse momento eu me reconheci criei uma identidade crítica é artística que influenciaria outros jovens e amigos e conhecidos fazedores ou produtores de arte de uma forma geral no Borel”, disse.</span></span></p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify"><span style="background:white"><span style="border:none windowtext 1.0pt; background:#fcfcfc; padding:0cm"><span style="color:#1b1b1b">A galeria inaugurou no dia 25 de maio de 2013 em um evento com apresentação de artistas locais e convidados de outros locais e, graças a uma parceria com</span></span><span style="color:#222222">o </span><span style="color:black">[http://bit.ly/13QyYS1 <span style="color:#663366">Museu de Arte Moderna</span>]</span><span style="color:#222222">do Rio de Janeiro. A curadoria convidada de Marcus Lontra e a parceria luxuosa do Museu de Arte Moderna (MAM), através de Luiz Camillo Osório, que cedeu seis fotos da série '''Descompressão... 1973...descompressão''', do artista plástico luso-brasileiro Artur Barrio, para a mostra inaugural. A obra '''Chuva''', do coletivo multimídia Chelpa Ferro, completou o circuito artístico, espalhado por quatro casas de moradores que nunca nem chegaram a pisar em um museu. Quem visitava a galeria, conhecia também as casas e os/as moradores/as.</span></span></p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify"><span style="background:white"><span style="color:#222222">Luiz Augusto, que hospedou em sua casa dois painéis e dois quadros com pinturas em homenagem à cultura nordestina, se sentiu privilegiado em receber as peças. "Me apeguei às obras e torci para elas não irem embora", brinca um dos moradores do Borel. Naquele dia, o artista do grafite, Marcelo Eco também participou e um dos muros da rua ganhou um grafite especial. Também participou o artista Mario Bands, do Complexo do Alemão. Também participaram a bateria do Bloco Chora 10 e o DJ LC, ambos do Borel.</span></span></p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify"><span style="background:white"><span style="color:#222222">Na segunda etapa, o Boreart recebeu a exposição “Andareiro”, do pernambucano André Soares Monteiro, que transforma banners e portas de armários usados em obras de arte e, inspirados pela famosa </span><span style="color:black">[http://bit.ly/1uGzWcj <span style="color:#663366">Escadaria Selarón</span>]</span><span style="color:#222222">na Lapa, foram coletados azulejos doados para enfeitar a escadaria da comunidade no estilo Selarón. “A gente pensou, poxa, a Escadaria Selarón chama atenção para caramba, modifica um espaço grande. Aqui era super largado. Nós pensamos que também podíamos fazer isso lá”, disse Fred. “Chamar a atenção de pessoas de fora e moradores para aquele local. Dar visibilidade não só a nosso projeto, mas aos moradores, ao local em si e transformar um grande ponto de encontro no Borel”, contou.</span></span></p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify">'''<span style="background:white"><span style="color:#222222">Novos rumos e novos desafios</span></span>'''</p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify"><span style="background:white"><span style="color:#222222">Na nova etapa do projeto, desde 2014, o grupo também começou a oferecer oficinas de arte urbana, que incluem grafite e fotografia, para os/as moradores/as jovens de 15 a 29 anos. O time que toca o projeto mudou e o bastão foi passado para Isabella Santos. Fred diz que “ela tem todo o perfil do Boreart: empoderada jovem negra de favela mãe jovem cursa faculdade e eu confiei o projeto a ela que não era meu, mas sim nosso, quero dizer da nossa querida favela do Borel”, disse.</span></span></p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify"><span style="background:white"><span style="color:#222222">Isabella teve o desafio de expandir o projeto que assumiu a missão de formar novos/as artistas com as oficinas de grafite e foto arte.</span></span></p> <p style="margin-top:6.0pt; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify">&nbsp;</p>
&nbsp;O grupo começou a abordar esse objetivo através de uma parceria com o&nbsp;[http://bit.ly/13QyYS1 Museu de Arte Moderna]&nbsp;do Rio de Janeiro no ano passado, quando este realizou uma exposição na comunidades, apresentando&nbsp;obras de artistas brasileiros. As obras foram expostas nas paredes de quatro casas ao longo da Rua Nossa Senhora de Fátima e continuam lá desde então, aberto para visitações. O grupo também começou a oferecer oficinas de arte urbana, que incluem grafitti e fotografia, para moradores jovens de 15 a&nbsp;29 anos.
 
Inspirada pela famosa&nbsp;[http://bit.ly/1uGzWcj Escadaria Selarón]&nbsp;na Lapa, foram coletados azulejos doadospara enfeitar&nbsp;a escadaria da comunidade no estilo Selarón. A gente pensou, poxa, a Escadaria Selarón chama atenção para caramba, modifica um espaço grande. Aqui era super largado. Nós pensamos que também podíamos fazer isso lá”, disse Isabela. “Chamar a atenção de pessoas de fora e moradores para aquele local. Dar visibilidade não só a nosso projeto, mas aos moradores, ao local em si e transformar um grande ponto de encontro no Borel”.
 
&nbsp;primeira exposição do projeto contou com a curadoria convidada de Marcus Lontra e a parceria luxuosa do Museu de Arte Moderna (MAM), através de Luiz Camillo Osório, que cedeu seis fotos da série&nbsp;'''Descompressão... 1973...descompressão''', do artista plástico luso-brasileiro Artur Barrio, para a mostra inaugural. A obra&nbsp;'''Chuva''', do coletivo multimídia Chelpa Ferro, completou o circuito artístico, espalhado por quatro casas de moradores que nunca nem chegaram a pisar em um museu.
 
Na segunda etapa, o Boreart recebeu a exposição&nbsp;'''Andareiro''', do pernambucano André Soares Monteiro, que transforma banners e portas de armários usados em obras de arte.
 
Luiz Augusto, que hospedou em sua casa dois painéis e dois quadros com pinturas em homenagem à cultura nordestina, se sentiu privilegiado em receber as peças. "Me apeguei às obras e torci para elas não irem embora", brinca o morador do Borel.
 
Mote seminal do Boreart, o grafite de qualidade também cresce aos olhos de quem passa pela Rua do Barranco. Expoentes da arte urbana como Marcelo Eco, Mario Bentes, Trop, VTR TJK e o Coletivo Gráfico já deixaram sua marca criativa nos muros do Borel.
 
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[[Category:Borel]][[Category:Temática - Cultura]]
[[Category:Borel]] [[Category:Temática - Cultura]]

Edição das 16h37min de 24 de abril de 2020

Uma ideia na cabeça, pessoas que a defendem e a chance de ter dez mil reais para coloca-lo em prática. Foi pensando em fazer algo diferente na favela em que vivia que em 2012 Fred Castilho entrou na Agência de Redes para a Juventude. Na bagagem, uma grande trajetória como dançarino de street dance e, mais tarde, como B-boy, no Hip-Hop.

Participante de muitos projetos no Borel, Fred decidiu investir seu tempo em mais uma empreitada: passar pela formação de seis meses da Agência e submeter um projeto, que ao se inscrever ainda não sabia como seria, a uma banca e disputar a mentoria e os dez mil reais que seriam o pontapé incial.

Durante as oficinas, que na metodologia da Agência de Redes são chamadas de estúdios de criação, foi se aproximando do grupo que colocaria de pé o Boreart, a galeria de arte a céu aberto do Borel. À época, Marcio Correia e Leandro Araújo, com 17 anos, Kauã Gonçalves e Leonardo Ferreira, com 15 se uniram para criar o projeto.

Durante o processo, muitas ideias foram unidas para que ao final a ideia de uma galeria a céu aberto fosse a escolhida para ir à banca de seleção. Como inspiração, a famosa Escadaria Selarón, na Lapa, região central do Rio de Janeiro. A proposta, proporcionar acesso à arte para os mais de vinte mil moradores do Borel. “Muitas pessoas que eu conhecia nunca tinham ido a um museu ou visitado uma exposição e eu imaginava que seria incrível que as pessoas pudessem abrir a porta de casa e estar diante de uma ou que suas casas fossem parte dela”, contou Fred.

Para apresentar melhor a proposta, realizaram uma busca no território para definir o local mais apropriado. A meta seria escolher uma escadaria que fosse acessível e que pudesse ser estilizada, que fosse tranquilo convencer os moradores e que permitisse que pessoas de fora da favela também visitassem. “Não foi de primeira que escolhemos o local. Teve um trabalho bem grande pra reunir todos os itens que queríamos”, disse. Ao final da saga pela busca, chegaram à Rua Nossa Senhora de Fátima, conhecida também como a “Rua do Barranco” para se transformar na galeria.

Depois de passar pela banca, o projeto foi um dos selecionados daquele ano e a correria só estava começando. Entre as atividades para o lançamento duas marcaram muito os integrantes. Os jovens do Boreart fizeram um percurso de visitas em galerias ao visitarem o MAM (Museu de Arte Moderna) , onde conversaram com o curador Luiz Vergara, ex-diretor do MAC (Museu de Arte Contemporânea). Os jovens também visitaram a casa do curadorMarcus Lontra Costa, para discutir conceitos de Galeria e Curadoria.

Fred conta como foi esse período: “as primeiras impressões foram impactantes eu vi que somos capazes quando recebemos a direção certa a parti desse momento eu me reconheci criei uma identidade crítica é artística que influenciaria outros jovens e amigos e conhecidos fazedores ou produtores de arte de uma forma geral no Borel”, disse.

A galeria inaugurou no dia 25 de maio de 2013 em um evento com apresentação de artistas locais e convidados de outros locais e, graças a uma parceria como Museu de Arte Modernado Rio de Janeiro. A curadoria convidada de Marcus Lontra e a parceria luxuosa do Museu de Arte Moderna (MAM), através de Luiz Camillo Osório, que cedeu seis fotos da série Descompressão... 1973...descompressão, do artista plástico luso-brasileiro Artur Barrio, para a mostra inaugural. A obra Chuva, do coletivo multimídia Chelpa Ferro, completou o circuito artístico, espalhado por quatro casas de moradores que nunca nem chegaram a pisar em um museu. Quem visitava a galeria, conhecia também as casas e os/as moradores/as.

Luiz Augusto, que hospedou em sua casa dois painéis e dois quadros com pinturas em homenagem à cultura nordestina, se sentiu privilegiado em receber as peças. "Me apeguei às obras e torci para elas não irem embora", brinca um dos moradores do Borel. Naquele dia, o artista do grafite, Marcelo Eco também participou e um dos muros da rua ganhou um grafite especial. Também participou o artista Mario Bands, do Complexo do Alemão. Também participaram a bateria do Bloco Chora 10 e o DJ LC, ambos do Borel.

Na segunda etapa, o Boreart recebeu a exposição “Andareiro”, do pernambucano André Soares Monteiro, que transforma banners e portas de armários usados em obras de arte e, inspirados pela famosa Escadaria Selarónna Lapa, foram coletados azulejos doados para enfeitar a escadaria da comunidade no estilo Selarón. “A gente pensou, poxa, a Escadaria Selarón chama atenção para caramba, modifica um espaço grande. Aqui era super largado. Nós pensamos que também podíamos fazer isso lá”, disse Fred. “Chamar a atenção de pessoas de fora e moradores para aquele local. Dar visibilidade não só a nosso projeto, mas aos moradores, ao local em si e transformar um grande ponto de encontro no Borel”, contou.

Novos rumos e novos desafios

Na nova etapa do projeto, desde 2014, o grupo também começou a oferecer oficinas de arte urbana, que incluem grafite e fotografia, para os/as moradores/as jovens de 15 a 29 anos. O time que toca o projeto mudou e o bastão foi passado para Isabella Santos. Fred diz que “ela tem todo o perfil do Boreart: empoderada jovem negra de favela mãe jovem cursa faculdade e eu confiei o projeto a ela que não era meu, mas sim nosso, quero dizer da nossa querida favela do Borel”, disse.

Isabella teve o desafio de expandir o projeto que assumiu a missão de formar novos/as artistas com as oficinas de grafite e foto arte.

 

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