Centro de Estudos da Metrópole

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais do coletivo[Notas 1].

O Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDS), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Sediado na Universidade de São Paulo (USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos.

História[editar | editar código-fonte]

Desde sua criação, no ano 2000, o CEM desenvolve pesquisa avançada de nível internacional em Ciências Humanas sobre temas relacionados às transformações sociais, econômicas e políticas das metrópoles contemporâneas, dando ênfase ao caso brasileiro. Os estudos feitos visam contribuir para os debates nacional e internacional sobre desigualdades sociais e espaciais e, para tal, abrangem comparações entre contextos urbanos e metropolitanos de diferentes regiões do Brasil e de outros países.

Sua agenda de pesquisa está voltada basicamente ao estudo de dimensões relacionadas ao acesso dos cidadãos ao bem-estar. Dessa forma, as pesquisas desenvolvidas estão voltadas aos mecanismos de produção e reprodução das desigualdades sociais ligadas à ação do Estado, da inserção nos mercados de trabalho e nas dinâmicas da sociabilidade e associativas. 

A missão do CEM é promover a produção e avanço do conhecimento em seu campo de atuação; difundir esse conhecimento para a sociedade; transferir novas tecnologias, dados, indicadores ou metodologias, apoiando os agentes formuladores de políticas públicas; e formar recursos humanos qualificados.

O CEM congrega pesquisadores do Departamento de Ciência Política, do Departamento de Sociologia, da Escola Politécnica e da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, todos da Universidade de São Paulo (USP); do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP); do Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER); da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); da Fundação Getulio Vargas; da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) . Além do apoio da Fapesp, o Centro também contou com o suporte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tendo sido um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) até 2014.

Modelo e linhas de pesquisa[editar | editar código-fonte]

A agenda de pesquisa do CEM está organizada em quatro principais áreas:

Linha de Pesquisa 1: O papel da regulação subnacional na mediação da implementação de políticas nacionais[editar | editar código-fonte]

Estudos anteriores do CEM demonstraram que a regulamentação federal exerce forte impacto sobre a forma como os governos subnacionais - estaduais e municipais - implementam políticas de sua competência, por exemplo, o sistema nacional de saúde (SUS). No entanto, enquanto formuladores de políticas (policymakers), governos locais e estaduais também criam novas camadas regulatórias, que influenciam o formato da implementação local de políticas. Como resultado, de um lado, a regulamentação federal cria mecanismos que alinham os modelos de implementação de políticas descentralizadas. Por outro lado, a variação nos regimes de políticas subnacionais produz clivagens nos padrões de implementação e cria divergência nos resultados. Pesquisas anteriores revelam que essas tendências contraditórias afetam como os cidadãos acessam a mesma política nacional. As pesquisas em andamento nesta linha de pesquisa compreendem as áreas de representação extra-parlamentar; educação; assistência social e saúde. 

Linha de Pesquisa 2: O papel da política educacional na redução da desigualdade[editar | editar código-fonte]

Pesquisas anteriores da CEM revelaram o papel crucial da educação como instrumento para a redução da desigualdade de renda. Nossos estudos atuais pretendem caracterizar os mecanismos pelos quais a educação cria oportunidades para as pessoas saírem da pobreza. Nossa pesquisa anterior também destacou a importância de estudar as dinâmicas distintas dos diferentes níveis do sistema de educação e acomodar processos de mudança endógenos e exógenos.

Os três estudos que compõem essa linha de pesquisa investigam três aspectos chave da agenda da educação: (i) como as decisões sobre o financiamento da educação pelos governos estaduais são tomadas; (ii) como as interações dentro das escolas afetam o desempenho dos alunos; e (iii) como a política de ação afirmativa em uma grande universidade afeta o desempenho dos alunos. 

Linha de Pesquisa 3. Desigualdade e Comportamento Político[editar | editar código-fonte]

Essa linha de pesquisa aborda a desigualdade como uma variável explicativa que afeta as preferências da opinião pública; como as políticas são implementadas e os mecanismos pelos quais a representação é enquadrada. Esta linha de pesquisa parte da abordagem das linhas de pesquisa 1 e 2 - que tratam a desigualdade como resultado final a ser explicado pela política pública - e explora como a própria desigualdade social impulsiona o comportamento político em diversos contextos. 

Linha de Pesquisa 4. Quem governa o quê?[editar | editar código-fonte]

Esta linha de pesquisa visa analisar padrões de governança que são influenciados não só pelo Estado e seus órgãos, mas também por uma gama diversificada de atores sociais. A relação específica entre a sociedade civil e o estado tem sido demonstrada em pesquisas anteriores do CEM como sendo fundamental para a compreensão dos resultados de governança. Dois subprojetos paralelos abordarão este enigma da pesquisa: (i) documentando padrões de governança em políticas urbanas, identificando diferentes combinações de agências estatais e grupos legais e ilegais dentro da sociedade civil, e; (ii) os mecanismos que sustentam a operação de mercados ilegais que floresceram em todo o Brasil nos últimos anos e como estes geram novas esferas de governança e novos padrões de desigualdade. 

As linhas mais recentes de pesquisa estão voltadas ao estudo de fatores que afetam a trajetória recente das desigualdades no Brasil, esperando obter com esses estudos contribuições teóricas que possam ser úteis para o conhecimento científico e para formuladores de políticas públicas. Pesquisas de longo prazo em escala nacional, com abordagem multidisciplinar, e colaboração com equipes de investigação nacionais e internacionais são as estratégias fundamentais do Centro.

O modelo de pesquisa adotado pelo CEM segue o das Ciências Sociais: um professor orientador atua como coordenador de pesquisa junto a seus orientandos, tendo em vista que um importante objetivo do Centro é a formação de novos pesquisadores. As equipes de pesquisa são formadas por investigadores brasileiros e estrangeiros, em diferentes estágios da carreira: alunos de iniciação científica, de mestrado, de doutorado (com bolsas de estudo vinculadas aos respectivos programas universitários) e pesquisadores com bolsas de pós-doutorado.

 Notas[editar | editar código-fonte]