Centro de Estudos e Ação Social - CEAS

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Informações do verbete reproduzidas, pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a partir de redes de comunicação oficiais do coletivo[Notas 1]

 

CEAS Logo.png

O Centro de Estudos e Ação Social é uma associação sem fins lucrativos fundada pela Companhia de Jesus, em 1967, e atualmente é integrada por uma equipe multidisciplinar. O trabalho político-educativo que o CEAS desenvolve, junto a comunidades e movimentos sociais de diferentes regiões da Bahia, tem como eixo fundamental o fortalecimento da autonomia e da organização desses grupos populares. Essa atuação é dedicada à transformação da realidade social, com o objetivo de combater a desigualdade social e as mais distintas opressões às quais está submetida a maioria da população brasileira.

Sobre[editar | editar código-fonte]

A equipe do CEAS abarca profissionais e militantes de diversas áreas e opiniões, que convergem nos objetivos e na metodologia participativa para realização das atividades de assessoria a grupos urbanos e rurais. Para isso, uma condição é fundamental: o diálogo entre saberes. A cultura popular, a pesquisa científica, as formações políticas e o conhecimento dos povos do campo e da cidade em permanente interação

Linhas de atuação[editar | editar código-fonte]

Assessoria Popular[editar | editar código-fonte]

Fundamentalmente, a assessoria popular que o CEAS realiza se dá através das equipes dos Programas Rural e Urbano, que desenvolvem atividades de formação política, assistência técnica e de apoio às pautas e lutas encampadas, localmente e nacionalmente, pelas comunidades e movimentos parceiros.

Formação e Memória[editar | editar código-fonte]

A formação e reflexão crítica é base para nossa atuação política e também compõe o trabalho de base político-pedagógico que desenvolvemos junto aos parceiros. Um dos principais instrumentos que construímos para tanto é a revista Cadernos dos CEAS, impressa e digital. Além disso, promovemos constantemente debates abertos e formações internas como forma de construir coletivamente análises e sínteses, a fim de pontencializar nossa atuação, sobre a conjuntura ou acerca de temas que se relacionam com nosso trabalho. Sobre a memória popular, destacamos o trabalho de organização e disponibilização de documentos e acervo bibliotecário relativos às lutas populares principalmente do Nordeste. Conhecer e compartilhar o conhecimento histórico destes processos de resistência e enfrentamento são passos fundamentais para entender o presente e conseguir pensar estrategicamente o futuro.

Linhas temáticas[editar | editar código-fonte]

Defesa da terra e território[editar | editar código-fonte]

No campo e na cidade, a terra e o território são elementos fundamentais para a existência das populações em todo mundo. A terra aqui não é pensada apenas como meio de produção, e sim como componente dentro da dinâmica de vida. O território é identificado para além do espaço, são as relações, a cultura e a ancestralidade de um povo em determinado tempo e local. Nesse sentido, esta defesa é central porque diz respeito à vida, à autonomia e à busca pela soberania de um povo.

Direito à comunicação[editar | editar código-fonte]

A compreensão de que o acesso aos meios de comunicação como um direito básico é fundamental para que esta seja uma pauta para toda e qualquer organização contra-hegemônica. No Brasil, algumas empresas dominam o setor da comunicação, monopolizando os discursos e narrativas sobre a realidade. Nessa atual estrutura, não só os movimentos populares não tem voz para expor suas pautas, como são criminalizados e deslegitimados diante da opinião pública.

Juventude e gênero[editar | editar código-fonte]

A juventude é o segmento dentro de uma comunidade, seja ela rural ou urbana, que anima a luta e tem a tarefa fundamental de dar segmento à ela. Por isso, a formação e organização dos jovens é umas das chaves para a construção de novos valores e novas relações sociais. Isso nos permite perspectivar uma nova sociedade. Quanto as mulheres, são estas mais da metade da população que vivem sob um sistema de opressões conjungadas e sofrem múltiplas violências, dentro e fora de casa. Mas, ainda sim, são protagonistas de muitos processos de luta, de criação e recriação de formas de existir e resistir. São responsáveis não apenas pela reprodução, mas pela produção da vida, seja na cidade ou no campo. Por isso, a necessidade fomentar a organização das mulheres para romper os ciclos de violência do machismo, racismo e de classe, e mais ainda, tomarem consciência do papel histórico que hoje e sempre exerceram.

Programas[editar | editar código-fonte]

Programa de Memória[editar | editar código-fonte]

Esta equipe é responsável pela organização e disponibilização da documentação da entidade relativa à história dos grupos e lutas populares do Nordeste, desde a década de 50. Organizada em dois setores articulados: a Biblioteca Cláudio Perani e a Casa da Memória Popular (CAMPO). Biblioteca Cláudio Perani: reúne acervo de 25 mil títulos especializados em Ciências Humanas e um acervo de periódicos que cobre publicações do Brasil, América Latina e Europa.– Casa da Memória Popular (Campo): composta por documentos relativos à memória de luta e organização dos movimentos sociais baianos e nordestinos, contendo relatos e experiências da histórica cultural e política vivenciada por trabalhadores rurais assalariados agrícolas, pequenos agricultores, assentados, boias-frias, sem-terra, sem-teto, lavadeiras, domésticas, sindicatos, educação popular, luta pela moradia, etc. As ações deste setor contam com a parceria da Universidade Federal da Bahia, através do Departamento de História.

Programa Rural[editar | editar código-fonte]

Assessora camponeses/as em luta pelo acesso e permanência na terra e apoia o fortalecimento da organização produtiva, com foco na juventude e nas mulheres, difundindo os princípios agroecológicos e formas alternativas de comercialização. A equipe atua, em estreita parceria com entidades e movimentos sociais do campo, com o acompanhamento das atividades nas áreas, discussão de assuntos de interesse coletivo e definição de sua atuação, de acordo com a programação e os objetivos de sua intervenção. Atualmente, assessora comunidades nas regiões do sudoeste e sul da Bahia, territórios cortados pelas bacias dos rios Pardo e de Contas.

Programa Urbano[editar | editar código-fonte]

Busca junto aos movimentos urbanos, resistir às intervenções do capital imobiliário e turístico, tendo como eixo fundamental a moradia digna e popular, e o bem viver. Atualmente, a equipe apoia comunidades no Centro Histórico de Salvador, Subúrbio Ferroviário, tendo como parceiros o Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB) e a Associação de Moradores/as e Amigos/as da Chácara Santo Antônio (AMACHA).

 Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Informações retiradas do site oficial do CEAS.