Chacina de Vigário Geral - 29 de agosto de 1993: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Sem resumo de edição
Sem resumo de edição
Linha 10: Linha 10:
 
 


[[Category:Violência]][[Category:Direitos Humanos]][[Category:Segurança Pública]][[Category:Extermínio]]
 
 
[[Category:Violência]][[Category:Direitos Humanos]][[Category:Segurança Pública]][[Category:Extermínio]][[Category:Chacinas]]

Edição das 12h00min de 9 de novembro de 2019

Autores: Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência.

Na madrugada do dia 29 de agosto de 1993, a favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio, foi invadida por um grupo de aproximadamente cinqüenta homens encapuzados e fortemente armados, que arrombaram casas e executaram 21 moradores: Adalberto de Souza (40 anos), Amarindo Baense (31 anos), Cleber Alves (24 anos), Clodoaldo da Silva (23 anos), Edmilson da Costa (23 anos), Fabio Lau (17 anos), Gilberto dos Santos (61 anos), Guaracy Rodrigues (33 anos), Helio Santos (38 anos), Lucia dos Santos (34 anos), Luciano dos Santos (24 anos), Lucileia dos Santos (27 anos), Lucilene dos Santos (15 anos), Lucinete dos Santos (27 anos), Luis Feliciano (28 anos), Jane dos Santos (34 anos), Joacir Medeiros (60 anos), José dos Santos (47 anos), Paulo Cesar Soares (35 anos), Paulo Ferreira (25 anos) e Rubia dos Santos (18 anos).

A matança na comunidade foi motivada por vingança, em represália às mortes de quatro PMs, atribuídas a traficantes daquela região, em uma praça da mesma favela, conhecida como “Catolé do Rocha”, no dia anterior. O grupo de policiais militares que realizou a chacina era conhecido dos moradores de Vigário Geral pelo modo que agia. Eles eram chamados de “Cavalos Corredores” porque entravam na favela correndo, atirando e aterrorizando a comunidade. A chacina, até aquela data, considerada a segunda maior do Estado, ocorreu durante o segundo governo de Leonel Brizola. Alguns meses após o crime, 13 policiais militares foram expulsos da corporação. Na ocasião, oficiais chegaram a recorrer aos meios de comunicação, acusando a existência de um complô contra a corporação e negando a responsabilidade policial em relação aos extermínios. As investigações resultaram na acusação de cinquenta e duas pessoas: quarenta e sete policiais militares, três policiais civis e dois informantes. Cinco dos acusados morreram antes do julgamento. Sete policiais militares foram condenados, desses sete três foram absolvidos em segundo julgamento, um morreu, dois conseguiram liberdade condicional e um ficou preso. Os demais acusados foram absolvidos por falta de provas. A chacina ganhou repercussão internacional. Entidades de Direitos Humanos acusaram a polícia brasileira por massacres consecutivos, e o governo, de impotência. A Anistia Internacional, na época ainda sem sede no Brasil, assumiu a escuta dos relatos de parentes de vítimas e elaborou um relatório sobre o caso. Em agosto de 2013, já instalada no Rio de Janeiro, a Anistia publicou a nota “Chacina de Vigário Geral: vinte anos de impunidade”, destacando a ausência de reparação para os familiares, além das ameaças sofridas por testemunhas. Desde 1993, familiares das vítimas lutam por justiça, formando inclusive a Associação dos Familiares das Vítimas de Vigário Geral, presidida por Iracilda Toledo, viúva do ferroviário Adalberto de Souza, uma das vítimas da chacina.