Espaços Públicos da Cultura Negra em Porto Alegre

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Quatro importantes espaços públicos para a história e cultura negra em Porto Alegre (RS).

Autoria:  Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Largo Zumbi dos Palmares[editar | editar código-fonte]

Largo Zumbi dos Palmares. Reprodução: Marco Favero / Agência RBS


Também conhecido como largo da Epatur, o espaço entre as avenidas José do Patrocínio e João Alfredo, junto à Avenida Loureiro da Silva, chama-se oficialmente Largo Zumbi dos Palmares, em homenagem ao líder quilombola que se tornou um ícone brasileiro na luta contra a escravidão no final do século 17. Esse logradouro era coberto por um matagal no século 19, e servia de esconderijo para escravos fugitivos. Nos anos 1970, abrigava reuniões e rodas de capoeira de movimentos de resistência de afrodescendentes nos anos 1970 — até hoje é palco de manifestações.


Bará do Mercado[editar | editar código-fonte]

Bará do Mercado. Reprodução: Adréa Graiz / Agência RBS


Construído por escravos, o Mercado Público é um lugar sagrado para o povo negro em Porto Alegre, especialmente na encruzilhada dos quatro corredores centrais. Ali, sob o mosaico de pedras e bronze, religiosos de matriz africana acreditam que está o Bará, orixá que tem o poder de abrir caminhos. Ele foi parar ali após ser assentado, ou seja, fixado em algum objeto por meio de rituais. Uma das versões sobre a origem diz que o Príncipe Custódio, vindo da África, fez esse assentamento no Mercado e em lugares como o Palácio Piratini, na Igreja das Dores e no antigo Patíbulo da Rua dos Andradas.


Largo da Forca[editar | editar código-fonte]

Largo da Forca. Reprodução: Marco Favero / Agência RBS


No lugar onde hoje fica a Praça Brigadeiro Sampaio, entre a Avenida João Goulart e a Rua dos Andradas, no Centro Histórico, existia o chamado “Largo da Forca” no início da colonização da Capital. Era lá onde os senhores penalizavam os escravos acusados de roubo, com chibatadas ou mesmo com a morte. No local, fica hoje o monumento O Tambor, inaugurado em 2010. Ele foi criado a partir dos debates entre artistas e griôs (guardiões da memória), na cor amarela em homenagem ao orixá Oxum.

Igreja do Rosário[editar | editar código-fonte]

Igreja do Rosário. Reprodução: Marco Favero / Agência RBS


O templo original da Igreja do Rosário, na Rua Vigário José Inácio, no Centro Histórico, foi erguido entre 1817 e 1827 pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, constituída de negros livres e escravizados. Essa irmandade nasceu em 1786, um século antes da abolição, e, além de trabalhar para melhorar as condições materiais e intelectuais dos seus membros, distribuía cartas de alforria entre eles. O prédio foi demolido na década de 1950 e substituído pelo atual.