https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&feed=atom&action=historyIndo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro (resenha) - Histórico de revisão2024-03-29T12:36:04ZHistórico de revisões para esta página neste wikiMediaWiki 1.39.5https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&diff=19664&oldid=prevVitor Martins: Revisado.2023-07-04T13:26:41Z<p>Revisado.</p>
<table style="background-color: #fff; color: #202122;" data-mw="interface">
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<tr class="diff-title" lang="pt-BR">
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">← Edição anterior</td>
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">Edição das 10h26min de 4 de julho de 2023</td>
</tr><tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l1">Linha 1:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 1:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><p class="mwt-heading">'''Autora:''' [[Usuária:Vivian|Vivian de Almeida]]</p></del></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>O artigo “Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro” <ref>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 13, no. 3, set-dez 2020, p. 565-590.</ref> , de Carolina Grillo e Luana Martins, utiliza de uma análise de suas pesquisas etnográficas anteriores para descrever os riscos enfrentados pelos ladrões ao deslocar-se pela cidade para realizar furtos e roubos.</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== Referências ==</del></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;"> Autoria: [[Usuária:Vivian|Vivian de Almeida.]]</ins></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><p>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. [https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/32078 Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro.] Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, Vol. 13 – no 3 – SET-DEZ 2020 – pp. 565-590.</p></del></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== <br>Breve contextualização ==</del></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== Sobre ==</ins></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><p></del>O artigo “Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro” <ref>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 13, no. 3, set-dez 2020, p. 565-590.</ref> , de Carolina Grillo e Luana Martins, utiliza de uma análise de suas pesquisas etnográficas anteriores para descrever os riscos enfrentados pelos ladrões ao deslocar-se pela cidade para realizar furtos e roubos. O artigo constrói uma distinção de suas ações pelas formas com as quais se locomovem no urbano: seja pelo uso de carro ou moto, ou ao utilizar-se de ônibus, pensando assim territorialidade, violência, segregação socioespacial e perpassando discussões sobre racismo.</p><p>Carolina Christoph Grillo é pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora da mesma universidade. Tem doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil), e graduação em ciências sociais pela mesma universidade. É também pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU, UFRJ) e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF.</p><p>Luana Almeida Martins é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense na linha de pesquisa Segurança Pública e Administração Institucional de Conflitos. É mestre pelo mesmo programa e tem graduação em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É pesquisadora vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), e ao Núcleo de Estudos em Psicoativos e Cultura (PsicoCult).</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><p></ins>O artigo constrói uma distinção de suas ações pelas formas com as quais se locomovem no <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">[[Mobilidade Urbana e o impacto da violência na vida das favelas no Rio de Janeiro (artigo)|</ins>urbano<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">]]</ins>: seja pelo uso de carro ou moto, ou ao utilizar-se de ônibus, pensando assim territorialidade, <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">[[Violência urbana, Segurança Pública e Favelas - O Caso do Rio de Janeiro Atual (resenha)|</ins>violência<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">]]</ins>, segregação socioespacial e perpassando discussões sobre racismo.</p><p>Carolina Christoph Grillo é pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora da mesma universidade. Tem doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil), e graduação em ciências sociais pela mesma universidade. É também pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU, UFRJ) e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF.</p><p>Luana Almeida Martins é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense na linha de pesquisa Segurança Pública e Administração Institucional de Conflitos. É mestre pelo mesmo programa e tem graduação em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É pesquisadora vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), e ao Núcleo de Estudos em Psicoativos e Cultura (PsicoCult).</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><br></del>Resumo dos principais argumentos ==</div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro é apontado como um modo de mudar a forma como os moradores levam seu dia, fazendo-os pensar com cuidado seus trajetos e horário de circulação, bem como o que levar ao sair. Por essa visão, as autoras exibem como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que se vê obrigado a seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis, uma ação que se apresenta muito mais perigosa do que o tráfico. Isso ocorre porque o traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e esses agentes estatais “vão até eles”.</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== Resumo dos principais argumentos ==</div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro é apontado como um modo de mudar a forma como os moradores levam seu dia, fazendo-os pensar com cuidado seus trajetos e horário de circulação, bem como o que levar ao sair. Por essa visão, as autoras exibem como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que se vê obrigado a seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis, uma ação que se apresenta muito mais perigosa do que o tráfico. Isso ocorre porque o traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">[[Violência de Estado, </ins>operações policiais<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">, chacinas e... um plano|operações policiais]] </ins>ocorrem e esses agentes estatais “vão até eles”.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Assim, Grillo e Martins (2020) apresentam como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, tornando necessário uma reflexão anterior sobre a escolha das vítimas, situações e locais, assim como formas de agir durante a prática.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Assim, Grillo e Martins (2020) apresentam como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, tornando necessário uma reflexão anterior sobre a escolha das vítimas, situações e locais, assim como formas de agir durante a prática.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l14">Linha 14:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 15:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Durante a prática dos roubos, para se manterem em segurança, muitos ladrões procuram repetir ações que outros realizaram sem grandes ameaças, minimizando seus riscos ao tomar as mesmas precauções e assimilar seu repertório de habilidades técnicas - determinada postura corporal e pensamento estratégico, bem como protocolos de abordagem às vítimas. Porém, é preciso haver um cuidado de não repetir com frequência suas práticas num mesmo lugar, visto que isso pode chamar a atenção da polícia e fazer com que sejam pegos. Haverão ainda situações em que necessitarão agir a partir do improviso para sobreviver, o que torna a prática o roubo ainda mais perigosa a esses indivíduos.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Durante a prática dos roubos, para se manterem em segurança, muitos ladrões procuram repetir ações que outros realizaram sem grandes ameaças, minimizando seus riscos ao tomar as mesmas precauções e assimilar seu repertório de habilidades técnicas - determinada postura corporal e pensamento estratégico, bem como protocolos de abordagem às vítimas. Porém, é preciso haver um cuidado de não repetir com frequência suas práticas num mesmo lugar, visto que isso pode chamar a atenção da polícia e fazer com que sejam pegos. Haverão ainda situações em que necessitarão agir a partir do improviso para sobreviver, o que torna a prática o roubo ainda mais perigosa a esses indivíduos.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Ao mesmo tempo, o roubo realizado por carro ou moto demanda um conhecimento técnico da cartografia da cidade pelo piloto, desviando de engarrafamentos e da polícia ou locais em que a polícia possa estar. Os ladrões que roubam a partir desses veículos dividem suas abordagens em “abordagem oportunista”, em que um ou dois indivíduos roubam em locais menos movimentados, visto que será mais difícil haver reações armadas ao redor; e “arrastões de carros”, na qual grupos de dois ou três assaltantes param seu veículo na frente do trânsito e enquadram até três carros para trás. As motos são muito visadas pela polícia, e são por isso um modo mais difícil de realizar a prática do roubo.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Ao mesmo tempo, o roubo realizado por carro ou moto demanda um conhecimento técnico da cartografia da cidade pelo piloto, desviando de engarrafamentos e da polícia ou locais em que a polícia possa estar. Os ladrões que roubam a partir desses veículos dividem suas abordagens em “abordagem oportunista”, em que um ou dois indivíduos roubam em locais menos movimentados, visto que será mais difícil haver reações armadas ao redor; e “arrastões de carros”, na qual grupos de dois ou três assaltantes param seu veículo na frente do trânsito e enquadram até três carros para trás. As motos são muito visadas pela polícia, e são por isso um modo mais difícil de realizar a prática do roubo.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Um último caso é aquele em que os indivíduos, comumente menores de idade, “roubam de ônibus”, especialmente entre o Centro e a Zona Sul, a partir do uso do ônibus 474, linha que sai do Jacaré e atravessa a fronteira entre a favela e a Zona Sul. Assim, utilizam-se do ônibus para chegarem a um território em que a prática do roubo seja “permitida” pelas regras da favela. Entretanto, especialmente quando em direção ao seu ponto final na favela do Jacaré, esse ônibus costuma sofrer muitas revistas pela polícia, e todos aqueles indivíduos, normalmente jovens e negros, que não estiverem portando uma carteira de identidade ou dinheiro, são chamados. Por vezes, mesmo sem ter realizado um roubo, esses jovens podem ser colocados em uma instituição socioeducativa e aguardar por até 45 dias o julgamento. Assim, a partir do modo de agir, falar ou caminhar pelo espaço do favelado, são criados pela polícia métodos de suspeição baseados intensamente no racismo e no preconceito de classe inseridos em uma cidade marcada pela segregação socioespacial: o Rio de Janeiro.&nbsp;</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Um último caso é aquele em que os indivíduos, comumente menores de idade, “roubam de ônibus”, especialmente entre o Centro e a Zona Sul, a partir do uso do ônibus 474, linha que sai do Jacaré e atravessa a fronteira entre a favela e a Zona Sul. Assim, utilizam-se do ônibus para chegarem a um território em que a prática do roubo seja “permitida” pelas regras da favela. Entretanto, especialmente quando em direção ao seu ponto final na favela do <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">[[Jacarezinho, Rio de Janeiro|</ins>Jacaré<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">]]</ins>, esse ônibus costuma sofrer muitas revistas pela polícia, e todos aqueles indivíduos, normalmente jovens e negros, que não estiverem portando uma carteira de identidade ou dinheiro, são chamados. Por vezes, mesmo sem ter realizado um roubo, esses jovens podem ser colocados em uma instituição socioeducativa e aguardar por até 45 dias o julgamento. Assim, a partir do modo de agir, falar ou caminhar pelo espaço do favelado, são criados pela polícia métodos de suspeição baseados intensamente no racismo e no preconceito de classe inseridos em uma cidade marcada pela segregação socioespacial: o Rio de Janeiro.&nbsp;</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Com todo esse cenário construído ao fundo, o território longe de sua favela é muitas vezes hostil ao jovem favelado, que cruza diversos problemas ao andar pela cidade.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Com todo esse cenário construído ao fundo, o território longe de sua favela é muitas vezes hostil ao jovem favelado, que cruza diversos problemas ao andar pela cidade.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>“Mesmo os interlocutores que se encontravam em liberdade na ocasião da pesquisa etnográfica encontram-se atualmente todos mortos ou presos (...). São imensos os custos de oportunidade da prática de roubos, que os ladrões têm plena ciência dos riscos a que estão submetidos e que, mesmo assim, há quem insista em roubar.” (p. 587)</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>“Mesmo os interlocutores que se encontravam em liberdade na ocasião da pesquisa etnográfica encontram-se atualmente todos mortos ou presos (...). São imensos os custos de oportunidade da prática de roubos, que os ladrões têm plena ciência dos riscos a que estão submetidos e que, mesmo assim, há quem insista em roubar.” (p. 587)</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l20">Linha 20:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 21:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Apreciação crítica ==</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Apreciação crítica ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Esse artigo apresentou grande importância em um maior entendimento das técnicas e expertises da prática do roubo na cidade do Rio de Janeiro, bem como da relação de seus praticantes com as instâncias reguladoras de suas práticas dentro das favelas. Além disso, com sua discussão, podemos retomar compreensões sobre certos elementos do racismo e do preconceito de classe que atinge jovens negros e favelados na cidade. É essencial a apresentação, por meio de etnografias, de como operam na prática conceitos e compreensões sociológicas que já conhecemos. O texto aqui apresentado consegue realizar grandes contribuições a partir disso.&nbsp;</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Esse artigo apresentou grande importância em um maior entendimento das técnicas e expertises da prática do roubo na cidade do Rio de Janeiro, bem como da relação de seus praticantes com as instâncias reguladoras de suas práticas dentro das favelas. Além disso, com sua discussão, podemos retomar compreensões sobre certos elementos do racismo e do preconceito de classe que atinge jovens negros e favelados na cidade. É essencial a apresentação, por meio de etnografias, de como operam na prática conceitos e compreensões sociológicas que já conhecemos. O texto aqui apresentado consegue realizar grandes contribuições a partir disso.&nbsp;</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><br>Outros verbetes e referências relacionadas </del>==</div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Ver também </ins>==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Violência urbana_no_Brasil_ontem_e_hoje_(disciplina_acadêmica)|Violência urbana no Brasil ontem e hoje (disciplina acadêmica)]]</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Violência urbana_no_Brasil_ontem_e_hoje_(disciplina_acadêmica)|Violência urbana no Brasil ontem e hoje (disciplina acadêmica)]]</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l27">Linha 27:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 29:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[(Des)continuidades na_experiência_de_"vida_sob_cerco"_e_na_"sociabilidade_violenta"_(resenha)|(Des)continuidades na experiência de "vida sob cerco" e na "sociabilidade violenta" (resenha)]]</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[(Des)continuidades na_experiência_de_"vida_sob_cerco"_e_na_"sociabilidade_violenta"_(resenha)|(Des)continuidades na experiência de "vida sob cerco" e na "sociabilidade violenta" (resenha)]]</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== Referências ==</ins></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Category:Temática - Violência]] [[Category:Violência Urbana]] [[Category:Crime Organizado]] [[Category:Resenhas]] [[Category:Criminalidade]]</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Category:Temática - Violência]] [[Category:Violência Urbana]] [[Category:Crime Organizado]] [[Category:Resenhas]] [[Category:Criminalidade]]</div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><references /></ins></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">[[Categoria:Rio de Janeiro]]</ins></div></td></tr>
</table>Vitor Martinshttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&diff=11092&oldid=prevGabriel: /* Outros verbetes e referências relacionadas */2021-10-06T23:06:42Z<p><span dir="auto"><span class="autocomment">Outros verbetes e referências relacionadas</span></span></p>
<table style="background-color: #fff; color: #202122;" data-mw="interface">
<col class="diff-marker" />
<col class="diff-content" />
<col class="diff-marker" />
<col class="diff-content" />
<tr class="diff-title" lang="pt-BR">
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">← Edição anterior</td>
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">Edição das 20h06min de 6 de outubro de 2021</td>
</tr><tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l27">Linha 27:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 27:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[(Des)continuidades na_experiência_de_"vida_sob_cerco"_e_na_"sociabilidade_violenta"_(resenha)|(Des)continuidades na experiência de "vida sob cerco" e na "sociabilidade violenta" (resenha)]]</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[(Des)continuidades na_experiência_de_"vida_sob_cerco"_e_na_"sociabilidade_violenta"_(resenha)|(Des)continuidades na experiência de "vida sob cerco" e na "sociabilidade violenta" (resenha)]]</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Especial</del>:<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Categorias|Categorias:]] [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática -_Violência|</del>Temática - Violência]] <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><span class="entry-title">| </span></del>[[<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria</del>:<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Violência Urbana|</del>Violência Urbana]] <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><span class="entry-title">|</span> </del>[[<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria</del>:<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Crime organizado|</del>Crime Organizado]] <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><span class="entry-title">|</span> </del>[[<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">https</del>:<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">//wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria</del>:<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Temática - Favelas_e_Periferias</del>]]</div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Category</ins>:Temática - Violência]] [[<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Category</ins>:Violência Urbana]] [[<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Category</ins>:Crime Organizado]] [[<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Category</ins>:<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Resenhas]] [[Category</ins>:<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Criminalidade</ins>]]</div></td></tr>
</table>Gabrielhttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&diff=11000&oldid=prevGabriel: Gabriel moveu Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro para Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro (resenha)2021-10-04T13:19:35Z<p>Gabriel moveu <a href="/index.php/Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro" class="mw-redirect" title="Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro">Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro</a> para <a href="/index.php/Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)" title="Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro (resenha)">Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro (resenha)</a></p>
<table style="background-color: #fff; color: #202122;" data-mw="interface">
<tr class="diff-title" lang="pt-BR">
<td colspan="1" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">← Edição anterior</td>
<td colspan="1" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">Edição das 10h19min de 4 de outubro de 2021</td>
</tr><tr><td colspan="2" class="diff-notice" lang="pt-BR"><div class="mw-diff-empty">(Sem diferença)</div>
</td></tr></table>Gabrielhttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&diff=10964&oldid=prevVivian: /* Resumo dos principais argumentos */2021-09-29T00:43:18Z<p><span dir="auto"><span class="autocomment">Resumo dos principais argumentos</span></span></p>
<table style="background-color: #fff; color: #202122;" data-mw="interface">
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<tr class="diff-title" lang="pt-BR">
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">← Edição anterior</td>
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">Edição das 21h43min de 28 de setembro de 2021</td>
</tr><tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l6">Linha 6:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 6:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Resumo dos principais argumentos ==</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Resumo dos principais argumentos ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro é apontado como um modo de mudar a forma como os moradores levam seu dia, fazendo-os pensar com cuidado seus trajetos e horário de circulação, bem como o que levar ao sair. Por essa visão, as autoras exibem como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que se vê obrigado a seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis, uma ação que se apresenta muito mais perigosa do que o tráfico. Isso ocorre porque o traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e esses agentes estatais “vão até eles”.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro é apontado como um modo de mudar a forma como os moradores levam seu dia, fazendo-os pensar com cuidado seus trajetos e horário de circulação, bem como o que levar ao sair. Por essa visão, as autoras exibem como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que se vê obrigado a seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis, uma ação que se apresenta muito mais perigosa do que o tráfico. Isso ocorre porque o traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e esses agentes estatais “vão até eles”.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Grillo e Martins (2020) apresentam como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">sendo </del>necessário <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">escolher bem as </del>vítimas, situações e locais, assim como formas de agir durante a prática.</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Assim, </ins>Grillo e Martins (2020) apresentam como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">tornando </ins>necessário <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">uma reflexão anterior sobre a escolha das </ins>vítimas, situações e locais, assim como formas de agir durante a prática.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>A partir desses estudos, as autoras apontam como a firma local do tráfico de drogas em favelas coloca em suas próprias mãos o papel de criar “regras” e colocar limites às ações dos ladrões, cobrando aqueles que agirem de modo contrário. Isso é construído <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">porque </del>a prática de roubos contribui para um aumento na repressão policial nas favelas a partir da repressão para recuperar os bens roubados ou buscar os ladrões. Com isso, aos olhos dos que controlam os morros, uma regulação da prática é necessária, na qual proíbem a realização de roubos dentro da favela ou em localidade próxima, bem como locais como o interior de um ônibus<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">, </del>este último especialmente por ser visto como um local que simboliza um meio de locomoção dos trabalhadores. A partir disso, existe uma distância razoável esperada para a ação do roubo/furto, dificultando a ligação da comunidade com determinado roubo, aumentando os riscos de suas ações e produzindo diferentes espacialidades e circulações pela cidade.</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>A partir desses estudos, as autoras apontam como a firma local do tráfico de drogas em favelas coloca em suas próprias mãos o papel de criar “regras” e colocar limites às ações dos ladrões, cobrando aqueles que agirem de modo contrário. Isso é construído <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">pois </ins>a prática de roubos contribui para um aumento na repressão policial nas favelas a partir da repressão para recuperar os bens roubados ou buscar os ladrões. Com isso, aos olhos dos que controlam os morros, uma regulação da prática é necessária, na qual proíbem a realização de roubos dentro da favela ou em localidade próxima, bem como <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">em </ins>locais como o interior de um ônibus <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">- </ins>este último especialmente por ser visto como um local que simboliza um meio de locomoção dos trabalhadores. A partir disso, existe uma distância razoável esperada para a ação do roubo/furto, dificultando a ligação da comunidade com determinado roubo, aumentando os riscos de suas ações e produzindo diferentes espacialidades e circulações pela cidade.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Com esse cenário de fundo, os atores se veem obrigados a circular pela cidade <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">para longe </del>do morro, construindo diferentes tecnologias para lidar com a imprevisibilidade de suas práticas em um local hostil, com o qual não tem tanta proximidade e onde não possuem a proteção dos donos da boca, sentindo-se constantemente ameaçados. Para isso, constroem mapas e sistemas para identificar os melhores locais e vítimas para realizarem suas práticas enfrentando menores riscos, e agem com criatividade ao improvisarem formas de voltar para casa a salvo quando é preciso.</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Com esse cenário de fundo, os atores se veem obrigados a circular pela cidade <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">a fim de se afastar </ins>do morro, construindo <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">assim </ins>diferentes tecnologias para lidar com a imprevisibilidade de suas práticas em um local hostil, com o qual não tem tanta proximidade e onde não possuem a proteção dos donos da boca, sentindo-se constantemente ameaçados. Para isso, constroem mapas e sistemas para identificar os melhores locais e vítimas para realizarem suas práticas enfrentando menores riscos, e agem com criatividade ao improvisarem formas de voltar para casa a salvo quando é preciso.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Quando tratamos do roubo a carros, os “bodes” - carros roubados levados para a favela -, por serem objetos grandes demais para serem escondidos facilmente <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">(</del>podendo levar operações até o espaço<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">)</del>, necessitam de uma autorização do dono do morro para serem guardados dentro do território das favelas.</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Quando tratamos do roubo a carros, os “bodes” - carros roubados levados para a favela -, por serem objetos grandes demais para serem escondidos facilmente <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">- </ins>podendo levar operações até o espaço <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">-</ins>, necessitam de uma autorização do dono do morro para serem guardados dentro do território das favelas.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Portanto, todos </del>esses exemplos demonstram como existe uma ética partilhada pelos atores das ações ilícitas no interior e exterior das favelas, com noções de certo e errado a serem seguidas. <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Todas essas ações são </del>regras e formas de agir que devem ser seguidas <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">na teoria</del>, mas o caminho <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">não necessariamente será este</del>. Entretanto, se <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">o </del>indivíduo <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">que não as seguir </del>for delatado <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">ao dono do morro</del>, poderá sofrer sanções: seja dentro da favela, seja dentro de um sistema socioeducativo, caso seja preso.</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Todos </ins>esses exemplos demonstram como existe uma ética partilhada pelos atores das ações ilícitas no interior e exterior das favelas, com noções de certo e errado a serem seguidas. <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">São apresentadas </ins>regras e formas de agir que <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">em teoria </ins>devem ser seguidas, mas <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">é possível que esse não seja </ins>o caminho <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">escolhido por um ladrão</ins>. Entretanto, se <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">esse </ins>indivíduo for delatado, poderá sofrer sanções: seja dentro da favela, seja dentro de um sistema socioeducativo, caso seja preso.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Para </del>se manterem em segurança, muitos ladrões procuram repetir ações que outros realizaram sem grandes ameaças, minimizando seus riscos ao tomar as mesmas precauções e assimilar seu repertório de habilidades técnicas - determinada postura corporal e pensamento estratégico, bem como protocolos de abordagem às vítimas. Porém, é preciso haver um cuidado de não repetir com frequência suas práticas num mesmo lugar, visto que isso pode chamar a atenção da polícia e fazer com que sejam pegos. Haverão ainda situações em que necessitarão agir a partir do improviso para sobreviver, o que torna a prática o roubo ainda mais perigosa a esses indivíduos.</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Durante a prática dos roubos, para </ins>se manterem em segurança, muitos ladrões procuram repetir ações que outros realizaram sem grandes ameaças, minimizando seus riscos ao tomar as mesmas precauções e assimilar seu repertório de habilidades técnicas - determinada postura corporal e pensamento estratégico, bem como protocolos de abordagem às vítimas. Porém, é preciso haver um cuidado de não repetir com frequência suas práticas num mesmo lugar, visto que isso pode chamar a atenção da polícia e fazer com que sejam pegos. Haverão ainda situações em que necessitarão agir a partir do improviso para sobreviver, o que torna a prática o roubo ainda mais perigosa a esses indivíduos.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Ao mesmo tempo, o roubo realizado por carro ou moto demanda um conhecimento técnico da cartografia da cidade pelo piloto, desviando de engarrafamentos e da polícia ou locais em que a polícia possa estar. Os ladrões que roubam a partir desses veículos dividem suas abordagens em “abordagem oportunista”, em que um ou dois indivíduos roubam em locais menos movimentados, visto que será mais difícil haver reações armadas ao redor; e “arrastões de carros”, na qual grupos de dois ou três assaltantes param seu veículo na frente do trânsito e enquadram até três carros para trás. As motos são muito visadas pela polícia, e são por isso um modo mais difícil de realizar a prática do roubo.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Ao mesmo tempo, o roubo realizado por carro ou moto demanda um conhecimento técnico da cartografia da cidade pelo piloto, desviando de engarrafamentos e da polícia ou locais em que a polícia possa estar. Os ladrões que roubam a partir desses veículos dividem suas abordagens em “abordagem oportunista”, em que um ou dois indivíduos roubam em locais menos movimentados, visto que será mais difícil haver reações armadas ao redor; e “arrastões de carros”, na qual grupos de dois ou três assaltantes param seu veículo na frente do trânsito e enquadram até três carros para trás. As motos são muito visadas pela polícia, e são por isso um modo mais difícil de realizar a prática do roubo.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Um último caso é aquele em que os indivíduos, comumente menores de idade, “roubam de ônibus”, especialmente entre o Centro e a Zona Sul, a partir do uso do ônibus 474, linha que sai do Jacaré e atravessa a fronteira entre a favela e a Zona Sul. Assim, utilizam-se do ônibus para chegarem a um território em que a prática do roubo seja “permitida” pelas regras da favela. Entretanto, especialmente quando em direção ao seu ponto final na favela do Jacaré, esse ônibus costuma sofrer muitas revistas pela polícia, e todos aqueles indivíduos, normalmente jovens e negros, que não estiverem portando uma carteira de identidade ou dinheiro, são chamados. Por vezes, mesmo sem ter realizado um roubo, esses jovens podem ser colocados em uma instituição socioeducativa e aguardar por até 45 dias o julgamento. Assim, a partir do modo de agir, falar ou caminhar pelo espaço do favelado, são criados pela polícia métodos de suspeição baseados intensamente no racismo e no preconceito de classe inseridos em uma cidade marcada pela segregação socioespacial: o Rio de Janeiro.&nbsp;</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Um último caso é aquele em que os indivíduos, comumente menores de idade, “roubam de ônibus”, especialmente entre o Centro e a Zona Sul, a partir do uso do ônibus 474, linha que sai do Jacaré e atravessa a fronteira entre a favela e a Zona Sul. Assim, utilizam-se do ônibus para chegarem a um território em que a prática do roubo seja “permitida” pelas regras da favela. Entretanto, especialmente quando em direção ao seu ponto final na favela do Jacaré, esse ônibus costuma sofrer muitas revistas pela polícia, e todos aqueles indivíduos, normalmente jovens e negros, que não estiverem portando uma carteira de identidade ou dinheiro, são chamados. Por vezes, mesmo sem ter realizado um roubo, esses jovens podem ser colocados em uma instituição socioeducativa e aguardar por até 45 dias o julgamento. Assim, a partir do modo de agir, falar ou caminhar pelo espaço do favelado, são criados pela polícia métodos de suspeição baseados intensamente no racismo e no preconceito de classe inseridos em uma cidade marcada pela segregação socioespacial: o Rio de Janeiro.&nbsp;</p></div></td></tr>
</table>Vivianhttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&diff=10963&oldid=prevVivian: /* Resumo dos principais argumentos */2021-09-29T00:37:09Z<p><span dir="auto"><span class="autocomment">Resumo dos principais argumentos</span></span></p>
<table style="background-color: #fff; color: #202122;" data-mw="interface">
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<tr class="diff-title" lang="pt-BR">
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">← Edição anterior</td>
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">Edição das 21h37min de 28 de setembro de 2021</td>
</tr><tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l5">Linha 5:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 5:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O artigo “Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro” <ref>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 13, no. 3, set-dez 2020, p. 565-590.</ref> , de Carolina Grillo e Luana Martins, utiliza de uma análise de suas pesquisas etnográficas anteriores para descrever os riscos enfrentados pelos ladrões ao deslocar-se pela cidade para realizar furtos e roubos. O artigo constrói uma distinção de suas ações pelas formas com as quais se locomovem no urbano: seja pelo uso de carro ou moto, ou ao utilizar-se de ônibus, pensando assim territorialidade, violência, segregação socioespacial e perpassando discussões sobre racismo.</p><p>Carolina Christoph Grillo é pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora da mesma universidade. Tem doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil), e graduação em ciências sociais pela mesma universidade. É também pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU, UFRJ) e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF.</p><p>Luana Almeida Martins é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense na linha de pesquisa Segurança Pública e Administração Institucional de Conflitos. É mestre pelo mesmo programa e tem graduação em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É pesquisadora vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), e ao Núcleo de Estudos em Psicoativos e Cultura (PsicoCult).</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O artigo “Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro” <ref>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 13, no. 3, set-dez 2020, p. 565-590.</ref> , de Carolina Grillo e Luana Martins, utiliza de uma análise de suas pesquisas etnográficas anteriores para descrever os riscos enfrentados pelos ladrões ao deslocar-se pela cidade para realizar furtos e roubos. O artigo constrói uma distinção de suas ações pelas formas com as quais se locomovem no urbano: seja pelo uso de carro ou moto, ou ao utilizar-se de ônibus, pensando assim territorialidade, violência, segregação socioespacial e perpassando discussões sobre racismo.</p><p>Carolina Christoph Grillo é pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora da mesma universidade. Tem doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil), e graduação em ciências sociais pela mesma universidade. É também pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU, UFRJ) e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF.</p><p>Luana Almeida Martins é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense na linha de pesquisa Segurança Pública e Administração Institucional de Conflitos. É mestre pelo mesmo programa e tem graduação em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É pesquisadora vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), e ao Núcleo de Estudos em Psicoativos e Cultura (PsicoCult).</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Resumo dos principais argumentos ==</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Resumo dos principais argumentos ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">artigo é iniciado a partir do apontamento do </del>alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro como um modo de mudar a forma como os moradores levam seu dia, <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">pensando </del>com cuidado seus trajetos e horário de circulação, bem como o que levar ao sair. Por essa visão, as autoras exibem como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que se vê obrigado a seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis, uma ação que se apresenta muito mais perigosa do que o tráfico. Isso ocorre porque o traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e esses agentes estatais “vão até eles”.</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">é apontado </ins>como um modo de mudar a forma como os moradores levam seu dia, <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">fazendo-os pensar </ins>com cuidado seus trajetos e horário de circulação, bem como o que levar ao sair. Por essa visão, as autoras exibem como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que se vê obrigado a seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis, uma ação que se apresenta muito mais perigosa do que o tráfico. Isso ocorre porque o traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e esses agentes estatais “vão até eles”.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Grillo e Martins (2020) apresentam como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, sendo necessário escolher bem as vítimas, situações e locais, assim como formas de agir durante a prática.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Grillo e Martins (2020) apresentam como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, sendo necessário escolher bem as vítimas, situações e locais, assim como formas de agir durante a prática.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p></div></td></tr>
</table>Vivianhttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&diff=10962&oldid=prevVivian: /* Resumo dos principais argumentos */2021-09-29T00:32:24Z<p><span dir="auto"><span class="autocomment">Resumo dos principais argumentos</span></span></p>
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<tr class="diff-title" lang="pt-BR">
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">← Edição anterior</td>
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">Edição das 21h32min de 28 de setembro de 2021</td>
</tr><tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l5">Linha 5:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 5:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O artigo “Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro” <ref>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 13, no. 3, set-dez 2020, p. 565-590.</ref> , de Carolina Grillo e Luana Martins, utiliza de uma análise de suas pesquisas etnográficas anteriores para descrever os riscos enfrentados pelos ladrões ao deslocar-se pela cidade para realizar furtos e roubos. O artigo constrói uma distinção de suas ações pelas formas com as quais se locomovem no urbano: seja pelo uso de carro ou moto, ou ao utilizar-se de ônibus, pensando assim territorialidade, violência, segregação socioespacial e perpassando discussões sobre racismo.</p><p>Carolina Christoph Grillo é pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora da mesma universidade. Tem doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil), e graduação em ciências sociais pela mesma universidade. É também pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU, UFRJ) e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF.</p><p>Luana Almeida Martins é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense na linha de pesquisa Segurança Pública e Administração Institucional de Conflitos. É mestre pelo mesmo programa e tem graduação em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É pesquisadora vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), e ao Núcleo de Estudos em Psicoativos e Cultura (PsicoCult).</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O artigo “Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro” <ref>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 13, no. 3, set-dez 2020, p. 565-590.</ref> , de Carolina Grillo e Luana Martins, utiliza de uma análise de suas pesquisas etnográficas anteriores para descrever os riscos enfrentados pelos ladrões ao deslocar-se pela cidade para realizar furtos e roubos. O artigo constrói uma distinção de suas ações pelas formas com as quais se locomovem no urbano: seja pelo uso de carro ou moto, ou ao utilizar-se de ônibus, pensando assim territorialidade, violência, segregação socioespacial e perpassando discussões sobre racismo.</p><p>Carolina Christoph Grillo é pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora da mesma universidade. Tem doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil), e graduação em ciências sociais pela mesma universidade. É também pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU, UFRJ) e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF.</p><p>Luana Almeida Martins é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense na linha de pesquisa Segurança Pública e Administração Institucional de Conflitos. É mestre pelo mesmo programa e tem graduação em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É pesquisadora vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), e ao Núcleo de Estudos em Psicoativos e Cultura (PsicoCult).</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Resumo dos principais argumentos ==</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Resumo dos principais argumentos ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">A </del>partir <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">de uma visão que aponta como o </del>alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">faz com que os moradores mudem </del>a forma como levam seu dia, pensando com cuidado seus trajetos e horário de circulação, <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">por exemplo</del>, as autoras <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">apontam </del>como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">tem de </del>seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis. <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">O </del>traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">os policiais </del>“vão até eles”<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">, apenas “aguardam o problema chegar”. Portanto, sair de sua região de moradia gera muitos custos ao ladrão, sendo, para eles, uma ação muito mais perigosa do que o tráfico</del>.</p><p><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">As autoras apontam </del>como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, sendo necessário escolher bem as vítimas, situações e locais, <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">bem </del>como formas de agir durante a prática.</p><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p><p>A partir desses estudos, as autoras apontam como a firma local do tráfico de drogas em favelas coloca em suas próprias mãos o papel de criar “regras” e colocar limites às ações dos ladrões, cobrando aqueles que agirem de modo contrário. <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">A </del>prática de roubos contribui para um aumento na repressão policial nas favelas a partir da repressão para recuperar os bens roubados ou buscar os ladrões. Com isso, aos olhos dos que controlam os morros, uma regulação da prática é necessária<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">. Assim</del>, proíbem a realização de roubos dentro da favela ou em localidade próxima, bem como locais como o interior de um ônibus, este último especialmente por ser visto como um local que simboliza um meio de locomoção dos trabalhadores<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">. Caso fujam para a favela e tragam a polícia para ela, serão também cobrados pelos donos do morro</del>. A partir disso, existe uma distância razoável esperada para a ação do roubo/furto, dificultando a ligação da comunidade com determinado roubo, aumentando os riscos de suas ações e produzindo diferentes espacialidades e circulações pela cidade.<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">&nbsp;</del></p><p>Com esse cenário de fundo, os atores se veem obrigados a circular pela cidade para longe do morro, construindo diferentes tecnologias para lidar com a imprevisibilidade de suas práticas em um local hostil, com o qual não tem tanta proximidade e onde não possuem a proteção dos donos da boca, sentindo-se constantemente ameaçados. Para isso, constroem mapas e sistemas para identificar os melhores locais e vítimas para realizarem suas práticas enfrentando menores riscos, e agem com criatividade ao improvisarem formas de voltar para casa a salvo quando é preciso.</p><p>Quando tratamos do roubo a carros, os “bodes” - carros roubados levados para a favela -, por serem objetos grandes demais para serem escondidos facilmente (podendo levar operações até o espaço), necessitam de uma autorização do dono do morro para serem guardados dentro do território das favelas.</p><p>Portanto, todos esses exemplos demonstram como existe uma ética partilhada pelos atores das ações ilícitas no interior e exterior das favelas, com noções de certo e errado a serem seguidas. Todas essas ações são regras e formas de agir que devem ser seguidas na teoria, mas o caminho não necessariamente será este. Entretanto, se o indivíduo que não as seguir for delatado ao dono do morro, poderá sofrer sanções: seja dentro da favela, seja dentro de um sistema socioeducativo, caso seja preso.</p><p>Para se manterem em segurança, muitos ladrões procuram repetir ações que outros realizaram sem grandes ameaças, minimizando seus riscos ao tomar as mesmas precauções e assimilar seu repertório de habilidades técnicas - <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">como </del>determinada postura corporal e pensamento estratégico, bem como protocolos de abordagem às vítimas. Porém, é preciso haver um cuidado de não repetir com frequência suas práticas num mesmo lugar, visto que isso pode chamar a atenção da polícia e fazer com que sejam pegos. Haverão ainda situações em que necessitarão agir a partir do improviso para sobreviver, o que torna a prática o roubo ainda mais perigosa a esses indivíduos.</p><p>Ao mesmo tempo, o roubo realizado por carro ou moto demanda um conhecimento técnico da cartografia da cidade pelo piloto, desviando de engarrafamentos e da polícia ou locais em que a polícia possa estar. Os ladrões que roubam a partir desses veículos dividem suas abordagens em “abordagem oportunista”, em que um ou dois indivíduos roubam em locais menos movimentados, visto que será mais difícil haver reações armadas ao redor; e “arrastões de carros”, na qual grupos de dois ou três assaltantes param seu veículo na frente do trânsito e enquadram até três carros para trás. As motos são muito visadas pela polícia, e são por isso um modo mais difícil de realizar a prática do roubo.</p><p>Um último caso é aquele em que os indivíduos, comumente menores de idade, “roubam de ônibus”, especialmente entre o Centro e a Zona Sul, a partir do uso do ônibus 474, linha que sai do Jacaré e atravessa a fronteira entre a favela e a Zona Sul. Assim, utilizam-se do ônibus para chegarem a um território em que seja <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">“permitido”, </del>pelas regras da favela<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">, que eles roubem</del>. Entretanto, especialmente quando em direção ao seu ponto final na favela do Jacaré, esse ônibus costuma sofrer muitas revistas pela polícia, e todos aqueles indivíduos, normalmente jovens e negros, que não estiverem portando uma carteira de identidade ou dinheiro, são chamados. Por vezes, mesmo sem ter realizado um roubo, esses jovens podem ser colocados em uma instituição socioeducativa e aguardar por até 45 dias o julgamento. Assim, a partir do modo de agir, falar ou caminhar pelo espaço do favelado, são criados pela polícia métodos de suspeição baseados intensamente no racismo e no preconceito de classe<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">, dentro de </del>uma cidade marcada pela segregação socioespacial. Com <del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">isso</del>, o território longe de sua favela é muitas vezes hostil ao jovem favelado, que cruza diversos problemas ao andar pela cidade.</p><p>“Mesmo os interlocutores que se encontravam em liberdade na ocasião da pesquisa etnográfica encontram-se atualmente todos mortos ou presos (...). São imensos os custos de oportunidade da prática de roubos, que os ladrões têm plena ciência dos riscos a que estão submetidos e que, mesmo assim, há quem insista em roubar.” (p. 587)</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">O artigo é iniciado a </ins>partir <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">do apontamento do </ins>alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">como um modo de mudar </ins>a forma como <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">os moradores </ins>levam seu dia, pensando com cuidado seus trajetos e horário de circulação, <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">bem como o que levar ao sair. Por essa visão</ins>, as autoras <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">exibem </ins>como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">se vê obrigado a </ins>seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">, uma ação que se apresenta muito mais perigosa do que o tráfico</ins>. <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Isso ocorre porque o </ins>traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">esses agentes estatais </ins>“vão até eles”.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Grillo e Martins (2020) apresentam </ins>como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, sendo necessário escolher bem as vítimas, situações e locais, <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">assim </ins>como formas de agir durante a prática.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>A partir desses estudos, as autoras apontam como a firma local do tráfico de drogas em favelas coloca em suas próprias mãos o papel de criar “regras” e colocar limites às ações dos ladrões, cobrando aqueles que agirem de modo contrário. <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">Isso é construído porque a </ins>prática de roubos contribui para um aumento na repressão policial nas favelas a partir da repressão para recuperar os bens roubados ou buscar os ladrões. Com isso, aos olhos dos que controlam os morros, uma regulação da prática é necessária, <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">na qual </ins>proíbem a realização de roubos dentro da favela ou em localidade próxima, bem como locais como o interior de um ônibus, este último especialmente por ser visto como um local que simboliza um meio de locomoção dos trabalhadores. A partir disso, existe uma distância razoável esperada para a ação do roubo/furto, dificultando a ligação da comunidade com determinado roubo, aumentando os riscos de suas ações e produzindo diferentes espacialidades e circulações pela cidade.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Com esse cenário de fundo, os atores se veem obrigados a circular pela cidade para longe do morro, construindo diferentes tecnologias para lidar com a imprevisibilidade de suas práticas em um local hostil, com o qual não tem tanta proximidade e onde não possuem a proteção dos donos da boca, sentindo-se constantemente ameaçados. Para isso, constroem mapas e sistemas para identificar os melhores locais e vítimas para realizarem suas práticas enfrentando menores riscos, e agem com criatividade ao improvisarem formas de voltar para casa a salvo quando é preciso.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Quando tratamos do roubo a carros, os “bodes” - carros roubados levados para a favela -, por serem objetos grandes demais para serem escondidos facilmente (podendo levar operações até o espaço), necessitam de uma autorização do dono do morro para serem guardados dentro do território das favelas.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Portanto, todos esses exemplos demonstram como existe uma ética partilhada pelos atores das ações ilícitas no interior e exterior das favelas, com noções de certo e errado a serem seguidas. Todas essas ações são regras e formas de agir que devem ser seguidas na teoria, mas o caminho não necessariamente será este. Entretanto, se o indivíduo que não as seguir for delatado ao dono do morro, poderá sofrer sanções: seja dentro da favela, seja dentro de um sistema socioeducativo, caso seja preso.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Para se manterem em segurança, muitos ladrões procuram repetir ações que outros realizaram sem grandes ameaças, minimizando seus riscos ao tomar as mesmas precauções e assimilar seu repertório de habilidades técnicas - determinada postura corporal e pensamento estratégico, bem como protocolos de abordagem às vítimas. Porém, é preciso haver um cuidado de não repetir com frequência suas práticas num mesmo lugar, visto que isso pode chamar a atenção da polícia e fazer com que sejam pegos. Haverão ainda situações em que necessitarão agir a partir do improviso para sobreviver, o que torna a prática o roubo ainda mais perigosa a esses indivíduos.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Ao mesmo tempo, o roubo realizado por carro ou moto demanda um conhecimento técnico da cartografia da cidade pelo piloto, desviando de engarrafamentos e da polícia ou locais em que a polícia possa estar. Os ladrões que roubam a partir desses veículos dividem suas abordagens em “abordagem oportunista”, em que um ou dois indivíduos roubam em locais menos movimentados, visto que será mais difícil haver reações armadas ao redor; e “arrastões de carros”, na qual grupos de dois ou três assaltantes param seu veículo na frente do trânsito e enquadram até três carros para trás. As motos são muito visadas pela polícia, e são por isso um modo mais difícil de realizar a prática do roubo.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Um último caso é aquele em que os indivíduos, comumente menores de idade, “roubam de ônibus”, especialmente entre o Centro e a Zona Sul, a partir do uso do ônibus 474, linha que sai do Jacaré e atravessa a fronteira entre a favela e a Zona Sul. Assim, utilizam-se do ônibus para chegarem a um território em que <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">a prática do roubo </ins>seja <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">“permitida” </ins>pelas regras da favela. Entretanto, especialmente quando em direção ao seu ponto final na favela do Jacaré, esse ônibus costuma sofrer muitas revistas pela polícia, e todos aqueles indivíduos, normalmente jovens e negros, que não estiverem portando uma carteira de identidade ou dinheiro, são chamados. Por vezes, mesmo sem ter realizado um roubo, esses jovens podem ser colocados em uma instituição socioeducativa e aguardar por até 45 dias o julgamento. Assim, a partir do modo de agir, falar ou caminhar pelo espaço do favelado, são criados pela polícia métodos de suspeição baseados intensamente no racismo e no preconceito de classe <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">inseridos em </ins>uma cidade marcada pela segregação socioespacial<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">: o Rio de Janeiro</ins>.<ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">&nbsp;</p></ins></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;"><p></ins>Com <ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">todo esse cenário construído ao fundo</ins>, o território longe de sua favela é muitas vezes hostil ao jovem favelado, que cruza diversos problemas ao andar pela cidade.</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>“Mesmo os interlocutores que se encontravam em liberdade na ocasião da pesquisa etnográfica encontram-se atualmente todos mortos ou presos (...). São imensos os custos de oportunidade da prática de roubos, que os ladrões têm plena ciência dos riscos a que estão submetidos e que, mesmo assim, há quem insista em roubar.” (p. 587)</p></div></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-side-deleted"></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Apreciação crítica ==</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== <br>Apreciação crítica ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Esse artigo apresentou grande importância em um maior entendimento das técnicas e expertises da prática do roubo na cidade do Rio de Janeiro, bem como da relação de seus praticantes com as instâncias reguladoras de suas práticas dentro das favelas. Além disso, com sua discussão, podemos retomar compreensões sobre certos elementos do racismo e do preconceito de classe que atinge jovens negros e favelados na cidade. É essencial a apresentação, por meio de etnografias, de como operam na prática conceitos e compreensões sociológicas que já conhecemos. O texto aqui apresentado consegue realizar grandes contribuições a partir disso.&nbsp;</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Esse artigo apresentou grande importância em um maior entendimento das técnicas e expertises da prática do roubo na cidade do Rio de Janeiro, bem como da relação de seus praticantes com as instâncias reguladoras de suas práticas dentro das favelas. Além disso, com sua discussão, podemos retomar compreensões sobre certos elementos do racismo e do preconceito de classe que atinge jovens negros e favelados na cidade. É essencial a apresentação, por meio de etnografias, de como operam na prática conceitos e compreensões sociológicas que já conhecemos. O texto aqui apresentado consegue realizar grandes contribuições a partir disso.&nbsp;</p></div></td></tr>
</table>Vivianhttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&diff=10961&oldid=prevVivian: /* Outros verbetes e referências relacionadas */2021-09-28T21:51:46Z<p><span dir="auto"><span class="autocomment">Outros verbetes e referências relacionadas</span></span></p>
<table style="background-color: #fff; color: #202122;" data-mw="interface">
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<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">← Edição anterior</td>
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">Edição das 18h51min de 28 de setembro de 2021</td>
</tr><tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l13">Linha 13:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 13:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Trabalhadores e_bandidos:_categorias_de_nomeação,_significados_políticos_(resenha)|Trabalhadores e bandidos: categorias de nomeação, significados políticos (resenha)]]</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Trabalhadores e_bandidos:_categorias_de_nomeação,_significados_políticos_(resenha)|Trabalhadores e bandidos: categorias de nomeação, significados políticos (resenha)]]</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">[[(Des)continuidades na_experiência_de_"vida_sob_cerco"_e_na_"sociabilidade_violenta"_(resenha)|(Des)continuidades na experiência de "vida sob cerco" e na "sociabilidade violenta" (resenha)]]</ins></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Especial:Categorias|Categorias:]] [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática -_Violência|Temática - Violência]] <span class="entry-title">| </span>[[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Violência Urbana|Violência Urbana]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Crime organizado|Crime Organizado]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática - Favelas_e_Periferias]]</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Especial:Categorias|Categorias:]] [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática -_Violência|Temática - Violência]] <span class="entry-title">| </span>[[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Violência Urbana|Violência Urbana]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Crime organizado|Crime Organizado]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática - Favelas_e_Periferias]]</div></td></tr>
</table>Vivianhttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&diff=10960&oldid=prevVivian em 21h50min de 28 de setembro de 20212021-09-28T21:50:27Z<p></p>
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<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">← Edição anterior</td>
<td colspan="2" style="background-color: #fff; color: #202122; text-align: center;">Edição das 18h50min de 28 de setembro de 2021</td>
</tr><tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l1">Linha 1:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 1:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p class="mwt-heading">'''Autora:''' [[Usuária:Vivian|Vivian de Almeida]]</p></div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p class="mwt-heading">'''Autora:''' [[Usuária:Vivian|Vivian de Almeida]]</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== Referências ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>== Referências ==<p>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. [https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/32078 Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro.] Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, Vol. 13 – no 3 – SET-DEZ 2020 – pp. 565-590.</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. [https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/32078 Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro.] Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, Vol. 13 – no 3 – SET-DEZ 2020 – pp. 565-590.</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== </ins><br>Breve contextualização ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><br></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>O artigo “Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro” <ref>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 13, no. 3, set-dez 2020, p. 565-590.</ref> , de Carolina Grillo e Luana Martins, utiliza de uma análise de suas pesquisas etnográficas anteriores para descrever os riscos enfrentados pelos ladrões ao deslocar-se pela cidade para realizar furtos e roubos. O artigo constrói uma distinção de suas ações pelas formas com as quais se locomovem no urbano: seja pelo uso de carro ou moto, ou ao utilizar-se de ônibus, pensando assim territorialidade, violência, segregação socioespacial e perpassando discussões sobre racismo.</p><p>Carolina Christoph Grillo é pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora da mesma universidade. Tem doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil), e graduação em ciências sociais pela mesma universidade. É também pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU, UFRJ) e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF.</p><p>Luana Almeida Martins é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense na linha de pesquisa Segurança Pública e Administração Institucional de Conflitos. É mestre pelo mesmo programa e tem graduação em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É pesquisadora vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), e ao Núcleo de Estudos em Psicoativos e Cultura (PsicoCult).</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== </del>Breve contextualização<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">&nbsp;&nbsp; </del>==<p>O artigo “Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro” <ref>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 13, no. 3, set-dez 2020, p. 565-590.</ref> , de Carolina Grillo e Luana Martins, utiliza de uma análise de suas pesquisas etnográficas anteriores para descrever os riscos enfrentados pelos ladrões ao deslocar-se pela cidade para realizar furtos e roubos. O artigo constrói uma distinção de suas ações pelas formas com as quais se locomovem no urbano: seja pelo uso de carro ou moto, ou ao utilizar-se de ônibus, pensando assim territorialidade, violência, segregação socioespacial e perpassando discussões sobre racismo.</p><p>Carolina Christoph Grillo é pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora da mesma universidade. Tem doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil), e graduação em ciências sociais pela mesma universidade. É também pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU, UFRJ) e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF.</p><p>Luana Almeida Martins é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense na linha de pesquisa Segurança Pública e Administração Institucional de Conflitos. É mestre pelo mesmo programa e tem graduação em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É pesquisadora vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), e ao Núcleo de Estudos em Psicoativos e Cultura (PsicoCult).</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== </ins><br>Resumo dos principais argumentos ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>A partir de uma visão que aponta como o alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro faz com que os moradores mudem a forma como levam seu dia, pensando com cuidado seus trajetos e horário de circulação, por exemplo, as autoras apontam como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que tem de seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis. O traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e os policiais “vão até eles”, apenas “aguardam o problema chegar”. Portanto, sair de sua região de moradia gera muitos custos ao ladrão, sendo, para eles, uma ação muito mais perigosa do que o tráfico.</p><p>As autoras apontam como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, sendo necessário escolher bem as vítimas, situações e locais, bem como formas de agir durante a prática.</p><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p><p>A partir desses estudos, as autoras apontam como a firma local do tráfico de drogas em favelas coloca em suas próprias mãos o papel de criar “regras” e colocar limites às ações dos ladrões, cobrando aqueles que agirem de modo contrário. A prática de roubos contribui para um aumento na repressão policial nas favelas a partir da repressão para recuperar os bens roubados ou buscar os ladrões. Com isso, aos olhos dos que controlam os morros, uma regulação da prática é necessária. Assim, proíbem a realização de roubos dentro da favela ou em localidade próxima, bem como locais como o interior de um ônibus, este último especialmente por ser visto como um local que simboliza um meio de locomoção dos trabalhadores. Caso fujam para a favela e tragam a polícia para ela, serão também cobrados pelos donos do morro. A partir disso, existe uma distância razoável esperada para a ação do roubo/furto, dificultando a ligação da comunidade com determinado roubo, aumentando os riscos de suas ações e produzindo diferentes espacialidades e circulações pela cidade.&nbsp;</p><p>Com esse cenário de fundo, os atores se veem obrigados a circular pela cidade para longe do morro, construindo diferentes tecnologias para lidar com a imprevisibilidade de suas práticas em um local hostil, com o qual não tem tanta proximidade e onde não possuem a proteção dos donos da boca, sentindo-se constantemente ameaçados. Para isso, constroem mapas e sistemas para identificar os melhores locais e vítimas para realizarem suas práticas enfrentando menores riscos, e agem com criatividade ao improvisarem formas de voltar para casa a salvo quando é preciso.</p><p>Quando tratamos do roubo a carros, os “bodes” - carros roubados levados para a favela -, por serem objetos grandes demais para serem escondidos facilmente (podendo levar operações até o espaço), necessitam de uma autorização do dono do morro para serem guardados dentro do território das favelas.</p><p>Portanto, todos esses exemplos demonstram como existe uma ética partilhada pelos atores das ações ilícitas no interior e exterior das favelas, com noções de certo e errado a serem seguidas. Todas essas ações são regras e formas de agir que devem ser seguidas na teoria, mas o caminho não necessariamente será este. Entretanto, se o indivíduo que não as seguir for delatado ao dono do morro, poderá sofrer sanções: seja dentro da favela, seja dentro de um sistema socioeducativo, caso seja preso.</p><p>Para se manterem em segurança, muitos ladrões procuram repetir ações que outros realizaram sem grandes ameaças, minimizando seus riscos ao tomar as mesmas precauções e assimilar seu repertório de habilidades técnicas - como determinada postura corporal e pensamento estratégico, bem como protocolos de abordagem às vítimas. Porém, é preciso haver um cuidado de não repetir com frequência suas práticas num mesmo lugar, visto que isso pode chamar a atenção da polícia e fazer com que sejam pegos. Haverão ainda situações em que necessitarão agir a partir do improviso para sobreviver, o que torna a prática o roubo ainda mais perigosa a esses indivíduos.</p><p>Ao mesmo tempo, o roubo realizado por carro ou moto demanda um conhecimento técnico da cartografia da cidade pelo piloto, desviando de engarrafamentos e da polícia ou locais em que a polícia possa estar. Os ladrões que roubam a partir desses veículos dividem suas abordagens em “abordagem oportunista”, em que um ou dois indivíduos roubam em locais menos movimentados, visto que será mais difícil haver reações armadas ao redor; e “arrastões de carros”, na qual grupos de dois ou três assaltantes param seu veículo na frente do trânsito e enquadram até três carros para trás. As motos são muito visadas pela polícia, e são por isso um modo mais difícil de realizar a prática do roubo.</p><p>Um último caso é aquele em que os indivíduos, comumente menores de idade, “roubam de ônibus”, especialmente entre o Centro e a Zona Sul, a partir do uso do ônibus 474, linha que sai do Jacaré e atravessa a fronteira entre a favela e a Zona Sul. Assim, utilizam-se do ônibus para chegarem a um território em que seja “permitido”, pelas regras da favela, que eles roubem. Entretanto, especialmente quando em direção ao seu ponto final na favela do Jacaré, esse ônibus costuma sofrer muitas revistas pela polícia, e todos aqueles indivíduos, normalmente jovens e negros, que não estiverem portando uma carteira de identidade ou dinheiro, são chamados. Por vezes, mesmo sem ter realizado um roubo, esses jovens podem ser colocados em uma instituição socioeducativa e aguardar por até 45 dias o julgamento. Assim, a partir do modo de agir, falar ou caminhar pelo espaço do favelado, são criados pela polícia métodos de suspeição baseados intensamente no racismo e no preconceito de classe, dentro de uma cidade marcada pela segregação socioespacial. Com isso, o território longe de sua favela é muitas vezes hostil ao jovem favelado, que cruza diversos problemas ao andar pela cidade.</p><p>“Mesmo os interlocutores que se encontravam em liberdade na ocasião da pesquisa etnográfica encontram-se atualmente todos mortos ou presos (...). São imensos os custos de oportunidade da prática de roubos, que os ladrões têm plena ciência dos riscos a que estão submetidos e que, mesmo assim, há quem insista em roubar.” (p. 587)</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><br></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== </ins><br>Apreciação crítica ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== </del>Resumo dos principais argumentos<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">&nbsp; </del>==<p>A partir de uma visão que aponta como o alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro faz com que os moradores mudem a forma como levam seu dia, pensando com cuidado seus trajetos e horário de circulação, por exemplo, as autoras apontam como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que tem de seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis. O traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e os policiais “vão até eles”, apenas “aguardam o problema chegar”. Portanto, sair de sua região de moradia gera muitos custos ao ladrão, sendo, para eles, uma ação muito mais perigosa do que o tráfico.</p><p>As autoras apontam como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, sendo necessário escolher bem as vítimas, situações e locais, bem como formas de agir durante a prática.</p><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p><p>A partir desses estudos, as autoras apontam como a firma local do tráfico de drogas em favelas coloca em suas próprias mãos o papel de criar “regras” e colocar limites às ações dos ladrões, cobrando aqueles que agirem de modo contrário. A prática de roubos contribui para um aumento na repressão policial nas favelas a partir da repressão para recuperar os bens roubados ou buscar os ladrões. Com isso, aos olhos dos que controlam os morros, uma regulação da prática é necessária. Assim, proíbem a realização de roubos dentro da favela ou em localidade próxima, bem como locais como o interior de um ônibus, este último especialmente por ser visto como um local que simboliza um meio de locomoção dos trabalhadores. Caso fujam para a favela e tragam a polícia para ela, serão também cobrados pelos donos do morro. A partir disso, existe uma distância razoável esperada para a ação do roubo/furto, dificultando a ligação da comunidade com determinado roubo, aumentando os riscos de suas ações e produzindo diferentes espacialidades e circulações pela cidade.&nbsp;</p><p>Com esse cenário de fundo, os atores se veem obrigados a circular pela cidade para longe do morro, construindo diferentes tecnologias para lidar com a imprevisibilidade de suas práticas em um local hostil, com o qual não tem tanta proximidade e onde não possuem a proteção dos donos da boca, sentindo-se constantemente ameaçados. Para isso, constroem mapas e sistemas para identificar os melhores locais e vítimas para realizarem suas práticas enfrentando menores riscos, e agem com criatividade ao improvisarem formas de voltar para casa a salvo quando é preciso.</p><p>Quando tratamos do roubo a carros, os “bodes” - carros roubados levados para a favela -, por serem objetos grandes demais para serem escondidos facilmente (podendo levar operações até o espaço), necessitam de uma autorização do dono do morro para serem guardados dentro do território das favelas.</p><p>Portanto, todos esses exemplos demonstram como existe uma ética partilhada pelos atores das ações ilícitas no interior e exterior das favelas, com noções de certo e errado a serem seguidas. Todas essas ações são regras e formas de agir que devem ser seguidas na teoria, mas o caminho não necessariamente será este. Entretanto, se o indivíduo que não as seguir for delatado ao dono do morro, poderá sofrer sanções: seja dentro da favela, seja dentro de um sistema socioeducativo, caso seja preso.</p><p>Para se manterem em segurança, muitos ladrões procuram repetir ações que outros realizaram sem grandes ameaças, minimizando seus riscos ao tomar as mesmas precauções e assimilar seu repertório de habilidades técnicas - como determinada postura corporal e pensamento estratégico, bem como protocolos de abordagem às vítimas. Porém, é preciso haver um cuidado de não repetir com frequência suas práticas num mesmo lugar, visto que isso pode chamar a atenção da polícia e fazer com que sejam pegos. Haverão ainda situações em que necessitarão agir a partir do improviso para sobreviver, o que torna a prática o roubo ainda mais perigosa a esses indivíduos.</p><p>Ao mesmo tempo, o roubo realizado por carro ou moto demanda um conhecimento técnico da cartografia da cidade pelo piloto, desviando de engarrafamentos e da polícia ou locais em que a polícia possa estar. Os ladrões que roubam a partir desses veículos dividem suas abordagens em “abordagem oportunista”, em que um ou dois indivíduos roubam em locais menos movimentados, visto que será mais difícil haver reações armadas ao redor; e “arrastões de carros”, na qual grupos de dois ou três assaltantes param seu veículo na frente do trânsito e enquadram até três carros para trás. As motos são muito visadas pela polícia, e são por isso um modo mais difícil de realizar a prática do roubo.</p><p>Um último caso é aquele em que os indivíduos, comumente menores de idade, “roubam de ônibus”, especialmente entre o Centro e a Zona Sul, a partir do uso do ônibus 474, linha que sai do Jacaré e atravessa a fronteira entre a favela e a Zona Sul. Assim, utilizam-se do ônibus para chegarem a um território em que seja “permitido”, pelas regras da favela, que eles roubem. Entretanto, especialmente quando em direção ao seu ponto final na favela do Jacaré, esse ônibus costuma sofrer muitas revistas pela polícia, e todos aqueles indivíduos, normalmente jovens e negros, que não estiverem portando uma carteira de identidade ou dinheiro, são chamados. Por vezes, mesmo sem ter realizado um roubo, esses jovens podem ser colocados em uma instituição socioeducativa e aguardar por até 45 dias o julgamento. Assim, a partir do modo de agir, falar ou caminhar pelo espaço do favelado, são criados pela polícia métodos de suspeição baseados intensamente no racismo e no preconceito de classe, dentro de uma cidade marcada pela segregação socioespacial. Com isso, o território longe de sua favela é muitas vezes hostil ao jovem favelado, que cruza diversos problemas ao andar pela cidade.</p><p>“Mesmo os interlocutores que se encontravam em liberdade na ocasião da pesquisa etnográfica encontram-se atualmente todos mortos ou presos (...). São imensos os custos de oportunidade da prática de roubos, que os ladrões têm plena ciência dos riscos a que estão submetidos e que, mesmo assim, há quem insista em roubar.” (p. 587)</p></div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><p>Esse artigo apresentou grande importância em um maior entendimento das técnicas e expertises da prática do roubo na cidade do Rio de Janeiro, bem como da relação de seus praticantes com as instâncias reguladoras de suas práticas dentro das favelas. Além disso, com sua discussão, podemos retomar compreensões sobre certos elementos do racismo e do preconceito de classe que atinge jovens negros e favelados na cidade. É essencial a apresentação, por meio de etnografias, de como operam na prática conceitos e compreensões sociológicas que já conhecemos. O texto aqui apresentado consegue realizar grandes contribuições a partir disso.&nbsp;</p></div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><ins style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== </ins><br>Outros verbetes e referências relacionadas ==</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><br></div></td><td colspan="2" class="diff-side-added"></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== </del>Apreciação crítica ==<p>Esse artigo apresentou grande importância em um maior entendimento das técnicas e expertises da prática do roubo na cidade do Rio de Janeiro, bem como da relação de seus praticantes com as instâncias reguladoras de suas práticas dentro das favelas. Além disso, com sua discussão, podemos retomar compreensões sobre certos elementos do racismo e do preconceito de classe que atinge jovens negros e favelados na cidade. É essencial a apresentação, por meio de etnografias, de como operam na prática conceitos e compreensões sociológicas que já conhecemos. O texto aqui apresentado consegue realizar grandes contribuições a partir disso.&nbsp;</p></div></td><td colspan="2" class="diff-side-added"></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div> </div></td><td colspan="2" class="diff-side-added"></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><br></div></td><td colspan="2" class="diff-side-added"></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div><del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">== </del>Outros verbetes e referências relacionadas ==</div></td><td colspan="2" class="diff-side-added"></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Violência urbana_no_Brasil_ontem_e_hoje_(disciplina_acadêmica)|Violência urbana no Brasil ontem e hoje (disciplina acadêmica)]]</div></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Violência urbana_no_Brasil_ontem_e_hoje_(disciplina_acadêmica)|Violência urbana no Brasil ontem e hoje (disciplina acadêmica)]]</div></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td></tr>
<tr><td colspan="2" class="diff-lineno" id="mw-diff-left-l20">Linha 20:</td>
<td colspan="2" class="diff-lineno">Linha 15:</td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td></tr>
<tr><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td><td class="diff-marker"></td><td style="background-color: #f8f9fa; color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #eaecf0; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><br/></td></tr>
<tr><td class="diff-marker" data-marker="−"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #ffe49c; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Especial:Categorias|Categorias:]] [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática -_Violência|Temática - Violência]]<del style="font-weight: bold; text-decoration: none;">&nbsp;</del><span class="entry-title">| </span>[[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Violência Urbana|Violência Urbana]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Crime organizado|Crime Organizado]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática - Favelas_e_Periferias]]</div></td><td class="diff-marker" data-marker="+"></td><td style="color: #202122; font-size: 88%; border-style: solid; border-width: 1px 1px 1px 4px; border-radius: 0.33em; border-color: #a3d3ff; vertical-align: top; white-space: pre-wrap;"><div>[[Especial:Categorias|Categorias:]] [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática -_Violência|Temática - Violência]] <span class="entry-title">| </span>[[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Violência Urbana|Violência Urbana]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Crime organizado|Crime Organizado]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática - Favelas_e_Periferias]]</div></td></tr>
</table>Vivianhttps://wikifavelas.com.br/index.php?title=Indo_at%C3%A9_o_problema:_Roubo_e_circula%C3%A7%C3%A3o_na_cidade_do_Rio_de_Janeiro_(resenha)&diff=10959&oldid=prevVivian: Criou página com '<p class="mwt-heading">'''Autora:''' Vivian de Almeida</p> == Referências ==<p>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. [https://revistas.ufrj.br/index.php/dile...'2021-09-28T21:48:12Z<p>Criou página com '<p class="mwt-heading">'''Autora:''' <a href="/index.php/Usu%C3%A1ria:Vivian" title="Usuária:Vivian">Vivian de Almeida</a></p> == Referências ==<p>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. [https://revistas.ufrj.br/index.php/dile...'</p>
<p><b>Página nova</b></p><div><p class="mwt-heading">'''Autora:''' [[Usuária:Vivian|Vivian de Almeida]]</p><br />
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== Referências ==<p>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. [https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/32078 Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro.] Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, Vol. 13 – no 3 – SET-DEZ 2020 – pp. 565-590.</p><br />
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== Breve contextualização&nbsp;&nbsp; ==<p>O artigo “Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro” <ref>GRILLO, Carolina; MARTINS, Luana. Indo até o problema: Roubo e circulação na cidade do Rio de Janeiro. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, vol. 13, no. 3, set-dez 2020, p. 565-590.</ref> , de Carolina Grillo e Luana Martins, utiliza de uma análise de suas pesquisas etnográficas anteriores para descrever os riscos enfrentados pelos ladrões ao deslocar-se pela cidade para realizar furtos e roubos. O artigo constrói uma distinção de suas ações pelas formas com as quais se locomovem no urbano: seja pelo uso de carro ou moto, ou ao utilizar-se de ônibus, pensando assim territorialidade, violência, segregação socioespacial e perpassando discussões sobre racismo.</p><p>Carolina Christoph Grillo é pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora colaboradora da mesma universidade. Tem doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil), e graduação em ciências sociais pela mesma universidade. É também pesquisadora associada ao Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU, UFRJ) e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da UFF.</p><p>Luana Almeida Martins é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense na linha de pesquisa Segurança Pública e Administração Institucional de Conflitos. É mestre pelo mesmo programa e tem graduação em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). É pesquisadora vinculada ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC), e ao Núcleo de Estudos em Psicoativos e Cultura (PsicoCult).</p><br />
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== Resumo dos principais argumentos&nbsp; ==<p>A partir de uma visão que aponta como o alto índice de roubos e furtos na cidade do Rio de Janeiro faz com que os moradores mudem a forma como levam seu dia, pensando com cuidado seus trajetos e horário de circulação, por exemplo, as autoras apontam como a prática do roubo também gera ameaças e mudanças cotidianas ao próprio ladrão, que tem de seguir certas “regras” a fim de se manter vivo ou livre por mais tempo. Assim, há uma diferença na circulação pela cidade entre o ladrão e o traficante: roubar faz com que os indivíduos saiam de seu local de moradia de encontro a novos espaços em que se tornam mais vulneráveis, indo em direção ao “problema” com policiais, justiceiros, vítimas e heróis. O traficante, por outro lado, está em seu local mais confortável quando operações policiais ocorrem e os policiais “vão até eles”, apenas “aguardam o problema chegar”. Portanto, sair de sua região de moradia gera muitos custos ao ladrão, sendo, para eles, uma ação muito mais perigosa do que o tráfico.</p><p>As autoras apontam como os diversos modos de praticar o roubo trazem diferentes repertórios de circulação pelo espaço urbano por meio do uso de carro, moto ou ônibus e geram perigos particulares. Cada modo traz expertises diferentes para reduzir a possibilidade de ser pego pela polícia ou sofrer uma ameaça à vida, sendo necessário escolher bem as vítimas, situações e locais, bem como formas de agir durante a prática.</p><p>As pesquisas etnográficas utilizadas para a análise foram realizadas em dois locais: em uma favela controlada pelo Comando Vermelho (CV) junto a traficantes e praticantes de roubo à mão armada, em maioria maiores de idade; e a segunda em uma unidade socioeducativa, com adolescentes homens de 14 a 18 anos, a maioria presa por atos infracionais de furto ou roubo nas praias ou durante o trajeto do ônibus 474.</p><p>A partir desses estudos, as autoras apontam como a firma local do tráfico de drogas em favelas coloca em suas próprias mãos o papel de criar “regras” e colocar limites às ações dos ladrões, cobrando aqueles que agirem de modo contrário. A prática de roubos contribui para um aumento na repressão policial nas favelas a partir da repressão para recuperar os bens roubados ou buscar os ladrões. Com isso, aos olhos dos que controlam os morros, uma regulação da prática é necessária. Assim, proíbem a realização de roubos dentro da favela ou em localidade próxima, bem como locais como o interior de um ônibus, este último especialmente por ser visto como um local que simboliza um meio de locomoção dos trabalhadores. Caso fujam para a favela e tragam a polícia para ela, serão também cobrados pelos donos do morro. A partir disso, existe uma distância razoável esperada para a ação do roubo/furto, dificultando a ligação da comunidade com determinado roubo, aumentando os riscos de suas ações e produzindo diferentes espacialidades e circulações pela cidade.&nbsp;</p><p>Com esse cenário de fundo, os atores se veem obrigados a circular pela cidade para longe do morro, construindo diferentes tecnologias para lidar com a imprevisibilidade de suas práticas em um local hostil, com o qual não tem tanta proximidade e onde não possuem a proteção dos donos da boca, sentindo-se constantemente ameaçados. Para isso, constroem mapas e sistemas para identificar os melhores locais e vítimas para realizarem suas práticas enfrentando menores riscos, e agem com criatividade ao improvisarem formas de voltar para casa a salvo quando é preciso.</p><p>Quando tratamos do roubo a carros, os “bodes” - carros roubados levados para a favela -, por serem objetos grandes demais para serem escondidos facilmente (podendo levar operações até o espaço), necessitam de uma autorização do dono do morro para serem guardados dentro do território das favelas.</p><p>Portanto, todos esses exemplos demonstram como existe uma ética partilhada pelos atores das ações ilícitas no interior e exterior das favelas, com noções de certo e errado a serem seguidas. Todas essas ações são regras e formas de agir que devem ser seguidas na teoria, mas o caminho não necessariamente será este. Entretanto, se o indivíduo que não as seguir for delatado ao dono do morro, poderá sofrer sanções: seja dentro da favela, seja dentro de um sistema socioeducativo, caso seja preso.</p><p>Para se manterem em segurança, muitos ladrões procuram repetir ações que outros realizaram sem grandes ameaças, minimizando seus riscos ao tomar as mesmas precauções e assimilar seu repertório de habilidades técnicas - como determinada postura corporal e pensamento estratégico, bem como protocolos de abordagem às vítimas. Porém, é preciso haver um cuidado de não repetir com frequência suas práticas num mesmo lugar, visto que isso pode chamar a atenção da polícia e fazer com que sejam pegos. Haverão ainda situações em que necessitarão agir a partir do improviso para sobreviver, o que torna a prática o roubo ainda mais perigosa a esses indivíduos.</p><p>Ao mesmo tempo, o roubo realizado por carro ou moto demanda um conhecimento técnico da cartografia da cidade pelo piloto, desviando de engarrafamentos e da polícia ou locais em que a polícia possa estar. Os ladrões que roubam a partir desses veículos dividem suas abordagens em “abordagem oportunista”, em que um ou dois indivíduos roubam em locais menos movimentados, visto que será mais difícil haver reações armadas ao redor; e “arrastões de carros”, na qual grupos de dois ou três assaltantes param seu veículo na frente do trânsito e enquadram até três carros para trás. As motos são muito visadas pela polícia, e são por isso um modo mais difícil de realizar a prática do roubo.</p><p>Um último caso é aquele em que os indivíduos, comumente menores de idade, “roubam de ônibus”, especialmente entre o Centro e a Zona Sul, a partir do uso do ônibus 474, linha que sai do Jacaré e atravessa a fronteira entre a favela e a Zona Sul. Assim, utilizam-se do ônibus para chegarem a um território em que seja “permitido”, pelas regras da favela, que eles roubem. Entretanto, especialmente quando em direção ao seu ponto final na favela do Jacaré, esse ônibus costuma sofrer muitas revistas pela polícia, e todos aqueles indivíduos, normalmente jovens e negros, que não estiverem portando uma carteira de identidade ou dinheiro, são chamados. Por vezes, mesmo sem ter realizado um roubo, esses jovens podem ser colocados em uma instituição socioeducativa e aguardar por até 45 dias o julgamento. Assim, a partir do modo de agir, falar ou caminhar pelo espaço do favelado, são criados pela polícia métodos de suspeição baseados intensamente no racismo e no preconceito de classe, dentro de uma cidade marcada pela segregação socioespacial. Com isso, o território longe de sua favela é muitas vezes hostil ao jovem favelado, que cruza diversos problemas ao andar pela cidade.</p><p>“Mesmo os interlocutores que se encontravam em liberdade na ocasião da pesquisa etnográfica encontram-se atualmente todos mortos ou presos (...). São imensos os custos de oportunidade da prática de roubos, que os ladrões têm plena ciência dos riscos a que estão submetidos e que, mesmo assim, há quem insista em roubar.” (p. 587)</p><br />
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<br><br />
== Apreciação crítica ==<p>Esse artigo apresentou grande importância em um maior entendimento das técnicas e expertises da prática do roubo na cidade do Rio de Janeiro, bem como da relação de seus praticantes com as instâncias reguladoras de suas práticas dentro das favelas. Além disso, com sua discussão, podemos retomar compreensões sobre certos elementos do racismo e do preconceito de classe que atinge jovens negros e favelados na cidade. É essencial a apresentação, por meio de etnografias, de como operam na prática conceitos e compreensões sociológicas que já conhecemos. O texto aqui apresentado consegue realizar grandes contribuições a partir disso.&nbsp;</p><br />
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== Outros verbetes e referências relacionadas ==<br />
[[Violência urbana_no_Brasil_ontem_e_hoje_(disciplina_acadêmica)|Violência urbana no Brasil ontem e hoje (disciplina acadêmica)]]<br />
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[[Trabalhadores e_bandidos:_categorias_de_nomeação,_significados_políticos_(resenha)|Trabalhadores e bandidos: categorias de nomeação, significados políticos (resenha)]]<br />
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[[Especial:Categorias|Categorias:]] [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática -_Violência|Temática - Violência]]&nbsp;<span class="entry-title">| </span>[[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Violência Urbana|Violência Urbana]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Crime organizado|Crime Organizado]] <span class="entry-title">|</span> [[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Categoria:Temática - Favelas_e_Periferias]]</div>Vivian