LABHAB - Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Labhab é um laboratório de pesquisas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP).

Sobre[editar | editar código-fonte]

Criado em novembro de 1996 no Departamento de Projeto da FAUUSP, o Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos iniciou suas atividades em março de 1997, com a intenção de interligar as atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária em um mesmo espaço, dando prioridade à formulação de alternativas para as demandas habitacionais, urbanas e ambientais para a histórica desigualdade territorial brasileira. Assim, as atividades de ensino, pesquisa e extensão têm sempre um caráter experimental, constituindo-se em processo de formação e capacitação para análise crítica e ação propositiva.

Atividades[editar | editar código-fonte]

Diversas atividades têm sido desenvolvidas com o apoio financeiro de linhas da própria USP (Extensão Universitária e Pró Reitoria de Pesquisa) e de entidades nacionais e internacionais: FAPESP, FINEP, CNPq, CEF, Lincoln Institute of Land Policy. Outras ainda, são de assessoria ao Poder Público no desenvolvimento de pesquisas e propostas, várias delas financiadas por programas de Cooperação Internacional, como Cities Alliance e URB-AL.

Equipe[editar | editar código-fonte]

O Laboratório conta com uma equipe regular de professores e estudantes. Além disso, conta com um grupo mais amplo de pesquisadores associados, que participam de debates e seminários temáticos e pesquisas específicas. Desse grupo amplo fazem parte arquitetos e urbanistas, engenheiros, economistas, sociólogos, advogados, geógrafos e estudantes dessas áreas, com experiências que variam entre políticas públicas, militância em movimentos sociais e atuação acadêmica. Como o objeto é interdisciplinar, o LABHAB abre oportunidades para colaborações intradepartamentais e interepartamentais da FAU-USP e interunidades da USP e de outras universidades e institutos, de modo a melhor cumprir seus objetivos, absorvendo e respeitando processos de investigações correlatas, sempre em consonância com diretrizes emanadas pela FAU-USP.

Método de Trabalho[editar | editar código-fonte]

As atividades desenvolvidas pelo LabHab procuram articular ensino, pesquisa e extensão, buscando desenvolver um ambiente didático e de pesquisa calcado na realidade social. Enquanto temática, busca inserir na cena de pesquisa acadêmica as necessidades, demandas e pontos de vista daqueles setores sociais normalmente alijados dos cânones da produção teórica e técnica academicamente reconhecida.

A experimentação e a prática fazem parte da construção teórica. Por isso os projetos desenvolvidos – de assessoria e de pesquisa – se articulam com disciplinas lecionadas pelo grupo de professores, oferecendo contextos e situações reais para o desenvolvimento de exercícios e aprendizado dos conteúdos disciplinares.

Nas atividades de ensino na graduação e pós-graduação da FAU-USP, nas quais os professores do LabHab estão envolvidos, busca-se trabalhar com o conhecimento da produção social do espaço urbano, seus agentes, financiamento, papel do Estado e do mercado bem como características da urbanização brasileira e propostas para mitigação de danos, como experiências de recuperação ambiental e regularização urbanístico-fundiária em assentamentos consolidados em áreas ambientalmente frágeis, por exemplo.

No campo da pesquisa e das atividades especificamente acadêmicas tem dado apoio e interagido com inúmeros trabalhos de TFG, pesquisas de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado.

Enquanto extensão, a aposta principal é na construção de conhecimentos e qualificação de atores – estudantes, profissionais, agentes do poder público, sociedade civil, com vistas à ampliação do direito à cidade e à moradia, num quadro de diversidade de necessidades e de soluções.

O referencial de todas essas atividades é a construção conjunta de conhecimento. Nos projetos de assessoria ou de pesquisa conjunta as atividades têm sempre uma mão-dupla: disponibilização de conhecimento de um lado, e aprendizado de práticas sociais, de outro. O resultado é benéfico e enriquecedor para o grupo que recebe assessoria, como o é para a Universidade, no sentido em que possibilita que estudantes – novos profissionais em formação -, adquiram visão concreta e crítica da realidade “do fazer”, de seus requisitos e limitações. Visa-se a formação de novos perfis de profissionais universitários para tratar dos problemas das cidades brasileiras e também latino-americanas, onde a maior parte do espaço se produz sem a intervenção profissional.

Considerando a importância da extensão conforme abordado, concebendo-a como uma modalidade de pesquisa e prática de aprendizado, o LabHab tem se articulado com outros congêneres no país e no exterior.

Seguindo esses princípios, são diversas as formas de trabalho desenvolvidas, com atividades de pesquisa, seminários, oficinas e assessoria a plano/projeto associada à capacitação.

Produtos[editar | editar código-fonte]

As atividades de pesquisa resultam em relatórios, seminários, cursos de capacitação, debates com públicos diversificados, subsídios a políticas públicas. Os relatórios, correspondentes a cada uma das pesquisas, projetos e atividades, impressos, ficam disponíveis no LabHab, no website do Laboratório e na biblioteca da FAU-USP.

Metodologicamente, nos casos da elaboração de pesquisa aplicada, plano, programa ou ação local, busca-se chegar a um quadro final que inclua: avaliações, propostas, agentes envolvidos, encaminhamentos, operacionalização. Nesses termos, a perspectiva de “o que fazer, como e com quem”, são elementos essenciais do processo. A intersetorialidade e a capacidade de produzir ações sinérgicas são apontadas como desafio e como requisito para a eficácia das intervenções.

Normalmente resultam produtos concretos, ainda que não imediatos. É o caso, por exemplo, de Santo André, onde o trabalho conjunto com a prefeitura resultou no Programa Integrado de Inclusão Social, programa social que combina a intervenção urbanística em favelas com o atendimento da população visando a inclusão sócio-econômica (programa premiado pela agência Habitat da ONU em 2002). É também a interação diferenciada que se consolidou com Ministério Público e Municípios de Diadema e São Bernardo do Campo.

Outro exemplo é o dos trabalhos desenvolvidos na elaboração do Plano de Ação Habitacional e Urbana para áreas em situação de risco pela exclusão sócio-econômica e violência – Jardim Ângela e também da elaboração do Plano Diretor Regional, com o Curso de Desenvolvimento de Projetos Urbanos de Interesse Social, realizado em MBoi Mirim. Envolvendo funcionários, agentes de saúde e comunidade, resultou numa série de projetos e programas locais desenvolvidos coletivamente, bem como o embrião de um Conselho de Zeis, constituído pela comunidade, já com domínio metodológico para iniciar o processo de elaboração do Plano de Urbanização da respectiva Zeis. Resultou também num conjunto de possibilidades de ação imediata por parte de funcionários e num espaço privilegiado de aprendizado para os diversos estudantes de graduação e de pós que participaram do processo.

Reunir agentes públicos, sociedade organizada e universitários num trabalho conjunto de desenvolvimento de projetos é um processo de aprendizado em que todos se qualificam – é o que o LabHab vem procurando em seus anos de atividades.

Redes[editar | editar código-fonte]

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