MC Leonardo

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

MC Leonardo, nascido e criado na favela da Rocinha no Rio de Janeiro, é um renomado cantor de funk que, junto com seu irmão MC Junior, formou uma das duplas mais famosas da história desse gênero musical. Ele é uma voz ativa na defesa do funk como cultura legítima e enfrentou a criminalização do gênero. Leonardo também é conhecido por sucessos como "Endereço dos Bailes" e "Rap das Armas" e lançou um canal no YouTube para discutir questões relacionadas às favelas. Ele é um defensor fervoroso do funk como cultura a ser respeitada e reconhecida.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

 

Introdução[editar | editar código-fonte]

MC Leonardo nasceu e cresceu na favela da Rocinha em 1975, a maior favela do Brasil, que fica lozalizada na Zona Sul do Rio de Janeiro. Trabalha com Funk desde sua juventude e montou uma dupla com seu irmão, MC Junior. Foram, juntos, uma das duplas mais famosas da história do funk. Nos anos 2000, o filme “Tropa de Elite — Missão Dada é Missão Cumprida” (2007), dirigido por José Padilha, fez voltar aos hits de sucesso o “Rap das Armas” (1995), uma das principais composições dois dois Mc’s. 

O artista, que nasceu com problemas de formação no fêmur, fez mais de 15 cirurgias e teve seus estudos dificultados por esse processo, tendo concluído apenas o primário. Apesar disso, relata que foi salvo pelos livros e aprendeu a ler muito bem. Leonardo faz uma defesa de que o funk não seria marginalizado se não fosse o preconceito que a mídia e os ricos tratam ele, de forma irresponsável. Seja no em casos como o um arrastão na zona sul ou na morte do Tim Lopes, onde se atribui a culpa de forma genérica a funkeiros e bailes, o funk é sempre o culpado. Ele é casado desde os 21 anos de idade.   

Sua iniciação na música[editar | editar código-fonte]

Seu interesse pela música começou cedo, pois seu pai tocava triângulo e cantava e gravou dois discos com o Jackson do Pandeiro. Sua infância foi marcada pela presença do baião, xaxado, coco. Segundo ele, ele gostava mas as músicas se distanciavam um pouco da sua realidade, pois falavam de coisas como a seca, o pau de arara e mais dimensões da vida que ele não compartilhava. Em 86 surge a coletânea “Só Pagode”, endossado pela Beth Carvalho. Eles começaram a cantar aquilo que eu estava vivendo. A chuva, o barracão, telha de zinco. Foi amor à primeira vista. Uma paixão pelo samba de raiz que segue até hoje movimenta sua vida. No ano de 1989, sua irmã comprou um disco chamado “Super Quente”. Uma das músicas tinha uma batida que chamou sua atenção. Depois veio o “Funk Brasil n. 1”.  Ele não ia para o Baile ainda, mas o disco fez ele ter vontade de ir e aí foi amor a primeira vista. 

Primeiro baile[editar | editar código-fonte]

92 foi ano da minha vida. Eu opero no começo do ano. No final, eu entrei no baile pela primeira vez e me inscrevi em um concurso. Eu nunca fui de puxar bonde, de dançar passinho. Minha paixão pelo baile foi a comunicação. Eu imaginava outra coisa. Eu nunca pensei que eu iria encontrar meu vizinho cantando no palco. Eu olhei e disse: “quero fazer isso também”. Participei de dez concursos e fui campeão de nove. Meu irmão e eu passamos a saber que existiam outros bailes. Conhecemos Borel, Canta Galo, Pavão Pavãozinho através do funk. O que está no “Endereço dos Bailes”. Depois fizemos o “Rap do ABC” só com nomes das favelas. Fizemos então o “Rap das Armas” que foi sucesso, até hoje, no mundo todo, depois do [filme] Tropa de Elite.

 

Surgimento da Apafunk [editar | editar código-fonte]

A Associação de Amigos e Profissionais do Funk (APAFUNK) foi criada em 2008, na sede do Sindicado Estadual de Profissionais da Educação (SEPE) e contou com a presença de cerca de 50 pessoas, envolvidas direta ou indiretamente com o Funk. Segundo MC Leonardo, ela surge para lutar pelo

Eu vi o surgimento do Bonde do Tigrão e do Naldinho. Fui atrás dessa galera para ver se os contratos dos artistas estavam melhorando. Descobri que eles tinham assinado piores do que eu em 95. Então a luta começa pela questão do direito autoral. Naquele momento, comecei a pensar o que fazer e veio a ideia de montar a Apafunk. Fui pesquisando, vi que o funk não era reconhecido como cultura pelo Estado. Percebi que existia incentivo cultural, mas não para o funk, então somente com uma lei que reconhecesse como cultura permitiria que os bailes voltassem aos bairros. A luta nunca foi pra todo mundo gostar de funk. Eu exijo respeito, como qualquer outra cultura

 

Acabaram com os bailes na favela. Houve uma lei de 2007 que proibia o funk, do deputado Alvaro Lins (PMDB). Nós conseguimos revogar e implementar a Lei do Funk, que o reconheceu como cultura. Foi uma grande vitória. A partir disso começamos a reivindicar políticas públicas. Tivemos vários avanços. Mas a primeira angústia ainda é trabalhar sem saber se semana que vem vai continuar. O cara tem uma equipe de som, o baile lotado, mas não tem certeza nenhuma, porque a polícia vai arrumar uma maneira de te tirar dali. Isso não é negligência, é perseguição.

 

O que acontece com o funk é preconceito racial. Além disso, o Estado brasileiro privatizou a cultura. Deu às empresas o poder de dizer para onde vai o dinheiro. A marca quer vender produto. Ela usa a cultura como vitrine. Vai sobrar incentivo para o Leblon e vai faltar para a Cidade de Deus. É simples. “O que a Cidade de Deus produzir, eu não quero minha marca envolvida com aquilo.”

 

“As pessoas têm que entender que o favelado sai de casa pra trabalhar e passa pelas armas, ele volta do trabalho e passa por armas. Ele vai deixar o filho no colégio e passa por armas, ele volta do supermercado e passa por armas. E a sociedade está preocupada com arma somente na hora da produção cultural. Somente na hora da diversão é que vão falar ‘mas não tem um fuzil ali no meio?’. O fuzil está ali mesmo sem o baile”, diz Mc Leonardo.

 

Entrevistas importantes[editar | editar código-fonte]

Entrevista para a Ponte.org[editar | editar código-fonte]

Nela, MC Leonardo fala da criminalização das expressões de cultura da favela, principalmente sobre o funk. 

 

Entrevista para o NPC[editar | editar código-fonte]

Na entrevista, MC Leonardo trata temas importantes como sua formação, funk, favelas, sensibilidade social e afins. O artista fala que 

Confira na íntegra aqui.

 

Entrevista para a Casa de Rui Barbosa[editar | editar código-fonte]

A Casa de Rui Barbosa realizou uma Entrevista com MC Leonardo super importante, onde ele conta a história dos baile funk e discute sua importância para o desenvolvimento e visibilidade das favelas do Rio de Janeiro. Segundo o artista, o funk colocou as favelas no mapa do Rio de Janeiro. Ele é cultura, comunicação, informação e troca de experiência.

 

Principais sucessos na música[editar | editar código-fonte]

Autor de sucessos como “Endereço dos Bailes” e “Rap das Armas” ao lado de seu irmão Júnior, MC Leonardo se tornou uma das grandes vozes defensoras do funk enquanto cultura a ser respeitada. 

 

Canal no Youtube[editar | editar código-fonte]

Em dezembro de 2019, lança seu canal no youtube para falar sobre questões da favela. Sob o título de Bota a cara, faz um convite a quem quiser se somar na iniciativa para compor um novo canal virtual. 

 

Fontes[editar | editar código-fonte]

Ponte.org - Cultura do Funk está sendo exterminada com a ponta do fuzil, diz Mc Leonardo

Funk de Raiz - Fundação da Apafunk 

NPC - Entrevista com MC Leonardo    

Casa Rui Barbosa - Entrevista com MC Leonardo 

Wikipédia - Rap das Armas