Testes:Musicultura

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
(Redirecionado de Musicultura)
Autores: Alexandre Dias e Jefferson Sinésio.

Sobre[editar | editar código-fonte]

O termo favela exige um confronto de ideias entre o estereótipo que a sociedade criou e reflexões baseadas em fatores sociais, econômicos e espaciais. Este termo também conota aspectos de identidade – entre outros, musicais – que devem ser reforçados e estimulados na perspectiva do pensamento crítico, cuja consequência é a mudança de postura em relação à cultura e à resistência que existem nesses espaços residenciais do Rio de Janeiro e, não raro, naqueles assim denominados em outras partes do Brasil.

Levando em consideração a complexidade do que é definir a música em tais espaços, observa-se que determinados gêneros supostamente a representam após alcançarem visibilidade em tempos e locais diferentes. Assim, percebe-se que restringir a identidade musical na favela a um único gênero representativo pode significar falta de conhecimento empírico a respeito das práticas nela coexistentes.

Neste aspecto, é importante e constrangedor assinalar que a literatura acadêmica em geral também tende a considerar que as favelas podem ser representadas por um único gênero musical, como por exemplo, o samba, sobretudo até os anos 1960. No entanto, nos últimos vinte anos, verifica-se crescimento considerável de estudos de natureza etnográfica – ou com valorização do trabalho de campo – sobre o tema, expondo a diversidade musical existente nesses espaços.

O Musicultura se insere neste processo. O projeto mapeia sistematicamente a crescente literatura sobre música e assuntos correlatos com base em quatorze anos de atividade contínua de investigação etnográfica coletiva sobre a realidade musical da Maré, uma das áreas favelizadas de maior densidade demográfica no Rio de Janeiro.

Este verbete propõe um exame crítico das práticas musicais em favelas. Para tal, destacará temas como estereótipos criados acerca de tais práticas, a contribuição de trabalhos empíricos e etnografias, a importância de processos migratórios e diaspóricos na configuração de identidades, a relevância de estudos sobre a cultura para compreensão da realidade em favelas e a relação entre perspectivas externas e internas (pesquisadores nativos) na produção de conhecimento.