Prevenção à violência armada em Manguinhos (cartilha)

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Revisão de 20h34min de 15 de abril de 2020 por Caiqueazael (discussão | contribs)
Imagem da capa da cartilha

Autor: Caíque Azael

 

Introdução

A Cartilha de Prevenção à Violência Armada em Manguinhos é um material lançado em novembro de 2019 a partir de uma parceria entre instituições de pesquisa e movimentos sociais no Rio de Janeiro. O material inédito aproxima os temas de saúde e segurança pública e reúne informações sobre a rede de proteção social a vítimas de violência, medidas preventivas e de tratamento à saúde mental, além de indicadores do impacto na saúde dos moradores de Manguinhos, Maré e Jacarezinho.O livreto, que possui cerca de 50 páginas, foi feito em formato de bolso e é direcionado tanto a moradores de Manguinhos quanto aos agentes de segurança pública – dois dos principais grupos afetados em sua saúde, segundos os organizadores. A iniciativa é da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz em parceria com o Centro Latino Americano de Estudos sobre Violência e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Claves/Ensp/Fiocruz).

A rotina escolar de territórios marcados pela violência também é impactada e os resultados estão disponíveis no dicionário: baixa frequência dos estudantes, dificuldades de concentração nas aulas, adoecimento psíquico de alunos e trabalhadores são alguns dos aspectos destacados por Michelle Oliveira, educadora da Educação de Jovens e Adultos (EJA-Manguinhos). O EJA atende aproximadamente 200 estudantes, sendo a maioria deles moradores de Manguinhos, Maré e Jacarezinho, atualmente em funcionamento na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e na RedeCCAP, organização comunitária da favela de Vila Turismo.

 

Resultados Preliminares da Pesquisa

Um dos pontos fundamentais da cartilha como estudo está em registrar as consequências psíquicas de agentes de segurança e de moradores das favelas de Manguinhos. De acordo com pesquisa divulgada no informativo, o sofrimento psíquico é algo recorrente entre moradores e moradoras entrevistados: 80% responderam que a violência com uso de armas de fogo afeta a saúde deles, da família deles ou pessoas próximas. Técnicos da Fiocruz reuniram relatos de moradores das favelas de Manguinhos, Maré e Jacarezinho sobre o impacto da violência na saúde e rotina.

E em relação aos policiais, a cartilha traz dados da Comissão de Análise da Vitimização Policial da Polícia Militar mostrando que, diariamente, três a quatro PMs são afastados com diagnósticos psiquiátricos na corporação. O documento registra que, segundo levantamento referente a 2018, quase metade dos 1.320 militares licenciados por problemas de saúde foi afastada por reações ao estresse grave (567).

A cartilha também tem um capítulo dedicado ao Transtorno de Estresse Pós-Traumático, elaborado pela pesquisadora Fernanda Serpeloni, do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fiocruz (Claves/Ensp). Ao tratar do tema, o informativo define e esclarece o que é o transtorno, bem como trata das consequências e busca de possíveis tratamentos. Inclusive, consta no material informações sobre projeto para pessoas que desenvolveram o transtorno, que podem entrar em contato com funcionários da Fiocruz pelo telefone (21) 99555-5590 ou o email projeto_net@fiocruz.br.  

Lançamento da Campanha de Prevenção

Apesar do livro ter sido lançado previamente na comunidade, o lançamento oficial da campanha foi no dia 11 de dezembro de 2019, às 15h, na sede do projeto Ballet Manguinhos, localizada no território de mesmo nome e será realiza junto ao Conselho Comunitário de Manguinhos e ao Conselho de Segurança Pública local. Na ocasião, foram convocados organizações comunitárias, lideranças e coletivos envolvidos com o debate sobre violência armada no território. Foi feita a parte inicial da distribuição dos 4 mil exemplares do informativo, como força de iniciar uma ampla campanha de pacto pela vida em Manguinhos, com a possibilidade de se expandir para outras comunidades cariocas.

 

Acesso à cartilha

Para acessar a cartilha na íntegra, clique aqui.

 

Fontes