Quebrada Queer (música)

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Quebrada Queer é uma música produzida pelo grupo de mesmo nome - pioneiro sobre a questão LGBT no rap - lançada em 2018. Cantam Guigo, Murillo Zyess, Harlley, Lucas Boombeat e Tchelo Gomez.

Autoria: Informações reproduzidas pela Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco a partir de outras fontes[1]

Ficha Técnica[editar | editar código-fonte]

Ano de lançamento: 2018

Cantores: Guigo | Murillo Zyess | Harlley | Lucas Boombeat | Tchelo Gomez

Duração: 6min

Gênero: Rap

País de Origem: Brasil


Sobre a música[editar | editar código-fonte]

Quebrada Queer é uma música, do grupo brasileiro de rap com o mesmo nome, lançada em 2018. O grupo Quebrada Queer é o primeiro grupo gay de rap do país, com produções que se dedicam a refletir em torno de questões sociais que afetam a realidade do país, como a homofobia - o Brasil ocupa o primeiro lugar na lista dos países que mais mata LGBTs no mundo por motivações de LGBTfobia. A música foi construída pelos autores para ser uma intervenção pontual, mas o seu sucesso fez com que eles decidissem compor um grupo com o mesmo nome. Os seis jovens já trabalhavam de alguma forma com música e artes em geral, mas se unem e lançam o grupo, que faz um sucesso tão grande que, em uma semana, eles já tinham convite para show, além de terem montado uma apresentação a toque de caixa para compor o set list.


Clipe da Música[editar | editar código-fonte]

Letra da Música[editar | editar código-fonte]

Yoh yoh
Ai, ai, ai, ai, ai

[Guigo]
Yoh, não atura, fecha a firma
Bonde das femininas
Que vêm de strike a pose
Direto das revistas
Mas é revista fina, não vem de TiTiTi
Se não aprendeu com elas, isso é cultura Queer
Vêm aplaudir
Batendo palma, eu te vi resistir
Mas vi daqui, que enquanto você chora eu canto pra subir
Se a minha pele é o que incomoda, eu te convido a vir vestir
Mais quente que o Saara
Eu queimo o céu e faço o mar abrir
Prepara os doce, que a festa não parou por aí
Alice Guél hitou mandando um: Deus é travesti
Segura o queixo que esse trecho é feito pra engolir
Mas se o efeito causou medo, é hora de fugir
Só mais um trago desse amargo que eu vivi
Contando as nota, chora! Que hoje eu vou sorrir
De batom preto, pro velório ou enterro
Vê nas manchetes, pede
Pra eu não ter que repetir

[Murillo Zyess]
(Murillo)
Vidas cinzentas seguidas de um longo inverno
Muito bem preenchidas, somente com amor materno
Entrando em paz com todos meus sentimentos internos
Desvio de alguns crentes que dizem que eu vou pro inferno
É que com um leão por dia me fez um guerreiro
Não tô disposto a me calar pra agradar terceiros
Por existências que estavam trancada em cativeiro
Herança disso tudo é paz, e eu sou herdeiro

Ahn
Subestimado desde meu primeiro verso
Eles disfarçam bem, são tipo lobo em pele de cordeiro
Mas tô atento, pro opressor eu não disperso
Minha sina inseticida, preconceito deles, formigueiro
MC's de verdade não desejam sociedades sem diversidade
Recupere o seu bom senso
Repense bem nos fundamentos sendo verdadeiro
Vai ter bicha no rap sim, e eu nem sou pioneiro (vrá)

É que eu já disse, tô bem pleno
Sou problema
Tipo Venom esses caras achar que é rap porque tão rimando
Vou ter que usar do meu veneno pra falar do que eu tô vendo
Suas ideias é tipo Nemo, e eu tô procurando (cadê, cadê)

Nós tá aqui por cada bicha com a vida interrompida
Por causa de homofobia, ódio e intolerância
Resistimos no dia a dia
Pra poder chegar o dia que prevaleça respeito, igualdade e esperança

[Harlley]
Já tenho um caminho
Agora eu quero ver quem tá somando por mim (por mim)
Tô no meu destino, quem constrói os degraus, sabe que não vai cair
Bem, não há rola nesse mundo que nos proíba de ocupar
Não há mano nessa cena que tente nos silenciar

Cê trombou com as bicha errada
E agora vai ter que escutar
Esse é só o primeiro desabafo que tá entrando pra história
E, com certeza, o meu pai não ia se orgulhar
E, mesmo assim, eu vou falar
Por mim e todos que hoje eu tô pra representar
E eles vão me julgar, sempre vão me julgar
Mas nas minhas crises nenhum deles vai me abraçar, então

Sigo cantando e armado
Trampando pesado, medindo um dia ser lendário
Não passo pano pra otário
E mesmo ameaçado, eu serei cada vez mais viado
Quebrando armários, extermínio à normatividade
Revolução! Bicha preta se amando de verdade
Botando fogo nas regras dessa sociedade
Vai falar mal, mas vai assistir a nossa liberdade
Vamo assistir você ouvindo a nossa realidade
Tirando nossas capas de invisibilidade
As mona unidas pro combate e olha no que deu
Se quer verso com massagem, pare de socar os meus

[Lucas Boombeat]
De onde eu venho, é fome e medo de ficar na mesma
Não caber na própria casa
Sai pro mundo e não cabe no mundo
Não cabe em verso cada tapa, momentos, fraqueza
Muitos anos de revolta desse jogo sujo

Não é guerra do sexo, homofobia chama
Atitude que brota de manos, minas e monas
Sem torcer o nariz, meu rap que clama, soma
Rap de bicha preta
Boombap enlouquece e toma

Anos passaram
Panos passaram pros seus vacilo
Momento propício, raro e claro
Não espero elogio
É hip hop, responsa no mic
Hype e flow, sem letra é flop
Não pode com nós, engole e tamo vivo

Estamos no mapa e não somos a caça
Te encaro com a morte
Seus bando de white people problem
Cês não me comovem
Em choque porque somos ibope
E eu quero é que se foda
Mas se não me beija, não fode
You know?

Minha vida sou eu quem canto, nossa vivência quem sabe é nois
Intérprete da minha história, honro a trajetória
Ninguém me dá voz, eu já tenho voz
Somos um só, vocês que dividiram
Por fatos no qual não te atingiam
Bando de fã encubado
Sigo honrando meu legado de nascer viado
Onde piso é solo fértil, sangue derramado

[Tchelo Gomez]
Me empoderei, vai vendo
Pro sistema eu não me rendo
Que impõe é isso, aquilo
Sabe o que eu faço? Aquendo
Não vim só pra cantar, nem vou me redimir
Vim jogar na sua cara: O que cê diz ser mimimi
Segura meu flow, aguenta o meu bonde
Samba com soul, não guenta, se esconde
Pantera negra eu sou
Não devo mas cobro, honey
No afrontamento eu vou
Bitch, better have my money!
T-C-H-E-L-O

Então bota pra fuder
Cê quer meter gostoso, mas se enruste atrás do altar
Não vem meter o louco
Se não gostar, sai fora! A saída é logo ali
Se ficar, cai de boca e vai ter que me engolir
Na escola cês zoavam, hoje cês batem palmas
E eu que dou risada quando paro pra pensar
O quanto me tiravam só por ser diferente
Mesmo sem entender o que viria pela frente
Mas nada me abala, por isso eu mexo a raba
Enquanto você desaba e observa o poder
Só vendo as view, crescendo e estourando a mil
Ocupando esse Brasil
Ué, cadê você? Sumiu?

Amor não é doença, é cura
Não é só close, é luta
Então vê se me escuta
Aceita, atura ou surta!

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Quebrada Queer (@quebradaqueer)

Ver também[editar | editar código-fonte]