Vidigal (bairro)

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Retirado de Wikipédia.

Favela do Vidigal.jpg

Vidigal é um bairro da Zona Sul do município do Rio de Janeiro, no Brasil. Sua favela é o Morro do Vidigal, que deu origem ao bairro do Vidigal. O bairro e a comunidade do Vidigal, embora pobres, como toda favela, situam-se entre os bairros mais nobres do Rio, como Leblon e São Conrado, sobre o Morro Dois Irmãos. É um espaço da Mata Atlântica no meio da cidade do Rio de Janeiro.

Introdução[editar | editar código-fonte]

Seu IDH, no ano 2000, era de 0,873, o 38º melhor do município do Rio de Janeiro (resultado obtido devido ao fato de que, o cálculo de seu IDH foi feito junto com São Conrado).Até os anos 2000 era apenas uma favela, porem com a expulsão do tráfico de drogas o bairro começa a ter um lento e gradual processo de urbanização, tendo em vista seu potencial imobiliário e turístico. Possui atualmente o 21º metro quadrado mais valorizado da cidade, custando em média R$ 6.706,[5] estando R$ 2.800 acima da média da cidade que é R$ 3.853. Considerado por muitos um cartão-postal da cidade do Rio e local favorável à pesca, ganhou fama rapidamente por ser um ótimo lugar para se contemplar a vista para o mar. 

O Vidigal ganhou esse nome em referência ao ex-comandante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro no século XIX, o major Miguel Nunes Vidigal, que, devido aos seus serviços, recebeu de presente dos monges beneditinos, em 1820, um terreno ao pé do Morro Dois Irmãos, o qual foi ocupado por barracos a partir de 1940, dando origem à atual favela. 

Segundo o Censo de 2010:

População Domicílios Área Total IDH Renda per capita
12797 4304 162,14 ha 0,873 $ 662,09

 

Histórico[editar | editar código-fonte]

O major de milícias e intendente da polícia Miguel Nunes Vidigal, de grande influência no Primeiro Império, recebeu dos monges beneditinos em 1820, extensas terras que iam das encostas da Pedra Dois Irmãos até o mar, onde construiu a Chácara do Vidigal. Em 1886, seus herdeiros venderam a propriedade ao Engenheiro João Dantas.

O acesso à área se dava pelo tortuoso caminho da Chácara do Céu, que vinha do Leblon. Só em 1913, o Professor Charles Armstrong aproveitou o leito abandonado do projeto cancelado de uma ferrovia litorânea, para servir de caminho ao seu Colégio Anglo-Brasileiro no Vidigal. Em 1919 o Prefeito Paulo de Frontin alargou e prolongou o Caminho de Armstrong criando a panorâmica Avenida Niemeyer, em homenagem ao Comendador Conrado Jacob Niemeyer. Nela, em 1922, foi construído o Viaduto Rei Alberto sobre os arcos da Gruta da Imprensa. Em 1968, foi iniciada a construção do Hotel Sheraton junto a Praia do Vidigal.

Os primeiros barracos da comunidade local – então conhecida como Favela da Rampa da Niemeyer - surgiram na década de 1940. Até o ano de 1962, a favela tem um crescimento lento devido à presença de vigias que não permitiam o melhoramento das moradias, nem a construção destas em alvenaria. A partir deste ano, a Associação de Moradores inicia suas atividades inibindo a atuação dos vigias, mas mesmo assim, o crescimento continua lento, devido à presença de um loteamento residencial para classe média que começa a crescer numa área contígua à favela. Entre 1965 e 1985, a comunidade do Vidigal se expandiu ao longo da Estrada do Tambá e hoje, junto com a Comunidade Chácara do Céu - menor e mais próxima ao Leblon e ao penhasco -, abriga mais de 75% da população do bairro.

No final da década de 1970, o caso do Vidigal se tornou um marco na resistência à remoção de favelas. Em plena ditadura militar, a associação de moradores, com o apoio dos advogados da Pastoral de Favelas – entre eles os juristas Sobral Pinto e Bento Rubião -, conseguiu evitar que os barracos da parte baixa da favela fossem destruídos para dar lugar à construção de empreendimento de alto luxo. Alguns moradores aceitaram serem removidos para o Conjunto Habitacional de Antares em Santa Cruz. Os que ficaram, começaram uma campanha para fazer melhoria nas condições da favela. Após intensa luta, os moradores conseguiram apoio político e popular que culminou com a edição, em 1978, de decreto de desapropriação da área para fins sociais, assinado pelo Governador Chagas Freitas, que afastou de vez o perigo da remoção. Em 1980, o Papa João Paulo II visitou e abençoou a comunidade.

Nota: A denominação; delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985 e pela Lei Nº 1995/93, que delimita a RA e Bairro da Rocinha.

Morro Dois Irmãos[editar | editar código-fonte]

Morro Dois Irmãos é uma formação rochosa no bairro do Vidigal, no Rio de Janeiro. Seu topo, com 533 metros de altitude acima do nível do mar, é mais alto que o Pão de Açúcar (395 m) porém inferior ao Corcovado (704 m).  Para subir, há uma trilha de 1,5 km de extensão. Também no parque se encontram uma escultura assinada por Oscar Niemeyer e um memorial dedicado pela Air France em homenagem às vítimas do voo AF-447.

O morro atrai turistas que desejam seguir pela trilha que leva ao seu topo. Do alto é possível ver toda a extensão das praias do Leblon, Ipanema e Copacabana, a Lagoa Rodrigo de Freitas, a Gávea, o Cristo Redentor, a comunidade da Rocinha e o bairro de São Conrado. O acesso à trilha se situa próximo ao Campo do Vidigal e do Anfiteatro Vila Olímpica, e o trajeto até o topo dura em torno de 50 minutos.

Em seu entorno foi criado, em 1992, o Parque Natural Municipal do Penhasco Dois Irmãos, que ocupa uma área de 39,55 hectares. As terras vizinhas, que haviam sido utilizadas nos séculos XV e XVI como pastos e lavouras, e em seguida transformadas em canaviais até o século XIX, foram loteadas para ocupação urbana na década de 1930. As casas e edifícios construídos na região deram origem ao que ficou conhecido como Alto Leblon. Desde 2011 o parque é autossuficiente energeticamente, graças à instalação de painéis de energia solar.

Visão da Trilha do Morro Dois Irmãos.jpg

Vegetação[editar | editar código-fonte]

A vegetação do parque inclui espécies ameaçadas de extinção, entre elas as orquídeas "orquídea das pedreiras", o "antúrio das pedras" e a "velózia branca", assim como diversos tipos de bromélias. A área é habitada por micos-estrela (Callithrix penicillata), esquilos (Sciurus vulgaris), gambás (Mephitidae), morcegos (Microchiroptera), além de aves como a coruja orelhuda (Asio clamator), o gavião carijó (Buteo magnirostris), o pica-pau do campo (Colaptes campestris) e a Morpho peleides.

Cultura Popular[editar | editar código-fonte]

O pico foi citado por Chico Buarque na canção Morro Dois Irmãos ("Dois Irmãos, quando vai alta a madrugada/E a teus pés vão-se encostar os instrumentos")e também por Antônio Cícero, na letra de Virgem, de Marina Lima ("As luzes brilham no Vidigal/E não precisam de você/Os Dois Irmãos também não precisam").

Trilha[editar | editar código-fonte]

A trilha do Morro Dois Irmãos é uma das que possuem melhor relação entre esforço físico e beleza. Não é muito exigente e compensa com visuais incríveis e ainda pouco conhecidos da Zona Sul carioca. Ao chegar ao topo você consegue ver o Rio de Janeiro em 360º, com vista para Rocinha, Pedra da Gávea, Pedra Bonita, São Conrado, Lagoa Rodrigo de Freitas e outros atrativos da Zona Sul. Ali você entende o porquê de falarem que a Lagoa Rodrigo de Freitas ter formato de coração, fica muito claro isso. Aproveite para descansar, tirar muitas fotos, fazer um lanche e repor suas energias para a descida. Para um melhor aproveitamento do dia e para guardar energias para a trilha, é possível ir mototaxi da Av. Niemayer até a base da trilha que sobe até o topo do Morro do Vidigal. Os mototaxistas oferecem capacete para uso no trajeto.

Transportes[editar | editar código-fonte]

Desde o dia 9 de outubro de 2017, existe uma integração tarifária entre vans legalizadas e o Metrô do Rio de Janeiro, originalmente no valor de R$ 5,00, possibilitando que moradores do Vidigal e da Rocinha paguem um preço mais baixo para utilizar os dois modais de transporte. A integração é feita nas estações Jardim de Alah e São Conrado, enquanto que pelo menos 66 vans, identificadas com uma faixa amarela na lateral, estão autorizadas a fazer a integração com o metrô. O benefício é concedido ao passageiro que possui um cartão RioCard, devendo a integração ser realizada em um intervalo máximo de duas horas e meia.

Segurança[editar | editar código-fonte]

Por muitas décadas, junto de outras favelas, Vidigal foi considerado um dos locais de maior perigo no Rio, devido a guerra às drogas. Em 18 de Janeiro de 2012 a comunidade passou a ser atendida pela 19° UPP. 

Vidigal - Noite.jpeg

Referências Bibliográficas[editar | editar código-fonte]

  1. Wikipédia - Vidigal
  2. Wikipédia - Morro Dois Irmãos
  3. Sabren - Vidigal
  4. Data Rio - Bairros Cariocas