180 NELES!

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Depois do #LARDEMORADORARESPEITE, a OCA-VIRADOURO, se deparou com multiplas opressões simultanes no contexto de favela, melhor dizendo, no COMPLEXO DO VIRADOURO-NITERÓI. Uma dessas opressões, foram os casos de violência doméstica que estavam gritantes. E a gente ainda estava enfrentando a violência do estado na nossa comunidade. Eu poderia dizer vários motivos para a lente do nosso olhar ter aumentado para essa temática, mas tem uma super forte, duas da nossas integrantes estavam sendo espancadas, não deu outra. Demos o papo, Briga de marido e mulher se mete a collher. Primeiro fomos ao enfrentamento cara a cara com o agressor, depois fizemos um evento com a secretaria da mulher de Niterói, o que foi angustiante, pois descobrimos politicas públicas para mulheres em situação de violência doméstica, entretanto, não atingiam NÓS, MULHERES FAVELADAS, pois, para ter acesso, precisava formalizar a agressão, como você chama a policia na Favela? Daí começou nossa batalha, fizemos um grafiti grandão na entrada da Favela, Bater Em Mulher Dá Cadeia!, em seguida como também sou da arte, criamos a performance 180 NELES! Onde nossa primeira apresentação foi no pico do morro para nossas mulheres, e assim, tivemos a empatia da comunidade para esse tema. A gente ainda esta bem formiguinha com esse tema, com nossa performance, e estamos pensando em um evento grande para discutir violência doméstica no contexto de favela. Nossas integrantes se separam e não sofrem hoje, embora as sequelas fiquem, porém, os casos ainda são gritantes no Complexo e nossa luta continua. Esse tema é nevrálgico nesse momento para mim e para a OCA. Com Nossa performance, estamos conseguindo abordar esse tema na nossa comunidade e em outras favelas,e ainda buscando estratégias de enfrentamento.


A OCA-VIRADOURO, é um movimento de base criado por mulheres negras do complexo do Viradouro, que realiza ações de combate a fome como entregas de cestas básicas, ações de combate ao extermínio da população negra como organizado atos, criando abaixo assinado, fazendo rodas de conversas sobre racismo e direitos humanos, ações de enfretamento a violência doméstica no contexto de favela, apresentado uma performance autoral, realizado encaminhamento de mulheres para psicólogo em parceria com a codim, rodas de conversas e participando de audiências públicas, fazemos também contação de histórias para crianças, promovemos aulas de reforço escolar e formação de cidadania para os jovens do complexo do Viradouro.