A cor púrpura - Djonga (música)

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Em "A Cor Púrpura" e "Em Quase Tudo", o artista reflete sobre a masculinidade a partir das relações com seu pai e seu filho, tentando desmontar padrões de comportamento nocivos.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco a partir da canção desenvolvida pelo Djonga.
A cor púrpura

Sobre o artista[editar | editar código-fonte]

Gustavo Pereira Marques (Belo Horizonte, 4 de junho de 1994), mais conhecido pelo nome artístico Djonga, é um rapper, escritor e compositor brasileiro. Considerado um dos nomes mais influentes do rap na atualidade, o artista chama a atenção por sua lírica afiada, marginalizada e agressiva e por suas fortes críticas sociais nas letras.

Nascido na Favela do Índio, em Belo Horizonte, Djonga foi criado nas ruas dos bairros São Lucas e Santa Efigênia, na Região Leste da capital mineira. É filho de Ronaldo Marques e Rosângela Pereira Marques. Sua avó Maria Eni Viana é tida como uma grande referência em sua vida.

Com grande influência da família, Djonga tomou gosto por música desde cedo, tendo crescido ouvindo diversos estilos musicais e artistas — de Milton Nascimento aos Racionais MCs, de Cartola à Mariah Carey. Com o tempo, foi tomando suas predileções musicais — principalmente por funk e rap — e se inspirando na obra de Cazuza, Janis Joplin, Elis Regina, Elza Soares, Jimi Hendrix, MC Smith e, sobretudo, Mano Brown.

Chegou a cursar história na Universidade Federal de Ouro Preto até o sétimo período, ficando próximo de se formar. No entanto, começou a fazer sucesso como rapper e decidiu seguir a carreira, abandonando a faculdade.

Vídeo[editar | editar código-fonte]

Letra[editar | editar código-fonte]

Querido Deus

Uma pessoa me tocou sem eu querer

E ainda me convenceu que eu gostava

Molhou com seu suor minha pele infantil

E secou minhas lágrimas sempre que eu chorava

É, numa tarde chuvosa tudo começou

Ó, um sorriso amarelo sempre que acabava

E temente ao Senhor, gente que sempre louva

Igual quem roubou o Luva, mano, sem palavras

Ei, querido Deus

Uma pessoa me tocou sem eu querer

Usava farda e foi um tapa na cara

É, 15 anos depois e ainda não sei porquê

Tava eu e mó bondão, tinha uma mão pra cada

Pra mim foi tipo: Acorda, isso aqui num é sua casa

Foi tipo: Entende, neguin, nem sua casa é sua casa

Foi tipo: Entende bem, ó, você pra nós é coisa

Vai tá sempre no erro e não importa a causa

É, querido Deus

Um homem matou outro homem por coisas que mamãe diz que são coisas de homem

Esse foi o primeiro contato verdadeiro

Que eu tive com o que me parece que é ser um homem

Um garoto me tocou e era um chute, um soco

Disse: Meu pai que me ensinou, achei aquilo um saco

Até tentei resolver de um jeito um pouco fofo

Quando pude perceber, tinha me adaptado

E foi assim que eu me vi

Tu é igual nós

Dói igual em todo mundo, mano

E foi assim que eu me vi

Tu é igual nós

Dói igual em todo mundo, mano

E querido Deus

Hoje eu sou o bala, o rumo dos flash

O dono da bola, no meu bolso, cash

No meu pulso, um Aqua, Lange meia Lua

No pé, o 12 mola, joga aqui, que é olé

As paty dando: Olá, balão com Marlboro é

O que traz a braba

Pra elas, o preto, pra eles, o cara

Não curei minhas ferida, eu só escondi as marca

Hoje nós não pipoca e resolve no pipoco

Num gosta de fofoca, num olha mulher dos outro

Tipo nem cumprimenta, mas se fica bem louco

É uma olhada nojenta, piada de mau gosto

No meio de tanta puta, eu escolhi a dedo

Aquela que mais me olhava com olhar de medo

Manos que não questionem a minha hierarquia

Prefiram morrer que correr e saibam guardar segredo

É, querido Deus

Aqui em casa, somos três agora

Nós somos quatro agora

E um de nós me disse que alguém o tocou

Foi uma mordida, ele tava na escola

É, foi gente querida, foi tipo gente nossa

Foi gente igual ele, tipo, foi gente nova

Mas pega esse moleque e faz seu nome, neguin

Filho meu não vai ficar de piada na roda

Ele mexe a cabeça em sinal de negativo

O silêncio fala, o mundo chama pra fora

Nasci de novo, será o fim de um ciclo?

Querido Deus

Acho que alguém me tocou agora

E foi assim que eu me vi

Tu é igual nós

Dói igual em todo mundo, mano

E foi assim que eu me vi

Tu é igual nós

Dói igual em todo mundo, mano

Ficha Técnica[editar | editar código-fonte]

Voz: Djonga e Sarah Guedes

Produção: Rapaz do Dread

Mix/Master: Arthur Luna Beccaris

Produção Executiva: A Quadrilha

Direção Criativa: Djonga e Alvaro Benevente (Alvinho) Lyric

Vídeo: Alvaro Benevente (Alvinho)

Capa: Foto: Marconi Henrique (@coniiin)

Assistente de Fotografia: Hugo Blender (@estadodamente) e Leonardo Mota (@psicopapa)

Modelos: Gabriela Martins (@grl.gaby) e Rayane Caldeira (@raycaldeira)

Produção: Gabriel Pacheco e Paulo Correa

Assitente de Produção: Maria Luiza Tamietti (@malutamietti), Luiza Alves (@luavs_) e Leonardo Roberto (@leogordo244)

Figurino : Eduardo Dhug(@dhug2_zl)

Assistente de figurino: Amanda agomide (@mandssmands), Sophia Zorzi (@zorzisophia) e Gisele Reis (@giselereisx)

Cabelo: Gisele Reis (@giselereisx) Maquiagem: Gisele Reis (@giselereisx)

Veja mais[editar | editar código-fonte]

Racionais

Favela Five

Favela é Resistência em sua essência

Wikipédia