Antes fosse brincadeira (documentário)
A série de mini-documentários "Antes Fosse Brincadeira" aborda a falta de infraestrutura nas periferias como uma violação dos direitos humanos, com foco no bairro Ibura, em Recife (PE). Os episódios apresentam perspectivas de mães, organizações comunitárias e crianças sobre a falta de acesso ao lazer e cultura nas comunidades periféricas.
Autoria: Junior Silva[1].
Sobre[editar | editar código-fonte]
A série será exibida em três capítulos, com objetivo de mostrar como a falta de infraestrutura nas periferias, pode se caracterizar como uma violação dos direitos humanos. A produção teve o apoio da Énois Laboratório de Jornalismo, por meio do projeto Jornalismo e Território.
“A motivação para essa produção surgi a partir da minha inquietação em ver as crianças subindo e descendo escadas pra gastar energia e como já trabalhei com a primeira infância uma coisa que é perceptível é que as crianças aprendem brincando. Se o acesso ao direito de brincar ou lazer é negado, todo processo de desenvolvimento do ser e do adulto que será um dia, vai ser prejudicado pela negação de serviço de atendimento básico”, Junior Silva.
A série “Antes Fosse Brincadeira” apresenta em seus três episódios narrativas de pontos de vista diferentes para buscar entender a falta de assistência que as favelas e periferias sofrem frente ao que de fato deveria ser investido com o dinheiro público e as políticas públicas adequadas ao território. Os episódios da série se passam no Ibura, bairro da zona sul do Recife, no território de Três Carneiros.
O local tem uma geografia com diversos morros, escadarias, muitas residências, grande população, na sua maioria criança e adolescente, e que têm apenas um único espaço de lazer, ainda que improvisado pelos próprios moradores. Realidade que Junior vivencia diariamente há anos. E por esse motivo a escolha do bairro, com o compromisso de mostrar para os moradores o resultado do trabalho através de algumas exibições, quando for possível reunir um grupo considerável de pessoas.
Depois de uma formação sobre politicas públicas e territórios, com abordagens sobre primeira infância, pandemia e eleições 2020, realizada pela Organização Não-Governamental Énois Laboratório de Jornalismo, foi sugerida para os participantes que produzissem uma matéria relacionada a primeira infância: Primeira infância, pandemia, eleições 2020 e violação de direitos humanos. Essa formação durou um mês, totalizando 10 encontros.
Junior Silva, utilizou sua percepção da rua e do local onde mora, entre a movimentação das pessoas e o trafego de veículos, situação que em outras ruas não acontecem pelo fato de ser escadarias, onde inclusive pessoas precisam ser carregadas para conseguir chegar até uma ambulância. Esse problema social atinge todas as faixas etárias.
Junior também é ex-estudante do curso da Rede de Agentes Comunitários de Comunicação- RACC, realizado pela Agência de Notícias das Favelas- ANF, em Recife. Ele também é colaborador da agência com produções jornalísticas para o Portal da ANF.
Entre o planejamento, pesquisa de campo, roteiro, entrevista com personagens, gravações, seleção de material, edição e finalização foram mais três meses de produção para construir a série de mini-documentários intitulada “Antes Fosse Brincadeira”, que será contada em três episódios. Durante quatro meses essa rotina possibilitou para o autor ampliar sua percepção sobre o lugar onde vive.
Resultado[editar | editar código-fonte]
“Eu pretendo atrair atenção para a realidade de muitas famílias invisibilizadas, que são cidadãos e cidadãs que pagam seus impostos, trabalham bastante, a realidade de muitas mães chefes de família, que precisam trabalham e não têm acesso a creche pra deixar seus filhos, e quando tem não um serviço de qualidade”, Junior Silva.
Em meio à uma pandemia sem previsão de ter fim e a chegada das eleições municipais, surgem novas promessas, seguidas de novos candidatos que sobem o morro apenas em período eleitoral.
“Antes Fosse Brincadeira” é uma série de mini-docs que busca abordar esta temática trazendo narrativas de três pontos de vista distintos que rodeiam esta trama: as mães, as instituições e as próprias crianças. O intuito é entender os motivos desse contraste e os desafios para se produzir lazer onde o acesso é negado.
Episódios[editar | editar código-fonte]
A luta das mães[editar | editar código-fonte]
No primeiro episódio “A Luta das Mães”, as mães, que em sua maioria são chefes da família, são as vozes que falam como se superam para oferecer oportunidades de lazer e cultura às crianças, frente ao descaso do poder público com os territórios periféricos, sabendo que o lazer é um direito garantido na Constituição Federal, que deveria ser facilmente acessível a toda criança do território brasileiro, independente de classe social, raça, cor, cultura, mas que na prática a teoria é outra.
De quem é a culpa?[editar | editar código-fonte]
O segundo episódio “De quem é a culpa?” aborda o ponto de vista das organizações comunitárias e outras instituições que lidam com o direito à cidade, planejamento urbanístico e primeira infância. A Prefeitura da Cidade do Recife foi contactada há mais de um mês da data de publicação desta matéria, mas não quis dialogar as políticas públicas e a situação atual de muitos territórios. A Associação de Moradores de Três Carneiros e a ONG Etapas trouxeram pontos de vista a partir de seus respectivos espaços de atuação.
Resistência vem de berço[editar | editar código-fonte]
O terceiro episódio, chamado “Resistência Vem de Berço”, traz a voz das crianças, apresentando as opções de lazer que existem (ou não) no território, e o que eles fazem para adaptar o brincar à sua realidade.
As favelas e periferias demandam uma atenção especial no que diz respeito à primeira infância, devido à forte desigualdade que se mantém ao longo da história de formação dos centros urbanos. Até mesmo condições básicas de infraestrutura e mobilidade são negadas à população periférica, e a negligência do poder público se estende para o direito à vida e o direito ao lazer, essenciais para o desenvolvimento de uma infância saudável e, consequentemente, uma vida saudável.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ Publicado originalmente na Agência de Notícias das Favelas.