As cinzas de Carolina já estão em Colômbia, mas queremos justiça!

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Velatón realizado na praia do Arpoador no Rio de Janeiro no dia 28 de fevereiro de 2025. O velatón é um ato público em memória de uma pessoa assassinada de acordo aos ritos da Colômbia moderna atravessada por el conflito armado e aumento significativo dos feminicídios. Agora tocou velatón no Rio.
Cartaz feito para O Velatón.

No dia 16 de fevereiro de 2025 assassinaram a Carolina Sánchez López, migrante colombiana, artista circense. Seu crime não pode ficar impune. Logo depois da atuação dos coletivos de migrantes, e da participação ativa de colombianas residentes em comunidades e bairros do Rio, se logrou em tempo recorde que seja cremada e que seus restos viagem com sua irmã que veio especialmente para constatar a triste notícia.

Reproduzimos o comunicado da família e dos coletivos realizado em português para não permitir que o feminicídio fique impune.


Família de Carolina Sánchez López

Natalia González (migrante colombiana, amiga da vítima)

Comunidade Colombiana no Rio de Janeiro

Coletiva Mulheres em Migração pela Paz

Coletiva Territórios Fluidos

Coletivo Magdas Migram

Rio de Janeiro 28 de fevereiro de 2025

COMUNICADO PARA INSTITUIÇÕES, ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL, COLETIVOS, MÉDIOS E CANAIS NAS REDES SOCIAIS E PESSOAS DAS COLETIVIDADES SOLIDÁRIAS AO CASO DO FEMINICÍDIO DA CAROLINA SÁNCHEZ LÓPEZ MIGRANTE-VIAJERA COLOMBIANA

Nós, familiares e amigos de Carolina Sánchez López, juntamente com artistas do circo e organizações que atuam na defesa dos direitos das pessoas migrantes com perspectiva de gênero no estado do Rio de Janeiro, viemos por meio deste a compartilhar a importância política do caso de feminicídio da imigrante colombiana Carolina Sánchez López, ocorrido em 16/02/2025, com o objetivo de que este horrendo caso seja amplamente visualizado para:

1. Fazer justiça por Carolina, garantindo a devida responsabilização ao feminicida pelo crime. Que possa ser aplicada a maior pena.

2. Expor a vulnerabilidade extrema enfrentada por mulheres e pessoas LGBTQIAP+ migrantes, viajantes.

3. Necessidade aprimorar a compreensão do crime de feminicídio no contexto da mobilidade humana.

4. Exigir políticas públicas diferenciadas para que mulheres e pessoas LGBTQIAP+ migrantes, viageiras tenham acesso à justiça e proteção contra a violência de gênero.

5. Destacar a necessidade de contar com políticas de moradia digna temporária para pessoas migrantes na cidade do Rio de Janeiro.

Carolina era uma mulher migrante e viajante, que chegou ao Brasil entre 2020 e 2021, passando por diversas cidades da América latina. Em fevereiro de 2025, retornou ao Rio de Janeiro. No dia 14 de fevereiro, aceitou abrigo na casa do SERGIO LUIZ DE CARVALHO apelidado de ”BOLOTA” nascido no 10/11/1967, morador de Manguinhos, zona norte do Rio que trabalha na praia vendendo doces, cigarros, etc. Carolina conheceu o Bolota na praia do Arpoador dias antes. Carolina comentou com suas amizades que ele em várias ocasiões ele tinha oferecido sua casa, mas ela não prestava muita atenção, até que no dia 14 de fevereiro ela finalmente foi para a casa dele, porque tinha sido roubada nas noites anteriores.

No dia 16 de fevereiro “Bolota” realizou o feminicídio de Carolina na sua casa. Só dois dias depois do crime, as amizades da Carolina ficaram sabendo do feminicídio, via uma nota jornalística num portal de notícias na internet. Assim foram a procurar informações na delegacia, onde confirmaram que havia um corpo não registrado que havia sido assassinado por estrangulamento no domingo, dia 16, entre as 5:30 e 6:00 da manhã naquela área. Se confirmou após o reconhecimento de das digitais, que é Carolina. Familiar da Carolina está no Rio de Janeiro em companhia de amizades e representantes dos coletivos e da comunidade de colombianos no estado do Rio de Janeiro.

A família e amizades, juntamente com organizações que atuam na defesa dos direitos das pessoas migrantes com perspectiva de gênero no estado do Rio de Janeiro, fizeram um encaminhamento interinstitucional para:

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Governo do Estado de Rio de Janeiro.

Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) – Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) e Núcleo Especializado de Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM).

Consulado da Colômbia em São Paulo, Brasil.

Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) – Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania.

Comitê Intersetorial Municipal de Políticas de Atenção a Refugiados, Migrantes e Apátridas (COMPARM).

Instituto de Medicina Legal (IML).

Neste momento, o caso está correndo com celeridade e prioridade nas diversas instâncias burocráticas das instituições brasileiras, para garantir a repartição das cinzas ao retorno de seus familiares na Colômbia nas próximas semanas.

O caso de Carolina não pode ser inviabilizado. Consideramos que a pena de 12 a 20 anos de prisão é um absurdo para um delito tão horrendo como o feminicídio. Exigimos justiça e políticas públicas que protejam a vida de mulheres e pessoas LGBTQIAP+ migrantes, viajantes.

Justiça por Carolina Sánchez López!

CAROLINA PRESENTE!

NEM UMA A MENOS, JUNTAS E VIVAS NÓS QUEREMOS