Baixadas em Belém do Pará

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Em Belém do Pará, é comum que os territórios de favelas sejam chamados de Baixadas. No presente verbete, apresentam-se as 10 maiores baixadas da cidade, a partir dos dados do Censo do IBGE de 2010.

Autoria:  Luiz Henrique Almeida Gusmão[1], originalmente publicado no Blog Geografia e Cartografia Digital. 

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As 10 maiores baixadas de Belém/PA[editar | editar código-fonte]

As favelas, denominadas em Belém de baixadas e reconhecidas pelo IBGE como aglomerados subnormais, são entendidas como um conjunto de unidades habitacionais carentes em sua maioria dos serviços públicos essenciais como abastecimento de água por rede geral de distribuição, coleta de lixo domiciliar, rede de coleta de esgoto (IBGE, 2010).

Além disso, é comum a precarização no fornecimento de energia elétrica, ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando dispostas, em geral de forma desordenada e densa (IBGE, 2010).

Segundo o IBGE (2010), nos aglomerados subnormais predomina uma urbanização fora do padrão vigente, refletido em ruas estreitas e de alinhamento irregular, com lotes e formas desiguais e construções não regularizados por órgãos públicos.

Em Belém, esses aglomerados subnormais ou "baixadas" ocupam uma área significativa da cidade e cerca de 52,4% da população vive nessa condição (IBGE, 2010).

Segundo o mapa, as baixadas mais populosas de Belém se concentram na região sul da cidade, muito próximo do centro. Estão localizadas ao longo do Rio Guamá e da avenida Bernardo Sayão, iniciando no Jurunas e passando por vários bairros como Condor, Cremação, Guamá e Terra Firme.

As dez baixadas mais populosas - 2010

A característica predominante é a presença de moradias humildes, normalmente feitas com materiais frágeis e de fácil deterioração pela ação da chuva e do Sol. Estão localizadas as margens dos igarapés ou córregos que servem como despejo de resíduos domésticos (carência de saneamento básico).

São lugares com ruas estreitas, carentes dos serviços de saneamento básico como coleta de lixo e água encanada, onde vive uma população predominante com baixo poder aquisitivo, marginalizada das grandes benfeitorias da Prefeitura.

No sul de Belém há 6 grandes áreas de baixada, destacando-se a Estrada Nova-Jurunas como a maior e mais populosa com 53.000 habitantes, seguida pela do Condor com cerca 38.000 habitantes e o Tucunduba-Terra Firme com 35.000 pessoas.

Na porção oeste da cidade, duas grandes baixadas se destacam: Una-Telégrafo e Una-Barreiro, que cobrem parte significativa do bairro do Telégrafo e a totalidade do bairro do Barreiro, margeando o Canal do Galo e do São Joaquim.

Na zona norte, destacam-se a baixada do Sideral no bairro do Parque Verde, próxima a Av. Augusto Montenegro, e a baixada da Cabanagem no bairro de mesmo nome. Em Belém, a maioria das baixadas/favelas estão em um terreno plano altamente susceptível aos alagamentos, principalmente no período do "Inverno Amazônico".

10° - Baixada da Cremação[editar | editar código-fonte]

A 10ª maior baixada de Belém fica no bairro da Cremação, onde residem 17.248 pessoas (IBGE, 2010).

Favela da Cremação

9° Baixada da Cabanagem II[editar | editar código-fonte]

A 9ª baixada mais populosa de Belém fica no bairro da Canabanagem, onde residem 19.069 pessoas (IBGE, 2010). Nesse mesmo bairro também há outra baixada, denominada pelo IBGE como Cabanagem I.

Cabanagem II

8° Baixada da Bacia do Tucunduba-Guamá[editar | editar código-fonte]

A 8ª baixada mais populosa fica na bacia do Tucunduba e compreende os bairros do Guamá e da Terra Firme, onde moram 21.656 pessoas (IBGE, 2010).

Favela do Tucunduba-Guamá

7° Baixada do Una-Barreiro[editar | editar código-fonte]

A 7ª maior baixada de Belém compreende a bacia do Una e abrange os bairros do Telégrafo e todo o Barreiro. Lá, vivem 26.003 pessoas (IBGE, 2010).

Favela do Una-Barreiro

6° Baixada do Guamá[editar | editar código-fonte]

A 6ª mais populosa baixada de Belém fica no bairro do Guamá, ao longo da Avenida Bernardo Sayão, onde residem 29.069 pessoas (IBGE, 2010).

Favela do Guamá

5° Baixada do Una-Telégrafo[editar | editar código-fonte]

A 5ª maior baixada de Belém cobre o bairro do Telégrafo e se estende ao longo do Canal do Galo e da Av. Arthur Bernardes, onde residem 30.094 pessoas (IBGE, 2010).

Favela do Una-Telégrafo

4° Baixada do Tucunduba-Terra Firme[editar | editar código-fonte]

A 4ª maior baixada de Belém fica na bacia do Tucunduba e abrange o bairro da Terra Firme, onde vivem 35.111 pessoas (IBGE, 2010).

Favela do Tucunduba-Terra Firme

3° Baixadas da Condor[editar | editar código-fonte]

A 3ª mais populosa  abrange o bairro do Condor, local de moradia de 38.873 pessoas (IBGE, 2010).

Favela da Condor

2° Baixada Assentamento Sideral[editar | editar código-fonte]

A 2ª mais populosa baixada da cidade cobre parte do bairro do Parque Verde, onde vivem 39.706 pessoas (IBGE, 2010).

Favela do Sideral

1° Baixadas da Estrada Nova-Jurunas[editar | editar código-fonte]

A mais populosa baixada de Belém e a 5° maior do Brasil (IBGE, 2010) abrange grande parte do bairro do Jurunas, muito próximo ao Portal da Amazônia. Se estende ao longo da Av. Bernardo Sayão, no início das ruas: Mundurucus, Pariquis e Timbiras. Na maior baixada de Belém vivem 53.129 pessoas (IBGE, 2010).

Favela da Estrada Nova-Jurunas

Considerações finais[editar | editar código-fonte]

As baixadas mais populosas de Belém localizam-se no sul de Belém. São áreas desvalorizadas da cidade, mas de grande interesse imobiliário, por estarem situadas a poucos quilômetros do centro da cidade. Esses lugares surgiram em sua grande maioria nas décadas de 70 e 80, principalmente após a chegada e apropriação do espaço por pessoas oriundas do interior do estado do Pará e de outros estados brasileiros, assim como por famílias empobrecidas que já moravam na cidade.

Esses lugares sofrem por inundações periódicas pela combinação de terreno baixo (cota de 6 m acima do nível do mar), má administração pública ao longo de décadas, poucos programas de sensibilização ambiental por parte da Prefeitura e acúmulo de lixo regular. As grandes baixadas se configuram como territórios de resistência, formadas por pessoas trabalhadoras, em grande parte formada por autônomos, ambulantes e profissionais de baixa qualificação profissional.

Referências[editar | editar código-fonte]

IBGE. Aglomerados Subnormais, 2010. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000006923512112011355415675088.pdf.

IBGE. Aglomerados Subnormais - Informações Territoriais, 2010. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000015164811202013480105748802.pdf

IBGE. Censo Demográfico - Aglomerados Subnormais, 2010. Disponível em http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/552/cd_2010_agsn_if.pdf

  1. Geógrafo e Lic. em Geografia (UFPA) Mapas em Geral, Treinamentos, Banco de dados, SHPs e Kmls Contato: [55] (91) 98306-5306 (WhatsApp) Emails: henrique.ufpa@hotmail.com gusmao.geotecnologias@gmail.com