Biografias e Trajetórias Negras do Samba Carioca
A 21ª edição da Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro apresenta a primeira parte do dossiê "Biografias e Trajetórias Negras do Samba Carioca", organizado pelo historiador e antropólogo Vinícius Natal. O dossiê explora as trajetórias de diversas personalidades negras que contribuíram para a história do samba e, consequentemente, para a cultura carioca e brasileira. Os textos propõem uma reflexão sobre como essas biografias estão inseridas em contextos sociais e políticos, evidenciando suas lutas e resistências.
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco[1].
Sobre[editar | editar código-fonte]
A edição reforça a linha editorial da Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que se dedica a temas históricos relacionados à cidade do Rio de Janeiro e à identidade nacional. Conforme destacado pela editora Gabrielle Moreira, o dossiê está alinhado a uma corrente de pensamento que compreende as biografias como vetores de processos políticos e ideológicos. A partir da análise das trajetórias de sambistas negros, o dossiê evidencia como essas histórias individuais configuram estratégias de resistência e lutas antirracistas.
Além do dossiê, a revista traz dois artigos na seção de temas livres. O primeiro, assinado por Laura Junqueira de Mello Reis, analisa as mudanças na recepção de imigrantes francesas no Brasil no início do século XIX. O segundo, de Felipe Martins dos Santos, discute as estratégias familiares que impulsionaram as trajetórias de Pereira Passos e Paulo de Frontin, dois engenheiros que se tornaram prefeitos do Rio de Janeiro na Primeira República.
Resumos dos artigos do dossiê[editar | editar código-fonte]
O Papa Negro da umbanda e general da banda no samba: Tancredo da Silva Pinto (Tata Ti Inkice) no Brasil do pós-abolição (Diego Uchoa de Amorim)[editar | editar código-fonte]
O artigo investiga a trajetória de Tancredo da Silva Pinto, figura fundamental tanto na umbanda quanto no samba. Sua história reflete a interseção entre religiosidade afro-brasileira e cultura popular no contexto pós-abolição.
Bailados poéticos e vozes ficcionais no sambar de Joãozinho da Goméia, o “Rei do Candomblé”, e Mercedes Baptista, a “Mãe do Balé Afro” (Gabriel Haddad Gomes Porto, Leonardo Augusto Bora)[editar | editar código-fonte]
O texto explora as trajetórias de Joãozinho da Goméia e Mercedes Baptista, destacando a relação entre o candomblé, o samba e a dança afro-brasileira na construção de suas identidades artísticas e políticas.
Clementina de Jesus, Aparecida Martins e a tradição de mulheres negras sambistas (Nayara Cristina dos Santos)[editar | editar código-fonte]
A autora analisa como Clementina de Jesus e Aparecida Martins contribuíram para o samba, reafirmando a importância das mulheres negras na preservação e inovação do gênero.
“Minha verdade”: o feminismo negro de Dona Ivone Lara (Felipe Trotta)[editar | editar código-fonte]
O artigo discute como a obra e a trajetória de Dona Ivone Lara dialogam com o feminismo negro, destacando sua influência no espaço do samba e na luta por reconhecimento.
Mano Eloy: sambista pioneiro com S maiúsculo (Alessandra Tavares)[editar | editar código-fonte]
Este estudo resgata a história de Mano Eloy, um dos primeiros sambistas a se destacar no cenário carioca, evidenciando seu papel na consolidação do samba como manifestação cultural de resistência.
A transformação dos desfiles das escolas de samba sob a ótica de Haroldo Costa (Zilmar Luis dos Reis Agostinho)[editar | editar código-fonte]
O autor investiga a contribuição de Haroldo Costa para a evolução dos desfiles das escolas de samba, abordando sua influência estética e política no carnaval carioca.
Entrevista – “Meu herói é o samba”: Tiãozinho da Mocidade, independente com raiz (Karina Smith)[editar | editar código-fonte]
A entrevista com Tiãozinho da Mocidade destaca sua trajetória e visão sobre o papel das escolas de samba na preservação da cultura popular e na formação de novas gerações de sambistas.
Artigos da seção de temas livres[editar | editar código-fonte]
Modistas francesas, de civilizadas a luxuosas exacerbadas: como processos políticos modificaram a forma de perceber as imigrantes (1815 – 1832) (Laura Junqueira de Mello Reis)[editar | editar código-fonte]
O artigo analisa como as modistas francesas, inicialmente bem recebidas, passaram a ser vistas como figuras indesejáveis no Brasil pós-independência, refletindo mudanças políticas e sociais.
As estratégias familiares de Pereira Passos e Paulo de Frontin, dois engenheiros que se fizeram prefeitos do Rio de Janeiro na Primeira República (Felipe Martins dos Santos)[editar | editar código-fonte]
A pesquisa explora como as conexões familiares foram determinantes para o sucesso político e profissional de Pereira Passos e Paulo de Frontin, figuras centrais na urbanização do Rio de Janeiro.
A edição completa da Revista pode ser acessada pelo link: Revista Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.
Ver também[editar | editar código-fonte]
O Carnaval de 1935 - Oficialização e legitimação do samba (artigo)
Carnaval Popular da Estrada Intendente Magalhães
O Carnaval de 1935 - Oficialização e legitimação do samba