Chacina em Manguinhos

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

No dia 12 de julho de 2022, ocorreu uma operação policial realizada pela CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais), grupo da Polícia Civil, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, resultando na morte de seis pessoas e na prisão de duas. Moradores relataram corpos espalhados pela área e corpos jogados em caçambas de caminhonetes da CORE. A operação também interrompeu o funcionamento da SuperVia e deixou seis feridos que não sobreviveram. A sociedade civil denunciou o ocorrido nas redes sociais, destacando a violência policial e as vítimas, e políticos expressaram solidariedade às famílias afetadas.

Autoria: Kharine Gil e João Pedro Mina.
Este trabalho é uma parceria entre os grupos GENI e CASA com o Dicionário de Favelas Marielle Franco.

A chacina[editar | editar código-fonte]

O confronto ocorreu a partir de uma operação realizada pela CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais), grupo da Polícia Civil, na terça-feira (12/07/2022), em Manguinhos, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Até o momento, este episódio teve como resultado a morte de seis (6) pessoas.

Moradores da região relataram que a operação foi iniciada pela manhã, e divulgaram nas redes sociais imagens de corpos espalhados pelo local, como também corpos jogados em caçambas de caminhonetes da CORE. Vale ressaltar que as fontes oficiais da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Governo do Estado do Rio de Janeiro não mencionaram o acontecimento como uma operação policial, indicando apenas que houve um patrulhamento e atuação da polícia no local.

Além das seis mortes, duas pessoas foram presas, e o funcionamento da SuperVia foi interrompido por conta do tiroteio. Além disso, as notícias sobre os seis feridos que estavam na caminhonete informam que todos foram levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos, mas vieram à óbito.

Repercussão na sociedade civil[editar | editar código-fonte]

No Twitter, moradores da região, organizações da sociedade civil e políticos relataram o caso como forma de denúncia.

"Ainda tentando não acreditar que exterminaram o David, único filho da minha amiga. Gagui luta pelas crianças e jovens do Manguinhos há anos atrás através do Estrelas do Mandela, como temos força para continuar assim? A vida pra gente é cruel demais."

A mulher mencionada no tweet, Gagui, é Graciara Silva, moradora de Manguinhos, educadora social e mãe de de um jovem que foi morto nesta chacina. Em entrevista para o jornal comunitário Voz das Comunidades, ela relata que o estado de violência produziu um extermínio em Manguinhos. Gagui também descreve que acordou pelas nove da manhã com uma operação aérea, e expressa como a criminalização da pobreza deixa os moradores de favelas vulneráveis sobre qualquer fonte de recurso que se possa lutar, mas se coloca de frente para denunciar o ocorrido. Seu filho possuía 25 anos e deixa três filhas.

Além disso, também foi relatada a situação dos mortos e feridos na operação.

Acabei de ver 4 pessoas negras mortas e ensanguentadas numa picape da polícia. É resultado de uma operação que acontece nesta terça-feira em Manguinhos, Zona Norte do Rio. Cara..."

A deputada estadual Renata Souza também comentou sobre o ocorrido:

"Mais uma chacina policial no Rio promovida por Cláudio Castro, mais famílias pretas sofrendo com essa política de segurança que criminaliza a pobreza. Minha solidariedade às famílias de Manguinhos, em especial a Graciara Silva. Contem com minha mandata, nossa luta não vai parar."

Repercussão na mídia[editar | editar código-fonte]

Tiroteio deixa 6 mortos em Manguinhos, na Zona Norte do Rio

Voz das Comunidades: operação em Manguinhos deixa 6 mortos

Tiroteio deixa seis pessoas mortas em Manguinhos