Cristal (cantora)

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Natural de Porto Alegre (RS), Cristal Rocha é uma jovem cantora rapper de destaque na cena local.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Sobre[editar | editar código-fonte]

Cristal, um dos destaques da cena rap em Porto Alegre (RS).

Com apenas 20 anos, a gaúcha Cristal Rocha é um dos expoentes do rap gaúcho contemporâneo. A cantora sempre teve a arte como inspiração, tendo produzido obras literárias e musicais - o que despertou interesse da comunidade artística local e nacional. A repercussão de seu trabalho possibilitou que a jovem apresentasse sua trajetória e projetos em importantes eventos, além de duetos com nomes consagrados do rap brasileiro.


Carreira[editar | editar código-fonte]

Em 2017, Cristal apresentou seus versos publicamente no sarau negro "Sopapo Poético". Depois disso, participou e se consagrou campeã regional, além de ter sido a primeira gaúcha a representar o estado no Slam BR – Campeonato Nacional de Slam realizado em São Paulo. Em 2018, Cristal lançou seu primeiro livro de poesias autorais com o nome de “Quando O Caso Escurece”, despontando como um talento a ser lapidado.

Já no início de 2019, Cristal foi convidada a palestrar no evento ‘TEDX Laçador 2019‘ com seu projeto ‘’EterniZarte’’ que como o nome já diz visava eternizar sua arte. No mesmo ano, iniciou sua carreira musical no rap quebrando todos os estereótipos, ao lançar seu primeiro single ‘Rude Girl’ em Junho de 2019. A faixa fala sobre autoestima preta, o recorte racial do estado e a relação que isso tem com a cena atual do rap.

Apesar da recepção receptiva de Rude Girl, sua projeção no rap nacional foi obtida com "Ashley Banks" (2019). Inspirada na personagem de Um Maluco no Pedaço, a canção reverte a lógica racista que associa a existência de pessoas pretas a imaginários de pobreza, miséria e subserviência: "Montada em dinheiro igual Ashley / Família rica e preta igual Tio Phill / Imagina o que nós fez com esse money / Mas nunca esquecerei de onde eu vim". Com mais de 327 mil visualizações do clipe no YouTube, a música conseguiu atingir ouvintes de diferentes regiões do país. Com isso, Cristal ganhou o reconhecimento de artistas renomados, como Emicida, Drik Barbosa e Djonga - este último, dos mais importantes nomes do rap brasileiro contemporâneo, passou de ídolo a parceiro de composição. A convite do artista, Cristal participou da faixa Deus Dará, que integra o álbum Histórias da Minha Área.

Trilhando caminhos sobre uma estrada aberta por nomes como Negra Jaque, Zudizilla e o grupo Rafuagi, as conquistas da artista de 19 anos são coletivas — dela, dos que vieram antes e dos que virão depois. Em uma cena dominada pelo Sudeste do país, os anseios da carreira de Cristal vão além de emplacar hits nas paradas musicais: a ambição é mostrar ao Brasil que "tem preto no Sul" e que o Rio Grande também é terra de hip-hop.

EP Quartzo[editar | editar código-fonte]

Composto por sete faixas, o disco incorpora sonoridades "vindas do pátio de casa" — inclusive pela produção assinada por MDN Beatz, primo da artista. Ritmos como a MPB, o reggae e o samba, presentes na musicalidade da família, se unem às batidas mais próximas do rap, como o R&B e o trap, e revelam, rima a rima, uma nova fase de quem, em quatro anos desde os primeiros poemas declamados e apenas dois do primeiro lançamento musical — Rude Girl, de 2019 —, atingiu a maioridade também na arte.

Nas letras, foi a subjetividade que ditou os versos. Com uma trajetória na música marcada pela escrita sempre atenta ao entorno, em Quartzo, Cristal se permitiu falar ao outro muito mais a partir de si: uma jovem mulher negra da periferia da capital gaúcha, artista, que, aos 19 anos, anseia demarcar seu lugar no mundo por meio das palavras, dos ritmos e dos sons.

Vídeos[editar | editar código-fonte]