Doulagem Periférica
A Doulagem Periférica compõe a categoria profissional que se forjou para cuidar no âmbito psicológico, emocional e físico de mulheres e pessoas que gestam durante o ciclo gravídico-puerperal. Contudo, a doulagem periférica parte do pressuposto de escutar a mulher e pessoa que gesta com o ouvido ativo e no empenho de retirá-la do não lugar, segundo o dispositivo racial desenvolvido pela filosofa Sueli Carneiro, além disso da invisibilização e infantilização da qual as mulheres negras são alçadas no sistema único de saúde - SUS - e na saúde complementar. Na doulagem periférica considera-se a escrevivência dessa mulher que traz consigo memórias e/ou esquecimentos da sua trajetória, bem como a experiência no território de moradia com suas ausências e faltas de acesso que não se transcendem para além da saúde. Entre essas faltas de acesso estão a ineficiência dos transportes, falta de saneamento básico, localização geográfica distante das instituições hospitalares, insegurança alimentar e moradia precarizada. Logo a doulagem periférica promove o cuidado em corpos violados secularmente e constrói uma autonomia do (re)conhecimento de seu corpo-território e de conhecimento dos seus direitos e por conseguinte de sua criança. além da possiblidade de ensinar formas de carinho para romper o ciclo de violência insaturada no corpo-território, que se inicia na colonização de território brasileiro e corpas negras e se perpetua até os dias de hoje. Através da violência simbólica, violência psicológica e por fim a violência física, que atravessa o corpo desde a gestação, parto e educação da criança. Educação essa que pode alterar conforme o gênero da criança, conferindo-lhes traços que dificultará vida por toda sua escrevivência, Logo a doulagem periférica está para e com as mulheres negras, indígenas e mulheres trans e homens trans numa tentativa dentro da correlação de poderes e hierarquias que saúde possui um experiência respeitosa e cuidadosa e pelo bem viver das vidas que ali estão.