Fotografia Popular

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Fotografia popular já foi uma expressão associada aos fotógrafos ambulantes que corriam o interior e os subúrbios fazendo retratos ou presentes nas praças, principalmente nas primeiras décadas do século XX, onde eram conhecidos como lambe-lambe, eram pagos para registrar os passeios familiares, momentos especiais ou produzir fotos 3x4 para documentos. No Rio de Janeiro, fotografia popular vem ganhando outros significados nos anos 2000.

Autoria: Coletivo Fotografia, Periferia e Memória | Textos de Luiz Baltar[1] e Dante Gastaldoni[2]
Fotografia de Léo Lima. "Os retratos são fruto da confiança do fotógrafo com o fotografado", diz Léo.

Afinal, o que é fotografia popular?[editar | editar código-fonte]

Por Luiz Baltar[3]

"Como a gente pode falar de favela se a gente não ouve o povo favelado? É grave quando, editorialmente, há a determinação de que sejam esquecidas a beleza, a alegria e a vida da favela. O que a população não conhece não existe. Eu acho fundamental fazer a denúncia, mas é revolucionário buscar a beleza dos espaços segregados". João Roberto Ripper[4]

Fotografia popular já foi uma expressão associada aos fotógrafos ambulantes que corriam o interior e os subúrbios fazendo retratos ou presentes nas praças, principalmente nas primeiras décadas do século XX, onde eram conhecidos como lambe-lambe, eram pagos para registrar os passeios familiares, momentos especiais ou produzir fotos 3x4 para documentos. No Rio de Janeiro fotografia popular ganhou outros significados nos anos 2000.

A Fotografia popular nunca foi um movimento organizado, não tem manifesto formal de criação ou acúmulo de reflexão capaz de estruturar um corpo teórico que identifique e defina práticas comuns, mas é um movimento forte, que vem crescendo em todas as periferias de norte a sul do Brasil. Foi tomando forma como um conjunto de práticas éticas, estéticas e políticas inspiradas no trabalho de fotógrafos humanistas como João Roberto Ripper, entre outros da sua geração. No Rio de Janeiro, foi difundida através das práticas dos alunos que passaram pela Escola de Fotógrafos Populares (EFP) e pela agência Imagens do Povo (IP), dois projetos integrados que foram oferecidos pelo Observatório de Favelas entre 2004 e 2012.

Acredito que por conta da sua origem nas periferias, a fotografia popular traz muito da proposta política do movimento de comunicação comunitária, forte nas favelas de toda América Latina desde os anos 70, e na Maré encontrou campo fértil para se desenvolver, graças ao encontro com a fotografia documental humanista praticada por João Roberto Ripper, ligado desde sempre aos movimentos sociais e às lutas em defesa dos direitos humanos. A trajetória profissional de Ripper e o movimento de comunicação popular, trazem como pontos em comum as críticas sobre a atuação das mídias hegemônicas na representação das favelas e o entendimento do perigo que representa a veiculação de uma “história única”, um conceito apresentado pela escritora nigeriana Chimamanda Adichie que reforça estereótipos e justifica a manutenção das violências cometidas pelo Estado.

A fotografia popular não é feita exclusivamente por moradores de favelas, subúrbios e territórios populares. Em alguns estados quem as produz pode se apresentar como fotógrafo de periferia ou periférico, como forma de marcar um campo dentro da fotografia documental, nesses casos a periferia é entendida como lugar fora de uma centralidade hegemônica.

A ligação que Ripper tem com a Maré é antiga e muito forte. Suas imagens fazem parte do imaginário sobre essa favela. Os registros que fez do cotidiano dos moradores vivendo em palafitas fazem parte da memória desse território, as imagens produzidas por ele estão em exposição permanente no Museu da Maré. Uma das fotos usadas em campanha contra o trabalho infantil está na parede de uma das salas de aula do CEASM - Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré e suas imagens eram usadas nas aulas de geografia do pré vestibular inspirando o interesse de um grupo de meninos que hoje são referências nacionais na fotografia popular, periférica e ativista.

Escola de Fotógrafos Populares[editar | editar código-fonte]

Convidado por Jailson de Souza, um dos fundadores do Observatório de Favelas, para participar com suas fotos do livro Favela - Alegria e Dor na Cidade, Ripper propôs um caminho alternativo: ele daria aulas de fotografia para que a rapaziada da Maré pudesse, ela própria, fazer as fotos a serem publicadas no livro. Com financiamento de Furnas, essa primeira edição da Escola de Fotógrafos Populares durou quatro meses, uma versão muito embrionária e bem diferente do que viria a ser o projeto. Segundo o professor Dante Gastaldoni:

“Nesse momento Ripper foi visionário. Ao criar, simultaneamente com a Escola, a agência Imagens do Povo – e ele já tinha uma farta tradição de trabalho em agências, tendo atuado na F4 e no Imagens da Terra – Ripper permitiu que o fotógrafo formado no curso tivesse condições mínimas de sustentabilidade: ter um banco de imagens para postar suas fotos, uma administração que pudesse vender pauta e fidelizar alguns clientes. A ideia, ainda muito mambembe, tinha esse binômio extremamente inovador de oferecer uma agência-escola. Agência-escola, para mim, foi a palavra-chave. Neste cenário, em que a escola estava se montando e a agência não estava nem sequer formatada, Ripper convidou a mim e a diversas outras pessoas para irmos até a favela e darmos aulas. Ele precisava de um suporte da Academia. O cara tinha excelentes ideias, mas ainda não era um professor. Hoje ele é."

Em 2004, ao se juntar a Ripper e a Ricardo Funari[5] na coordenação, Dante trouxe a experiência acadêmica necessária para organizar as bases da Escola de Fotógrafos Populares (EFP), um projeto cujo lado inovador era ser um curso de fotografia que formava mão de obra para uma agência de fotógrafos independentes, pautados em documentar as periferias, um olhar de dentro para disputar as narrativas sobre as favelas.

Embora existissem outras experiências de fotografia popular no Brasil e no Rio de Janeiro, com exemplos de fotógrafos que construíram carreiras profissional fazendo fotografia social de casamentos e festas nos lugares onde viviam (exemplo de Tião no morro da Providência e Rodrigues Moura no Complexo do Alemão), ainda não existia um projeto de formação integral voltado para uma fotografia popular como o apresentado quando foi criada a EFP. Segundo Dante, Ripper não conhecia nenhuma experiência semelhante quando pensou em dar o no nome de Escola de Fotógrafos Populares ao projeto, a expressão nasceu meio que naturalmente, antes até do conceito ideológico que viria a ter, mas exerceu uma influência determinante na função política e acabou se espalhou por todo o Brasil.

É possível afirmar que ao se nomearem fotógrafos populares, os alunos da EFP assumiam um conjunto de valores herdados da fotografia documental humanista e se propunham a usar a fotografia como uma ferramenta de ativismo político. Mas é preciso dizer que nem todos os alunos formados se intitulam fotógrafos populares, muitos ingressam no curso interessados na formação profissional de qualidade oferecida e visam o mercado de trabalho. É no fazer compartilhado e na troca de experiências com os ex-alunos mais antigos e principalmente inspirados na mística da trajetória profissional de Ripper que as práticas da fotografia popular vão sendo construídas, afirmadas e por fim adotadas como militância.

Dante ressalta a importância da EFP ao lembrar de um depoimento emocionado do veterano Rodrigues Moura, que fez a Escola de Fotógrafos Populares em 2006. Moura disse que antes de passar pela EFP se considerava um simples apertador de botão. A fotografia popular, que antes era um meio de trabalho e sobrevivência, ganhou contorno ideológico com a experiência e as trocas que aconteciam durante a EFP.

A escola foi também um laboratório que permitiu ao professor Dante experimentar novas propostas pedagógicas: “Nunca tivemos um programa idêntico em dois anos seguidos. Sempre foi aperfeiçoado, adequado às circunstâncias. A matriz da escola é totalmente mutante. É outra diferença importante da Universidade, onde você faz um currículo e demora 10 anos pra mexer. Por isso não gosto da expressão grade curricular. Uso matriz porque grade engessa, grade é uma prisão”

Em pouco mais de 10 anos a EFP formou entorno de 250 alunos. Desses, cerca de 70 fotógrafos passaram a integrar a Agência Imagens do Povo, alimentando um dos primeiros e mais importantes bancos de imagens sobre favelas e periferias do Brasil e talvez do mundo. Foram cinco edições da Escola de Fotógrafos Populares (2004, 2006, 2007, 2009 e 2012) com duração de 10 meses e aulas diárias, inclusive aos sábados. Nas quatro primeiras versões da EFP foram oferecidas 540 horas/aula, até que em 2012 o curso atingiu 600 horas/aula, em sua versão mais alentada. Pela Agência Imagens do Povo passaram três coordenadoras, Kita Pedroza, Joana Mazza e Rovena Rosa, que também deixaram suas marcas e ampliaram os horizontes do projeto com a criação, em 2010, do curso de Formação de Educadores em Fotografia Popular e, em 2013, do curso de capacitação Fotografia, Arte e Mercado, além da realização do Primeiro Festival de Fotografia Popular, que reuniu na Maré fotógrafos populares de toda a cidade com ativistas de movimentos sociais, produtores e curadores.

Em 2015, o projeto passou por uma série de crises e boa parte dos fotógrafos participantes retiraram seus acervos do banco de imagens e rescindiram os contratos com a agência. Apesar do baque, as documentações e trabalhos autorais continuaram sendo produzidos pelos ex-integrantes, seja individualmente, seja em projetos coletivos como o Favela em Foco, o Cafuné na Laje, o Folia de Imagens e o Favelas em Foto. Desde 2015, inicialmente a convite da Funarte, a experiência acumulada na elaboração deste projeto político-pedagógico e nas vivências revolucionárias ai engendradas, passou a ser compartilhada pelo Brasil por Dante Gastaldoni, através do projeto Fotografia, Periferia e Memória, com a adesão de vários fotógrafos populares e do próprio Ripper.

O que pensam alguns fotógrafos populares[editar | editar código-fonte]

  • Ratão Diniz, aluno da EFP turma 2006, sempre repete “Vivo para a fotografia e não da fotografia”. Sobre seu fazer fotográfico diz:

“A responsabilidade é grande, de fazer com que as pessoas se reconheçam nas imagens que venho fazendo nesses últimos 15 anos. Há uma relação de confiança. E isso não é só com fotografados da Maré, é com tudo. Acho que quando os meus vizinhos, se reconhecem nas fotos, é o maior pagamento. Eu sabia que não ia ganhar nada financeiramente com o livro que publiquei, mas essa questão de as pessoas se reconhecerem ali é o que me faz ser fotógrafo, me faz resistir à tantos perrengues que a fotografia também apresenta. O Ripper sempre falou para a gente sobre o respeito ao fotografado, e isso carrego comigo. E como ele é uma grande referência para mim, tenho absorvido tudo o que esse grande mestre tem a ensinar: o respeito ao outro; a construção de um elo. Na verdade, essa busca do outro é uma busca por mim mesmo. Tudo o que eu fotografo tem uma conexão comigo”

  • Thiago Diniz, aluno da EFP turma de 2012:

“Um dos pilares da fotografia popular é o fotógrafo colocar o seu fazer fotográfico a serviço das populações menos favorecidas e suas manifestações, na maioria das vezes deslegitimadas, e, com isso, tentar abordar as lutas, as festividades, os fazeres, enfim, a vida delas o mais próximo possível e, assim, levantar questionamentos sobre uma narrativa estigmatizada, além, é claro, de muitas vezes apenas se por como uma pessoa disposta a registrar os momentos dessas populações, para então lhes proporcionar alguma lembrança, seja através das fotografias propriamente ditas, uma projeção, ou alguma oficina para que tenham autonomia em realizar seus próprios registros.

  • Marcelle Gebara, coletivo Favela em Foco:

“Um dia me dei conta que me encantava com pessoas. Que gostava de ouvir o que tinham pra me contar, ouvia tantas histórias, tanta beleza que me acendeu uma luz: elas estavam compartilhando comigo suas alegrias, medos, vitórias, sofrimentos, experiências. Ví o quanto aprendia junto e queria compartilhar. Foi quando conheci a fotografia humanista e vi que a fotografia poderia me aproximar ainda mais do outro e continuar ouvindo histórias. A Fotografia pra mim é muito mais que registro, é a forma que encontrei de expor minhas ideias, de estar próximo das pessoas e contar suas histórias, encontrar caminhos na escuridão, fazer vínculos, parcerias, acreditar em mim e nos outros. A fotografia é capaz de transformar de maneiras diferentes, às vezes é um processo que vem de dentro, outras de fora. O que eu posso fazer por mim e pelo outro é, com minhas imagens, abrir um espaço de escuta e de compartilhamento de fazeres, onde posso conversar sobre política, direitos humanos, racismo, preconceito”.

  • Elisângela Leite, aluna da EFP turma de 2007:

“Nossa, é muito difícil pra mim definir o que é fotografia popular. Não sei nem se existe uma definição bem resolvida diante do grande número hoje de praticantes com o advento da fotografia digital. Sei que eu sou moradora de favela e a partir do momento que me envolvi com a fotografia comecei a enxergar as coisas a minha volta com outro olhar. Veja bem, a fotografia sempre esteve aí nas revistas, jornais e tantos outros meios de suporte para ela, mas talvez a diferença, pra mim, foi conhecer a fotografia humana, feita com afeto e respeito ao outro de João Roberto Ripper. Talvez esteja aí, no exemplo do Ripper, a melhor definição do que seria a fotografia popular, ou seja, aquela que para além de colaborar com a construção de memórias também é feita de maneira dialógica (Paulo Freire gritando aqui), respeitosa com os fotografados e tida como um instrumento de luta social e disputa de narrativas sobre o lugar onde moro e da cidade como um todo.

  • Valda Nogueira, aluna EFP turma de 2012 e Coletivo Farpa:

“Eu me deparei com esse termo (fotografia popular) pela primeira vez na Escola de Fotógrafos Populares. A nossa formação tinha como premissa estimular a produção de fotografias a partir de um olhar endógeno, o que permitiu na época a criação de um acervo de histórias sobre as favelas cariocas que muito se diferenciavam daquelas reportadas pelas grandes mídias, que como sabemos, são sempre muito marcadas pela narrativa da violência, do abandono, do estranhamento. É fundamental que utilizemos nossa fotografia como ferramenta de denúncia, até por que são os territórios populares que historicamente mais sofrem com as violações né? É bem bacana ver o trabalho que diversos coletivos de comunicação popular vem fazendo aqui no Rio. O Ripper formou muita gente aqui e continua formando nas comunidades tradicionais por onde passa através de suas oficinas. Eu enquanto fotógrafa popular, atualmente estou mais interessada em contar histórias sobre desenvolvimento, sobre resistência. Por que qualquer território popular, por mais empobrecido ou violado que seja, sempre vai ter também historias sobre criatividade, inovação, organização e autonomia. Então assim, acho importante denunciar, mas também acho importante  levar esperança pras pessoas e isso  fica mais fácil através da produção de histórias positivas.

  • Monara Barreto, aluna da EFP turma de 2009:

“A fotografia é muito usada para registar denúncias, essencial na publicidade e em trabalhos artísticos… mas o que difere a fotografia popular da tradicional é a forma como o registro é feito. A fotografia popular se faz na ligação entre o fotógrafo e a pessoa fotografada. A fotografia popular se insere no meio em que a maioria dos registros comuns são feitos, Incluindo fotos de costumes, do cotidiano e da cultura das comunidades, mas de forma poética e respeitando a integridade do fotografado, de maneira doce e honesta, sem manipulações e sem interesses. O fotógrafo popular é empático, eternizando através das suas lentes uma história real, desmistificando a imagem negativa massificada de certos locais.

  • Erika Tambke, coletivo Favela em Foco:

“Para mim, fotografia popular é tão importante que escolhi ser este o tema da minha tese de doutorado. Eu acredito que o papel da fotografia contemporânea dialoga diretamente com o debate promovido por fotógrafos populares. Uma metrópole como o Rio de Janeiro, por exemplo, com mais de 10 ou 11 milhões de habitantes, apresenta muita complexidade do seu viver. No entanto, a a fotografia carioca fez suas escolhas ao longo de um século e meio, quase dois: exauriu-se ao reproduzir cartões-postais e imagens de áreas nobres da cidade. É preciso identificar a nobreza no cotidiano das diferentes partes da cidade. Reconhecer que há muitas narrativas que precisam ser ouvidas, na poesia e na luta.”

  • Thais Rocha, aluna da EFP turma de 2012:

“Fotografia popular pra mim é crítica. É informação comunitária, feita por aqueles de dentro pra quem é de dentro primeiramente, mas tem o objetivo de se difundir para atingir e conscientizar aqueles que de fora, apreendem, apenas, as maneiras de pensar e se desenvolver através de um padrão formatado de pensamento veiculado pela grande mídia, pelos livros, pelo discurso oficial patrocinado por grandes empresários – ligados à igreja, agronegócio, mineradoras, milícias, concessionárias de energia, governos – ambicionados pelo lucro e poder que, preocupados em alimentar seus vícios e corrupções,  investem pesado em uma propaganda que não condiz com a universalidade dos direitos à vida em sua diversidade.”

  • Luiz Baltar, aluno da EFP turma de 2009:

10 coisas para saber se você faz fotografia popular -

  1. Continuidade com a tradição da fotografia humanista;
  2. Horizontalidade nas relações entre fotógrafo x fotografado;
  3. Autoria compartilhada do material produzido;
  4. Não fazer para. Fazer junto;
  5. Respeito e admiração pelos fotografados.
  6. Cuidado em preservar a dignidade e a segurança das pessoas e dos locais fotografados;
  7. Edição coletiva, prática desenvolvida por Ripper nas comunidades onde faz suas documentações;
  8. Retorno aos fotografados das imagens produzidas;
  9. Colocar as imagens produzidas a serviço da causa fotografada;
  10. Apoio às lutas por direitos humanos e às causas sociais.

A Revista 'A fotografia popular por ela mesma'[editar | editar código-fonte]

Por Dante Gastaldoni

Produzida pelo Sesc Paraty e lançada oficialmente durante a Flip, em novembro de 2022, a revista foi inicialmente concebida como registro do ciclo de palestras Fotografia Periferia e Memória, realizado pelo Sesc Paraty no segundo semestre de 2021, através de 21 transmissões on-line que foram gravadas e estão disponibilizadas pelo YouTube. Este material foi cuidadosamente garimpado pela jornalista Paula Zarth Padilha, que produziu uma alentada memória dos encontros, ilustrada pelas fotografias da exposição Outras Marés, montada inicialmente no Sesc Santa Rita (2021), seguindo em itinerância pelo Retrato Espaço Cultural (2022) e Fundação Oswaldo Cruz (2023). A publicação é complementada com dois artigos sobre Fotografia Popular, assinados por Erika Tambke e Joana Mazza, além de uma matéria assinada por Dante Gastaldoni que celebra os 50 anos de fotografia de João Roberto Ripper.

Acesse a revista e veja as imagens[editar | editar código-fonte]

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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  1. Luiz Baltar, carioca, suburbano, morador dos bairros da zona Norte do Rio de Janeiro, em 2009, começa a fotografar o cotidiano, o processo de remoções forçadas e as ocupações militares em diversas comunidades e favelas por onde transitava. Os temas centrais de seus projetos autorais e documentações fotográficas são território, cultura e direito à cidade. Com particular interesse em mobilidade urbana, violência policial e direito à moradia. Colabora com publicações impressas e eletrônicas, no Brasil e no exterior, através de fotos e matérias sobre direitos humanos. Trabalha como fotógrafo documentarista e desenvolve projetos autorais no campo da arte contemporânea. Acredita na fotografia como forma de expressão ativista e crítica, daí sua busca em estabelecer um diálogo entre fotografia e questões sociais, sobretudo no que diz respeito ao olhar sobre a cidade. Formado em gravura pela Escola de Belas Artes/UFRJ, fotografia pela Escola de Fotógrafos Populares, pós-graduado em fotografia e imagens pela Universidade Cândido Mendes - UCAM e mestre em Linguagens Visuais PPGAV / UFRJ. Fez parte do Programa Imagens do Povo, agência fotográfica e centro de documentação e pesquisa situada no conjunto de favelas da Maré, Rio de Janeiro. Participou do coletivo Favela em Foco e dos projetos Tem Morador e Folia de Imagens, hoje integra o coletivo Fotografia, Periferia e Memória.
  2. Dante Gastaldoni formou-se em Jornalismo e Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, respectivamente em 1975 e 1980, concluindo em 2005 seu Mestrado em Comunicação Imagem e Informação. Entre 1974 e 1983, trabalhou como repórter, redator e editor no Jornal do Brasil, de onde saiu para dirigir a Editora Gama Filho (1983/2011). Foi professor da Universidade Federal Fluminense (1980/2016) e leciona Fotojornalismo na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1983. Em paralelo, exerce atividades de curadoria e consultoria em projetos culturais.
  3. Trecho da Dissertação (mestrado) de Luiz Baltar (ver referências bibliográficas).
  4. João Roberto Ripper trabalhou como repórter fotográfico dos jornais Luta Democrática (1973), Diário de Notícias (1974), Última Hora (1978-1982) e O Globo (1982-1987). Sócio-fundador da agência F4 no Rio de Janeiro, idealizador e coordenador do projeto Imagens da Terra (1991-1999). Recebeu os seguintes prêmios: Interpressphoto (1982); Waldimir Herzog (1988); Internacional de Ecologia ICA (1993); Nacional de Fotografia (1997); Empreendedor Social, Fundação Ashoka (1998); Prêmio Agenda Latino-americana (2002-2003).
  5. Ricardo Funari, fotojornalista carioca, trabalhou na Revista Manchete, Agência Imagens da Terra e Jornal O Globo, neste como coordenador do laboratório fotográfico durante a implantação do sistema digital nos anos 90. Foi co-fundador do curso de fotografia Imagens do Povo na Comunidade da Maré. Foi o responsável técnico pela mudança do sistema do Banco de Imagens do Programa Imagens do Povo, em 2011. Documenta questões sociais e ambientais em todo o Brasil desde 1989.

Referências Bibliográficas[editar | editar código-fonte]

BALTAR, Luiz. Cruzos: encruzilhadas entre arte, fotografia e periferia. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Belas Artes, Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. Rio de Janeiro, 2023. 200 f.

Ver também[editar | editar código-fonte]