Jurema Batista – (PT-RJ) – Andaraí - RJ

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Jurema Batista é uma política brasileira, feminista negra e ativista pelos direitos humanos, foi eleita vereadora em 1992, 1996, 2000 e deputada estadual em 2002, do Rio de Janeiro, pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Nascida e criada na favela do Andaraí/Rio de Janeiro (em 9 de agosto de 1957), foi indicada ao Prêmio Nobel da paz em 2005.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Este verbete faz parte do relatório "Favelados no parlamento", produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Jurema Batista PT-RJ
Jurema Batista PT-RJ

Mulher, negra, favelada e do Andaraí.[editar | editar código-fonte]

Jurema Batista

Destaque como mulher negra na política brasileira, Jurema da Silva Batista começou sua carreira como presidente da Associação de Moradores do Andaraí, em 1979. Formada em Português e Literatura pela Universidade Santa Úrsula, participou da criação do Partido dos Trabalhadores, no Rio de Janeiro, no início da década de 80. Em 2002, foi eleita deputada estadual e durante seu mandato na Assembléia Legislativa (Alerj), presidiu a Comissão de Combate à Discriminação de Etnia, Religião e Procedência Nacional.

Em 2005 foi uma das 1000 mulheres do mundo indicadas para ganhar o Nobel da Paz. Em 2007 foi convidada para presidir a Fundação para a Infância e Juventude (FIA) do governo do estado. Atualmente exerce o cargo de Gerente de Segurança Alimentar na Secretaria de Assistência Social, da qual é funcionária de carreira. É membro do Movimento Negro Unificado, onde exerce o cargo de coordenadora de formação política.

Entre seus projetos mais importantes estão a garantia da gratuidade do teste de DNA para famílias pobres, o projeto de lei que cria o Dia de Lembrança do Holocausto, o programa que mantém a Feira de Tradições Nordestinas em São Cristóvão e o projeto Rio Charme que permite a permanência do baile charme no Viaduto de Madureira. É autora da lei que garante 40% de negros na propaganda oficial do município, bem como, autora do Diploma Zumbi dos Palmares na Alerj e do Disque Discriminação na mesma casa de Lei.

Dando aulas na comunidade de Andaraí, foi envolvendo-se com os problemas sociais que cercavam a comunidade, ocupando espaços de lideranças até atingir cargos na política institucional.

“Quando criança, Jurema não tardou a ter consciência da diferença entre o mundo dos ricos e o mundo dos pobres. E vem daí o sentimento de injustiça social que sempre se fez presente em sua história. "

Uma história marcada pela influência que teve de uma grande intelectual e ativista negra: Lélia Gonzalez!

Graças a isso, Jurema assumiu seu cabelo, sua negritude e até o tamanho do pé, grande como ela.”

Atuação Política[editar | editar código-fonte]

Atuação Política

Tornou-se líder comunitária após a morte de um morador homem negro trabalhador, confundido com um bandido pela polícia. Professora de português, sentiu o impacto em sala de aula após a morte do trabalhador, já que os alunos não vinham perspectiva em continuar a estudar. Os homens da comunidade tinham medo de assumir posições de liderança, e sofrem perseguições, a comunidade sempre recorria a Jurema, já que era professora, vista como a "letrada", em meio a essas circunstâncias assumiu a posição de liderança. Criou-se, então, a Associação de Moradores do Morro do Andaraí e Jurema torna-se presidente, em intercâmbio e diálogo com a Associação de Moradores da Praça Saens Pena, onde Chico Alencar era presidente a época.

Foi ganhando visibilidade na atuação política através de seu engajamento em situações como essas, ao presenciar um morador ser preso pela polícia por andar sem documento, foi detida e uma multidão protestou em frente a delegacia com a mote "Jurema Guerreira" até ela ser liberada.  Participou do processo de trazer luz elétrica para a comunidade de Andaraí, que foi a primeira comunidade do Rio de Janeiro a receber luz elétrica e presenciou emocionada uma Travessa ser batizada com o nome de sua mãe: Travessa Raimunda Astrogilda. No governo de Marcelo Alencar conseguiu abrir uma creche chamada Centro Comunitário Winnie Mandela.

Em 1994 foi presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Alerj [Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro]. Foi ativa na denúncia dos casos do Massacre da Candelária e a Morte na comunidade de Acari. Abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no caso da Candelária e durante o processo de investigação desses casos dois de seus assessores foram assassinados (Reinaldo e Hermógenes), Jurema sofreu muito nesse período.

Em 2007 presidiu a FIA (Fundação da Infância e Adolescência). Aprovou o projeto Casa de Sara em convênio com a comissão de direitos humanos da OAB, que dava suporte para mulheres gravidas jovens.

Vida Pessoal[editar | editar código-fonte]

Sofria injurias raciais desde a tenra infância, presenciou a discriminação que seu pai sofria devido seus traços étnicos, sendo Jurema também atacada em sua aparência e negritude. Filha de trabalhadora doméstica, começou a ler livros que eram dispensados pelas famílias das casas onde sua mãe trabalha e assim tomou gosto pela leitura, já sendo marcada pelo elitismo da circunstância, lutou para entrar no curso de Letras e subverter as estatísticas. Sua mãe a encorajou fortemente aos estudos, teve também a presença de sua tia que foi uma fada-madrinha, assistindo Jurema da forma que podia para persistir a busca de em futuro melhor. Ao ingressar na universidade, passa a integrar o bloco afro Agbara Dudu, que tinha como presidente Vera Mendes, e vivenciar atividades que contribuíram para a construção de uma identidade negra positiva, foi jurada da noite de beleza, negra posteriormente disse se arrepender de não ter concorrido. Nesse processo construiu sua autoestima enquanto mulher negra, resistindo as falas pejorativas que escutou desde sua infância, passou a gostar e valorizar seu cabelo crespo e se achar bonita.

Além disso, na juventude participou de clubes negros, que nasciam para contemplar a classe média negra que era discriminadas em outros espaços, ajudou-a a construir sua negritude, frequentou o Clube Renascença e presenciou o surgimento da primeira miss Brasil negra, Vera Lúcia Couto , o que impactou muito positivamente em sua autoestima.

Na universidade presencia um debate entre Lélia Gonzalez e Carlos Alberto Medeiros, e a partir deste momento impactante, começa a ficar mais ativa no Movimento Negro. Começou a atuar em sala de aula com o método Paulo Freire, com influência de Frantz Fanon; Gilberto Freire; Simone de Beauvoir; Liv Ullmann, vivendo o momento fértil de reabertura democrática ao fim da Ditadura Militar.

Embora permaneça ativa politicamente não ocupou nenhum cargo institucional desde seu mandato como deputada estadual em 2002.

Jurema segue como referência no Movimento Negro do Brasil, em 2011 lançou uma autobiografia: "Jurema Batista: sem passar pela vida em branco : memórias de uma guerreira". Jurema é mãe de três filhas: Viviane, Dandara e Nianuí.

Câmara do Rio de Janeiro - Participação nas comissões[editar | editar código-fonte]

COMISSÕES PERMANENTES

5ª Legislatura
Sessão Legislativa Comissão Cargo
Defesa dos Direitos Humanos Presidente
Defesa dos Direitos Humanos Presidente
Defesa dos Direitos Humanos Presidente
Defesa dos Direitos Humanos Presidente
Administração e Assuntos Ligados ao Servidor Público Vogal
4ª Legislatura
Sessão Legislativa Comissão Cargo
Assuntos Urbanos e Meio Ambiente Vice-Presidente
Defesa dos Direitos Humanos Presidente
Defesa dos Direitos Humanos Presidente
Defesa dos Direitos Humanos Vice-Presidente
Assuntos Urbanos e Meio Ambiente Vice-Presidente
Defesa dos Direitos Humanos Vice-Presidente
Assuntos Urbanos Vice-Presidente


COMISSÕES TEMPORÁRIAS

Comissão Especial
Nome Cargo Início Término
Comissão Especial sobre a Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia Presidente 17/04/2001 15/09/2001
Comissão Especial da Comlurb Relator 08/07/1994
Comissão Parlamentar de Inquérito
Nome Cargo Início Término
CPI para apurar contaminação dos recursos hiídricos 24/08/1999 07/02/2000
CPI para apurar denúncias de racismo e constrangimento Presidente 02/04/1998 31/08/1998
CPI sobre concurso para a Câmara Presidente 02/12/1998 31/05/1999
CPI da Comlurb: sucateamento e terceirização 14/03/1995 12/08/1995
CPI sobre treinamento de habilitação dos membros da Guarda Municipal Presidente 19/12/1995

Fontes[editar | editar código-fonte]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurema_Batista

https://apublica.org/2018/08/negras-no-poder/

https://www.palmares.gov.br/wp-content/uploads/2013/03/Jurema-da-Silva-%c3%89rica-Ramalho.jpg

http://casosecoisasdogenero.blogspot.com/2017/08/jurema-batista-uma-guerreira-que-nao.html

http://www.camara.rio/vereadores/jurema-batista/participacao-nas-comissoes