Música na Capoeira - Corridos, Quadra, Chula e Ladainha

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

A música na capoeira é fundamental e se manifesta através de diferentes estilos de cantos: Corridos, que mantém o ritmo da roda; Quadra, com versos curtos e rimados; Chula, uma saudação respeitosa no início da roda; e Ladainha, que narra histórias e prepara o jogo. Cada estilo carrega e transmite a cultura e tradição da capoeira.

Autor: Hugo Oliveira[1]

Sobre[editar | editar código-fonte]

A música é um elemento essencial na capoeira, acompanhando e guiando os movimentos dos capoeiristas. Existem diferentes estilos de cantos usados nas rodas, cada um com sua função e significado. Cada um desses estilos contribui para a rica tradição oral da capoeira, ajudando a transmitir conhecimentos, valores e a manter viva a cultura dessa arte.

Ela pode ser classificada de 4 formas diferentes:

Corrido[editar | editar código-fonte]

Como o próprio nome já sugere, o corrido é uma cantiga que "acelera" o ritmo e que se caracteriza pela junção do verso do cantador com as frases do refrão repetido pelo coro total ou parcialmente, dependendo do tempo que o cantador dá entre os versos que canta. O cantador faz versos curtos e simples que são à toda hora repetidos e o conjunto deles é usado como refrão pelo coro. O texto cantado pode ser retirado de uma quadra, de uma ladainha ou de uma chula ou ainda de cenas da vida cotidiana, de um passado histórico ou simplesmente da imaginação do cantador. Geralmente, o corrido é cantado nos toques de São Bento Grande, Cavalaria, Amazonas, São Bento Pequeno, sempre em toques mais acelerados. No corrido, o cantador não tem a preocupação de contar nenhuma história, as frases são ditas aleatoriamente[1].

Ex:

Cantador: "Iê, é hora, é hora"

Coro: "Iê, é hora, é hora camará"

Quadra[editar | editar código-fonte]

é uma estrofe curta de apenas quatro versos simples, cujo conteúdo pode variar de acordo com a criatividade do compositor que pode fazer brincadeiras com sotaque ou comportamento de algum companheiro de jogo, pode fazer advertências, falar de lendas, fatos da capoeira ou figuras importantes da capoeira. Normalmente as quadras terminam com uma chamada ao coro que pode ser: camaradinha, camará, volta ao mundo, aruandê..... dentre muitas[1].

Ex:

"No tempo que eu tinha dinheiro,

eu vivia com Iaiá.

Mas agora o dinheiro acabou,

Iaiá me deixou"

Chula[editar | editar código-fonte]

é uma cantiga curta, normalmente feita de improviso que faz apresentação ou identificação. É entoada pelo cantador para fazer a abertura de sua composição. Normalmente faz uma louvação aos seus mestres às suas origens, pode ainda fazer cultos a fatos históricos, lendas ou algo que diga respeito à roda de capoeira. É comum aos cantadores da roda usarem a chula como introdução para os corridos e ladainhas e, durante a mesma é sugerido um refrão para o coro cantar[1].

Ex:

"Luta que era o maculelê,

Virou dança para não morrer

Capoeira, Cruzeiro, Cerrado,

Roda aberta pra quem quer jogar

O meu mestre quer ver você balançar"

Ladainha[editar | editar código-fonte]

É um ritmo lento, sofrido, dolente, é como uma reza, uma oração muito parecida com as que são feitas na igreja em louvor ao terço. O conteúdo de uma ladainha corresponde a uma oração longa e desdobrada pelo cantador em versos entremeados pelo refrão repetido pelo coro. As ladainhas são cantadas antes do jogo. Os participantes da roda devem ficar atentos ao cantador, pois na ladainha pode ser feito um desafio e, quando for dada a senha para o inicio do jogo qualquer um pode ser chamado neste desafio. Na ladainha sempre conta-se uma história, geralmente sem a resposta do coro, que participa apenas no momento que o cantador acaba a história e entre no canto de entrada dizendo "Iê vamos simbora/Iê é hora é hora" e assim por diante, até chegar na expressão "dá volta ao mundo"[1].

Ver também[editar | editar código-fonte]

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 “Fontes de citações: Nova Geração Capoeira