Nego gallo

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Carlos Eduardo da Silva (Rio de Janeiro, 20 de outubro de 1974), mais conhecido pelo nome artístico Nego Gallo, é um rapper, cantor e compositor brasileiro. Radicado em Fortaleza, Ceará, fundou junto ao rapper Don L o grupo Costa a Costa, em 2005. Com suas letras que buscavam exaltar suas origens periféricas nordestinas e denunciar a desigualdade social, o grupo ganhou em duas ocasiões o Prêmio Hutúz, principal premiação da música Rap brasileira no início dos anos 2000.

Foto: Marco Aurélio

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carlos Gallo cresceu na comunidade da Penha, no Rio de Janeiro. Filho de uma auxiliar de enfermagem, chegou a Fortaleza ainda muito novo, aos 12 anos de idade. Sua mãe rumou para o nordeste levando Gallo e seus irmãos em busca da parte cearense da família alocada na comunidade do Oitão Preto, no bairro Mourão Brasil.

Na capital cearense, Gallo teve rapidamente contato com a pobreza e a violência urbana em um período de crescentes conflitos de gangues na região. O artista admite que isso o influenciou a se organizar politicamente. Nessa busca por conhecimento acabou encontrando o movimento negro. Por meio da militância foi apresentado ao Rap e, a convite de amigos, participou do primeiro disco do grupo Cultura de Rua, iniciando assim sua carreira na música

Em 2003, já com seu grupo Brigada Sonora de Rua, representando a Costa Oeste de Fortaleza, Nego Gallo se uniu junto ao grupo Plano B, formado por Don L e Júnior D, representando a Costa Leste, para dar vida a mixtape “De a Costa a Costa”. A mixtape que marcaria o início da colaboração dos dois grupos também viria a nomear, em 2005, a oficialização dos dois coletivos em um só, o Costa a Costa.

O sucesso da mixtape independente chamou a atenção de grandes veículos de imprensa. No ano da fundação do grupo, o Costa a Costa foi um dos coletivos a ser convidado para participar do programa televisivo Central da Periferia da Rede Globo, apresentado por Regina Casé. A participação no show elevou o reconhecimento do grupo a nível nacional, estabelecendo Nego Gallo e Don L como os rappers mais importantes do cenário da música Rap na ocasião.

A trajetória do grupo foi curta, porém bastante prolífica. Com apenas 2 projetos lançados, entre os anos de 2005 e 2007, os artistas venceram o Prêmio Hutúz como melhor grupo de Rap do norte-nordeste da década. A última mixtape lançada pelo grupo, intitulada “Dinheiro, Sexo, Drogas e Violência de Costa a Costa”, composta por 23 faixas, chegou a distribuir mais de 8 mil cópias físicas por todo Brasil e cerca de 25 mil downloads no mercado on-line.

Após o encerramento das atividades do Costa a Costa, Gallo então decidiu seguir com a sua carreira solo. Depois de um longo período sem novos lançamentos, em 2016, Nego Gallo disponibilizou, em seu canal no YouTube, o seu primeiro projeto solo: a mixtape “Carlin Voltou”. Com apenas 4 faixas, produzidas em parceria com Coro MC, o trabalho não chegou a ter a mesma repercussão em números que tiveram outrora com o grupo. Porém, marcou o início de uma parceria que ainda viria a dar muito certo no futuro.

Em meio a sua carreira artística, Nego Gallo também conciliou, entre a saída do Costa a Costa e o início de sua carreira solo, sua participação em projetos sociais focados na redução de danos de viciados em crack nas ruas de Fortaleza. O artista admite que foi um trabalho importante para tecer sua relação com o autoconhecimento e a sensibilidade com o outro. Inspirado nesses eventos, em 2017, colaborou no disco de seu antigo parceiro de grupo Don L, na faixa “Aquela Fé”, em que descreveu em seu verso os ensinamentos que vivenciou.

Durante o ano de 2018, para as gravações de seu primeiro álbum, Veterano, Gallo alugou uma casa por 8 meses na comunidade praiana de Goiabeiras, em Barra do Ceará. A decisão foi tomada motivada pela proximidade ao estúdio do produtor Coro MC. Neste período, Fortaleza subiu para a sétima colocação no ranking de cidades mais perigosas do do mundo, segundo o relatório da ONG mexicana Seguridad, Justicia y Paz.

Foi buscando retratar esse cotidiano que, em 2019, o álbum Veterano foi lançado em todas as plataformas. Abraçando as sonoridades do Trap, do Reggae e do Funk, o disco pintava o cenário sonoro das periferias cearenses, suas alegrias, suas tristezas e sua identidade. Além de Coro MC, o álbum contou com as participações de Léo Grijó na co-produção e Don L como rapper convidado.

Referências[editar | editar código-fonte]

TREZ, João. “Rapper Nego Gallo lança 1º música em cinco anos e adianta detalhes de novo álbum previsto para 2024”. 4 de fevereiro de 2024. Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/rapper-nego-gallo-lanca-1-musica-em-cinco-anos-e-adianta-detalhes-de-novo-album-previsto-para-2024-1.3474301. Acesso em: 13 de setembro de 2024.

JUCÁ, Beatriz. Nego Gallo: 'Há artistas e artistas. Eu já nasci cancelado pelo racismo'.13 de novembro de 2023. Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colunistas/beatriz-juca/nego-gallo-ha-artistas-e-artistas-eu-ja-nasci-cancelado-pelo-racismo-1.3443042. Acesso em: 13 de setembro de 2024.

FERREIRA, Mauro. Nego Gallo exprime tensões de Fortaleza e reafirma a força crescente do rap nordestino no disco 'Veterano'. 22 de janeiro de 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2019/01/22/nego-gallo-exprime-tensoes-de-fortaleza-e-reafirma-a-forca-crescente-do-rap-nordestino-no-disco-veterano.ghtml. Acesso em: 13 de setembro de 2024.

MAPA CULTURAL DO CEARÁ. Carlos Eduardo da Silva (Carlos Gallo). Disponível em: https://mapacultural.secult.ce.gov.br/agente/5512/. Acesso em: 13 de setembro de 2024.