O Urubu do Flamengo

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Hoje é de conhecimento geral que o mascote do time Rubro-Negro Carioca é o Urubu, porém nem sempre foi assim. O personagem foi criado na década de 1920 pelo cartunista americano Elzie Crisler Segar e em 1940 foi adotado como mascote do clube, nessa década ele passou a representar o time nas colunas esportivas cariocas. Porém, ao que parece, o mascote antigo não caiu nas graças da torcida de seu tempo.

Autoria: Fábio Lucas Maciel

Origens do apelido[editar | editar código-fonte]

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E de onde veio o Urubu? Bom, o termo urubu tem seu início como ofensa e provocação dos rivais, com uma conotação um tanto racista, já que o Flamengo sempre foi um time popular nas classes mais baixas da sociedade carioca e assim arrastava essa multidão para o Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, principalmente em tempos de Geral (área próxima e um pouco abaixo da linha do campo do antigo Maracanã, era a área com o ingresso mais barato e ficou marcada por ser frequentada pelo povão de todos os times do Rio de Janeiro).

A captura do mascote[editar | editar código-fonte]

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Porém, no ano de 1969, quando o grito de "urubu, urubu" e "favela, favela" já eram normais nos jogos de derrota do Flamengo, quatro amigos torcedores do time da Gávea decidiram assumir isso como identidade. Eles então foram a dois lixões dá época, um na Zona Sul e outro na Zona Norte, para capturar um urubu e levá-lo para estádio. Ao chegar nos lixões, no período da noite, tiveram dificuldades em encontrar o animal. No segundo lixão, porém, um gari, que também era torcedor do Flamengo, disse a eles que o melhor horário para a captura seria de manhã. Então, no dia seguinte, pegaram um urubu com um lençol. Daí, teve início a segunda missão: o transporte da ave. Dizem os quatro amigos que ele saiu do lençol dentro do carro, no meio da Avenida Brasil, porém isso foi contornado e conseguiram colocar o animal no porão do prédio onde moravam.

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Então, chegou o grande dia. Era um jogo contra o Botafogo, que, na década de 60, era uma pedra no sapato para o Flamengo; os quatro amigos entraram com o urubu dentro de uma bandeira. Houve, então, uma grande dificuldade para segurar o urubu e, somando isso ao atraso do jogo, eles decidiram soltar a ave.

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O urubu tinha uma bandeira amarrada na sua pata e, ao ser solto, fez um voo rasante em círculos pelo Maracanã, já cheio no aguardo do jogo. É dito que quase instantaneamente a torcida do Flamengo percebeu o que aquilo significava e começou a cantar "Uh é urubu, Uh é urubu", por ser a maioria ali presente, parecia que já estavam comemorando a vitória do seu time e foi exatamente isso: o Flamengo venceu por 2 a 1, quebrando o tabu com o Botafogo.

Repercussão[editar | editar código-fonte]

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Desde então, o animal caiu nas graças da torcida e nunca saiu do imaginário Rubro-Negro. Isso mostra uma característica muito forte e pujante da torcida do Flamengo: a característica da subversão. Por incontáveis vezes, organicamente, a torcida pegou uma ofensa ou zombaria feita contra ela e transformou em orgulhou ou piada com ela mesma; isso é valido para o canto "Silêncio na favela", cantado pelos adversário ao ganhar do Flamengo que logo virou "Festa na favela" nas vitórias e conquistas do time. O mesmo é valido para o "Urubu" e o mais recente "Cheirinho", que, de exclusiva zombaria, passou a ser também uma forma de comemoração ao ganhar títulos.

Referências[editar | editar código-fonte]

Urubu ct.jpg

História do mascote do Flamengo - Clique aqui

5 fatos sobre o Flamengo - Clique aqui

Entrevista com os torcedores - Clique aqui

Vídeo sobre a história do urubu - Clique aqui

Ver também[editar | editar código-fonte]