O combate ao racismo é um dever diário (artigo)
Episódios recentes de racismo em Curitiba destacam a necessidade urgente de medidas antirracistas, evidenciando que casos midiáticos não refletem a extensão dos incidentes cotidianos enfrentados pela população negra. As organizações na cidade reivindicam uma delegacia especializada para denúncias, enquanto ressaltam a persistência do racismo estrutural na região sul do Brasil, sublinhando a importância do combate constante ao racismo ao longo de todo o ano.
Autor: Marcel Malê (Brasil de Fato).
Artigo de autoria de Marcel Malê e publicado no portal Brasil de Fato em 22 de dezembro de 2022.
Sobre[editar | editar código-fonte]
Em Curitiba e região, o final de novembro, mês da Consciência Negra, foi marcado por eventos de grande potência para as reflexões sobre a data, mas também por episódios que alertam sobre a urgência de medidas antirracistas: teve racismo recreativo sofrido por músicos em evento musical; teve injúria racial sofrida por pedagoga em seu próprio condomínio em Curitiba; teve atendimento recusado à advogada, por parte de funcionária de uma unidade do INSS; teve palha de aço para ilustrar o cabelo de mulheres negras como atividade de um Centro Municipal de Educação Infantil em Almirante Tamandaré; teve músico sendo agredido com extrema violência e covardia nas ruas da cidade; teve deputado estadual eleito – após tentativas injustas de cassação de seu mandato de vereador – sendo constrangido e tratado de forma discriminatória por policiais militares, dentro da própria Assembleia Legislativa do Paraná.
"Casos de racismo com repercussão na mídia não representam a quantidade de episódios vivenciados"
Casos de racismo com repercussão na mídia não representam a quantidade de episódios vivenciados cotidianamente pela população negra, cujas narrativas são banalizadas e/ou silenciadas. Em Curitiba, organizações reivindicam delegacia especializada para denunciar e investigar esses crimes. Além disso, é preciso reconhecimento de que o racismo que estrutura a sociedade brasileira encontra amplo espaço no sul do país, com a justificativa de que a população negra ocupa – na história dessa região – um lugar ínfimo, com poucas contribuições. Corpos afro-diaspóricos ainda carregam em sua história o fardo pesado do racismo, que permanece promovendo o apagamento de símbolos da cultura negra e o silenciamento político social. O combate ao racismo é um dever diário de todas, todos e todes, não apenas no mês de Zumbi, mas nos 12 meses do ano. Até quando o açoite em praça pública vai perdurar?
Edição: Giorgia Prates e Pedro Carrano.