O papel das mulheres na mobilização social das favelas

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

As mulheres desempenham um papel central na mobilização social nas favelas, sendo protagonistas em diversas iniciativas que visam melhorar a qualidade de vida nas comunidades periféricas. Sua atuação transcende os espaços domésticos e de cuidado, refletindo um compromisso profundo com a transformação social e o fortalecimento das redes comunitárias.

Nas últimas décadas, o empoderamento feminino nas favelas tem sido impulsionado por coletivos, movimentos sociais e organizações que reconhecem as mulheres como agentes fundamentais na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. As mulheres das favelas, muitas vezes marginalizadas e vítimas de violência estrutural, têm se organizado para enfrentar desafios como a violência doméstica, a desigualdade de gênero e a precarização das condições de vida.

Aqui estão alguns exemplos dessas mulheres do Rio de Janeiro:

1. Marielle Franco (Maré) – Marielle foi uma das mais emblemáticas defensoras dos direitos das mulheres e das populações periféricas do Rio de Janeiro. Sua atuação como vereadora, focada no combate à violência policial, à desigualdade de gênero e racial, e à luta por melhores condições de vida nas favelas, ainda inspira muitas mulheres. O *Instituto Marielle Franco*, fundado após sua morte, segue trabalhando em defesa dos direitos das mulheres negras e periféricas, realizando atividades de formação política e apoio às vítimas de violência.

2. Coletivo Papo Reto (Complexo do Alemão)– Este é um exemplo de grupo formado por mulheres da favela do Complexo do Alemão, focado no fortalecimento de políticas públicas voltadas para as mulheres e a denúncia de violências domésticas e de gênero. Além disso, o coletivo tem realizado ações de educação, formando novas lideranças femininas nas favelas e promovendo espaços de cuidado e troca.

3. AfroReggae (Vila Kennedy)– Fundado na favela da Vila Kennedy, o movimento *AfroReggae* tem sido um exemplo de como as mulheres podem ser líderes em projetos sociais de transformação nas favelas. Embora seja mais conhecido pelo trabalho de inclusão de jovens através da música, o movimento também promove ações voltadas para as mulheres, como cursos de capacitação, apoio à violência doméstica e fortalecimento de lideranças femininas.

Esses coletivos e indivíduos são exemplos de mulheres que, nas favelas do Rio, têm trabalhado incansavelmente para transformar a realidade de suas comunidades, enfrentando obstáculos tanto sociais quanto institucionais. Elas atuam em diversas frentes, incluindo a promoção de direitos humanos, o enfrentamento da violência, a defesa de políticas públicas e a criação de espaços de acolhimento e cuidado. Além disso, as mulheres nas favelas têm sido responsáveis por liderar e organizar protestos, campanhas de conscientização e atividades culturais, buscando dar visibilidade às suas causas e fortalecer a identidade coletiva das comunidades.

No campo da assistência social, as mulheres estão frequentemente à frente de projetos de apoio psicológico, distribuição de alimentos, formação de redes de solidariedade e ações de empoderamento econômico. Sua atuação é marcada por uma visão interseccional, que leva em conta não apenas as questões de gênero, mas também as condições econômicas, raciais e territoriais que impactam suas vidas e as de suas famílias.

A luta das mulheres nas favelas também se reflete na busca por representatividade política. Cada vez mais, elas têm se engajado em espaços de poder, seja por meio de candidaturas, seja por meio da participação ativa em conselhos e fóruns, defendendo políticas públicas que atendam às necessidades específicas das comunidades periféricas.

A resistência das mulheres nas favelas é, portanto, um reflexo da força de uma mobilização social que visa não apenas transformar o presente, mas também construir um futuro mais inclusivo, onde a voz feminina seja ouvida e respeitada em todos os espaços.