Pavão-Pavãozinho-Cantagalo, o PPG
Autoria: Daniel Lacerda.
O PPG[editar | editar código-fonte]
De acordo com o Censo de 2010, o território do PPG abriga 10.000 moradores divididos em três comunidades principais, Cantagalo, Pavão e Pavãozinho. Cantagalo foi ocupada no começo do século 20, principalmente por ex-escravos e imigrantes do campo. A sua história, portanto, tem a base no período pré-republicano (1889) do Rio, então capital do Brasil, habitada por uma sociedade escravocrata. Pavão-Pavãozinho surgiu depois durante um período de grande desenvolvimento do país, nos anos 1930, e recebeu majoritariamente imigrantes da parte Norte e mais pobre do país. A conurbação das duas favelas faz com que seja difícil identificar onde fica a fronteira entre as duas comunidades.
As organizações dentro da PPG compartilham um pedaço de terra relativamente pequeno, resultando em uma das favelas com a maior densidade populacional da cidade. A população é distribuída quase igualmente entre homens e mulheres, e aproximadamente um terço consiste em pessoas jovens de 15 a 29 anos de idade, o único grupo de idade com mais homens do que mulheres. Como na maioria das favelas, os indicadores de desenvolvimento como alfabetização (93,6%) e renda acima do salário mínimo (27%) são consideravelmente abaixo da média da cidade (97% e 58%) (IBGE, 2012). A proporção de adultos analfabetos (acima de 15 anos de idade) é similar com a de outras favelas da cidade, mas duas vezes maior do que a média da cidade, que é de 2,9%. Porém, de acordo com várias pesquisas, o principal problema na PPG ainda é o despejo inadequado de lixo.
As comunidades do PPG são consideradas uma única favela em mapas e programas governamentais, mas os seus moradores manifestam uma forte identidade espacial com uma ou com a outra comunidade. Cantagalo tem a maior proporção de casas alugadas entre todas as favelas do Rio, e 65% das famílias sobrevivem com menos de um salário mínimo per capita. Cantagalo é também o alvo mais frequente de intervenções públicas por organizações de sociedade civil e pelo estado. Tais intervenções, mesmo assim, ainda continuam consideravelmente dificultadas pela dimensão da influência exercida pelos traficantes de drogas.
Como outras favelas, a PPG não tem nada de homogênea. Apesar das similaridades e problemas comuns por todo o território, diferentes partes dela formam o morro de maneira plural. A separação mais evidente é a distinção entre duas comunidades. A formação da Cantagalo e da Pavão-Pavãozinho seguiram caminhos históricos diferentes. Elas surgiram separadamente (em lados diferentes do morro) e evoluíram até que seus limites não pudessem ser distinguidos por uma pessoa de fora das comunidades. A sociabilidade dentro das duas comunidades é diferente, assim como os estilos de construção e padrão de ocupação do terreno. O fato de que a densidade populacional é bem maior na Pavão-Pavãozinho, onde se estabeleceu uma onda mais recente de trabalhadores imigrantes, se deve, para muitos, pelo motivo de ser consequência do tipo de ocupação nessa favela, vista como um local de acomodação temporária, como foi declarado por um morador: “eles (moradores da Pavão-Pavãozinho) não pretendem morar lá por muito tempo [...] eles veem como uma acomodação temporária”.
Como a maioria das favelas, a PPG foi por muito tempo dominada por traficantes de drogas. Isso significa que o território da favela foi usado como local de venda de drogas e esconderijo para as milhares de pessoas que trabalhariam para essa organização, a qual mantinha o maior poder possível dentro da favela. A localização da PPG em uma área rica da cidade fez com que aumentasse a importância estratégica da favela para o tráfico de drogas, a qual significou, por alguns momentos, uma presença mais frequente e violenta dos traficantes de drogas.