Renata Souza (PSOL-RJ) - Maré - RJ
Renata Souza é cria da favela da Maré. Feminista preta, é formada em jornalismo pela PUC-Rio. Mestre e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Pós-doutora pela UFF.
Renata defende os direitos humanos há mais de 20 anos. Integrou a equipe de Marcelo Freixo e foi chefe de gabinete de Marielle Franco. Em 2018, foi a deputada estadual mais votada da esquerda no Rio de Janeiro, eleita por 63.937 pessoas.
Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Este verbete faz parte do relatório "Favelados no parlamento", produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Jornalista e doutora em Comunicação e Cultura, Renata Souza é nascida e criada na Favela da Maré, Zona Norte do Rio. Negra e feminista, Renata atua na defesa dos Direitos Humanos há mais de 12 anos participando de movimentos sociais, integrando a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e atuando como chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco. Em 2018, foi eleita deputada estadual, sendo a mais votada da esquerda em todo o estado. Em seu mandato, a deputada aposta na transformação real da sociedade através da luta coletiva das mulheres, negras, faveladas e feministas para vencer o ódio e o genocídio dos grupos vulneráveis. Em 2020, Renata foi candidata a prefeita do Rio de Janeiro pelo PSOL, alcançando a sexta colocação no pleito, com mais de 85 mil votos.
Seus passos vêm de longe
Em outubro de 2006, com o assassinato de Renan da Costa, de 3 anos, filho de sua ex-cunhada, a militância de Renata Souza ganhou um novo significado em sua vida. A morte do menino foi o gatilho necessário para que a pauta da Segurança Pública ganhasse centralidade nas ações da jovem moradora da Maré que, a partir deste fato, se envolveu ainda mais nos movimentos sociais, na luta pelo direito à vida.
A deputada estadual ultrapassou diversas barreiras econômicas e sociais para ingressar na universidade. Renata Souza foi a primeira de sua família a ingressar na faculdade. Ela estudou Jornalismo, com bolsa integral, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). A universidade também é uma de suas trincheiras de luta. Sendo uma mulher, negra, feminista, favelada e intelectual, ultrapassar o machismo, racismo e classismo exigiu o reconhecimento de sua condição na sociedade. Ao compreender que a construção do conhecimento deve servir para superar as desigualdades sociais, aliou reflexão teórica e ativismo político ao defender sua tese de doutoramento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2017, sobre Segurança Pública a partir de uma perspectiva de garantia dos Direitos Humanos com o título: “O Comum e a Rua: Resistência da Juventude Frente à Militarização da Vida na Maré”.
Como comunicadora popular, Renata Souza atuou por mais de 15 anos em diferentes favelas para inserir a luta em defesa da vida na pauta da comunicação comunitária. Enquanto jornalista, Renata se dedicou a furar o bloqueio da mídia tradicional e humanizar a cobertura dos casos de violência praticados pelo Estado para evitar que a vítima, em sua maioria preta, pobre e favelada, seja criminalizada nas manchetes midiáticas.
Embora esteja hoje em seu primeiro mandato como deputada estadual, seus passos na política institucional vêm de longe. Amiga e companheira de militância de Marielle Franco desde 2000, quando frequentaram o mesmo pré-vestibular comunitário, Renata atuou por 10 anos na consolidação do mandato do deputado estadual Marcelo Freixo, trabalho fundamental para o Rio de Janeiro e para o Brasil.
Ao assumir o cargo de vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco convidou Renata para ser sua chefe de gabinete, cargo da mais alta confiança e responsabilidade política. Com a execução sumária da vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, Renata Souza se viu diante de dois caminhos: deixar a militância ou se candidatar e dar seguimento à luta de sua amiga e de todas as mulheres negras, a luta pela vida. O assassinato de uma parlamentar ameaça toda a sociedade e a democracia e não pode impor aos que lutam o medo paralisante. Compreendendo a urgência da luta por direitos sociais e contra a violência política, Renata encarou o desafio de se tornar deputada estadual.
Direitos Humanos
Renata Souza articula redes nacionais e internacionais de direitos humanos. Atuou pessoalmente como interlocutora entre a relatora sobre execuções sumárias, extrajudiciais e arbitrárias das Nações Unidas (ONU), Agnès Callamard, e a família do jovem Marcus Vinícius da Silva, que foi assassinado em 2018 por agentes de segurança do Estado. No mesmo ano, a deputada também apresentou denúncias nos encontros realizados com Margarette May Macaulay, comissária Interamericana de Direitos Humanos e relatora sobre os Direitos das Mulheres e sobre os Direitos de Afrodescendentes da OEA.
Além do conhecimento e experiência tão necessários para o cotidiano de uma Casa legislativa, Renata traz uma grande bagagem de experiências cotidianas para contribuir na luta contra qualquer forma de violência contra as mulheres, negras e negros, moradores de favela e LGBTTs.
Atuação Política[editar | editar código-fonte]
Atua na defesa dos Direitos Humanos há mais de 12 anos participando de movimentos sociais. Fez parte do mandato de Marcelo Freixo na ALERJ, integrando a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Com a eleição de Marielle Franco à Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 2016, assumiu a chefia do gabinete do mandato.
Em 2018, Renata Souza foi eleita deputada estadual pelo PSOL, se tornando a mais votada da esquerda em todo o estado, com 63 mil votos. Na ALERJ, foi eleita a primeira mulher negra a presidir a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia.
Foi candidata pelo PSOL à prefeitura do Rio, nas eleições de 2020, com apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da Unidade Popular (UP).
Eixos Políticos[editar | editar código-fonte]
DIREITO À VIDA
A nossa mandata tem como prioridade a defesa da vida. A ocupação da Comissão de Direitos Humanos da Alerj durante nossos dois primeiros anos de atuação foi uma das nossas tarefas centrais para garantir o acolhimento às vítimas de violência do Estado e também aos seus familiares. A fiscalização do poder público constante é fundamental para o atendimento adequado à população do Rio de Janeiro. O nosso maior desafio é fazer com que os seres humanos tenham direito a sua humanidade.
MEU CORPO, MINHAS REGRAS
As mulheres e a população LGBTT são nossas aliadas para as proposições e ações de políticas contra o feminicídio e a LGBTfobia. Nós, mulheres negras, amargamos o crescimento, em 10 anos, de 22% no número de assassinatos. Por isso, a nossa mandata apresentará um plano de redução do feminicídio para o Rio de Janeiro. O Brasil é o país recordista em mortes de pessoas trans: o Estado precisa ser responsabilizado e ter política para a inserção social da população LGBTT.
VIDAS NEGRAS IMPORTAM
O racismo mata a cada 23 minutos um jovem negro e pobre no Brasil. No SUS pessoas negras tornam-se vítimas fatais por falta de atendimento adequado à anemia falciforme, aos casos de aborto espontâneo ou induzido e, além disso, sofrem constantemente com a violência obstétrica. Há um genocídio em curso da população negra e o Estado ignora, pois o racismo é institucional. Além da intolerância e o preconceito com as religiões de matrizes africanas. Entre nossas ações prioritárias, estão a fiscalização da aplicação da Lei 10.639, que obriga o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira, e a proposição de políticas públicas para a garantia de dignidade, o respeito e a valorização da população negra e pobre.
DIREITO À FAVELA
Favela é uma questão de política e não de polícia. A favela e a periferia são potências que, à sombra do Estado, criaram suas próprias soluções. Por isso, durante à Mandata Marielle Franco, fizemos o encontro “Direito à Favela” para que moradores e pesquisadores pudessem elaborar sugestões de políticas públicas de acordo com a realidade local e as necessidades reais. A nossa mandata avança nessa perspectiva, através do diálogo e da construção com movimentos sociais, para que a favela e a periferia tenham voz e vez na Alerj. Em 2020, quando nos deparamos com a pandemia mundial do coronavírus, a Lei 8.803/20, de autoria da deputada Renata Souza, permitiu o repasse de R$20 milhões da Alerj para a Fiocruz utilizar no combate à Covid-19, em especial nos territórios mais precarizados no estado.
Desempenho Eleitoral[editar | editar código-fonte]
Ano | Eleição | Candidata a | Partido | Coligação | Votos | % | Resultado |
2018 | Estaduais no Rio de Janeiro | Deputada Estadual | PSOL | Mudar é Possível
(PSOL, PCB) |
63.937 | 0,93% | Eleita |
2020 | Municipal no Rio de Janeiro | Prefeita | PSOL | Um Rio de Esperança
(PSOL, PCB, UP) |
85.272 | 3,24% | Não eleita |
2022 | Estaduais no Rio de Janeiro | Deputada Estadual | PSOL | Federação PSOL REDE
(PSOL, REDE) |
174.132 | 2,02% | Eleita |
Leis Aprovadas[editar | editar código-fonte]
LEI Nº 8.641 DE 02 DE DEZEMBRO DE 2019 | DECLARA PATRIMÔNIO CULTURAL DE NATUREZA IMATERIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO oAXÉ YÁ NASSO OKA ILÊ OSUM. |
LEI Nº 8.615 DE 06 DE NOVEMBRO DE 2019. | ALTERA A LEI Nº 5.645, DE 06 DE JANEIRO DE 2010, PARA INCLUIR NO CALENDÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO O DIA DA ÁFRICA. |
ALTERA A LEI Nº 5.645, DE 06 DE JANEIRO DE 2010 | ARA INCLUIR NO CALENDÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO O DIA DA ÁFRICA. |
LEI Nº 8.591 DE 29 DE OUTUBRO DE 2019. | DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIAS AUTOPROVOCADAS OU AUTOINFLIGIDAS, COM A FINALIDADE DE ATENDER E CAPACITAR O POLICIAL CIVIL, POLICIAL MILITAR, BOMBEIRO MILITAR, INSPETOR PRISIONAL OU AGENTE DO DEPARTAMENTO GERAL DE AÇÕES SÓCIO-EDUCATIVAS (DEGASE) NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, PARA O AUXÍLIO E O ENFRETAMENTO DA MANIFESTAÇÃO DO SOFRIMENTO PSÍQUICO E DO SUICÍDIO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. |
LEI Nº 8490, DE 28 DE AGOSTO DE 2019. | ALTERA A LEI Nº 5.645, DE 06 DE JANEIRO DE 2010, PARA INCLUIR, NO CALENDÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, O DIA DAS DEFENSORAS E DOS DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS. |
LEI Nº 9.063 DE 22 DE OUTUBRO DE 2020. | ALTERA A LEI Nº 5.645, DE 06 DE JANEIRO DE 2010, PARA INCLUIR NO CALENDÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A SEMANA DA MULHER NO SAMBA. |
LEI Nº 9.180 DE 12 DE JANEIRO DE 2021. | DISPÕE SOBRE A GARANTIA DE PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS QUE VISEM À APURAÇÃO E RESPONSABILIZAÇÃO DE CRIMES CONTRA A VIDA E OUTROS CRIMES COM RESULTADO MORTE, INCLUSIVE NA MODALIDADE TENTADA, QUE TENHAM COMO VÍTIMAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES, NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. |
LEI Nº 9.118 DE 30 DE NOVEMBRO DE 2020. | AUTORIZA O PODER EXECUTIVO A INSTITUIR, EM ÂMBITO ESTADUAL, OS CENTROS DE REFERÊNCIA PARA VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA MOTIVADA POR INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. |
LEI Nº 9.061 DE 15 DE OUTUBRO DE 2020. | AUTORIZA O PODER EXECUTIVO A INSTITUIR, EM ÂMBITO ESTADUAL, OS CENTROS DE REFERÊNCIA PARA VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA MOTIVADA POR INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. |
LEI Nº 9.061 DE 15 DE OUTUBRO DE 2020. | ALTERA A LEI Nº 8.660, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2019, QUE INSTITUI PLANO ESTADUAL DE VALORIZAÇÃO DA VIDA E A CAMPANHA DENOMINADA “SETEMBRO AMARELO”. → introduz dois capítulos: 1 para prever um programa específico para a população LGBTQI e outro para a população vivendo com HIV/ Aids. |
LEI Nº 9.061 DE 15 DE OUTUBRO DE 2020. | ALTERA A LEI Nº 8.660, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2019, QUE INSTITUI PLANO ESTADUAL DE VALORIZAÇÃO DA VIDA E A CAMPANHA DENOMINADA “SETEMBRO AMARELO”. → introduz dois capítulos: 1 para prever um programa específico para a população LGBTQI e outro para a população vivendo com HIV/ Aids. |
LEI Nº 8.972 DE 10 DE AGOSTO DE 2020. | DESTINA RECURSOS DO FUNDO ESPECIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO À FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. |
10. LEI Nº 8.936 DE 16 DE JULHO DE 2020. | CRIA O PROGRAMA DE ATENDIMENTO E ORIENTAÇÃO À COVID-19 EM FAVELAS E REGIÕES PERIFÉRICAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. |
Fontes e Redes sociais[editar | editar código-fonte]
E-mail: renatasouzapsol@gmail.com
Fontes:
https://psolrj.com.br/eleicoes/estaduais/renata-souza#contato
https://psolcarioca.com.br/arquivo/2020/09/29/renata-souza-sete-pontos-que-contam-sua-trajetoria/