Rio Pavuna

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

O Rio Pavuna é um rio localizado na cidade do Rio de Janeiro, com 14 quilômetros de comprimento, que desagua na Baía de Guanabara. Sua história remonta à época da colonização portuguesa e da cultura da cana-de-açúcar na região. Atualmente, enfrenta sérios problemas de poluição devido ao despejo de esgoto e resíduos industriais, afetando a qualidade da água e a saúde pública. A comunidade local busca soluções para melhorar a situação do rio.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

História[editar | editar código-fonte]

Imagem do Rio Pavuna, muito assoreado e com águas muito escuras

O Rio Pavuna é um rio que banha a cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Possui catorze quilômetros de comprimento e nasce no Pântano do Sítio do Retiro, na Serra de Bangu, na Zona Oeste do município. Após determinado ponto, próximo à divisa da capital com São João de Meriti, passa a ser considerado um outro rio, de nome Rio Meriti. É o limite entre as duas cidades em diversos pontos de contato e desemboca na Baía de Guanabara, na altura da Ilha do Governador.

Para ver mais sobre o bairro, acesse a página Pavuna (Bairro).

A história do Rio Pavuna e seu nome de batismo é ligado inclusive a história de urbanização e divisão territorial dos municípios do Rio de Janeiro. A história do território pode parecer recente, se pararmos para pensar que a Pavuna é um bairro oficial desde 1981 apenas; mas o seu passado é muito antigo: em 1565 o missionário Jean de Léry já registrava em seus primeiros mapas da Baía de Guanabara algumas aldeias alinhadas à sua margem, bem como às margens dos rios que chegavam ali. Uma delas corresponderia a aldeia de Upabuna, que estaria localizada às margens do rio que deu nome ao próprio bairro Pavuna. Ou seja, desde bem antes de 1565 já haviam pessoas no espaço onde hoje conhecemos como Pavuna. 

A partir do século XVI, a Coroa Portuguesa passou a estimular o plantio de cana-de-açúcar na região. Com a cultura canavieira, vieram os escravos e as fábricas de açúcar e aguardente, prosperando de tal forma que incentivaram a criação da primeira freguesia fora do centro do Rio de Janeiro, a de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, em meados do século XVII. Há registro, ainda, da existência da Fazenda Nossa Senhora da Conceição da Pavuna, pertencente à família Tavares Guerra, cuja capela data de 1788.

Por volta de 1830, a região havia crescido muito e dos dois lados do Rio Pavuna, havia população vivendo e trabalhando. Cada lado pertencendo a uma das freguesias da cidade: o lado sul, à de Irajá; e o lado norte, à de Meriti. Houve na época uma disputa com Nova Iguaçu, que requeria as terras de ambas as margens do Rio Pavuna, mas a capital do Império venceu a contenda, fixando-se então o limite no divisor histórico das freguesias, o referido Rio Pavuna.

O processo de urbanização da região teve seu ápice quase 100 anos depois, nas primeiras décadas do século XX, com a implementação de lotes no lato oeste da ferrovia (criação das ruas Comendador Guerra, Judite Guerra e Albertina Guerra) e  com o antigo Engenho Nossa Senhora da Conceição sendo transformado no Loteamento da Vila Dom Pedro II – resultando na criação das ruas Mercúrio, Apolo, Catão e Juno (que é o principal núcleo urbano da Pavuna até os dias de hoje, com acesso aos mais diversos serviços de saúde, educação, assistência social, comércio e transportes). Isso gerou mudanças significativas para o uso e degradação do Rio Pavuna.

Rio Pavuna em outro trecho, também muito poluído e com descarte irregular de esgoto

Preocupações com a poluição do Rio Pavuna[editar | editar código-fonte]

A situação do Rio hoje é alarmante: pouco depois de sua nascente, na região do Parque do Gericinó, já passa a receber esgoto in natura e despejos de resíduos industriais. Possui muitos esgotos clandestinos, ainda que o poder público tenha promessas recorrentes de incidir sobre tal problema. Seu fluxo foi retificado em vários pontos e suas margens ou sofrem com grandes processos erosivos ou pelo alto índice de urbanização dos municípios do Grande Rio de Janeiro, somada a falta de manutenção contínua e ao descarte irregular de lixos. Há relatos de que até os anos 1970 o rio era utilizado pelos seus moradores para pesca, banho e lazer. O processo de urbanização intenso às suas margens foi muito danoso à vida do Rio, gerando impactos não só aos que estão imediatamente em contato, mas a populações inteiras que hoje sofrem com abastecimento, alagamentos nas épocas de chuvas em função da mudança do curso do rio e vários outros problemas.

Sabe-se que essa série de doenças graves está relacionada à poluição da água, o que justifica todo tipo de energia empregada na solução desse problema.  Contudo, a Pavuna é uma região da cidade onde o poder público dispõe pouca disposição orçamentária e pouca vontade política. Há também uma forte mudança nos aspectos visuais da água também, que hoje conta com forte odor e turbidez, afastando qualquer possibilidade de uso para sobrevivência humana. Há pouca mata ciliar no entorno do rio, mas tem recebido reforços em sua recuperação, o que é positivo para a recuperação da vida do rio e impedimento de mais poluição.

Em vários momentos, existiram ações de limpeza do Rio, tanto pelo poder público quanto pela população, mas que ainda foram insuficientes para atingir o problema de fato. A demanda dos moradores e ativistas é que o Governo do Estado, juntamente com a Prefeitura, deve acabar com a rede de esgoto clandestina no começo do rio Pavuna, levando saneamento básico a moradores, para que possam iniciar um processo de recuperação do rio.

O comprometimento da qualidade da agua gera uma grande preocupação ambiental, pois a polução da agua do rio fere a Lei das Águas, que tem como objetivo promover a disponibilidade de água e a utilização racional e integrada dos recursos hídricos para atual e futuras gerações. Os problemas gerados com o descarte inadequado de resíduos são muitos e, geralmente, visíveis. Na maioria dos casos, eles se configuram como agressões ambientais e até como uma questão sanitária que coloca em risco a saúde pública, expondo a população a doenças.Outro elemento importante é que o lançamento de esgoto é visível em diversos pontos de sua extensão. O Rio Pavuna tem coliformes fecais, gorduras e detergentes e outros poluentes que se enquadram na categoria esgoto. Os esgotos não tratados da região, em tempos de grandes chuvas, são lançados no ambiente pelas enchentes na região – podendo gerar hepatite, febre tifoide, leptospirose e muitas outras doenças.A ocupação das margens do Rio é outro fator que tem causando mais degradação ao seu corpo. Hoje, majoritariamente ocupada por população de baixa renda, lojistas, comércio informal e afins, tem todos os dias os restos das feiras livres jogados em seu curso. As poucas indústrias que estão às margens do rio também liberam seus dejetos químicos nas águas. Parte do lixo lançado no rio é comprovadamente lançado pelos moradores e empresários do entorno, por falta de consciência ambiental, de fiscalização e de programas de debate sobre o tema. Falta também um sistema de limpeza eficiente e uma ação política de educação ambiental que seja mais profícua e menos culpabilizadora. 

Sobre o Rio Pavuna[editar | editar código-fonte]

Visão geral do Rio[editar | editar código-fonte]

Situação atual do Rio na região da Pavuna[editar | editar código-fonte]

Rio Pavuna em época de chuvas intensas, com alagamento da região[editar | editar código-fonte]

 

Fontes[editar | editar código-fonte]

Veja também[editar | editar código-fonte]