SATURNINO GONÇALVES

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco

Resumo:[editar | editar código-fonte]

Primeiro presidente da Estação Primeira de Mangueira, Saturnino Gonçalves foi uma figura central na fundação da escola e na organização do samba no Morro da Mangueira. Nascido no Estácio e filho de Hilário Jovino, criador dos ranchos carnavalescos, Saturnino foi levado para Mangueira por Tia Fé durante a epidemia de varíola, onde fixou moradia e liderou o surgimento da agremiação em 28 de abril de 1928. Compositor, agitador cultural e articulador político respeitado, ficou conhecido como “Satú” entre os companheiros. Pai de Neuma Gonçalves, a histórica Dona Neuma, deixou um legado que transcende o carnaval, sendo tricampeão nos anos de 1932, 1933 e 1934 e pilar fundamental na estruturação política e comunitária da escola.

Foto do primeiro presidente da Estação Primeira, sua gestão e seu legado para o carnaval e para as escolas de samba são de dimensões imensuráveis. Saturnino garantiu que as bases fundantes do que são as escolas de samba se consolidassem e permanecesse intactas até os dias atuais. Saturnino é filho de Hilário Jovino, e pai de Dona Neuma Gonçalves da Mangueira.

Primeiro presidente da Estação Primeira de Mangueira, Saturnino Gonçalves, é pai da lendária Neuma Gonçalves, a Dona Neuma, responsável pela fundação da Ala das Baianas de Mangueira, do Departamento Feminino, entre outras realizações.

Saturnino Gonçalves, nasceu no centro da cidade, no bairro do Estácio, no mesmo bairro em que nasceu seu xará Saturnino Ferreira, este filho de Hilário Jovino Ferreira um dos mais ilustres frequentadores da casa de Tia Ciata de Oxum, localizada nas proximidades da Praça Onze. Vindo da Bahia para o Rio de Janeiro de navio, chegou à então capital do Império, no dia 16 de junho de 1872, segundo Sérgio Cabral, em seu livro sobre as "Escolas de Samba do Rio de Janeiro", publicado em 1996, e segundo Lira Neto, em "Uma História do Samba: as Origens", em 22 de julho de 1892. Fato é que ambos os autores concordam que foi ele que em 1893 fundou o Rancho Rei de Ouro, que modificaria para sempre o carnaval carioca, tendo participação direta na fundação de outros ranchos: As Jardineiras, Filhas da Jardineira, Rosa Branca, Ameno Resedá, Reino das Magnólias, Riso Leal e outros. Era pai de Saturnino Ferreira, que segundo Madame Satã, era um cafetão metido a valente, morreu na Cidade Nova alvejado pela polícia, segundo Cabral, era o desgosto do pai seu Hilário Jovino Ferreira.

Satú como era chamado por seus amigos, morava em Madureira, com suas filhas e esposa, quando foi chamado por Fé Benedita de Oliveira, a Tia Fé, para se instalar em sua residência, durante a epidemia de varíola que assolou o Rio de Janeiro.

Júlio Dias Lopes, genro de Tia Fé, casado com sua filha Palméria é quem teve a missão de ir até Madureira, buscar o amigo. Tia Fé, o conhecia de longa data, tendo em vista que ela teve uma duradoura relação amorosa com o pai de Saturnino, o seu Hilário. Tia Fé, que é mineira, chegou ao Rio de Janeiro, no pós abolição e se instalou na região da Gamboa, ou a famosa, Pequena África. Posteriormente veio a se instalar no Cabeça de Porco, cortiço em que moravam cerca de 3 mil pessoas aos pés do Morro da Providência, com sua demolição, se instalou na Praça XI, na casa da famosa Tia Ciata de Oxum.

Para aqueles que desconhecem a história de Ciata de Oxum, ela tinha um relacionamento com Hilário Jovino, ao descobrir a traição do companheiro, com a amiga, expulsou imediatamente a Tia Fé, que se instalou no Morro de Mangueira, construindo um barraco para si, o local, é onde hoje é o Viaduto Angenor de Oliveira, posteriormente se instalou na Travessa Saião Lobato, onde hoje fica o "TRINTA". Sua residência está patrimoniada pelo MUCÉU - Museu a Céu Aberto de Mangueira. Morando em Mangueira e seguindo o amado, criou em 1910, o Rancho Pérolas do Egito.

O primeiro presidente da Mangueira, segundo Onésio Meirelles, que tinha este apelido Satú, era extremamente inteligente e sua perspicácia e habilidade com as palavras causava admiração nos seus companheiros de samba. Saturnino também era compositor, mas foi como gestor e líder político que se destacou e escreveu o seu nome na história. Integrante do Bloco dos Arengueiros, ou dos bagunceiros e brigões do Morro, Saturnino participou da fundação da Estação Primeira, que ocorreu no terreiro de Tia Fé, no dia 28 de abril de 1928, dia do aniversário de sua filha Cecéia, que ganhou a escola de samba de presente do pai, que se esqueceu do aniversário da filha e ele disse que ela estava ganhando uma escola de samba de presente.

Cecéia não gostou muito do presente, tendo em vista o seu quase nenhum envolvimento com a escola de samba, ao longo de sua vida, o contrário de sua irmã, Neuma Gonçalves, que durante mais de 50 anos, foi figura central política da Mangueira e da comunidade. Saturnino foi tricampeão, em 1932, em 1933 e 1934.[1]

Autor: @Pablobrandaorj

REFERÊNCIAS[editar | editar código-fonte]

CABRAL, Sérgio. As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2ª Ed. 1996.

FERNANDES, Nélson da Nóbrega. Escolas de Samba: Sujeitos Celebrantes e Objetos Celebrados. Rio de Janeiro: Coleção Memória Carioca, vol. 3, 2001.