Vem Ni Mim Que Eu Sou Passinho

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
Autoria do Verbete: Equipe de Verbetes Wikifavelas

Resultado de uma pesquisa premiada no mestrado do PPCult-UFF, o livro de Hugo Oliveira mergulha no Passinho Foda, dança urbana das favelas cariocas que se tornou fenômeno global através das redes sociais. Combinando movimentos rápidos e criativos, o Passinho é analisado como expressão artística, identitária e de resistência. A obra conecta dança, tecnologia e cidade, destacando seu impacto na transformação social das periferias. Lançado na Bienal do Rio (2022) e apresentado em espaços como o MAM-RJ, o livro consolida-se como referência para entender cultura urbana e arte na era digital.

Foto do livro

Sobre[editar | editar código-fonte]

Vem No Mim Que Eu Sou Passinho - A Dança Passinho Foda na Confluência entre Redes Sociais, Arte e Cidade é um livro do autor Hugo Oliveira, resultado de sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades (PPCult) da Universidade Federal Fluminense (UFF). A pesquisa, defendida em 2017, foi reconhecida como uma das cinco melhores do programa no período de 2017 à 2020, destacando-se pela abordagem inovadora e interdisciplinar.

O livro investiga a dança Passinho Foda, uma expressão cultural urbana originária das favelas cariocas, que ganhou projeção nacional e internacional através das redes sociais. O Passinho é uma dança urbana caracterizada por movimentos rápidos, sincronizados e criativos, que misturam elementos do funk, do breakdancing e de outras danças urbanas, sempre com um toque de improvisação e individualidade. Surgido nas favelas da zona norte do do Rio de Janeiro, o Passinho se tornou um fenômeno cultural que vai além da dança, representando uma forma de expressão identitária e resistência para os jovens favelados.

Oliveira analisa como o Passinho se constitui como uma prática artística e social que conecta jovens de faveas do Rio, transformando-se em um fenômeno que transcende as fronteiras da dança para dialogar com questões de identidade, território, tecnologia e política. A obra explora a confluência entre redes sociais, arte e cidade, destacando como o Passinho se apropria de plataformas digitais para ganhar visibilidade e criar novas formas de expressão, articulação e resistência. O autor também discute o papel da dança na reconfiguração dos espaços urbanos, especialmente nas favelas, onde o Passinho emerge como uma ferramenta de empoderamento e transformação social.

Lançado durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro em 2022, o livro teve uma trajetória marcante, sendo apresentado em outros importantes espaços culturais e acadêmicos do Brasil, como o Centro de Referência da Dança (CRD) em São Paulo, o Instituto Federal de Goiânia (IFG), o Centro de Referência da Juventude(CRJ )de Belo Horizonte, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e, por fim, no evento Novembro Negro da Casa Amarela, na Providência. Esses eventos consolidaram a relevância da obra não apenas no campo acadêmico, mas também como um registro fundamental da cultura urbana contemporânea.

O autor[editar | editar código-fonte]

Hugo Oliveira em palestra

Hugo Oliveira é artista da dança, educador, pesquisador e gestor cultural. Doutor em Comunicação Social pela UERJ, com formação interdisciplinar que abrange áreas como cultura, arte, comunicação e estudos urbanos. Cria do Morro da Providência - Rio de Janeiro, funk desde criança, Oliveira teve um infancia no Morro do França, em Piedade, zona norte do Rio, mas é na região central da cidade que seu gosto pela cultura urbana, como skate, graffiti e dança de rua aflora. É a relação com a cultura afroestadunidense, sobretudo o hiphop que desperta maior interesse pelas manifestações culturais das favelas, especialmente aquelas que emergem como formas de resistência e expressão identitária. Sua trajetória acadêmica inclui graduação em Comunicação Social e mestrado no Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades (PPCult) da UFF, onde desenvolveu a pesquisa que deu origem a este livro.

Além de sua atuação acadêmica, Hugo Oliveira é reconhecido por seu engajamento em projetos culturais e sociais que desenvolve na Providência como a Galeria Providência e o Pré Vestibular Comunitário Marielle Franco. Sua pesquisa sobre o Passinho reflete não apenas um rigor metodológico, mas também um profundo compromisso com as realidades e vozes das favelas cariocas.

Com uma linguagem acessível e uma abordagem densa, Vem No Mim Que Eu Sou Passinho se tornou uma referência para estudos sobre dança, cultura digital e favela, contribuindo para a valorização de expressões artísticas marginalizadas e para a compreensão das dinâmicas culturais na era das redes sociais. A obra fortalece a trajetória do Hugo Oliveira como um perfil diferenciado na análise crítica da cultura urbana contemporânea no Brasil.

Equipe Editorial, Contribuições e Recursos Visuais[editar | editar código-fonte]

A edição do livro contou com a coordenação editorial e revisão textual de Michelle Borges Rossi, assegurando rigor e clareza ao conteúdo. A arte de capa foi desenvolvida por Alberto Pereira, enquanto a concepção da capa ficou a cargo de Romulo Matteoni, do estúdio 2mL Design. O projeto gráfico e a diagramação foram realizados por Romulo Matteoni e Ana Cardoso, também da 2mL Design, garantindo uma estética visual alinhada à proposta inovadora da obra. O texto de contracapa é assinado pelo dançarino Relíquia Pablinho Fantástico, figura emblemática do *passinho*, e a apresentação é do cineasta Emílio Domingos, conhecido por documentários que retratam a cultura das periferias. O prefácio é da Profª Drª Rôssi Alves, especialista em estudos culturais, que contextualiza a importância da pesquisa de Hugo Oliveira no cenário acadêmico e artístico. Além disso, o livro inclui um flip book (desenho animado) que, ao passar as páginas, faz o personagem executar o passo Sabará, além de vetores de passos da dança, agregando interatividade e valor estético à obra. Essa colaboração de nomes renomados e recursos visuais enriquece o livro, conectando academia, arte e cultura popular de forma dinâmica e inovadora.

Índice do Livro[editar | editar código-fonte]

Introdução

Capítulo 1 - Reminiscência da Diáspora

Capítulo 2 - As origens: Redes Sociais, dança e o Rio de Janeiro

2.1 - Redes sociais e a produção de saberes

2.2 - Arte, coexistência da dança e um breve panorama histórico

2.3 - A cidade, seus bairros e o corpo como espaço de acolhimento e territorialidades

Capítulo 3 - O nascimento da Dança Passinho Foda: uma possível história

3.1 - Passinhos e Dança Passinho, o que diferencia?

3.2 - Dos Bondes Musicais aos Bondes de Passinho Foda

3.3 - Legitimação

3.4 - A “Geração Relíquia do Passinho”

Capítulo 4 - A dança Passinhos Foda e suas contribuições à Arte

4.1 -Categorias: Relíquia, Antigo, Nova Geração e Sensação do Momento

4.2 - Sharingar: a cópia na construção das estéticas corporais

4.3 - Os elementos que compõem a performance do Passinho Foda

4.4 - O Bonde das Dancinhas entra em cena Considerações Finais Referências

Anexos

Ver Também[editar | editar código-fonte]

Batalha do Passinho (documentário)

Passinho Foda (texto em Inglês)

Imperadores da Dança

Baile Funk