Desigualdade de Gênero

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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A desigualdade de gênero refere-se à discriminação e às disparidades nas oportunidades, recursos e direitos entre homens e mulheres, ou entre outros grupos de gênero, dentro de uma sociedade. Essa desigualdade afeta tanto as esferas públicas, como o mercado de trabalho e a política, quanto as esferas privadas, como o ambiente doméstico e os relacionamentos familiares. A desigualdade de gênero é uma questão estrutural e histórica, com raízes profundas em normas culturais e práticas sociais que atribuem papéis distintos a homens e mulheres.

Autoria: Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Sobre

A desigualdade de gênero refere-se à discriminação e às disparidades nas oportunidades, recursos e direitos entre homens e mulheres, ou entre outros grupos de gênero, dentro de uma sociedade. Essa desigualdade afeta tanto as esferas públicas, como o mercado de trabalho e a política, quanto as esferas privadas, como o ambiente doméstico e os relacionamentos familiares. A desigualdade de gênero é uma questão estrutural e histórica, com raízes profundas em normas culturais e práticas sociais que atribuem papéis distintos a homens e mulheres.

Aspectos Gerais

A desigualdade de gênero se manifesta de várias maneiras:

  1. Desigualdade no mercado de trabalho: As mulheres enfrentam taxas de emprego mais baixas, salários inferiores e menor representatividade em cargos de liderança. Mesmo quando ocupam os mesmos cargos que homens, em muitos casos, elas são remuneradas de forma desigual.
  2. Desigualdade na educação: Em alguns países, as meninas enfrentam maiores barreiras para acessar a educação básica e superior, o que perpetua ciclos de pobreza e marginalização.
  3. Violência de gênero: A violência contra as mulheres, incluindo violência doméstica, assédio sexual e feminicídio, é uma das formas mais extremas de desigualdade de gênero, sendo um problema endêmico em muitos países.
  4. Desigualdade no cuidado não remunerado: As mulheres são tradicionalmente vistas como responsáveis pelos cuidados da casa e dos filhos, mesmo quando participam igualmente no mercado de trabalho. Esse trabalho não remunerado contribui para as barreiras econômicas enfrentadas pelas mulheres.

Essas manifestações da desigualdade de gênero são interseccionais, o que significa que elas podem ser agravadas por outros fatores, como raça, classe social e orientação sexual.

Desigualdade de Gênero no Mundo

De acordo com o Relatório Global sobre a Desigualdade de Gênero 2023 do Fórum Econômico Mundial, estima-se que levará cerca de 131 anos para alcançar a paridade de gênero total, considerando as desigualdades em áreas como saúde, educação, economia e política[1]. No mercado de trabalho global, as mulheres ganham, em média, apenas 77% do salário dos homens por trabalhos semelhantes[2]. Além disso, as mulheres ocupam apenas cerca de 25% dos cargos de liderança política em todo o mundo, apesar de representarem mais de 50% da população global[3].

A violência de gênero continua a ser uma realidade devastadora em muitos países. Segundo a ONU Mulheres, aproximadamente uma em cada três mulheres no mundo já experimentou algum tipo de violência física ou sexual[4].

Desigualdade de Gênero no Brasil

No Brasil, as disparidades de gênero também são notáveis. O IBGE aponta que, em 2021, as mulheres brasileiras ganhavam, em média, 78% do que os homens recebiam para os mesmos cargos[5]. Além disso, as mulheres representam a maioria nos cursos de ensino superior, mas essa superioridade não se reflete no mercado de trabalho, onde estão sub-representadas em posições de poder e liderança[6].

A desigualdade de gênero no Brasil também se reflete na violência. O país registrou 1.341 casos de feminicídio em 2022, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, demonstrando a gravidade da violência contra as mulheres[7]. As mulheres negras enfrentam um cenário ainda mais adverso, sendo as principais vítimas de violência e com acesso reduzido a oportunidades econômicas e educacionais.

Avanços

Embora a desigualdade de gênero seja uma realidade persistente, importantes avanços têm sido feitos tanto no Brasil quanto no cenário internacional.

  1. Políticas de equidade salarial: Muitos países têm implementado leis de igualdade salarial, exigindo que as empresas revelem suas disparidades salariais entre homens e mulheres e que tomem medidas para corrigi-las.
  2. Maior participação política: Globalmente, o número de mulheres em cargos de liderança política tem aumentado. Em 2023, países como Nova Zelândia e Islândia tiveram mulheres em posições de liderança política de destaque, e algumas nações adotaram cotas para aumentar a participação feminina em parlamentos e ministérios[8].
  3. Educação e Empoderamento Feminino: Organizações internacionais como a ONU Mulheres e o Banco Mundial têm apoiado iniciativas para aumentar o acesso das meninas à educação e promover o empoderamento econômico das mulheres. Esses esforços são fundamentais para combater as barreiras estruturais que limitam as oportunidades para as mulheres.

No Brasil, a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, é um marco no combate à violência doméstica. Além disso, o Estatuto da Mulher, aprovado em 2015, reforça os direitos das mulheres no trabalho e na vida pública, promovendo igualdade de condições e proteção contra a violência e discriminação.

Mais recentemente, o Brasil tem avançado com leis que garantem maior participação das mulheres na política, como as cotas para candidaturas femininas em partidos políticos. Essas políticas visam aumentar a representatividade feminina nas esferas de decisão política e econômica.

A desigualdade de gênero é uma questão complexa e profundamente enraizada, que afeta mulheres e meninas em todo o mundo. Embora os avanços sejam notáveis, com melhorias no acesso à educação, participação política e maior conscientização sobre os direitos das mulheres, a disparidade de gênero persiste em várias esferas. É necessário continuar a implementar políticas de igualdade e aumentar os esforços para combater as normas culturais e práticas que perpetuam a discriminação contra as mulheres.

Ver também

DesigualdadeS no plural

Desigualdade Social

Desigualdade Racial

  1. Fórum Econômico Mundial. "Global Gender Gap Report". 2023.
  2. ONU Mulheres. "Global Employment Trends for Women". 2022.
  3. IPU Parline. "Women in National Parliaments". 2023.
  4. ONU Mulheres. "Violence Against Women: Global Estimates". 2022.
  5. IBGE. "Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil". 2021.
  6. IPEA. Desigualdade de Gênero no Mercado de Trabalho. 2020.
  7. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública. 2022.
  8. IPU. Progress on Women's Political Participation. 2023.