Maria Elena (Entrevista): mudanças entre as edições
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A entrevista faz parte da pesquisa: “Memória, propriedade e moradia: os usos políticos do passado como luta pelo direito á cidade em uma favela de Duque de Caxias” desenvolvida pela UERJ-FEBEF - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense. O Material de pesquisa foi gentilmente cedido ao Dicionário de Favelas Marielle Franco em sua íntegra. | A entrevista faz parte da pesquisa: “Memória, propriedade e moradia: os usos políticos do passado como luta pelo direito á cidade em uma favela de Duque de Caxias” desenvolvida pela UERJ-FEBEF - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense. O Material de pesquisa foi gentilmente cedido ao Dicionário de Favelas Marielle Franco em sua íntegra. | ||
Autoria: Maria Elena (entrevistada) e Juliana de Abreu Neves (entrevistadora) | |||
[[Arquivo:Moradora Maria Helena.jpg|alt=Foto da moradora em frente a praça da Vila Operária |centro|miniaturadaimagem|393x393px|Foto da Moradora Maria Elena]] | [[Arquivo:Moradora Maria Helena.jpg|alt=Foto da moradora em frente a praça da Vila Operária |centro|miniaturadaimagem|393x393px|Foto da Moradora Maria Elena]] | ||
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A boa infância de brincadeiras e amigos que Maria Elena vivenciou na Vila Operária remeteu-a boas lembranças, a mesma declara durante a entrevista sobre a parceria agradável que a comunidade mantinha, ela recorda das festas nas ruas que a vizinhança promovia final do ano. Sua infância foi muito marcada também pela presença próxima do seu pai. Pela sobrevivência de manter a casa e os filhos, seu pai trabalhava na feira e vendia balinhas de açúcar, tal memória afetiva é muito marcante por Elena, pois ela detalha todo preparo do doce cuidadosamente durante a entrevista. | A boa infância de brincadeiras e amigos que Maria Elena vivenciou na Vila Operária remeteu-a boas lembranças, a mesma declara durante a entrevista sobre a parceria agradável que a comunidade mantinha, ela recorda das festas nas ruas que a vizinhança promovia final do ano. Sua infância foi muito marcada também pela presença próxima do seu pai. Pela sobrevivência de manter a casa e os filhos, seu pai trabalhava na feira e vendia balinhas de açúcar, tal memória afetiva é muito marcante por Elena, pois ela detalha todo preparo do doce cuidadosamente durante a entrevista. | ||
Maria Elena, cresce e posteriormente passa a viver sua vida adulta na mesma casa que viverá com seus pais. Ao longo da vida, Maria constrói uma relação identitária de luta. Em sua fala, chamou-me atenção a repulsa | Maria Elena, cresce e posteriormente passa a viver sua vida adulta na mesma casa que viverá com seus pais. Ao longo da vida, Maria constrói uma relação identitária de luta. Em sua fala, chamou-me atenção a repulsa em sua resposta ao ser questionada sobre o estigma que é imposto pela sociedade sobre o conceito de “favelado”, Elena afirma: | ||
“[...] Então, as pessoas têm manias de dizer “você parece que mora na favela” e eu digo assim: “porque vocês falam isso mora na favela”?” quem mora na favela às vezes é mais digno de quem não mora na favela [...] Ai eu falo, o que é a favela? Favela é igual a todos os lugares né? (Depoimento de Maria Elena, 26/01/2020) | |||
== Entrevista na íntegra == | Observe-se em sua fala a relação de luta ao termo “favelado” que já se falava desde a década de 1950, no qual cria uma imagem negativa associada à pobreza, falta de saneamento, e à insalubridade. E esse estigma é questionado pela moradora que defini o cidadão da favela como um ser digno, ou seja, para além do estereótipo negativo, é um cidadão que dispõe de dignidade. | ||
== Entrevista na íntegra == | |||
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Edição atual tal como às 13h19min de 19 de setembro de 2023
A entrevista faz parte da pesquisa: “Memória, propriedade e moradia: os usos políticos do passado como luta pelo direito á cidade em uma favela de Duque de Caxias” desenvolvida pela UERJ-FEBEF - Faculdade de Educação da Baixada Fluminense. O Material de pesquisa foi gentilmente cedido ao Dicionário de Favelas Marielle Franco em sua íntegra.
Autoria: Maria Elena (entrevistada) e Juliana de Abreu Neves (entrevistadora)
Resumo da entrevista[editar | editar código-fonte]
A entrevista com a moradora acorreu no dia 26 de Janeiro de 2020 em sua residência na Vila Operária. Elena, relata que sua vinda de Sergipe Aracaju com seus pais para Duque de Caxias sucedeu quando ainda era bem pequena. A chegada da família no Município foi bem difícil, devido as condições financeiras, no início a família morou no bairro São Luís, somente tempos depois o pai de Maria Elena consegue comprar um terreno na Vila Operária, e a família passa a residir no local.
A boa infância de brincadeiras e amigos que Maria Elena vivenciou na Vila Operária remeteu-a boas lembranças, a mesma declara durante a entrevista sobre a parceria agradável que a comunidade mantinha, ela recorda das festas nas ruas que a vizinhança promovia final do ano. Sua infância foi muito marcada também pela presença próxima do seu pai. Pela sobrevivência de manter a casa e os filhos, seu pai trabalhava na feira e vendia balinhas de açúcar, tal memória afetiva é muito marcante por Elena, pois ela detalha todo preparo do doce cuidadosamente durante a entrevista.
Maria Elena, cresce e posteriormente passa a viver sua vida adulta na mesma casa que viverá com seus pais. Ao longo da vida, Maria constrói uma relação identitária de luta. Em sua fala, chamou-me atenção a repulsa em sua resposta ao ser questionada sobre o estigma que é imposto pela sociedade sobre o conceito de “favelado”, Elena afirma:
“[...] Então, as pessoas têm manias de dizer “você parece que mora na favela” e eu digo assim: “porque vocês falam isso mora na favela”?” quem mora na favela às vezes é mais digno de quem não mora na favela [...] Ai eu falo, o que é a favela? Favela é igual a todos os lugares né? (Depoimento de Maria Elena, 26/01/2020)
Observe-se em sua fala a relação de luta ao termo “favelado” que já se falava desde a década de 1950, no qual cria uma imagem negativa associada à pobreza, falta de saneamento, e à insalubridade. E esse estigma é questionado pela moradora que defini o cidadão da favela como um ser digno, ou seja, para além do estereótipo negativo, é um cidadão que dispõe de dignidade.
Entrevista na íntegra[editar | editar código-fonte]