Coletivos de favelas e a produção de conhecimentos, dados e memórias: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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=== Contando nossa própria história ===
=== Contando nossa própria história ===
A produção e coleta de dados demográficos acontece historicamente no Rio de Janeiro. Desde o século XX foram promovidos recenseamentos e relatórios oficiais sobre a população, documentos que foram por muitos anos a fonte principal de informação sobre a situação de vida da população que reside em diferentes áreas do país.
<blockquote>A produção e coleta de dados demográficos acontece historicamente no Rio de Janeiro. Desde o século XX foram promovidos recenseamentos e relatórios oficiais sobre a população, documentos que foram por muitos anos a fonte principal de informação sobre a situação de brasileiros que residem em diferentes áreas do país (como educação, saúde, trabalho e habitação).</blockquote>No entanto, tais dados não conseguem dar conta de algumas especificidades populacionais, como as que atravessam moradores de favelas. Esses territórios possuem particularidades relevantes que deveriam ser consideradas nas estatísticas. Por esse motivo, no final dos anos 1990, foi mobilizada uma nova forma de quantificar: o autorrecenseamento.


No entanto, tais dados não conseguem dar conta de algumas especificidades populacionais.
O primeiro


Em 1999 foi realizada a primeira iniciativa de autorrecenseamento, no Complexo da Maré, pelo Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré - CEASM. Posteriormente, tal iniciativa foi reproduzida também por outras instituições, como a Redes da Maré e o Observatório de Favelas (Cruz, 2022). Esta produção de dados tem como objetivo analisar as particularidades que estes territórios possuem e que dados oficiais, como o censo produzido pelo IBGE, não conseguem contemplar. Vale ressaltar que o propósito não é contestar os dados oficiais, mas dialogar e complementar, considerando as especificidades das favelas.
Em 1999 foi realizada a primeira iniciativa de autorrecenseamento, no Complexo da Maré, pelo Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré - CEASM. Posteriormente, tal iniciativa foi reproduzida também por outras instituições, como a Redes da Maré e o Observatório de Favelas (Cruz, 2022). Esta produção de dados tem como objetivo analisar as particularidades que estes territórios possuem e que dados oficiais, como o censo produzido pelo IBGE, não conseguem contemplar. Vale ressaltar que o propósito não é contestar os dados oficiais, mas dialogar e complementar, considerando as especificidades das favelas.


Na linha do tempo abaixo é possível observar a produção de dados sobre as favelas cariocas historicamente:
Na linha do tempo abaixo é possível observar a produção de dados sobre as favelas cariocas historicamente:
'''Imagem 1:''' Linha do tempo
[[Arquivo:Linha do tempo produção de conhecimentos.png|centro|miniaturadaimagem|1151x1151px|Fonte: Thaís Gonçalves Cruz, 2022]]
[[Arquivo:Linha do tempo produção de conhecimentos.png|centro|miniaturadaimagem|1151x1151px|Fonte: Thaís Gonçalves Cruz, 2022]]



Edição das 12h17min de 6 de julho de 2024

Nos últimos anos, inúmeros coletivos e organizações de favelas e periferias têm se dedicado a produzir dados que contemplem as particularidades de suas experiências enquanto moradores desses territórios. Por meio de diferentes metodologias, tais grupos protagonizam a produção de dados e promovem a preservação de suas próprias memórias.

Autoria: Kharine Gil

Contando nossa própria história

A produção e coleta de dados demográficos acontece historicamente no Rio de Janeiro. Desde o século XX foram promovidos recenseamentos e relatórios oficiais sobre a população, documentos que foram por muitos anos a fonte principal de informação sobre a situação de brasileiros que residem em diferentes áreas do país (como educação, saúde, trabalho e habitação).

No entanto, tais dados não conseguem dar conta de algumas especificidades populacionais, como as que atravessam moradores de favelas. Esses territórios possuem particularidades relevantes que deveriam ser consideradas nas estatísticas. Por esse motivo, no final dos anos 1990, foi mobilizada uma nova forma de quantificar: o autorrecenseamento.

O primeiro

Em 1999 foi realizada a primeira iniciativa de autorrecenseamento, no Complexo da Maré, pelo Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré - CEASM. Posteriormente, tal iniciativa foi reproduzida também por outras instituições, como a Redes da Maré e o Observatório de Favelas (Cruz, 2022). Esta produção de dados tem como objetivo analisar as particularidades que estes territórios possuem e que dados oficiais, como o censo produzido pelo IBGE, não conseguem contemplar. Vale ressaltar que o propósito não é contestar os dados oficiais, mas dialogar e complementar, considerando as especificidades das favelas.

Na linha do tempo abaixo é possível observar a produção de dados sobre as favelas cariocas historicamente:

Imagem 1: Linha do tempo

Fonte: Thaís Gonçalves Cruz, 2022


Nos últimos anos, diversos coletivos e organizações de favelas e periferias têm dedicado suas pesquisas e estudos na produção de dados sobre os territórios que atuam e residem. A partir de informações retiradas dos relatos apresentados no Ciclo de debates sobre produção de conhecimentos e memórias em favelas e periferias,  realizado em 2023 por meio do diálogo com atores das favelas, foi possível construir um quadro com alguns dos participante, e apresentar brevemente alguns produtos/resultados desse tipo de produção de conhecimento e memórias.

Direito à memória e Justiça Racial

LabJaca

Galeria Providência

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Referências Bibliográficas

CRUZ, Thaís Gonçalves (2022). Quando os crias (se) contam: a produção de dados alternativos nas favelas cariocas. Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado - Instituto de Estudos Sociais e Políticos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.