Feirantes da Maré: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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[[Arquivo:Maria José, de 84 anos, sustenta a família com chinelos, que vende há 40 anos, na feira da Teixeira – Foto de Matheus Affonso.png|centro|miniaturadaimagem|Maria José, de 84 anos, sustenta a família com chinelos, que vende há 40 anos, na feira da Teixeira – Foto de Matheus Affonso]]
Autoria: Andrezza Paulo<ref>PAULO, A. A força das feirantes na Maré. Disponível em: <https://mareonline.com.br/a-forca-das-feirantes-na-mare/>. Acesso em: 23 jul. 2024.</ref>.
As feirantes da Maré, no Rio de Janeiro, demonstram a garra para garantir o sustento da família.
== "A força das feirantes na Maré" ==
''Mulheres demonstram garra para garantir o sustento da família''


== Matéria ==
Em sua maioria mães e viúvas, as feirantes conquistaram seu espaço numa seara historicamente muito masculina, e seguem na luta por condições dignas de trabalho e de vida. Que o diga Lídia Veloso, de 63 anos, que trabalha há quase 30 anos na Teixeira, a tradicional feira de sábado onde se encontra, entre as barracas de frutas e legumes, a de roupas femininas, peças feitas artesanalmente por ela.
Em sua maioria mães e viúvas, as feirantes conquistaram seu espaço numa seara historicamente muito masculina, e seguem na luta por condições dignas de trabalho e de vida. Que o diga Lídia Veloso, de 63 anos, que trabalha há quase 30 anos na Teixeira, a tradicional feira de sábado onde se encontra, entre as barracas de frutas e legumes, a de roupas femininas, peças feitas artesanalmente por ela.


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=== Luta na favela ===
=== Luta na favela ===
Empreender na favela muitas vezes tem um significado diferente de empreender em outros espaços. É o que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) define como empreendedorismo de necessidade, geralmente atrelado à falta de oportunidade no mercado de trabalho e à necessidade de sobrevivência.
[[Empreendedorismo em favelas|Empreender]] na favela muitas vezes tem um significado diferente de empreender em outros espaços. É o que o [https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)] define como [[Empreendedorismo favelado|empreendedorismo]] de necessidade, geralmente atrelado à falta de oportunidade no mercado de trabalho e à necessidade de sobrevivência.


Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declaram ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais.  
Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declaram ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais.  
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* [[CoSer: coworking social de costura para mulheres de Duque de Caxias]]
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* [[Cooperativa Libertas (São Paulo – SP)]]
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[[Categoria:Temática - Economia e Mercado]]
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Edição atual tal como às 19h55min de 23 de julho de 2024

Maria José, de 84 anos, sustenta a família com chinelos, que vende há 40 anos, na feira da Teixeira – Foto de Matheus Affonso

As feirantes da Maré, região de favelas na Zona Norte do município do Rio de Janeiro, são predominantemente mães e viúvas e enfrentam desafios para assegurar o sustento familiar. Destacam-se histórias como a de Lídia Veloso, que, aos 63 anos, superou barreiras na feira da Teixeira, na Maré. O empreendedorismo na favela, muitas vezes por necessidade, é evidenciado pelo protagonismo feminino, com 55% das mulheres iniciando negócios para garantir renda.

Autoria: Andrezza Paulo[1].

"A força das feirantes na Maré"[editar | editar código-fonte]

Mulheres demonstram garra para garantir o sustento da família

Em sua maioria mães e viúvas, as feirantes conquistaram seu espaço numa seara historicamente muito masculina, e seguem na luta por condições dignas de trabalho e de vida. Que o diga Lídia Veloso, de 63 anos, que trabalha há quase 30 anos na Teixeira, a tradicional feira de sábado onde se encontra, entre as barracas de frutas e legumes, a de roupas femininas, peças feitas artesanalmente por ela.

Lídia é nordestina e veio do Maranhão para o Rio de Janeiro aos 20 anos, em busca de melhores condições de trabalho. Ela aprendeu a costurar e a dominar todo o processo, de comprar tecidos e aviamentos até carregar os fardos de roupa, montar sua barraca todo sábado e vender o que produz.

Ela não está sozinha: Maria José tem 84 anos e vende chinelos há 40 anos na Teixeira. Ela conta que iniciou o negócio com o marido, já falecido, e que foi assim que eles sustentaram a família.

“Era meu marido e eu, mas Deus o levou e eu fiquei. Criei meu filho, construí meu cantinho e paguei o INSS com dinheiro da feira”, conta. Embora esteja aposentada, a renda que recebe não supre as suas necessidades. Se antes ela dividia a barraca simples, hoje ela vende suas mercadorias e os produtos artesanais da amiga, que não pode mais trabalhar na feira por estar doente.

Mãe e filhas[editar | editar código-fonte]

Joice Gregório tem 40 anos e vende pastéis. Há 18 anos, ela e o marido Marcos Antônio investiram tudo o que tinham para montar a barraca na Teixeira. Em 2020, ele foi assassinado durante um assalto, aos 35 anos. Desde então, Joice garante o sustento dela e das filhas do casal, Kamily e Karoline, com a venda dos pastéis.

“Quando tinha meu esposo, ele trabalhava na Teixeira e também em outros lugares, mas agora somos nós três e essa é a única renda que a gente tem”, conta.

Kamily e Karoline estudam e, nos fins de semana, ajudam a mãe na barraca: Joice faz a massa dos pasteis enquanto as adolescentes organizam os quitutes prontos para a venda.

A feirante relata as dificuldades que enfrenta na rotina: “Eu não posso ficar doente, não posso parar. Já fiquei muito mal, mas fui trabalhar. Não tem jeito, eu preciso dessa renda”, diz.

Luta na favela[editar | editar código-fonte]

Empreender na favela muitas vezes tem um significado diferente de empreender em outros espaços. É o que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) define como empreendedorismo de necessidade, geralmente atrelado à falta de oportunidade no mercado de trabalho e à necessidade de sobrevivência.

Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declaram ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais.

O Sebrae elaborou, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), um estudo que revelou o lado feminino dessa luta: 55% das mulheres brasileiras decidiram iniciar seus próprios negócios por necessidade de obter renda — dado confirmado pela trajetória das mulheres aqui retratadas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

  1. PAULO, A. A força das feirantes na Maré. Disponível em: <https://mareonline.com.br/a-forca-das-feirantes-na-mare/>. Acesso em: 23 jul. 2024.