União dos Trabalhadores Favelados (UTF): mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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    A União dos Trabalhadores Favelados (UTF) foi a primeira entidade federativa do movimento de favelados carioca. Sua fundação foi em abril de 1954, a partir da luta de moradores do morro do Borel contra a tentativa de despejo judicial da favela levada a cabo por uma empresa imobiliária. Na medida em que situações similares eram enfrentadas por inúmeras outras favelas da cidade naquele momento, moradores de outras localidades rapidamente passaram a organizar núcleos da UTF, dando origem a lutas comuns.
A União dos Trabalhadores Favelados (UTF) foi a primeira entidade federativa do movimento de favelados carioca. Sua fundação foi em abril de 1954, a partir da luta de moradores do morro do Borel contra a tentativa de despejo judicial da favela levada a cabo por uma empresa imobiliária. Na medida em que situações similares eram enfrentadas por inúmeras outras favelas da cidade naquele momento, moradores de outras localidades rapidamente passaram a organizar núcleos da UTF, dando origem a lutas comuns.
    Até 1958, a União experimentou grande crescimento, alcançando mais de 40 favelas. As iniciativas de resistência às tentativas de despejo eram sempre conduzidas com uma perspectiva política mais ampla, que associava o problema habitacional da cidade à condição proletária dos favelados e à concentração fundiária no campo brasileiro. Além disso, a entidade e seus núcleos se envolveram, também, em inúmeras outras lutas, como, por exemplo, relacionadas às tarifas cobradas pelos bondes e à defesa da posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República.
 
    Valendo-se de táticas ousadas, como a ocupação da Câmara de Vereadores, as mobilizações capitaneadas pela UTF obtiveram importantes conquistas. Nesse sentido, destaca-se a aprovação, em setembro de 1956, da chamada Lei das Favelas, que proibiu pelo prazo de dois anos quaisquer despejos de favelas no Rio de Janeiro.
Até 1958, a União experimentou grande crescimento, alcançando mais de 40 favelas. As iniciativas de resistência às tentativas de despejo eram sempre conduzidas com uma perspectiva política mais ampla, que associava o problema habitacional da cidade à condição proletária dos favelados e à concentração fundiária no campo brasileiro. Além disso, a entidade e seus núcleos se envolveram, também, em inúmeras outras lutas, como, por exemplo, relacionadas às tarifas cobradas pelos bondes e à defesa da posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República.
    Ao longo de toda a história da entidade, militantes comunistas tiveram atuação decisiva. Dentre eles, destacou-se especialmente Antoine de Magarinos Torres, um advogado presente desde a sua fundação, que se tornou o principal dirigente da UTF. Indo além, a imprensa e os parlamentares do PCB acompanharam de perto as atividades da União, amplificando a visibilidade de suas lutas.
 
    A partir do final da década de 1950, a UTF passou a enfrentar inúmeras dificuldades políticas e entrou em um período de declínio. Nesse processo, foi alvo de ações repressivas da polícia política (mesmo em período democrático), passou por rachas e conflitos (especialmente, na região da Maré) e teve parte de sua militância atraída pela proposta de cooperação apresentada nos primeiros anos do governo Lacerda (UDN-GB). Com o golpe de 1964, esse declínio se acentuou e a entidade encerrou suas atividades, alterando o nome de seu núcleo original no Borel.
Valendo-se de táticas ousadas, como a ocupação da Câmara de Vereadores, as mobilizações capitaneadas pela UTF obtiveram importantes conquistas. Nesse sentido, destaca-se a aprovação, em setembro de 1956, da chamada Lei das Favelas, que proibiu pelo prazo de dois anos quaisquer despejos de favelas no Rio de Janeiro.
 
Ao longo de toda a história da entidade, militantes comunistas tiveram atuação decisiva. Dentre eles, destacou-se especialmente Antoine de Magarinos Torres, um advogado presente desde a sua fundação, que se tornou o principal dirigente da UTF. Indo além, a imprensa e os parlamentares do PCB acompanharam de perto as atividades da União, amplificando a visibilidade de suas lutas.
 
A partir do final da década de 1950, a UTF passou a enfrentar inúmeras dificuldades políticas e entrou em um período de declínio. Nesse processo, foi alvo de ações repressivas da polícia política (mesmo em período democrático), passou por rachas e conflitos (especialmente, na região da Maré) e teve parte de sua militância atraída pela proposta de cooperação apresentada nos primeiros anos do governo Lacerda (UDN-GB). Com o golpe de 1964, esse declínio se acentuou e a entidade encerrou suas atividades, alterando o nome de seu núcleo original no Borel.


Autor: Marco M. Pestana
Autor: Marco M. Pestana

Edição das 14h46min de 6 de fevereiro de 2019

A União dos Trabalhadores Favelados (UTF) foi a primeira entidade federativa do movimento de favelados carioca. Sua fundação foi em abril de 1954, a partir da luta de moradores do morro do Borel contra a tentativa de despejo judicial da favela levada a cabo por uma empresa imobiliária. Na medida em que situações similares eram enfrentadas por inúmeras outras favelas da cidade naquele momento, moradores de outras localidades rapidamente passaram a organizar núcleos da UTF, dando origem a lutas comuns.

Até 1958, a União experimentou grande crescimento, alcançando mais de 40 favelas. As iniciativas de resistência às tentativas de despejo eram sempre conduzidas com uma perspectiva política mais ampla, que associava o problema habitacional da cidade à condição proletária dos favelados e à concentração fundiária no campo brasileiro. Além disso, a entidade e seus núcleos se envolveram, também, em inúmeras outras lutas, como, por exemplo, relacionadas às tarifas cobradas pelos bondes e à defesa da posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República.

Valendo-se de táticas ousadas, como a ocupação da Câmara de Vereadores, as mobilizações capitaneadas pela UTF obtiveram importantes conquistas. Nesse sentido, destaca-se a aprovação, em setembro de 1956, da chamada Lei das Favelas, que proibiu pelo prazo de dois anos quaisquer despejos de favelas no Rio de Janeiro.

Ao longo de toda a história da entidade, militantes comunistas tiveram atuação decisiva. Dentre eles, destacou-se especialmente Antoine de Magarinos Torres, um advogado presente desde a sua fundação, que se tornou o principal dirigente da UTF. Indo além, a imprensa e os parlamentares do PCB acompanharam de perto as atividades da União, amplificando a visibilidade de suas lutas.

A partir do final da década de 1950, a UTF passou a enfrentar inúmeras dificuldades políticas e entrou em um período de declínio. Nesse processo, foi alvo de ações repressivas da polícia política (mesmo em período democrático), passou por rachas e conflitos (especialmente, na região da Maré) e teve parte de sua militância atraída pela proposta de cooperação apresentada nos primeiros anos do governo Lacerda (UDN-GB). Com o golpe de 1964, esse declínio se acentuou e a entidade encerrou suas atividades, alterando o nome de seu núcleo original no Borel.

Autor: Marco M. Pestana