Feirantes da Maré: mudanças entre as edições
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Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declaram ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais. | Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declaram ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais. | ||
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Edição atual tal como às 18h47min de 1 de março de 2024
As feirantes da Maré, predominantemente mães e viúvas, enfrentam desafios para assegurar o sustento familiar, destacando-se histórias como a de Lídia Veloso, que, aos 63 anos, superou barreiras na feira de Teixeira, Rio de Janeiro. O empreendedorismo na favela, muitas vezes por necessidade, é evidenciado pelo protagonismo feminino, com 55% das mulheres iniciando negócios para garantir renda.
Autoria: Andrezza Paulo[1].
As feirantes da Maré, no Rio de Janeiro, demonstram a garra para garantir o sustento da família.
Matéria[editar | editar código-fonte]
Em sua maioria mães e viúvas, as feirantes conquistaram seu espaço numa seara historicamente muito masculina, e seguem na luta por condições dignas de trabalho e de vida. Que o diga Lídia Veloso, de 63 anos, que trabalha há quase 30 anos na Teixeira, a tradicional feira de sábado onde se encontra, entre as barracas de frutas e legumes, a de roupas femininas, peças feitas artesanalmente por ela.
Lídia é nordestina e veio do Maranhão para o Rio de Janeiro aos 20 anos, em busca de melhores condições de trabalho. Ela aprendeu a costurar e a dominar todo o processo, de comprar tecidos e aviamentos até carregar os fardos de roupa, montar sua barraca todo sábado e vender o que produz.
Ela não está sozinha: Maria José tem 84 anos e vende chinelos há 40 anos na Teixeira. Ela conta que iniciou o negócio com o marido, já falecido, e que foi assim que eles sustentaram a família.
“Era meu marido e eu, mas Deus o levou e eu fiquei. Criei meu filho, construí meu cantinho e paguei o INSS com dinheiro da feira”, conta. Embora esteja aposentada, a renda que recebe não supre as suas necessidades. Se antes ela dividia a barraca simples, hoje ela vende suas mercadorias e os produtos artesanais da amiga, que não pode mais trabalhar na feira por estar doente.
Mãe e filhas[editar | editar código-fonte]
Joice Gregório tem 40 anos e vende pastéis. Há 18 anos, ela e o marido Marcos Antônio investiram tudo o que tinham para montar a barraca na Teixeira. Em 2020, ele foi assassinado durante um assalto, aos 35 anos. Desde então, Joice garante o sustento dela e das filhas do casal, Kamily e Karoline, com a venda dos pastéis.
“Quando tinha meu esposo, ele trabalhava na Teixeira e também em outros lugares, mas agora somos nós três e essa é a única renda que a gente tem”, conta.
Kamily e Karoline estudam e, nos fins de semana, ajudam a mãe na barraca: Joice faz a massa dos pasteis enquanto as adolescentes organizam os quitutes prontos para a venda.
A feirante relata as dificuldades que enfrenta na rotina: “Eu não posso ficar doente, não posso parar. Já fiquei muito mal, mas fui trabalhar. Não tem jeito, eu preciso dessa renda”, diz.
Luta na favela[editar | editar código-fonte]
Empreender na favela muitas vezes tem um significado diferente de empreender em outros espaços. É o que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) define como empreendedorismo de necessidade, geralmente atrelado à falta de oportunidade no mercado de trabalho e à necessidade de sobrevivência.
Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declaram ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais.
O Sebrae elaborou, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), um estudo que revelou o lado feminino dessa luta: 55% das mulheres brasileiras decidiram iniciar seus próprios negócios por necessidade de obter renda — dado confirmado pela trajetória das mulheres aqui retratadas.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Empreendedorismo favelado
- CoSer: coworking social de costura para mulheres de Duque de Caxias
- Cooperativa Libertas (São Paulo – SP)
Notas e referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ Publicado originalmente no portal Maré Online.