Feirantes da Maré: mudanças entre as edições
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[[Arquivo:Maria José, de 84 anos, sustenta a família com chinelos, que vende há 40 anos, na feira da Teixeira – Foto de Matheus Affonso.png | Autoria: Andrezza Paulo<ref>PAULO, A. A força das feirantes na Maré. Disponível em: <https://mareonline.com.br/a-forca-das-feirantes-na-mare/>. Acesso em: 23 jul. 2024.</ref>. | ||
As feirantes da Maré, | == "A força das feirantes na Maré" == | ||
''Mulheres demonstram garra para garantir o sustento da família'' | |||
Em sua maioria mães e viúvas, as feirantes conquistaram seu espaço numa seara historicamente muito masculina, e seguem na luta por condições dignas de trabalho e de vida. Que o diga Lídia Veloso, de 63 anos, que trabalha há quase 30 anos na Teixeira, a tradicional feira de sábado onde se encontra, entre as barracas de frutas e legumes, a de roupas femininas, peças feitas artesanalmente por ela. | Em sua maioria mães e viúvas, as feirantes conquistaram seu espaço numa seara historicamente muito masculina, e seguem na luta por condições dignas de trabalho e de vida. Que o diga Lídia Veloso, de 63 anos, que trabalha há quase 30 anos na Teixeira, a tradicional feira de sábado onde se encontra, entre as barracas de frutas e legumes, a de roupas femininas, peças feitas artesanalmente por ela. | ||
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Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declaram ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais. | Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declaram ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais. | ||
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Edição atual tal como às 19h55min de 23 de julho de 2024
As feirantes da Maré, região de favelas na Zona Norte do município do Rio de Janeiro, são predominantemente mães e viúvas e enfrentam desafios para assegurar o sustento familiar. Destacam-se histórias como a de Lídia Veloso, que, aos 63 anos, superou barreiras na feira da Teixeira, na Maré. O empreendedorismo na favela, muitas vezes por necessidade, é evidenciado pelo protagonismo feminino, com 55% das mulheres iniciando negócios para garantir renda.
Autoria: Andrezza Paulo[1].
"A força das feirantes na Maré"[editar | editar código-fonte]
Mulheres demonstram garra para garantir o sustento da família
Em sua maioria mães e viúvas, as feirantes conquistaram seu espaço numa seara historicamente muito masculina, e seguem na luta por condições dignas de trabalho e de vida. Que o diga Lídia Veloso, de 63 anos, que trabalha há quase 30 anos na Teixeira, a tradicional feira de sábado onde se encontra, entre as barracas de frutas e legumes, a de roupas femininas, peças feitas artesanalmente por ela.
Lídia é nordestina e veio do Maranhão para o Rio de Janeiro aos 20 anos, em busca de melhores condições de trabalho. Ela aprendeu a costurar e a dominar todo o processo, de comprar tecidos e aviamentos até carregar os fardos de roupa, montar sua barraca todo sábado e vender o que produz.
Ela não está sozinha: Maria José tem 84 anos e vende chinelos há 40 anos na Teixeira. Ela conta que iniciou o negócio com o marido, já falecido, e que foi assim que eles sustentaram a família.
“Era meu marido e eu, mas Deus o levou e eu fiquei. Criei meu filho, construí meu cantinho e paguei o INSS com dinheiro da feira”, conta. Embora esteja aposentada, a renda que recebe não supre as suas necessidades. Se antes ela dividia a barraca simples, hoje ela vende suas mercadorias e os produtos artesanais da amiga, que não pode mais trabalhar na feira por estar doente.
Mãe e filhas[editar | editar código-fonte]
Joice Gregório tem 40 anos e vende pastéis. Há 18 anos, ela e o marido Marcos Antônio investiram tudo o que tinham para montar a barraca na Teixeira. Em 2020, ele foi assassinado durante um assalto, aos 35 anos. Desde então, Joice garante o sustento dela e das filhas do casal, Kamily e Karoline, com a venda dos pastéis.
“Quando tinha meu esposo, ele trabalhava na Teixeira e também em outros lugares, mas agora somos nós três e essa é a única renda que a gente tem”, conta.
Kamily e Karoline estudam e, nos fins de semana, ajudam a mãe na barraca: Joice faz a massa dos pasteis enquanto as adolescentes organizam os quitutes prontos para a venda.
A feirante relata as dificuldades que enfrenta na rotina: “Eu não posso ficar doente, não posso parar. Já fiquei muito mal, mas fui trabalhar. Não tem jeito, eu preciso dessa renda”, diz.
Luta na favela[editar | editar código-fonte]
Empreender na favela muitas vezes tem um significado diferente de empreender em outros espaços. É o que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) define como empreendedorismo de necessidade, geralmente atrelado à falta de oportunidade no mercado de trabalho e à necessidade de sobrevivência.
Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declaram ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais.
O Sebrae elaborou, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), um estudo que revelou o lado feminino dessa luta: 55% das mulheres brasileiras decidiram iniciar seus próprios negócios por necessidade de obter renda — dado confirmado pela trajetória das mulheres aqui retratadas.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Empreendedorismo favelado
- CoSer: coworking social de costura para mulheres de Duque de Caxias
- Cooperativa Libertas (São Paulo – SP)
- ↑ PAULO, A. A força das feirantes na Maré. Disponível em: <https://mareonline.com.br/a-forca-das-feirantes-na-mare/>. Acesso em: 23 jul. 2024.