Favela e economia (matéria): mudanças entre as edições
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Matéria de opinião escrita por Preto Zezé (Francisco José Pereira de Lima) e publicada no Jornal Folha de São Paulo em 2022: "De Estado mínimo nós entendemos bem, por isso precisamos dele como parceiro". Preto Zezé, como é conhecido, é presidente nacional da Central Única das Favelas (CUFA), organização criada em 1998 na favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, e que segue em funcionamento também em outras regiões do Brasil. Seus principais fundadores foram pessoas como o produtor Celso Athayde, junto com os rappers Nega Gizza e MV Bill. | |||
Autoria: Preto Zezé (Francisco José Pereira de Lima) | |||
Texto originalmente publicado na Folha de São Paulo, em 05/12/2022<ref>Matéria publicada originalmente pela [https://www1.folha.uol.com.br/colunas/preto-zeze/2022/12/favela-e-economia.shtml Folha de SP].</ref>. | |||
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Pesquisa do Instituto Data Favela mostra que dos 17,1 milhões de moradores de favela no Brasil, 50% deles se sentem empreendedores e a maioria quer ter o próprio negócio. | Pesquisa do Instituto [[Data Favela]] mostra que dos 17,1 milhões de moradores de favela no Brasil, 50% deles se sentem empreendedores e a maioria quer ter o próprio negócio. | ||
Empreender aqui passa longe do conceito que muitas vezes esconde condições precarizadas de trabalhos e direitos suprimidos baseados numa meritocracia inexistente. | Empreender aqui passa longe do conceito que muitas vezes esconde condições precarizadas de trabalhos e direitos suprimidos baseados numa meritocracia inexistente. | ||
Na verdade, o termo empreendedorismo é novo, porque na favela desde sempre damos nossos pulos, fazemos nossos corres e desenrolamos a situação. Empreender para nós é necessidade de sobrevivência. E nela fazemos gestão e movimentamos a economia. | Na verdade, o termo [[:Categoria:Empreendedorismo|empreendedorismo]] é novo, porque na favela desde sempre damos nossos pulos, fazemos nossos corres e desenrolamos a situação. Empreender para nós é necessidade de sobrevivência. E nela fazemos gestão e movimentamos a economia. | ||
Esse quadro revela uma oportunidade enorme e demanda condições e mudanças de olhares por parte do setor público e privado que ainda veem a favela como ambiente somente de tragédias e carências, perdendo assim a possibilidade de atender uma agenda que pulsa. | Esse quadro revela uma oportunidade enorme e demanda condições e mudanças de olhares por parte do setor público e privado que ainda veem a favela como ambiente somente de tragédias e carências, perdendo assim a possibilidade de atender uma agenda que pulsa. | ||
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A presença do Estado ainda é precária nos serviços públicos. Quando se fala em economia, a coisa piora. A informalidade, a falta de uma política tributária que devolva os recursos arrecadados da sociedade em forma de políticas públicas, a burocracia, a falta de acesso a crédito, só para ficar em alguns temas, colocam o Estado como vilão regulado e opressor, abrindo brecha para discursos de redução do Estado, num ambiente onde ele já é mínimo. E, nesse tema, favelado é doutor. De Estado mínimo nós entendemos bem, por isso precisamos do Estado como parceiro. | A presença do Estado ainda é precária nos serviços públicos. Quando se fala em economia, a coisa piora. A informalidade, a falta de uma política tributária que devolva os recursos arrecadados da sociedade em forma de políticas públicas, a burocracia, a falta de acesso a crédito, só para ficar em alguns temas, colocam o Estado como vilão regulado e opressor, abrindo brecha para discursos de redução do Estado, num ambiente onde ele já é mínimo. E, nesse tema, favelado é doutor. De Estado mínimo nós entendemos bem, por isso precisamos do Estado como parceiro. | ||
Esse ano, a Expo Favela, organizada pela Favela Holding em parceria com a Cufa, mobilizou 37 mil pessoas, num final de semana seguido de feriado com gente de todo o país, confirmou o que a diversidade de negócios, a capacidade inovadora e a diversidade de nichos para negócios é algo em andamento a todo vapor, mesmo que a maioria das empresas e o Estado brasileiro não vejam a favela como ambiente de investimento, mas apenas de custo, arrecadação e lucro. | Esse ano, a Expo Favela, organizada pela Favela Holding em parceria com a [[Central Única das Favelas (CUFA)|Cufa]], mobilizou 37 mil pessoas, num final de semana seguido de feriado com gente de todo o país, confirmou o que a diversidade de negócios, a capacidade inovadora e a diversidade de nichos para negócios é algo em andamento a todo vapor, mesmo que a maioria das empresas e o Estado brasileiro não vejam a favela como ambiente de investimento, mas apenas de custo, arrecadação e lucro. | ||
Durante a Expo Favela, constatamos que sobra talento, criatividade e iniciativas que os próprios favelados criam todos os dias, colocamos frente a frente CEOs de grandes empresas e os homens e mulheres das favelas para pensar alternativas de desenvolvimento, criar soluções e ampliar os negócios. | Durante a Expo Favela, constatamos que sobra talento, criatividade e iniciativas que os próprios favelados criam todos os dias, colocamos frente a frente CEOs de grandes empresas e os homens e mulheres das favelas para pensar alternativas de desenvolvimento, criar soluções e ampliar os negócios. | ||
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Edição atual tal como às 18h17min de 17 de agosto de 2023
Matéria de opinião escrita por Preto Zezé (Francisco José Pereira de Lima) e publicada no Jornal Folha de São Paulo em 2022: "De Estado mínimo nós entendemos bem, por isso precisamos dele como parceiro". Preto Zezé, como é conhecido, é presidente nacional da Central Única das Favelas (CUFA), organização criada em 1998 na favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, e que segue em funcionamento também em outras regiões do Brasil. Seus principais fundadores foram pessoas como o produtor Celso Athayde, junto com os rappers Nega Gizza e MV Bill.
Autoria: Preto Zezé (Francisco José Pereira de Lima)
Texto originalmente publicado na Folha de São Paulo, em 05/12/2022[1].
Matéria completa[editar | editar código-fonte]
Pesquisa do Instituto Data Favela mostra que dos 17,1 milhões de moradores de favela no Brasil, 50% deles se sentem empreendedores e a maioria quer ter o próprio negócio.
Empreender aqui passa longe do conceito que muitas vezes esconde condições precarizadas de trabalhos e direitos suprimidos baseados numa meritocracia inexistente.
Na verdade, o termo empreendedorismo é novo, porque na favela desde sempre damos nossos pulos, fazemos nossos corres e desenrolamos a situação. Empreender para nós é necessidade de sobrevivência. E nela fazemos gestão e movimentamos a economia.
Esse quadro revela uma oportunidade enorme e demanda condições e mudanças de olhares por parte do setor público e privado que ainda veem a favela como ambiente somente de tragédias e carências, perdendo assim a possibilidade de atender uma agenda que pulsa.
A presença do Estado ainda é precária nos serviços públicos. Quando se fala em economia, a coisa piora. A informalidade, a falta de uma política tributária que devolva os recursos arrecadados da sociedade em forma de políticas públicas, a burocracia, a falta de acesso a crédito, só para ficar em alguns temas, colocam o Estado como vilão regulado e opressor, abrindo brecha para discursos de redução do Estado, num ambiente onde ele já é mínimo. E, nesse tema, favelado é doutor. De Estado mínimo nós entendemos bem, por isso precisamos do Estado como parceiro.
Esse ano, a Expo Favela, organizada pela Favela Holding em parceria com a Cufa, mobilizou 37 mil pessoas, num final de semana seguido de feriado com gente de todo o país, confirmou o que a diversidade de negócios, a capacidade inovadora e a diversidade de nichos para negócios é algo em andamento a todo vapor, mesmo que a maioria das empresas e o Estado brasileiro não vejam a favela como ambiente de investimento, mas apenas de custo, arrecadação e lucro.
Durante a Expo Favela, constatamos que sobra talento, criatividade e iniciativas que os próprios favelados criam todos os dias, colocamos frente a frente CEOs de grandes empresas e os homens e mulheres das favelas para pensar alternativas de desenvolvimento, criar soluções e ampliar os negócios.
Como legado da Expo Favela, o empresário e CEO da Favela Holding lança, com a Fundação Dom Cabral e com a Cufa, a Escola de Negócios da Favela, que surge da necessidade de qualificar as favelas e a partir da experiência de Celso Athayde.
Acoplado a esse processo para completar esse ecossistema econômico, Athayde lança o primeiro fundo na área, o Favela Fundos, para apoiar os projetos e mostrar os negócios das favelas de forma profissional.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Economia Cotidiana
- Outra economia é possível! (artigo)
- Informalidade
- Notas etnográficas sobre o empreendedorismo em favelas cariocas (artigo)
Referência[editar | editar código-fonte]
- ↑ Matéria publicada originalmente pela Folha de SP.