Mareense: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
(Criou página com 'criatura que nasce, vive e/ou se sente pertencente à maré, ao bairro maré; vivente em alguma das dezesseis favelas da maré; gentílico da vereadora marielle franco.')
 
Sem resumo de edição
 
(Uma revisão intermediária pelo mesmo usuário não está sendo mostrada)
Linha 1: Linha 1:
criatura que nasce, vive e/ou se sente pertencente à maré, ao bairro maré; vivente em alguma das dezesseis favelas da maré; gentílico da vereadora marielle franco.
Pessoa que nasce, vive e/ou se sente pertencente à maré, ao bairro maré; vivente em alguma das dezesseis favelas da maré; gentílico da vereadora [[Marielle Franco]].
Autoria: Alan Muniz e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
 
== Sobre ==
O termo mareense surgiu como o gentílico para designar os moradores do [[Complexo da Maré]], uma das maiores aglomerações de favelas do Rio de Janeiro, localizada na Zona Norte da cidade. Composto por 16 comunidades e cerca de 140 mil habitantes, o Complexo da Maré é um território marcado por contrastes: por um lado, enfrenta problemas históricos como desigualdade, violência e precariedade de serviços básicos, mas, por outro, possui uma rica cultura local e uma história de luta e resistência. O uso do gentílico "mareense" não só identifica o lugar de origem, mas também carrega consigo um forte senso de pertencimento e orgulho comunitário<ref>Souza, M. A. ''Identidade e Resistência nas Favelas Cariocas: A Emergência do Gentílico Mareense''. Revista de Estudos Urbanos, 2018, vol. 9, pp. 45-60.</ref>.
 
== Surgimento ==
Embora o nome "mareense" não tenha uma origem formal registrada, ele começou a ser usado informalmente pelos próprios moradores como forma de reforçar a identidade local, especialmente nas últimas décadas, à medida que a organização comunitária e o fortalecimento cultural da Maré ganharam visibilidade. O uso de gentílicos associados a territórios de favelas reflete o esforço dos próprios moradores de afirmar uma identidade coletiva que desafia os estigmas de marginalização e violência geralmente associados a essas áreas<ref>Oliveira, C. P. ''Construção de Identidade Coletiva nas Favelas: O Caso da Maré e o Uso de Gentílicos''. Sociologia e Sociedade, 2019, vol. 15, pp. 30-44.</ref>.
 
A construção da identidade mareense também se consolidou com o desenvolvimento de movimentos culturais e sociais locais. A criação de coletivos artísticos, ONGs e projetos educacionais, como o projeto [[Redes da Maré]] e iniciativas culturais como o [[Museu da Maré]], contribuiu para promover um sentimento de pertencimento entre os moradores, dando-lhes voz e visibilidade. Esses projetos ajudaram a definir e consolidar o uso do gentílico mareense como uma expressão de resistência e orgulho, simbolizando a riqueza cultural e a vitalidade da comunidade<ref>Santos, F. R. ''Cultura e Resistência no Complexo da Maré: O Papel do Museu da Maré e dos Movimentos Locais''. Anais do Congresso Brasileiro de Cultura Popular, 2020.</ref>.
 
== Aspectos Culturais ==
A cultura mareense é diversa e dinâmica, profundamente marcada pelas expressões artísticas locais, especialmente a música, o teatro e a dança. O [[Funk Proibidão - Música e Poder nas Favelas Cariocas|funk carioca]], o samba e o rap desempenham um papel central na vida cultural da Maré, servindo não apenas como entretenimento, mas também como ferramentas de protesto e de denúncia social. Vários artistas e coletivos da Maré utilizam esses gêneros musicais para abordar questões como racismo, violência policial e desigualdade social. Nesse contexto, o termo "mareense" vai além de um simples gentílico, tornando-se uma forma de identidade cultural e política[4].
 
Além disso, os festejos populares, como os blocos de carnaval locais e as festas religiosas, como as celebrações de São Jorge e as procissões católicas e de religiões de matriz africana, também fazem parte da vida cultural mareense. A combinação dessas práticas, que refletem a diversidade religiosa e cultural da população, fortalece o senso de coletividade e resistência. O orgulho de ser mareense está intimamente ligado a essa capacidade de integrar diferentes tradições culturais e religiosas, apesar das adversidades do cotidiano[5].
 
== Desafios e Resistência ==
Os desafios enfrentados pelos mareenses, especialmente relacionados à violência, à exclusão social e à falta de políticas públicas eficazes, moldaram o caráter resiliente da comunidade. O [[Complexo da Maré]] é frequentemente alvo de [[Violência de Estado operações policiais chacinas e um plano|operações policiais e conflitos armados]], o que reforça os estigmas negativos associados ao território. No entanto, a resposta da comunidade mareense tem sido marcada por iniciativas de resistência, como a organização de redes de proteção aos direitos humanos, a promoção da educação popular e o fortalecimento da cultura local como um meio de afirmação identitária[6].
 
O uso do termo "mareense" é, assim, uma maneira de resistir à invisibilização e marginalização social, criando uma identidade coletiva que é ao mesmo tempo uma afirmação de pertencimento territorial e cultural. Esse gentílico reflete o orgulho de uma comunidade que, apesar dos desafios, preserva suas tradições, promove o desenvolvimento social e se posiciona ativamente na luta por direitos.
 
== Ver também ==
[[Complexo da Maré]]
 
[[Redes da Maré]]
 
[[Museu da Maré]]
 
[[Maré Vive]]
[[Categoria:Temática - Cultura]]
[[Categoria:Favelas Cariocas]]
[[Categoria:Identidade]]
[[Categoria:Maré]]
[[Categoria:Rio de Janeiro]]

Edição atual tal como às 11h36min de 20 de setembro de 2024

Pessoa que nasce, vive e/ou se sente pertencente à maré, ao bairro maré; vivente em alguma das dezesseis favelas da maré; gentílico da vereadora Marielle Franco.

Autoria: Alan Muniz e Equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.

Sobre[editar | editar código-fonte]

O termo mareense surgiu como o gentílico para designar os moradores do Complexo da Maré, uma das maiores aglomerações de favelas do Rio de Janeiro, localizada na Zona Norte da cidade. Composto por 16 comunidades e cerca de 140 mil habitantes, o Complexo da Maré é um território marcado por contrastes: por um lado, enfrenta problemas históricos como desigualdade, violência e precariedade de serviços básicos, mas, por outro, possui uma rica cultura local e uma história de luta e resistência. O uso do gentílico "mareense" não só identifica o lugar de origem, mas também carrega consigo um forte senso de pertencimento e orgulho comunitário[1].

Surgimento[editar | editar código-fonte]

Embora o nome "mareense" não tenha uma origem formal registrada, ele começou a ser usado informalmente pelos próprios moradores como forma de reforçar a identidade local, especialmente nas últimas décadas, à medida que a organização comunitária e o fortalecimento cultural da Maré ganharam visibilidade. O uso de gentílicos associados a territórios de favelas reflete o esforço dos próprios moradores de afirmar uma identidade coletiva que desafia os estigmas de marginalização e violência geralmente associados a essas áreas[2].

A construção da identidade mareense também se consolidou com o desenvolvimento de movimentos culturais e sociais locais. A criação de coletivos artísticos, ONGs e projetos educacionais, como o projeto Redes da Maré e iniciativas culturais como o Museu da Maré, contribuiu para promover um sentimento de pertencimento entre os moradores, dando-lhes voz e visibilidade. Esses projetos ajudaram a definir e consolidar o uso do gentílico mareense como uma expressão de resistência e orgulho, simbolizando a riqueza cultural e a vitalidade da comunidade[3].

Aspectos Culturais[editar | editar código-fonte]

A cultura mareense é diversa e dinâmica, profundamente marcada pelas expressões artísticas locais, especialmente a música, o teatro e a dança. O funk carioca, o samba e o rap desempenham um papel central na vida cultural da Maré, servindo não apenas como entretenimento, mas também como ferramentas de protesto e de denúncia social. Vários artistas e coletivos da Maré utilizam esses gêneros musicais para abordar questões como racismo, violência policial e desigualdade social. Nesse contexto, o termo "mareense" vai além de um simples gentílico, tornando-se uma forma de identidade cultural e política[4].

Além disso, os festejos populares, como os blocos de carnaval locais e as festas religiosas, como as celebrações de São Jorge e as procissões católicas e de religiões de matriz africana, também fazem parte da vida cultural mareense. A combinação dessas práticas, que refletem a diversidade religiosa e cultural da população, fortalece o senso de coletividade e resistência. O orgulho de ser mareense está intimamente ligado a essa capacidade de integrar diferentes tradições culturais e religiosas, apesar das adversidades do cotidiano[5].

Desafios e Resistência[editar | editar código-fonte]

Os desafios enfrentados pelos mareenses, especialmente relacionados à violência, à exclusão social e à falta de políticas públicas eficazes, moldaram o caráter resiliente da comunidade. O Complexo da Maré é frequentemente alvo de operações policiais e conflitos armados, o que reforça os estigmas negativos associados ao território. No entanto, a resposta da comunidade mareense tem sido marcada por iniciativas de resistência, como a organização de redes de proteção aos direitos humanos, a promoção da educação popular e o fortalecimento da cultura local como um meio de afirmação identitária[6].

O uso do termo "mareense" é, assim, uma maneira de resistir à invisibilização e marginalização social, criando uma identidade coletiva que é ao mesmo tempo uma afirmação de pertencimento territorial e cultural. Esse gentílico reflete o orgulho de uma comunidade que, apesar dos desafios, preserva suas tradições, promove o desenvolvimento social e se posiciona ativamente na luta por direitos.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Complexo da Maré

Redes da Maré

Museu da Maré

Maré Vive

  1. Souza, M. A. Identidade e Resistência nas Favelas Cariocas: A Emergência do Gentílico Mareense. Revista de Estudos Urbanos, 2018, vol. 9, pp. 45-60.
  2. Oliveira, C. P. Construção de Identidade Coletiva nas Favelas: O Caso da Maré e o Uso de Gentílicos. Sociologia e Sociedade, 2019, vol. 15, pp. 30-44.
  3. Santos, F. R. Cultura e Resistência no Complexo da Maré: O Papel do Museu da Maré e dos Movimentos Locais. Anais do Congresso Brasileiro de Cultura Popular, 2020.