De vez em quando, sangrando (poema): mudanças entre as edições
(Poesia voltada ao público LGBTQIAPN+ vencedora do concurso "Um Rio de Cores") |
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De vez em quando, sangrando | "[[De vez em quando, sangrando (poema)|De vez em quando, sangrando]]" é um poema de autoria de Wali. | ||
Autoria: Wali | |||
== Poema== | |||
De vez em quando, sangrando no morro | |||
A sátira da vida é não pertencer a ela | A sátira da vida é não pertencer a ela | ||
É contraproducente | É contraproducente | ||
Desvio de rota persistente | Desvio de rota persistente | ||
Ser um eterno estrangeiro | Ser um eterno estrangeiro | ||
Ameaçado, criticado, indesejado em sua terra | Ameaçado, criticado, indesejado em sua terra | ||
Terra de senhores, de escravizados, de bichos e bichas | Terra de senhores, de escravizados, de bichos e bichas | ||
Ahh.... As bichas (suspiro) | Ahh.... As bichas (suspiro) | ||
Descabidas, desvairadas, desbocadas: | Descabidas, desvairadas, desbocadas: | ||
PERTURBADAS | PERTURBADAS | ||
Desgraçadas, desamadas, desalmadas: | Desgraçadas, desamadas, desalmadas: | ||
VILIPENDIADAS | VILIPENDIADAS | ||
Debochadas, desajustadas, desaforadas: | Debochadas, desajustadas, desaforadas: | ||
MAL AMADAS | MAL AMADAS | ||
De desdisse em desdisse | De desdisse em desdisse | ||
Um vegetal socialmente condicionado | Um vegetal socialmente condicionado | ||
O avesso do admirável | O avesso do admirável | ||
Revés do respeitado | Revés do respeitado | ||
Um constructo milimetricamente planejado | Um constructo milimetricamente planejado | ||
Mergulho em poças de exceção | Mergulho em poças de exceção | ||
Razão, paixão, desmedida comoção: | Razão, paixão, desmedida comoção: | ||
SUBVERSÃO | SUBVERSÃO | ||
Reinvindicação, retratação, penalização: | Reinvindicação, retratação, penalização: | ||
TRANSGRESSÃO | TRANSGRESSÃO | ||
Chão, emoção, insensato bordão: | Chão, emoção, insensato bordão: | ||
REVOLUÇÃO | REVOLUÇÃO | ||
Se de vez em quando sangra | Se de vez em quando sangra | ||
O atestado de óbito social não estanca | O atestado de óbito social não estanca | ||
Se clama, se clama, se clama | Se clama, se clama, se clama | ||
O grito das dores esquecidas | O grito das dores esquecidas | ||
A perda da conquista não obtida | A perda da conquista não obtida | ||
Crença, reza sem bença, sem bença, bença | Crença, reza sem bença, sem bença, bença | ||
A voz, em nós, emaranhados nós: | A voz, em nós, emaranhados nós: | ||
INFINITA FOZ | INFINITA FOZ | ||
Feroz, algoz, é veloz: | Feroz, algoz, é veloz: | ||
ATROZ | ATROZ | ||
Logo após, nos cafundós, quem sabe em Oz: | Logo após, nos cafundós, quem sabe em Oz: | ||
OUÇAM A NÓS | OUÇAM A NÓS | ||
O vazio da jornada | O vazio da jornada | ||
Silêncio que amedronta | Silêncio que amedronta | ||
O farol que alerta | O farol que alerta | ||
Na esquina, na noite, num quarto qualquer | Na esquina, na noite, num quarto qualquer | ||
Se quer, me quer, consinto | Se quer, me quer, consinto | ||
E o próximo, o próximo, o próximo... | E o próximo, o próximo, o próximo... | ||
São muitos os afoitos, os aflitos | São muitos os afoitos, os aflitos | ||
Misericórdia! | Misericórdia! | ||
Na contra-história dos oprimidos | Na contra-história dos oprimidos | ||
Erguem-se vozes, abrem-se peitos, mostram-se tetas | Erguem-se vozes, abrem-se peitos, mostram-se tetas | ||
Uma gente, nova narrativa, uma luta, o recomeço | Uma gente, nova narrativa, uma luta, o recomeço | ||
De levianos, gozadores, bravios e transgressores | De levianos, gozadores, bravios e transgressores | ||
==Ver também== | |||
*[[Resistir é Preciso (poema)]] | |||
*[[Poesia, favela e Baixada - cultura e acesso (poema)]] | |||
[[Categoria:Temática - Cultura]] | |||
[[Categoria:Temática - Gênero e Sexualidade]] | |||
[[Categoria:Poesia]] | |||
[[Categoria:Poemas]] | |||
[[Categoria:Violência]] | |||
[[Categoria:LGBTQIA+]] |
Edição atual tal como às 16h34min de 13 de junho de 2024
"De vez em quando, sangrando" é um poema de autoria de Wali.
Autoria: Wali
Poema[editar | editar código-fonte]
De vez em quando, sangrando no morro
A sátira da vida é não pertencer a ela
É contraproducente
Desvio de rota persistente
Ser um eterno estrangeiro
Ameaçado, criticado, indesejado em sua terra
Terra de senhores, de escravizados, de bichos e bichas
Ahh.... As bichas (suspiro)
Descabidas, desvairadas, desbocadas:
PERTURBADAS
Desgraçadas, desamadas, desalmadas:
VILIPENDIADAS
Debochadas, desajustadas, desaforadas:
MAL AMADAS
De desdisse em desdisse
Um vegetal socialmente condicionado
O avesso do admirável
Revés do respeitado
Um constructo milimetricamente planejado
Mergulho em poças de exceção
Razão, paixão, desmedida comoção:
SUBVERSÃO
Reinvindicação, retratação, penalização:
TRANSGRESSÃO
Chão, emoção, insensato bordão:
REVOLUÇÃO
Se de vez em quando sangra
O atestado de óbito social não estanca
Se clama, se clama, se clama
O grito das dores esquecidas
A perda da conquista não obtida
Crença, reza sem bença, sem bença, bença
A voz, em nós, emaranhados nós:
INFINITA FOZ
Feroz, algoz, é veloz:
ATROZ
Logo após, nos cafundós, quem sabe em Oz:
OUÇAM A NÓS
O vazio da jornada
Silêncio que amedronta
O farol que alerta
Na esquina, na noite, num quarto qualquer
Se quer, me quer, consinto
E o próximo, o próximo, o próximo...
São muitos os afoitos, os aflitos
Misericórdia!
Na contra-história dos oprimidos
Erguem-se vozes, abrem-se peitos, mostram-se tetas
Uma gente, nova narrativa, uma luta, o recomeço
De levianos, gozadores, bravios e transgressores