Reciclagem: mudanças entre as edições
Sem resumo de edição |
m (Nsmiranda moveu Testes:Reciclagem para seu redirecionamento Reciclagem: revisão) |
||
(7 revisões intermediárias por 5 usuários não estão sendo mostradas) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
A reciclagem nas favelas cariocas é uma atividade intrinsecamente ligada a subsistência e a inserção social de uma mão-de-obra marginalizada que ali encontra a sua morada. | |||
'''Autoria: Teresa Meira.''' | |||
== Sobre == | |||
Em muitos casos esta atividade está também relacionada com uma noção de comunidade e manutenção do bem comum. A relação entre a introdução de incentivos diretos (recompensação monetária) e indiretos (áreas comuns/verdes mais limpas, coesão social e identidade própria) e as mudanças comportamentais a favor da reciclagem traduzem uma configuração desta atividade nas favelas cariocas. | |||
Ficou provado que a despeito de um contexto de carência socioeconômica, os incentivos indiretos foram aqueles que maior sucesso fez em termos de aumento da taxa de reciclagem por habitante. | |||
= Referências bibliográficas = | Este resultado mostra que existe uma nova economia do lixo urbano (Meira, 2017) que funciona em parceria com iniciativas privadas, e em cooperação com o poder público, e que alcança uma expressão muito mais significativa do que em outros locais da cidade. Enquanto as taxas de reciclagem nas favelas cariocas oscilam em torno dos 20% (Smac, 2015), a Comlurb reporta valores inferiores a 1% para o resto da cidade onde a coleta seletiva já foi implementada. | ||
== Projeto Coletando == | |||
Estabelecida em 2008, a empresa criada por Saulo Ricci possui 12 pontos de coleta distribuídos em comunidades de 6 estados do país. | |||
Nascido e criado na região do Jaraguá, Saulo encontrou inspiração na profissão da mãe para criar o "Coletando", uma startup que incentiva a prática de reciclagem nas [[Maiores favelas do Brasil|favelas do Brasil]] por meio de ecopontos itinerantes dentro de comunidades da periferia. Esses ecopontos operam como franquias e são financiados por grandes corporações que, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), são obrigados a reciclar pelo menos 30% das embalagens que distribuem no mercado. Desse modo, os materiais recicláveis coletados são trocados por dinheiro creditado em uma conta digital no nome dos recicladores. Além disso, os pagamentos são realizados na conta digital associada à plataforma, permitindo que o usuário possa até mesmo sacar o dinheiro em bancos 24 horas. | |||
O modelo da Coletando é simples. Após realizar o cadastro, o usuário leva seus resíduos recicláveis para os locais de coleta e recebe uma remuneração em troca. Dessa forma, a Coletando Soluções já recebeu mais de 1 milhão de embalagens, resultando em uma renda superior a R$ 200 mil para os recicladores envolvidos. | |||
== Referências bibliográficas == | |||
MEIRA. T. A Gestão de resíduos sólidos urbanos nas favelas cariocas como um dilema social sujeito à ação coletiva. Tese (Doutorado em Economia) – Curso de Pós-Graduação em Economia, Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ, 2017. | MEIRA. T. A Gestão de resíduos sólidos urbanos nas favelas cariocas como um dilema social sujeito à ação coletiva. Tese (Doutorado em Economia) – Curso de Pós-Graduação em Economia, Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ, 2017. | ||
Linha 10: | Linha 22: | ||
SMAC. Diagnóstico Preliminar de Resíduos Sólidos da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Brasil: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2015. | SMAC. Diagnóstico Preliminar de Resíduos Sólidos da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Brasil: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2015. | ||
== Veja também == | |||
[[Category:Sustentabilidade]][[Category:Temática - Meio Ambiente]] | |||
[[Categoria:Brasil]] | |||
[[Categoria:Reciclagem]] | |||
[[Category: |
Edição atual tal como às 10h41min de 6 de agosto de 2023
A reciclagem nas favelas cariocas é uma atividade intrinsecamente ligada a subsistência e a inserção social de uma mão-de-obra marginalizada que ali encontra a sua morada.
Autoria: Teresa Meira.
Sobre[editar | editar código-fonte]
Em muitos casos esta atividade está também relacionada com uma noção de comunidade e manutenção do bem comum. A relação entre a introdução de incentivos diretos (recompensação monetária) e indiretos (áreas comuns/verdes mais limpas, coesão social e identidade própria) e as mudanças comportamentais a favor da reciclagem traduzem uma configuração desta atividade nas favelas cariocas.
Ficou provado que a despeito de um contexto de carência socioeconômica, os incentivos indiretos foram aqueles que maior sucesso fez em termos de aumento da taxa de reciclagem por habitante.
Este resultado mostra que existe uma nova economia do lixo urbano (Meira, 2017) que funciona em parceria com iniciativas privadas, e em cooperação com o poder público, e que alcança uma expressão muito mais significativa do que em outros locais da cidade. Enquanto as taxas de reciclagem nas favelas cariocas oscilam em torno dos 20% (Smac, 2015), a Comlurb reporta valores inferiores a 1% para o resto da cidade onde a coleta seletiva já foi implementada.
Projeto Coletando[editar | editar código-fonte]
Estabelecida em 2008, a empresa criada por Saulo Ricci possui 12 pontos de coleta distribuídos em comunidades de 6 estados do país.
Nascido e criado na região do Jaraguá, Saulo encontrou inspiração na profissão da mãe para criar o "Coletando", uma startup que incentiva a prática de reciclagem nas favelas do Brasil por meio de ecopontos itinerantes dentro de comunidades da periferia. Esses ecopontos operam como franquias e são financiados por grandes corporações que, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), são obrigados a reciclar pelo menos 30% das embalagens que distribuem no mercado. Desse modo, os materiais recicláveis coletados são trocados por dinheiro creditado em uma conta digital no nome dos recicladores. Além disso, os pagamentos são realizados na conta digital associada à plataforma, permitindo que o usuário possa até mesmo sacar o dinheiro em bancos 24 horas.
O modelo da Coletando é simples. Após realizar o cadastro, o usuário leva seus resíduos recicláveis para os locais de coleta e recebe uma remuneração em troca. Dessa forma, a Coletando Soluções já recebeu mais de 1 milhão de embalagens, resultando em uma renda superior a R$ 200 mil para os recicladores envolvidos.
Referências bibliográficas[editar | editar código-fonte]
MEIRA. T. A Gestão de resíduos sólidos urbanos nas favelas cariocas como um dilema social sujeito à ação coletiva. Tese (Doutorado em Economia) – Curso de Pós-Graduação em Economia, Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ, 2017.
SMAC. Diagnóstico Preliminar de Resíduos Sólidos da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Brasil: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2015.