Leci Brandão (PCdoB/SP) - Mangueira - RJ: mudanças entre as edições

Por equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco
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  Este verbete faz parte do relatório "[[Favelados no parlamento]]", produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
  Este verbete faz parte do relatório "[[Favelados no parlamento]]", produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
[[Arquivo:Leci Brandão (PCdoB-SP) - Mangueira - RJ.png|centro|miniaturadaimagem|Leci Brandão (PCdoB/SP) - Mangueira – RJ]]
Deputada estadual no terceiro mandato, Leci Brandão da Silva, nasceu no Rio de Janeiro-RJ, em 1944. Cantora, compositora e percussionista. Importante referência do samba, tem a carreira marcada pelo sucesso de público e de crítica e pelo engajamento na luta por liberdade e direitos.
== Biografia ==
Em 2004, tornou-se Conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, permanecendo nesses postos por dois mandatos (quatro anos).
Em fevereiro de 2010, filiou-se ao PCdoB e candidatou-se ao cargo de deputada estadual por São Paulo, tendo sido eleita e reeleita em 2014 e 2018. Como parlamentar, Leci Brandão dedica-se especialmente à promoção da igualdade racial, ao respeito às tradições de matriz africana e à defesa da cultura popular brasileira.
Segunda deputada negra da história da Alesp, Leci também levanta a questão das populações indígenas e quilombolas, da juventude, em especial pobre e negra, das mulheres e do segmento LGBT. Como deputada, é uma das parlamentares mais presentes na Casa. Foi membro da Comissão de Direitos Humanos e vice-presidente da Comissão de Educação e Cultura. Já apresentou mais de 100 projetos, tendo 37 leis aprovadas até dezembro de 2018.
A deputada estadual de São Paulo (PCdoB) Leci Brandão, antes de ser conhecida pelo compromisso político com o povo, ficou famosa pelo talento na música. Em entrevista ao portal UOL, a sambista comunista falou das duas carreiras e lembrou de sua infância, no Rio de Janeiro. Foi naquela época, ainda pequena, que se emocionou ao ouvir um samba cantado por Jamelão.
“Minha casa tinha um disco de vinil de 78 rotações, e nele havia uma música chamada “Samba é Bom Assim” (Norival Reis e Helio Nascimento), interpretada pelo Jamelão (1913-2008). Essa música tocava muito na minha casa… Como toco meu pandeirinho no estilo partido-alto, já abri até shows meus com este samba”, contou.
Aos 75 anos, Leci fala emocionada de Jamelão ao lembrar que, além de intérprete da Estação Primeira de Mangueira, ele foi operário de fábrica, tendo trabalhado junto de sua mãe, Dona Lecy – falecida em julho passado.
'''Zé do Caroço, sempre atual'''
Trinta e quatro anos após o lançamento de seu maior hit, Leci observa que a letra de “Zé do Caroço” segue atual e ainda preserva o mesmo frescor. Escrita em 1978 – em meio ao período da Ditadura Militar – e gravada apenas em 1985, a faixa, dos versos “É que o Zé põe a boca no mundo / É que faz um discurso profundo / Ele quer ver o bem da favela / Está nascendo um novo líder / No morro do Pau da Bandeira”, segue como carro-chefe dos shows da cantora.
“É uma música que traduz muito a realidade, e mantém o sentido que tinha quando a escrevi. “Zé do Caroço” é a mais cantada nos meus shows, e segue atualíssima. Se tivesse que reescrevê-la, não mudaria nada”, diz a cantora, que teve a faixa regravada pela cantora Anitta e o duo de música eletrônica Jetlag neste ano, além de ter sido trilha sonora do longa Tropa de Elite II (2010).
Apesar da potência e atualidade de seus versos, Leci admite que o samba deixou de ser o porta-voz das questões sociais da população. “Quem canta o social hoje em dia são os meninos do rap. Eles falam da realidade das periferias. E digo isso há um bom tempo.” Ela acredita que a mídia não assimila bem ritmos e artistas que falem “a verdade”, como aconteceu com ela própria ao lançar seu maior sucesso.
Em seu terceiro mandato consecutivo como deputada estadual, a carioca diz que a carreira política se sobrepôs aos palcos. “A minha prioridade hoje é o Parlamento, é a Assembleia Legislativa. Tenho que atender todo o Estado de São Paulo. Sou a única deputada do meu partido.”
'''Samba puro'''
No meio do papo, Leci faz referência aos versos de “Agoniza Mas Não Morre”, de Nelson Sargento, para falar sobre o futuro do samba. “O samba nunca morre! É a música da alegria. As modas sempre passam, tudo o que está aí acaba. O samba fica. Futebol e samba são paixões do povo.”
A sambista prefere restringir o uso de novas tecnologias apenas a algumas partes do processo de produção dos álbuns e DVDs. “O samba que eu canto tem cavaco, violão, surdo, pandeiro e tantã. Só isso. Tem contrabaixo também, mas procuro fazer o canto dentro da formação de samba de raiz”.
“No meu show, não tem sampler, e nem sei o que é isso. É autêntico, e é legítimo! Não uso nem ponto no ouvido. Tenho labirintite. E, se utilizar este aparelho, vou cair no palco. Meu show tem que ter retorno. Pode rir, mas é sério. Não uso nada disso, não.”
'''Família Mangueirense'''
Primeira mulher a integrar a ala de compositores da Mangueira, em 1972, Leci resgata ainda memórias de desfiles a que assistia ainda na avenida Presidente Vargas, centro do Rio, e que também ficaram registrados em sua memória. O período coincide com o início de sua paixão pelo samba.
“Assisto aos desfiles das escolas de samba desde quando era muito pequena. Estava sempre ao lado da minha mãe e da minha avó, que também eram mangueirenses.”
Outra imagem de Carnaval surge na lembrança da compositora. “Tem ainda um outro desfile muito marcante: a Mangueira desfilou com o samba-enredo `Cântico à Natureza´ (1955), de Nelson Sargento. Lembro perfeitamente de um carro alegórico que tinha uma laranja e, em cada gomo da fruta, colocaram uma menina. E eu estava lá assistindo…”
Após 44 anos de carreira, ela agradece ao gênero que a consagrou. “O samba é felicidade, identidade e família. Quando a gente canta samba, estamos sempre felizes. Meus pais sempre cantaram samba em casa, e por isso tem que ter sempre um samba para a gente ouvir.”
<nowiki>*</nowiki> Esta entrevista foi publicada pelo UOL, em 3 de dezembro, para celebrar a Semana do Samba.
'''Leci - Fala sobre o genocídio da população negra'''{{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=L47RdS0ec44}}
Começou sua carreira no início da década de 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Mangueira.
Ao longo de sua carreira, Leci gravou 13 LPs, 8 CDs, 2 DVDs e 3 compactos, um total de 26 obras.  Participou do Festival MPB-Shell promovido pela Rede Globo, em 1980, com a música "Essa Tal Criatura". Em 1985, gravou "Isso É Fundo de Quintal". Em 1995, foi a intérprete do samba-enredo da Acadêmicos de Santa Cruz durante o carnaval. Atuou na telenovela Xica da Silva como a líder quilombola Severina. Escrita por Walcyr Carrasco e dirigida por Walter Avancini, a telenovela foi exibida pela TV Manchete entre 1996 e 1997.
Entre 1984 e 1993, Leci foi comentarista dos Desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro pela TV Globo. Após uma pausa de seis anos, voltou a comentar o Carnaval Carioca de 2000 a 2001. Entre 2002 e 2010 comentou os Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo pela mesma emissora. Foi Conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher a convite do então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, permanecendo nos Conselhos por dois mandatos (2004 a 2008).
Em 2008, participou do clipe do Dia de Fazer a Diferença da Rede Record em parceria com o Instituto Ressoar.  É madrinha do Acadêmicos do Tatuapé, bicampeã do carnaval de São Paulo, agremiação que acompanha desde 2012 quando foi enredo da escola. Leci Brandão completou 40 anos de carreira artística em 2015 e lançou um novo trabalho, ‘Simples Assim – Leci Brandão’, em 2016. Por este trabalho, foi premiada na categoria melhor cantora de samba na 29º edição do Prêmio da Música Brasileira.
A cantora é madrinha do Bloco Afro Ilú Oba De Min, composto somente por mulheres.
Atualmente, Leci Brandão se dedica à carreira musical e ao parlamento paulista.
== Carreira política ==
Em fevereiro de 2010, Leci Brandão filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e candidatou-se ao cargo de Deputada Estadual pelo estado de São Paulo, tendo sido eleita com mais de 85 mil votos, reeleita em 2014 com 71 mil votos e em 2018 com mais de 64 mil.
Como parlamentar, Leci Brandão afirma se dedicar à promoção da igualdade racial, ao respeito às religiões de matriz africana e à cultura brasileira. Segunda deputada negra da história da Assembleia Legislativa de São Paulo (a primeira foi a Dra. Theodosina Rosário Ribeiro), Leci também levanta a questão das populações indígena e quilombola, da juventude, das mulheres e do segmento LGBTQ+.
E em 2019, Leci foi uma das deputadas a assinar a PL do projeto "Menstruação sem tabu", que visou combater a pobreza menstrual através da distribuição de absorventes para mulheres em situação de pobreza aos moldes de países como a Escócia.
=== Ativismo ===
Leci foi primeira cantora famosa do Brasil a se pronunciar como uma mulher lésbica em entrevista publicada em novembro de 1978 na sexta edição do militante jornal ''Lampião da Esquina'', direcionado ao público LGBT da época. Contudo não havia sido a primeira vez que Leci abordou esse tema, tendo escrito músicas como ''Ombro amigo'', uma composição solidária a pessoas em processo de aceitação da homossexualidade.
''Questão de Gosto,'' seu primeiro álbum lançado por uma grande gravadora em 1976, a sambista gravou ''As Pessoas e Eles'', considerada uma das primeiras canções brasileiras a falar abertamente sobre homossexualidade. Com os versos ''"As pessoas não entendem/Porque eles se assumiram/ Simplesmente porque eles descobriram/ Uma verdade que elas proíbem"'', a faixa chamou bastante a atenção. Autora da letra e da melodia, Leci disse que a ideia da música surgiu a partir de um ato de violência homofóbica presenciado por ela no Rio de Janeiro. O álbum entrou para a exposição "Orgulho e Resistências: LGBT na Ditadura" no início de 2021, no Memorial da Resistência, em São Paulo.
Em 2019, ela regravou a faixa ''Pra Colorir Muito Mais'', sobre o arco-íris, em referência à luta pelos direitos LGBTQIA+.
== Redes Sociais e fontes ==
<nowiki>https://pcdob.org.br/candidaturas/leci-brandao-2/</nowiki>
<nowiki>https://pcdob.org.br/noticias/43341/</nowiki>
<nowiki>https://pt.wikipedia.org/wiki/Leci_Brand%C3%A3o</nowiki>
[[Categoria:Temática - Favelas e Periferias]]
[[Categoria:Temática - Favelas e Periferias]]
[[Categoria:Temática - Ativismo]]
[[Categoria:Temática - Ativismo]]
[[Categoria:Política urbana]]
[[Categoria:Política urbana]]
[[Categoria:Política Pública]]
[[Categoria:Política Pública]]

Edição das 07h38min de 23 de outubro de 2022

Este verbete faz parte do relatório "Favelados no parlamento", produzido pela equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco.
Leci Brandão (PCdoB/SP) - Mangueira – RJ

Deputada estadual no terceiro mandato, Leci Brandão da Silva, nasceu no Rio de Janeiro-RJ, em 1944. Cantora, compositora e percussionista. Importante referência do samba, tem a carreira marcada pelo sucesso de público e de crítica e pelo engajamento na luta por liberdade e direitos.

Biografia

Em 2004, tornou-se Conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, permanecendo nesses postos por dois mandatos (quatro anos).

Em fevereiro de 2010, filiou-se ao PCdoB e candidatou-se ao cargo de deputada estadual por São Paulo, tendo sido eleita e reeleita em 2014 e 2018. Como parlamentar, Leci Brandão dedica-se especialmente à promoção da igualdade racial, ao respeito às tradições de matriz africana e à defesa da cultura popular brasileira.

Segunda deputada negra da história da Alesp, Leci também levanta a questão das populações indígenas e quilombolas, da juventude, em especial pobre e negra, das mulheres e do segmento LGBT. Como deputada, é uma das parlamentares mais presentes na Casa. Foi membro da Comissão de Direitos Humanos e vice-presidente da Comissão de Educação e Cultura. Já apresentou mais de 100 projetos, tendo 37 leis aprovadas até dezembro de 2018.

A deputada estadual de São Paulo (PCdoB) Leci Brandão, antes de ser conhecida pelo compromisso político com o povo, ficou famosa pelo talento na música. Em entrevista ao portal UOL, a sambista comunista falou das duas carreiras e lembrou de sua infância, no Rio de Janeiro. Foi naquela época, ainda pequena, que se emocionou ao ouvir um samba cantado por Jamelão.

“Minha casa tinha um disco de vinil de 78 rotações, e nele havia uma música chamada “Samba é Bom Assim” (Norival Reis e Helio Nascimento), interpretada pelo Jamelão (1913-2008). Essa música tocava muito na minha casa… Como toco meu pandeirinho no estilo partido-alto, já abri até shows meus com este samba”, contou.

Aos 75 anos, Leci fala emocionada de Jamelão ao lembrar que, além de intérprete da Estação Primeira de Mangueira, ele foi operário de fábrica, tendo trabalhado junto de sua mãe, Dona Lecy – falecida em julho passado.

Zé do Caroço, sempre atual

Trinta e quatro anos após o lançamento de seu maior hit, Leci observa que a letra de “Zé do Caroço” segue atual e ainda preserva o mesmo frescor. Escrita em 1978 – em meio ao período da Ditadura Militar – e gravada apenas em 1985, a faixa, dos versos “É que o Zé põe a boca no mundo / É que faz um discurso profundo / Ele quer ver o bem da favela / Está nascendo um novo líder / No morro do Pau da Bandeira”, segue como carro-chefe dos shows da cantora.

“É uma música que traduz muito a realidade, e mantém o sentido que tinha quando a escrevi. “Zé do Caroço” é a mais cantada nos meus shows, e segue atualíssima. Se tivesse que reescrevê-la, não mudaria nada”, diz a cantora, que teve a faixa regravada pela cantora Anitta e o duo de música eletrônica Jetlag neste ano, além de ter sido trilha sonora do longa Tropa de Elite II (2010).

Apesar da potência e atualidade de seus versos, Leci admite que o samba deixou de ser o porta-voz das questões sociais da população. “Quem canta o social hoje em dia são os meninos do rap. Eles falam da realidade das periferias. E digo isso há um bom tempo.” Ela acredita que a mídia não assimila bem ritmos e artistas que falem “a verdade”, como aconteceu com ela própria ao lançar seu maior sucesso.

Em seu terceiro mandato consecutivo como deputada estadual, a carioca diz que a carreira política se sobrepôs aos palcos. “A minha prioridade hoje é o Parlamento, é a Assembleia Legislativa. Tenho que atender todo o Estado de São Paulo. Sou a única deputada do meu partido.”

Samba puro

No meio do papo, Leci faz referência aos versos de “Agoniza Mas Não Morre”, de Nelson Sargento, para falar sobre o futuro do samba. “O samba nunca morre! É a música da alegria. As modas sempre passam, tudo o que está aí acaba. O samba fica. Futebol e samba são paixões do povo.”

A sambista prefere restringir o uso de novas tecnologias apenas a algumas partes do processo de produção dos álbuns e DVDs. “O samba que eu canto tem cavaco, violão, surdo, pandeiro e tantã. Só isso. Tem contrabaixo também, mas procuro fazer o canto dentro da formação de samba de raiz”.

“No meu show, não tem sampler, e nem sei o que é isso. É autêntico, e é legítimo! Não uso nem ponto no ouvido. Tenho labirintite. E, se utilizar este aparelho, vou cair no palco. Meu show tem que ter retorno. Pode rir, mas é sério. Não uso nada disso, não.”

Família Mangueirense

Primeira mulher a integrar a ala de compositores da Mangueira, em 1972, Leci resgata ainda memórias de desfiles a que assistia ainda na avenida Presidente Vargas, centro do Rio, e que também ficaram registrados em sua memória. O período coincide com o início de sua paixão pelo samba.

“Assisto aos desfiles das escolas de samba desde quando era muito pequena. Estava sempre ao lado da minha mãe e da minha avó, que também eram mangueirenses.”

Outra imagem de Carnaval surge na lembrança da compositora. “Tem ainda um outro desfile muito marcante: a Mangueira desfilou com o samba-enredo `Cântico à Natureza´ (1955), de Nelson Sargento. Lembro perfeitamente de um carro alegórico que tinha uma laranja e, em cada gomo da fruta, colocaram uma menina. E eu estava lá assistindo…”

Após 44 anos de carreira, ela agradece ao gênero que a consagrou. “O samba é felicidade, identidade e família. Quando a gente canta samba, estamos sempre felizes. Meus pais sempre cantaram samba em casa, e por isso tem que ter sempre um samba para a gente ouvir.”

* Esta entrevista foi publicada pelo UOL, em 3 de dezembro, para celebrar a Semana do Samba.

Leci - Fala sobre o genocídio da população negra


Começou sua carreira no início da década de 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Mangueira.

Ao longo de sua carreira, Leci gravou 13 LPs, 8 CDs, 2 DVDs e 3 compactos, um total de 26 obras.  Participou do Festival MPB-Shell promovido pela Rede Globo, em 1980, com a música "Essa Tal Criatura". Em 1985, gravou "Isso É Fundo de Quintal". Em 1995, foi a intérprete do samba-enredo da Acadêmicos de Santa Cruz durante o carnaval. Atuou na telenovela Xica da Silva como a líder quilombola Severina. Escrita por Walcyr Carrasco e dirigida por Walter Avancini, a telenovela foi exibida pela TV Manchete entre 1996 e 1997.

Entre 1984 e 1993, Leci foi comentarista dos Desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro pela TV Globo. Após uma pausa de seis anos, voltou a comentar o Carnaval Carioca de 2000 a 2001. Entre 2002 e 2010 comentou os Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo pela mesma emissora. Foi Conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher a convite do então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, permanecendo nos Conselhos por dois mandatos (2004 a 2008).

Em 2008, participou do clipe do Dia de Fazer a Diferença da Rede Record em parceria com o Instituto Ressoar.  É madrinha do Acadêmicos do Tatuapé, bicampeã do carnaval de São Paulo, agremiação que acompanha desde 2012 quando foi enredo da escola. Leci Brandão completou 40 anos de carreira artística em 2015 e lançou um novo trabalho, ‘Simples Assim – Leci Brandão’, em 2016. Por este trabalho, foi premiada na categoria melhor cantora de samba na 29º edição do Prêmio da Música Brasileira.

A cantora é madrinha do Bloco Afro Ilú Oba De Min, composto somente por mulheres.

Atualmente, Leci Brandão se dedica à carreira musical e ao parlamento paulista.

Carreira política

Em fevereiro de 2010, Leci Brandão filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e candidatou-se ao cargo de Deputada Estadual pelo estado de São Paulo, tendo sido eleita com mais de 85 mil votos, reeleita em 2014 com 71 mil votos e em 2018 com mais de 64 mil.

Como parlamentar, Leci Brandão afirma se dedicar à promoção da igualdade racial, ao respeito às religiões de matriz africana e à cultura brasileira. Segunda deputada negra da história da Assembleia Legislativa de São Paulo (a primeira foi a Dra. Theodosina Rosário Ribeiro), Leci também levanta a questão das populações indígena e quilombola, da juventude, das mulheres e do segmento LGBTQ+.

E em 2019, Leci foi uma das deputadas a assinar a PL do projeto "Menstruação sem tabu", que visou combater a pobreza menstrual através da distribuição de absorventes para mulheres em situação de pobreza aos moldes de países como a Escócia.

Ativismo

Leci foi primeira cantora famosa do Brasil a se pronunciar como uma mulher lésbica em entrevista publicada em novembro de 1978 na sexta edição do militante jornal Lampião da Esquina, direcionado ao público LGBT da época. Contudo não havia sido a primeira vez que Leci abordou esse tema, tendo escrito músicas como Ombro amigo, uma composição solidária a pessoas em processo de aceitação da homossexualidade.

Questão de Gosto, seu primeiro álbum lançado por uma grande gravadora em 1976, a sambista gravou As Pessoas e Eles, considerada uma das primeiras canções brasileiras a falar abertamente sobre homossexualidade. Com os versos "As pessoas não entendem/Porque eles se assumiram/ Simplesmente porque eles descobriram/ Uma verdade que elas proíbem", a faixa chamou bastante a atenção. Autora da letra e da melodia, Leci disse que a ideia da música surgiu a partir de um ato de violência homofóbica presenciado por ela no Rio de Janeiro. O álbum entrou para a exposição "Orgulho e Resistências: LGBT na Ditadura" no início de 2021, no Memorial da Resistência, em São Paulo.

Em 2019, ela regravou a faixa Pra Colorir Muito Mais, sobre o arco-íris, em referência à luta pelos direitos LGBTQIA+.

Redes Sociais e fontes

https://pcdob.org.br/candidaturas/leci-brandao-2/

https://pcdob.org.br/noticias/43341/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Leci_Brand%C3%A3o