Resultados - Covid-19 nas favelas: mudanças entre as edições
Sem resumo de edição |
Sem resumo de edição |
||
Linha 53: | Linha 53: | ||
Muitas lideranças de diferentes favelas relataram que o serviço de saúde está irregular. Mais pessoas tiveram acesso à UPA do que à Unidade Básica de Saúde. | Muitas lideranças de diferentes favelas relataram que o serviço de saúde está irregular. Mais pessoas tiveram acesso à UPA do que à Unidade Básica de Saúde. | ||
==== Gráfico 05 - Atendimentos na Unidade Básica de Saúde ==== | ==== Gráfico 05 - Atendimentos na Unidade Básica de Saúde ==== | ||
<iframe height=" | <iframe height="200" key="googledocs" path="spreadsheets/d/e/2PACX-1vRmqFoAsIvCQykDd-WocQy8mifmL8M75f4GCKRjYWWuqKDpq62YE_R7m5sXX75UDCojJqtfFVpT8zPj/pubchart?oid=87240503&format=interactive"></iframe> | ||
==== Gráfico 06 - Atendimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ==== | ==== Gráfico 06 - Atendimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ==== |
Edição das 22h26min de 3 de agosto de 2020
Relatório Parcial de Monitoramento do Questionário
[Rio de Janeiro, 25 de julho]
Sobre a Pesquisa
Articulação de redes e entidades pelo Combate ao Covid-19 nas favelas e periferias do Rio de Janeiro
Junto a uma articulação nacional de organizações sociais comprometidas com as lutas urbanas e o direito à cidade, o Observatório das Metrópoles tem buscado dar visibilidade aos impactos da pandemia de COVID-19 nos territórios populares e entre os grupos em situação de maior vulnerabilidade social, além de potencializar iniciativas locais já em curso e apoiar ações de incidência política pela garantia de direitos humanos.
Como parte desta rede, o Núcleo Rio de Janeiro do Observatório das Metrópoles tem buscado fortalecer essas ações a partir da realidade das favelas e periferias da região metropolitana do Rio de Janeiro em meio à crise imposta pela pandemia. Para isso, temos trabalhado de forma conjunta com entidades parceiras que têm dedicado grandes e reconhecidos esforços nesse sentido, como o Dicionário de Favelas Marielle Franco e o núcleo Rio de Janeiro do Br Cidades.
Para acompanhar e monitorar esse cenário tem sido utilizado um questionário com perguntas chaves por meio do qual reunimos informações sobre os territórios populares e os principais impactos da COVID. Ele pode ser respondido de forma autônoma e com a garantia do sigilo das informações mais sensíveis, evitando a exposição dos respondentes e abrindo um espaço de acolhimento a denúncias que podem ser encaminhadas a entidades parceiras como a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
As informações levantadas poderão ser consultadas ainda por meio do Dicionário de Favelas Marielle Franco. Além de dar visibilidade aos impactos da pandemia nos territórios populares e subsidiar ações de incidência, a exposição dos resultados nessa plataforma vai se somar aos esforços já em curso do Dicionário de reunir informação sobre formas de apoiar iniciativas comunitárias durante a pandemia, notícias, material produzido pela e para favelas, relatos de moradores, ensaios e pesquisas acadêmicas sobre o novo coronavírus nas favelas do Brasil.
A consolidação das informações para as favelas e periferias da Região Metropolitana do Rio de Janeiro alinha-se à Articulação Nacional de Redes e Entidades da Sociedade Civil pelo combate ao Covid-19 nas Periferias e Grupos Vulnerabilizados na consolidação de informações e produção de boletins que jogam luz sobre essas questões e nos permite compreender o cenário local frente a um panorama nacional. Desta rede nacional fazem parte o Fórum Nacional de Reforma Urbana, o BR Cidades, o Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU), o Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento (ONDAS), a Rede Observatório das Metrópoles, federações profissionais, ONGs e movimentos populares nacionais, entre outras redes e articulações.
Para acessar o link do QUESTIONÁRIO que pode ser preenchido por todas e todos: CLIQUE AQUI (https://forms.gle/86DRESdm26grmPSk8)
Para entrar em contato: pandemia.favelas.rio@gmail.com
Resultados Parciais
No presente verbete, apresentamos os resultados da pesquisa de monitoramento do coronavírus nas favelas do Rio de Janeiro. Entre os dias 18 de junho de 06 de julho, 24 lideranças de favelas do Estado responderam. Dessas, a metade respondeu preenchendo direto o formulário disponibilizado (12 pessoas) e a outra metade respondeu por meio de intermediação de algum parceiro da ação (12 pessoas).
No que diz respeito a distribuição por municípios, a maioria dos respondentes foram da capital (21 pessoas), mas tivemos respostas de Duque de Caxias (01); São João de Meriti (01) e Itaguaí (01).
As favelas participantes foram: Providência; Jardim Gramacho; Rocinha (02); Comunidade do Engenho; Cidade de Deus (03); Complexo do Alemão (03); Manguinhos (04); Pereira da Silva; Nova holanda; Complexo da Penha; Morro do Timbau; Grupo Esperança (Jacarepaguá); Morro dos Macacos; Comunidade Trapicheiros (Tijuca); Indiana (Tijuca).
Gráfico 01 - Adesão ao isolamento social no território
O comparativo indica diferenças na adesão entre crianças, jovens, adultos e idosos no período pesquisado. Ajustar o gráfico - A ideia é ter um gráfico de barras unificado, mostrando na barra a quantidade de isolamento que todas as faixas etárias tiveram. Gráfico de barras com 1 barra por faixa etária.
Situação dos serviços públicos
Ainda que os dados apontem uma existência muito grande de irregularidades no fornecimento dos serviços, os moradores relatam que há tentativa das empresas de regularizar o serviço na maior parte dos casos. Importante salientar que as recomendações sanitárias internacionais indicam que higiene individual e coletiva é um forte aliado para o combate ao vírus e, em muitas favelas, há irregularidade na coleta de lixo e abastecimento de água, inviabilizando o cumprimento do que é recomendado.
Gráfico 02 - Situação do abastecimento de água no território
Gráfico 03 - Situação do fornecimento de luz no território
Gráfico 04 - Situação da coleta de lixo no território
Serviços de Saúde
Muitas lideranças de diferentes favelas relataram que o serviço de saúde está irregular. Mais pessoas tiveram acesso à UPA do que à Unidade Básica de Saúde.
Gráfico 05 - Atendimentos na Unidade Básica de Saúde
Gráfico 06 - Atendimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
Serviços Locais
As respostas indicaram um padrão de funcionamento mais estruturado dos serviços locais nas favelas, o que inclui o comércio local e os serviços de mototáxi e vans.
Gráfico 07 - Sobre o funcionamento do Comércio Local:
Gráfico 08 - Sobre o funcionamento dos serviços de mototáxi e vans:
Higienização de retirada de corpos no território
Moradores que responderam o questionário relataram haver muitos casos de pessoas adoecidas ou falecidas em suas favelas. Muitas pessoas indicaram haver dificuldade de remoção de cadáveres e de transferência de enfermos dos territórios em que moram para hospitais. Mais da metade dos moradores que responderam questionário apontam que há dificuldades com higienização de ruas, becos e casas com pessoas infectadas. Nos casos em que ela ocorre é feita na maior parte dos casos por Serviços de Saúde (08); Serviços de Saúde com moradores (08); Somente moradores (03). 05 participantes não sabiam quem fazia a retirada dos corpos.
Gráfico 09 - Pessoas adoecidas ou mortas no território
Gráfico 10 - Dificuldades da transferência de enfermos
Gráfico 11 - Dificuldades na remoção de cadáveres
Programas de apoio do governo
Gráfico 12 - Há conhecimento das ações do governo?
Gráfico 13 - Há dificuldades no acesso às ações do governo?
Gráfico 14 - Existência de ameças de remoção ou despejo
Gráfico 15 - Ações Humanitárias (Apoio aos moradores)
Quase todos os moradores que responderam o questionaram apontaram que há ações humanitárias sendo desenvolvidas em suas favelas. A metade dos participantes indicou que em seu território as ações são exclusivamente feitas por moradores (12 pessoas) e a outra metade é feita com apoio de instituições de fora (12 pessoas). 23 dos respondentes informaram que as ações eram voltadas para a entrega de cestas básicas e 21 informaram que há campanhas de comunicação comunitária acontecendo no seu território também.
Gráfico 16 - Operações Policiais
Mais da metade dos moradores que responderam o questionário afirmaram que operações policiais ocorreram nas favelas que moram durante a pandemia. Alguns moradores relatam regularidade nas ações do tráfico e das milícias nos territórios também.
Gráfico 17 - Perda de renda em função da pandemia
As respostas sobre impactos sociais da pandemia aponta que um enorme número de moradores perdeu renda nas favelas. Entre os entrevistados, 21 moradores apontaram que pessoas estão tendo dificuldade de se alimentar nas favelas onde vivem.
Gráfico 18 - Dificuldades de se alimentar no território
Violência
Mais pessoas relataram saber da ocorrência de casos de violência contra mulher do que contra crianças durante a pandemia. Ainda sobre crianças, 20 moradores responderam há dificuldades de acompanhar o ano letivo por parte dos estudantes.
Gráfico 19 - Ocorrência de violência contra mulher
Gráfico 20 - Ocorrência de violência contra crianças e jovens
Gráfico 21 - Dificuldade de acompanhar o ano letivo por parte dos estudantes
Considerações Finais
Analisando os primeiros resultados do levantamento local em curso, torna-se latente o quadro de agravamento das condições de vida nos territórios populares. A precariedade de acesso à infraestrutura urbana que se dá historicamente nas favelas e periferias cariocas ganha novas projeções neste momento em que o acesso a água é essencial aos cuidados com a higienização. Para além dos cuidados domésticos, a higienização dos espaços de uso coletivo seguem sendo uma demanda e tem encontrado nas ações locais populares suas soluções mais efetivas frente à pouca expressividade das iniciativas do poder público. A grande dificuldade de inclusão nos programas emergenciais de auxílios financeiros governamentais refletem o acesso restrito de uma parcela significativa da população às plataformas digitais e diversos outros problemas das políticas para chegarem às populações mais vulneráveis. Essa situação soma-se à grande parcela das famílias que perdeu renda nesse período de pandemia e acaba colocando em destaque a fome como um dos principais problemas sociais nos territórios. Com isso, as redes de solidariedade locais tornaram-se essenciais e as ações de distribuição de cestas básicas ganham protagonismo, presentes na grande maioria dos territórios consultados e promovidas por organizações locais, por vezes em parceria com entidades externas.